Arte em movimento
No segundo golo do jogo contra o Varzim para a taça Sarabia vai à linha de fundo muito perto da baliza e centra para dentro in extremis quando a jogada parecia perdida. Paulinho recebe a bola rodeado de defesas, dá-lhe uma biqueirada sem jeito e ela é rechaçada pelo guarda-redes que se fizera "à mancha" como se dizia dantes. É aqui que a coisa se torna interessante. É que entretanto Pote, depois de correr na direcção da baliza acompanhando o movimento de Paulinho, dá uns passos atrás, afastando-se do fulcro da acção. O resultado é que a bola sobra para ele apanhando-o isolado e na posição absolutamente certa para a meter lá dentro.
No primeiro golo contra o SLB Pote desce quase até à linha de meio-campo enquanto Porro sobe junto à lateral. Rodeado de três jogadores Porro devolve a Pote pelo buraco da agulha deixando-o isolado e à vontade nuns bons 2 metros quadrados graças ao seu movimento contrário ao curso da jogada. Decide então rematar um longo arco que tele-guiado vai ter precisamente à ponta da bota esquerda de Sarabia. Ou então foi a ponta da bota de Sarabia que percebeu ao milímetro onde a bola iria ter. O resto é história escrita pelos pés de filigrana do super-crack espanhol.
Quando a inteligência dos jogadores se junta ao instinto, quando estes dotes se articulam com os movimentos dos restantes parceiros e quando tudo isto é treinado exaustivamente conseguem-se desenhar estas obras-primas de futebol.