Armas e viscondes assinalados: Tudo está mal quando acaba mal
Benfica 2 - Sporting 1
Liga NOS - 34.ª Jornada
25 de Julho de 2020
Luís Maximiano (3,0)
Adiou o mais possível o desfecho esperado, estabelecendo-se um novo recorde de derrotas do Sporting na mesma temporada, marcada por zero pontos no confronto directo com os dois rivais que viram escancarar-se as portas do duopólio por uma sucessão de decisões que seriam consideradas demasiado perigosas até por pilotos kamikaze. Uma excelente defesa com os pés manteve o marcador a zeros, tal como mais tarde impediria o avolumar do resultado de igual forma, mas nada pôde fazer quando Seferovic e Carlos Vinicius lhe surgiram pela frente. Termina a temporada de afirmação na baliza leonina com o ónus do perdedorismo varandista e sob a sombra da iminente contratação de um eterno suplente da filial madrilena do carrossel.
Eduardo Quaresma (2,0)
Voltou a sentir o peso da responsabilidade a toldar-lhe os movimentos, fazendo alguns cortes desajustados e contribuindo pouco para a circulação de bola. Mas o potencial está lá, a técnica também, e beneficiará de uma pré-temporada em que possa lançar melhores bases para a sua afirmação.
Neto (2,0)
Prova de que tudo acontece ao Sporting é a lesão de Coates no aquecimento, elevando o internacional português à titularidade. Procurou estar à altura dos acontecimentos, esforçou-se muito, mas falhou demasiado nos passes e chegou a fazer cortes de cabeça para remates em posição frontal de jogadores do Benfica. Como patrão da defesa afigura-se insuficiente, o que não implica que não tenha lugar no plantel. Sobretudo num plantel com tão gritantes debilidades.
Acuña (2,5)
É mais do que provável que tenha feito o último jogo pelo Sporting, e logo com a braçadeira de capitão, num triste e simbólico crepúsculo de uma época dourada que o juntou a Bas Dost, Bruno Fernandes e Mathieu, aos rotativos Nani e Montero, aos rescisores Rui Patrício, William Carvalho e Gelson Martins, e ao sobrevivente Coates. Remetido a central, sem hipóteses de impor a sua marca lá à frente, limitou-se a cumprir e a respeitar a camisola que tão bem vestiu ao longo destes anos.
Ristovski (1,5)
Prosseguiu a sucessão de exibições medíocres que servem para realçar o fraco nível das alternativas Rosier e Rafael Camacho. Permissivo a defender e inoperante a atacar, o macedónio especializou-se nas perdas de bola junto à grande área que só por incompetência alheia não cavaram um fosso inultrapassável entre as duas equipas logo nos primeiros minutos do derby.
Matheus Nunes (2,5)
Estava a ser um dos melhores do Sporting quando a sua chuteira branca denunciou ao videoárbitro – infelizmente mais atento na noite de sábado do que naquele penúltimo lance do Moreirense-Sporting em que Coates foi agarrado frente à baliza – que o jovem brasileiro deixará Carlos Vinicius em posição regular no momento em que rematou para o 2-1. Dizer que o erro milimétrico de posicionamento custou 2,9 milhões de euros e o apuramento directo para a fase de grupos da triste Liga Europa seria ignorar a sucessão impressionante de erros de gestão do futebol leonino ao longo desta vergonhosa temporada, mas o lance lançou uma mancha peganhenta numa exibição positiva, cheia de personalidade, em que Matheus Nunes não se deixou assustar pelas papoilas saltitantes que o rodeavam, sendo decisivo no lançamento do contra-ataque do lance do efémero empate.
Wendel (2,0)
Mais uma vez não se conseguiu impor num “jogo grande”, deixando-se retrair excessivamente com as más circunstâncias à sua volta. Está ainda por provar se é capaz de subir ao patamar seguinte e tornar-se um substituto à altura dos melhores do meio-campo que foram deixando Alvalade.
Nuno Mendes (3,5)
Será mera coincidência que o Sporting tenha sofrido o segundo golo e perdido o pódio da Liga Nos depois de o lateral-esquerdo ser substituído? Para trás ficou mais uma boa exibição do ainda adolescente, uma vez mais a combinar velocidade, técnica e inteligência táctica para desbaratar adversários. Pena é que não tenha tido engenho para ultrapassar Vlachodimos após uma boa triangulação com Sporar e que não tenha arriscado “fazer algo de esquerda” em vez de servir Ristovski, livre de cobertura do outro lado da área, para que o macedónio visasse as cadeiras do segundo anel.
Gonzalo Plata (1,5)
Agraciou os colegas com a sua presença na primeira metade, primando pelos movimentos erráticos que nos últimos jogos elevaram o número de contratações falhadas que terão de ser feitas nos próximos meses. Incapaz de combinar em condições com os colegas, leva como melhor recordação do Estádio da Luz uma recuperação de bola com pronta entrega a Sporar, cabendo ao esloveno o remate sem consequências.
Jovane Cabral (2,5)
Há que reconhecer que tentou fazer algo, mas os remates saíram sempre fracos ou desenquadrados com a baliza, mantendo-se a ideia feita de que o melhor jogador da Liga NOS em Junho é mais talhado para resolver encontros quando o adversário é de uma certa dimensão. Uma ideia que levaria a aumentar ainda mais a lista de Bolasies e Jesés a caminho de Alvalade.
Sporar (2,5)
Deu por finda a longa seca com um golo em que a bola passou por entre as pernas do guarda-redes do Benfica, e combinou bem com Nuno Mendes noutra jogada de perigo. Pena é que tenha deixado Seferovic em jogo no lance do primeiro golo, que tenha voltado a demonstrar capacidade quase nula de levar a sua avante no confronto directo com os adversários e que tarde em justificar o investimento avultado no seu passe.
Tiago Tomás (3,0)
Tantas vezes mereceu a aposta do treinador que acabou por trazer dividendos. Poderia ter feito melhor do que o violento remate ao poste quando ficou sozinho na grande área depois na sequência de uma fífia de Jardel, mas no lance do 1-1 lançou Sporar de forma perfeita, quase se diria que à prova de falhanço.
Vietto (-)
Andou pelo relvado poucos minutos, com ainda menor participação no jogo, ao nível do homem invisível valorizado em 7,5 milhões de euros por metade dos direitos desportivos.
Borja (1,5)
Entrou para o lugar do melhor jogador do Sporting. Poderá dizer que a culpa não é dele e sim de quem lhe fez sinal para parar de aquecer.
Battaglia (-)
Foi colocado para segurar o resultado, opção táctica que tende a nunca resultar no Sporting. Caso houvesse racionalidade na gestão do futebol leonino, e o edifício da SAD não estivesse ocupado por personagens de “O Feiticeiro de Oz”, às quais faltam cérebro, coragem e coração, também ele teria feito o último jogo de leão ao peito.
Ruben Amorim (1,5)
Perdeu nos últimos seis jogos a oportunidade de deixar uma boa primeira impressão, não conseguindo melhor do que duas sofridas vitórias caseiras com Gil Vicente e Santa Clara, dois tristes empates com Moreirense e Vitória de Setúbal e duas derrotas com FC Porto e Benfica. Perdeu o terceiro lugar que ajudara a reconquistar nos seus primeiros jogos devido à fraqueza do plantel construído por incapazes, a alguns erros cirúrgicos de arbitragem, a azares extremos nas lesões que acabaram com a carreira de Mathieu e afectaram a afirmação de Jovane, mas também por muitas decisões erradas. Sobretudo nas substituições, como neste derby em que se viu na contingência de sair da Luz com um ou três pontos antes de sucumbir ao medo, procurando baixar linhas e repetir com o Benfica aquilo que o Vitória de Setúbal lhe fizera dias antes. Só que sem a competência dos pupilos do inegável Lito Vidigal. Sendo crível que se imagine a dar a volta na próxima temporada, todas as notícias que chegam quanto a reforços de segunda linha vindos de Espanha faz temer que o plantel continue sem soluções capazes de fazer a diferença. Continuará também a carregar a responsabilidade da cláusula de rescisão absurda que Frederico Varandas decidiu, por motivos que talvez gelassem o sangue de quem os decifrasse, (prometer) pagar ao Sporting de Braga. É uma responsabilidade pesadíssima e oxalá esteja à altura de alterar o guião de tragicomédia que lhe entregaram.