Às avessas
Domingo, 24 de Abril de 1988, no Estádio José de Alvalade estão presentes Manuel Fernandes, Jordão, Meszaros, Eurico, Malcom Allison e Roger Spry – todos eles campeões pelo Sporting. Vão estar em campo e defrontar o Sporting… Um jogo à avessas.
Esta é crónica publicada, no dia seguinte, na Gazeta dos Desportos (n.º1118, pp. 12 e 13)
(Peço desculpa por alguma gralha de digitação)
«Tudo em família
Allison, antes do jogo começar, foi ao centro do terreno receber uma enorme ovação. Meszaros, quando caminhava para a baliza, escutou a mesma coisa. Manuel Fernandes e Jordão, idem. E o Sporting, que voltou a jogar bem, acabou por ganhar. Parecia um encontro de confraternização...
ERA um jogo especial. Disso não havia dúvidas. E mais especial se tornou, quando logo antes do início, Malcolm Allison, o treinador que deu o último título a Alvalade, se dirigiu ao meio do terreno e escutou uma estrondosa salva de palmas. O inglês foi fazer um teste à sua popularidade, e constatou que a sua cotação, ali para as bandas do Lumiar, continua alta.
Este momento, este gesto, como não poderia deixar de ser, tinha o seu sentido. Psicologicamente, era terrível para a equipa do Sporting. E assim, não foi estranho que, logo no princípio do jogo, se notasse uma enorme vontade dos sadinos em demonstrar que estavam ali para jogar ao ataque. E jogaram. Aproveitando uma certa descoordenação do meio-campo do Sporting, o Vitória começou por lançar numerosos contra-ataques, e mesmo ataques organizados, que obrigaram a defesa leonina a permanente concentração.
No entanto, e a corroborar a ideia de que as melhoras do Sporting são mesmo um facto, a equipa de Morais sacudiu bem esse ímpeto inicial dos setubalenses. Litos, em grande estilo, pegava na batuta e chamava a si a responsabilidade de orquestrar as manobras de ataque da sua equipa. Só que o Vitória, com um esquema de defesa em linha muito adiantado, fazia com que tanto Cascavel como Lima caíssem constantemente em fora de jogo. O que começava a enervar os adeptos da casa Por outro lado, esta prática também era usada por banda da defesa do Sporting. Assim, assistia-se a um jogo curioso, em que a boia andava de cá para lá de fora-de-jogo em fora-de-jogo, cada um à espera do falhanço do outro. E eles, os falhanços, existiram. O sistema não é infalível e uma bandeira não levantada ou um arranque mais tardio são meio caminho para uma jogada de muito perigo.
Sensivelmente a partir do meio da primeira parte, a equipa de Morais começou a variar o seu tipo de jogo. Tinha de ser. De outro jeito não dava, houve que alterar o estratagema. A bola, que até ali pouco tempo parava nos pés dos centro-campistas leoninos, começou a ser trocada com mais calma, numa tentativa de entrar mais pela certa. Fernando Mendes começou a dar maior apoio a Lima. João Luís fez o mesmo em relação a Sealy e os sadinos tiveram de recuar um pouco. Mas sempre que podiam, prontamente solicitavam a corrida do seu homem mais rápido a partir para a frente, Aparício.
Com esta subida dos sportinguistas, os pupilos de Allison, agora a defender bem mais perto da sua área, começaram a ceder nessa zona mais faltas. De que resultavam livres perigosos. Enquanto a equipa era apanhada mais adiantada, era Meszaros a ter de sair fora da área para resolver. E foi num desses lances que nasceu o primeiro golo do Sporting. O húngaro não teve outro jeito senão cortar com as mãos um lançamento para Sealy e na marcação, Cascavel, ontem de serviço neste tipo de lances, atirou da melhor forma. Aliás é altura para referir que a equipa do Sporting está a jogar muito mais para Cascavel. Com a posição europeia a ganhar corpo, o objectivo que a formação verde-branca agora persegue é consagrar o melhor marcador do campeonato. E Cascavel está agora outro. A motivação finalmente apareceu.
Seria então no segundo tempo, mais particularmente aí a partir dos dez minutos, que o melhor futebol do encontro apareceria. O Sporting criava sucessivas situações de apuro para Meszaros, num período brilhante e conseguiu, nessa altura, elevar para 2-0, numa jogada muito bonita. Lima, agora muito mais activo que no primeiro tempo, foi contemplado de novo por mais uma bela actuação. Um jogador em grande forma. Morais mais uma vez o premiou, tirando-o a escassos minutos do fim do jogo, para ele ter direito a ovação. Que aconteceu, naturalmente.
Depois do segundo golo do Sporting, o jogo ficou resolvido. Não se notava capacidade à equipa do Vitória de Setúbal para dar a volta ao texto. Servida de alguns jogadores já nada jovens, os setubalenses tiveram de ceder os pontos.
Ainda assim, os setubalenses poderiam ter marcado, já que num lance de ataque, Manuel Fernandes foi derrubado dentro da grande área de Damas, e Alder Dante deixou o lance seguir. Elder invocou a lei da vantagem, mas o remate de Aparício embateu no poste e a oportunidade ficou-se por isso mesmo.
E naturalmente, a vitória sportinguista aconteceu. Sem uma grande exibição, esmagadora, mas perfeitamente justa. No final, ficou a sensação de que se havia assistido a um jogo de carácter amigável, de homenagem a antigos jogadores, tal a forma carinhosa como todos os ex-sportinguistas foram recebidos pela massa associativa do Sporting. Um encontro de amigos...
Bom, mas amigos, amigos... Com esta vitória, o Sporting ganhou não dois, mas quatro pontos, já que os setubalenses estão na mesma guerra. Foram os dois da vitória e mais dois que o Setúbal deixou de ganhar.
O trabalho de Alder Dante não está isento de erros. Teve algumas indecisões provocadas por indicações duvidosas dos seus auxiliares e isso fez com que a sua actuação tivesse sido menos eficaz. Mas esta forma que as defesas encontram para anular os ataques contrários são propícios a constante polémica. Não é fácil agradar a todos e quando não eram uns a protestar, eram os outros.
- MÁRIO PEREIRA, Comentário-
“Esta deslocação a Setúbal foi muito difícil…”
JÁ era esperada a boa recepção que o público de Alvalade dispensou à equipa de Setúbal sobretudo porque nela trabalham pessoas que estiveram ao serviço do clube de Alvalade como são os casos de Eurico, Jordão, Manuel Fernandes ou Allison. Então estes dois últimos - o Manei e o técnico inglês - poderem ontem confirmar que por ali ainda não estão esqueci* dos.
No final do encontro, «mister» Morais acabaria mesmo por acusar a nota e, usando da ironia que lhe é habitual, começou por referir:
«É evidente que estou multo satisfeito com o resultado que a minha equipa alcançou, tanto mais que esta deslocação a Setúbal foi uma deslocação muito difícil... Estes dois pontos foram, portanto, conquistados com todo o mérito e colocam-nos na linha dos nossos objectivos ou seja, subir cada vez mais na tabela classificativa.»
- «Mister», ciúmes da ovação dispensada a Allison?
«Ciúmes não. Aliás cada um é livre de se expressar como bem entender. Por isso mesmo é que eu, sendo sempre muito recto e muito frontal, não posso deixar de fazer uma referência ao caso. O que eu entendo é que a equipa do Sporting merecia mais apoio e é para ela que eu peço ovações porque quem não é por nós é contra nós.»
Sem permitir interrupções foi calmamente que continuou: «Espero que em Portimão os jogadores recebam outro apoio. Até porque muita da nossa motivação vai no sentido de podermos dar alegrias à massa associativa e nisto, também sei, que não fazemos mais do que a nossa obrigação.»
- E neste jogo ela foi cumprida rigorosamente...
«Sim. E o que conta é que esta vitória foi conseguida tendo por adversário uma excelente equipa. O Vitória veio a Alvalade para jogar ao ataque, pratica um futebol onde abundam cruzamentos sobre a área e o certo ó que a nossa defesa - que muitas vezes não se tem dado bem com este tipo de jogo - conseguiu, agora, anular essas características.»
- Um outro sector que esteve igualmente bem foi a ponta esquerda do ataque do Sporting Concorda?
«Esteve bem, não há dúvida. Mas, uma coisa é certa: quando se ganha tudo está bem quando se perde tudo está mal. Penso que é preciso dar lugar e
oportunidades aos novos e neste caso do Lima ele terá um futuro largo à sua frente se continuar a trabalhar com os pés assentes no chão.»
- Hoje o Sporting ganhou em vários campos. Quais as perspectivas a partir daqui?
«Isso é verdade e veio ajudar o Sporting. No entanto, continuo a dizer que até ao flnal do campeonato vamos depender, acima de tudo, de nós próprios. Quanto aos objectivos vamos tentar conseguir a melhor classificação possível, uma que esteja de harmonia com o valor e o prestígio do clube.»
Recusando-se a comentar a arbitragem de Aider Dante: «Não comento arbitragens por principio nem procuro falsos pretextos para facilitar as derrotas») Morais diria ainda que a vitória de hoje é sobretudo obra dos jogadores:
«Quem joga são os jogadores e independentemente de eu
nunca abdicar do meu papel de treinador, penso que agora e bem a propósito, se pode dizer que lhes cabe a eles a parte de leão.»
- Uma última pergunta: quando teremos os treinos do Sporting à porta aberta?
«Vão ter que esperar multo tempo. Não está em causa o respeito pela Comunicação Social. No entanto, sempre fui habituado a treinar è porta fechada. Não que o futebol seja uma ciência oculta mas há esquemas que têm de ser protegidos e que devem permanecer apenas no conhecimento de jogadores e treinador.»
Damas: «esta foi a vitória mais difícil»
Sem ter sofrido qualquer golo, Damas não teve, no entanto, ontem à tarde, tarefa fácil. Antes de mais, pedia-se-lhe muita atenção porque o Setúbal, no seu futebol atacante e no seu rápido contra-ataque, cria perigo de um momento para o outro.
Depois do duche e da «bica», Damas confessou então que esta «foi a vitória, nestes últimos jogos, mais difícil de conquistar». E argumentou assim:
«O Vitória de Setúbal joga um futebol muito perigoso, aposta forte no ataque e té-lo vencido constitui para nós uma grande motivação».
- Damas, o Sporting dou hoje um passo Importante...
«Penso que o campeonato, mais domingo menos domingo, acabará por ficar decidido. No entanto, o Sporting continua a lutar por uma boa posição.»
- Pelo 2.º lugar?
«O que lhe posso dizer é que se há três meses atrás disséssemos que Iríamos ficar em 2.º todos achariam ridículo e hoje já se pode pensar nisso como sendo uma coisa possível. Tanto mais que o Benfica, neste momento, deve estar a pensar 200% na Taça dos Campeões…»
- Como comenta o apoio que o público demonstrou a Manuel Fernandes e a Allison? Acha que os adeptos traíram o Sporting?
«De maneira nenhuma! O público está a apoiar a equipa. Penso que o que se passou é normal: somos latinos, somos românticos e gostamos muito dos mortos e dos ausentes. Penso que todos nós reagimos assim…»
- Sabe-se que esta vai ser a sua última época. Já tem planos para o futuro?
«Sendo um homem do futebol é nele que eu quero continuar.»
- E no Sporting, também?
«Quem não gosta de trabalhar num clube como o Sporting? Mas é evidente que, por muita vontade que eu tenha, isso não depende só de mim…»
- Alexandra Tavares-Teles -
Allison, confiante
“Europa ainda é possível”
FOI triunfalmente que, ontem, Allison entrou na relva de Alvalade. Foi até ao centro do terreno, e ali, levantou os braços para uma assistência que, de facto, aplaudiu calorosamente.
Noventa minutos depois, o treinador tinha um ar derrotado e triste. Sobre o jogo e laconicamente, começou por dizer:
«A minha equipa não esteve como costuma estar. Houve Jogadores de quem gostei como são os casos de Roçadas, Crisanto, Vítor Madeira ou Quim. O Manuel Fernandes, por exemplo, baixou multo na segunda parte. No entanto, tivemos três ou quatro hipóteses de golo, mas os olhos do fiscal de linha pareciam que não funcionavam multo bem para o lado do Vitória. Em contrapartida, o primeiro golo do Sporting foi consequente a uma jogada em ‘off-side’.»
- Que lhe pareceu este Sporting?
«Alguns jogadores agradaram-me. No entanto, houve alguns que me pareceram um bocadinho nervosos.»
- Acha que o Setúbal comprometeu o seu lugar na Europa?
«Não. Penso que a Europa ainda é possível.»
- Um comentário à recepção que lhe fez o público de Alvalade.
«Gostei de voltar cá e fui muito bem recebido. Foi muito bom ver uma multidão contente antes do Jogo. Isso ó a prova de que ainda se lembram de mim. Aliás, os sócios do Sporting, sempre que me encontram continuam a vir ter comigo. Têm-me demonstrado muito apreço e deve Imaginar como Isso me deixa feliz...»
Manuel Fernandes: »Fiquei muito feliz porque vim ver amigos»
Manuel Fernandes comentava assim o seu regresso ao Estádio de Alvalade, agora na situação de jogar contra:
«Fiquei muito feliz porque vim ver amigos e penso que outra coisa não sena de esperar.»
Sobre o jogo, o número nove quis comentar:
«Foi um jogo muito bem disputado e penso que a vitória do Sporting se tivesse sido pela marca tangencial teria sido justa. Assim é um bocado exagerada. Bastava que o árbitro tivesse marcado a flagrante falta que eu sofri dentro da área. Foi um pênalti claro e só não viu quem não quis.»
- E agora, a UEFA está mais longe, não?
«Este resultado complico* um bocado mas, se consegui mos os oito pontos em casa mais dois fora, penso que a da lá chegaremos.» „
- Como comenta a sua prestação?
«Sei que, sobretudo, na s gunda parte, baixei de rendimento. Mas isso deveu-se uma alteração táctica que o treinador do Sporting imprimiu. Comecei a ser muito mais marcado e acusei essa marcação.»
- Alexandra Tavares-Teles -
FICHA DO JOGO
ESTÁDIO. Alvalade
RELVADO: boas condições
TEMPO: tarde de sol
ASSISTÊNCIA: boa casa, cerca de 35 mil espectadores
CANTOS: Sporting. 1 (0 + 1); V. Setúbal. 7 (6 + 1)
LIVRES A FAVOR: Sporting, 26; V. Setúbal, 29 (13 + 16)
CARTÃO AMARELO: Meszaros (41’), Flávio (80’) e Mário Jorge (83’)
CARTÃO VERMELHO: Roger Spry (adjunto de Allison)
GOLOS: Cascavel (42’) e Lima (62’)
SUBSTITUIÇÕES: no Sporting: Litos por Virgílio (80’) e Uma por Silvlnho (84 ); No Vitória: Jordão por Lazar (57’) e Maside por Miguel Ângelo (68’)
AO INTERVALO: 1 -0
ÁRBITRO: Alder Dante (Santarém), auxiliado por Manuel Bento e Fernando Vacas
SPORTING
1- Damas (3)
2- João Luís (3)
3- Fernando Mendes (3)
4- Morato (3)
5- Venâncio (3)
6- Oceano (3)
7- Litos (4)
8- Sealy (4)
9- Paulinho Cascavel (4)
10- Mário Jorge (3)
11- Lima (4)
Vital (NJ)
Virgílio (-)
Mário(NJ)
Houtman (NJ)
Silvinho (-)
SETÚBAL
1- Meszaros (3)
2- Crisanto (2)
3- Flávio (3)
4- Quim (3)
5- Eurico (3)
6- Maside (2)
7- Vítor Madeira (3)
8- Aparício (3)
9- Manuel Fernandes (2)
10- Roçadas (cap.) (3)
11- Jordão (2)
Neno (NJ)
Miguel Ângelo (-)
Hélio (NJ)
Lazar (-)
JuvenalNJ
SPORTING 2
SETÚBAL 0
FILME DO JOGO
1’ - Depois de se escapar pela direita. Maside obriga Venâncio a ceder canto. De que nada resulta. Mas o Vitória demonstrava os seus propósitos.
6’ - A dar seguimento a um cruzamento da direita, feito por Oceano. Litos efectuou um espectacular remate de cabeça, à entrada da área, mas errou o alvo.
13’ - Morato, sozinho, faz um passe para... Aparício, este isola Manuel Fernandes, mas a deslocação foi assinalada.
14’ - Damas tem de sair de entre os postes para evitar que Aparício, isolado, fizesse golo. 16* - Descida de Fernando Mendes, pelo seu flanco, junto à linha tira um bom centro, largo, e Sealy, no lado oposto, atira muito por alto. A posição era boa, mas o remate, uma miséria.
19’ - Oceano salva um golo que era certo, mesmo em cima da linha de golo. Foi depois da marcação de um pontapé de canto, cobrado por Maside em que Jordão saltou mais alto que Damas.
24’ - Cascavel ensaia a pontaria na marcação de um livre directo. Desta vez foi à figura de Meszaros.
- Depois de uma jogada de sucessivos ressaltos, Jordão isola Aparício, que remata à entrada da área, para fora.
29’ - Contra-ataque rápido do Sporting, iniciado por Cascavel, que serve Sealy no meio da grande área. e este obriga Meszaros a defesa de instinto, com uma palmada.
36’ - Lima foge a Crisanto, centra a Cascavel chega atrasado por milímetros.
38’ - Cascavel de cabeça obriga Meszaros a apertada defesa.
42’ - 1-0 por Paulinho Cascavel. Foi na marcação de um livre directo, a castigar uma saída de Meszaros que teve de defender com a mão fora da área. O brasileiro, com um remate em arco, não falhou.
51’ - Maside tem uma boa jogada pela esquerda, centra bem mas não está lá ninguém para o remate.
55’ - Aparício falha de novo, agora junto à linha de fundo. Damas saiu bem e resolveu o lance.
56’ - Aproveitando um desentendimento entre Quim e Meszaros, Cascavel ficou em boa posição, mas só conseguiu atirar à rede lateral.
60’ - Grande jogada de Sealy, a romper bem, a descair para a direita e na passada a desferir um bom remate, a rasar o poste.
61’ - No bico da grande área. Cascavel atira ao poste, com espectacular remate à meia-volta.
62’ - 2-0 por Lima. Isolado por excelente passe de Cascavel, o jovem jogador do Sporting torneou Meszaros e atirou para a baliza deserta.
66’ - Novamente Lima a fazer uma grande Jogada. Soltou Cascavel à entrada da área, e este, depois de se libertar de um setubalense. atirou a pouca distância do golo.
80’ - Flávio tem de agarrar Sealy pela camisola. Ele ia isolado...
83’ - Manuel Fernandes é derrubado dentro da grande área do Sporting. A bola no entanto segue para Aparício que atira ao poste, perdendo-se a oportunidade.»