Armas e viscondes assinalados: Salto mortal para perto da liderança
Sporting 3 - Boavista 0
Liga NOS - 8.ª Jornada
28 de Outubro de 2018
Renan Ribeiro (3,0)
À quarta tentativa, e à terceira titularidade, chegou ao fim de um jogo sem sofrer golos. Se grande parte do mérito pertence ao ataque do Boavista, capaz de ser mais dócil do que o do Loures, a verdade é que o brasileiro esteve sempre atento às ocorrências, ficando na retina uma defesa apertada na cobrança de um livre. Foi bem substituído pelo poste na única ocasião em que não deu conta do recado.
Bruno Gaspar (3,0)
Promovido a único lateral-direito do plantel devido à lesão de Ristovski - embora Carlos Mané tenha feito muito boa figura na última final da Taça de Portugal vencida pelo Sporting -, entre alguns cruzamentos descalibrados e incursões sem critério lá conseguiu fazer um jogo acima das suas capacidades e contribuiu de forma decisiva para o 3-0.
Coates (3,0)
O erro que custou a derrota contra o Arsenal terá assombrado o uruguaio, assaz atreito a pequenas e médias falhas na primeira parte. Melhorou na segunda, sucedendo-se cortes providenciais, superioridade aérea e tudo aquilo que faz dele quem é. Só não conseguiu a tradicional arrancada pelo meio-campo (ao contrário do tradicional cabeceamento ao lado...) porque um sadversário fez o favor de o travar, agarrando-lhe a camisa.
Mathieu (3,5)
Retomou a titularidade e trouxe mais do que classe e poder de antecipação. A sua presença no relvado fez-se sentir na qualidade de saída com bola, com boas consequências na construção de jogo. Ainda ficou perto de marcar na cobrança de um livre directo e só não tem nota mais elevada porque nos últimos minutos de jogo, quando foi desviado para lateral-esquerdo (o que terá levado o não-convocado Luxor a perceber que, afinal, não é a terceira e sim a quarta escolha para a posição), demonstrou alguma displicência na marcação dos adversários.
Acuña (3,5)
Sobressaiu menos do que no jogo contra o Arsenal, mas nem por isso foi menos importante na esquerda, combinando melhor com Montero do que com Nani. Além da excelência dos cruzamentos foi tão intransigente como sempre nas missões defensivas e só Battaglia evitou que fizesse Carlos Xistra pagar caro a ousadia de lhe mostrar uma cartolina amarela. Saiu perto do final, para o muito aguardado regresso de Bas Dost, e uma percentagem das palmas também foram para ele.
Battaglia (3,5)
Além de ter sido o autor do primeiro lance de golo, com um remate de fora da área que testou os reflexos do guarda-redes boavisteiro, e de impedido que os forasteiros fizessem uma gracinha, oferecendo o corpo a uma bala disparada na grande área, dominou por absoluto o meio-campo ao longo do jogo inteiro.
Gudelj (3,0)
Cumpriu os seus deveres conjugais de duplo pivot defensivo (desfeita que foi a relação polidefensiva em que também havia lugar para Petrovic), assegurando-se de que a equipa visitante não vinha ali estragar uma noite que, segundo padrões menos corajosos do que os praticados na Sérvia, estava bastante gelada.
Bruno Fernandes (3,5)
Resgatado da ala direita para o meio do terreno, onde a sua magistratura de influência é exercida de forma mais natural, parecia condenado a manter-se fora da ficha de jogo. Já tinha rematado sem sombra de pontaria na primeira parte, pelo que os gritos que largou ao ver a barra devolver-lhe um livre directo vinham do fundo da alma e só foram aplacados devidamente quando, mesmo importunado pela presença de Carlos Xistra, desferiu um pontapé que transformou o cruzamento rasteiro de Diaby no tranquilizador 2-0. Com o parceiro Bas Dost de volta tudo poderá melhorar.
Nani (4,0)
Houve um regresso ao passado quando o capitão do Sporting inaugurou o marcador, cabeceando de cima para baixo, como mandam as regras, e passou ao lado do assistente Montero para celebrar o golo com um salto mortal nada apropriado num cavalheiro com mais de 30 anos. Antes disso já estivera quase a fazer o primeiro golo com outro cabeceamento, desviado para canto pelo guarda-redes, que era de cima para cima, como não mandam as regras. Os colegas já não o deixaram repetir o mortal quando bisou, num remate enrolado à entrada da grande área. Passou os últimos minutos a tentar fazer assistências para Bas Dost.
Diaby (3,0)
Foi preciso chegar ao final de Outubro para haver provas palpáveis da utilidade do avançado maliano no plantel do Sporting. Não tanto na primeira parte, pois a surpreendente titularidade não se traduziu em melhor do que um remate para as bancadas a poucos metros da baliza e uma assistência para Bruno Fernandes rematar para as bancadas. Depois do intervalo houve um lance em que recorreu à aceleração e ao descaso para com agarrões e tentativas de desarme para chegar à grande área adversária, mas acabou por bloquear por motivos só explicáveis por psiquiatras. E a verdade é que a velocidade permitiu-lhe conquistar a linha de fundo pela ala direita e centrar atrasado para Bruno Fernandes fazer o 2-0. Ele próprio esteve quase a marcar numa jogada individual de contra-ataque mas o chapéu que fez ao guarda-redes foi curto, lento e ao alcance do defesa que fez a dobra. Fica para a próxima?
Montero (3,5)
Mais um jogo de muita luta para o avançado colombiano, coroado com o cruzamento com que ofereceu o primeiro golo da partida a Nani. Também esteve na jogada do 3-0, antes de sair para a entrada de Bas Dost, cujo regresso acarretará certamente mais tardes e noites passadas no banco.
Bas Dost (2,5)
Voltou de lesão sem medo de lutar por cada lance. Ficou perto do golo num remate de cabeça, mas o certo é que o seu regresso ao relvado foi (golos à parte) um dos raros momentos em que os 27 mil espectadores se entusiasmaram.
André Pinto (2,5)
Entrou para reocupar o lugar que tem sido seu, ao lado de Coates, sem que Mathieu tenha saído de campo, numa situação só comparável ao avistamento em simultâneo de Bruce Wayne e Batman. Em poucos minutos fez dois belos cortes que ajudaram à parte do zero no 3-0.
Bruno César (-)
Foi colocado no meio-campo, pouco antes do apito final, talvez só para o pobre Lumor perceber que nunca terá um único minuto de jogo.
José Peseiro (3,0)
Há noites assim. Inventou uma improvável ala direita que resultou melhor do que a encomenda, repôs Bruno Fernandes onde mais rende, e recuperou Mathieu (a tempo inteiro) e Bas Dost para a equipa. Aproveitou da melhor forma os resultados do Sporting de Braga e do Benfica, e está agora a apenas dois pontos da liderança. E pensar que não faltaram assobios quando o seu nome foi anunciado pelo speaker antes do início do jogo...