Armas e viscondes assinalados: Pesadelo antes do Natal
Vitória de Guimarães 1 - Sporting 0
Liga NOS - 14.ª Jornada
23 de Dezembro de 2018
Renan Ribeiro (4,0)
Poderia muito bem ter sido uma noite memorável para o brasileiro, convertido no gato de Schrodinger dos guarda-redes, na medida em que viu o cartão vermelho e não viu o cartão vermelho no mesmo lance. Expulso por derrubar um adversário que seguia isolado, valeu-lhe o videoárbitro, que detectou um fora de jogo no início da jogada, para continuar a tentar evitar o inevitável: o primeiro desaire do Sporting na era de Marcel Keizer. Teve uma exibição que só ficou aquém da perfeição devido a uma abordagem deficiente a um cruzamento perigoso e à incapacidade de evitar o único golo do jogo, acumulando excelentes defesas, tanto a mísseis disparados de longe quanto a remates disparados de perto. O Sporting voltou de Guimarães com zero pontos apesar de Renan e bastaria que mais alguns dos outros 13 que jogaram estivessem ao seu nível para evitar o pesadelo antes do Natal.
Bruno Gaspar (2,0)
Mal vão as coisas quando o lateral-direito contratado à Florentina não é o elo mais fraco da equipa leonina. Longe de ter sido muito mais eficaz do que costuma, apesar das ligeiras melhoras na hora de atacar, não foi o principal culpado e ainda se pode queixar de ter sido amarelado cedo e sem motivo.
André Pinto (2,0)
Costuma ser um bom suplente de Mathieu, tanto quanto Bruce Wayne pode ser bom suplente de Batman. Algo que talvez explique as maiores dificuldades sentidas a substituir Coates, com quem costuma formar uma dupla de centrais menos propensa a deixar escapar tantos adversários na direcção da baliza.
Mathieu (2,5)
É bem verdade que fica ligado ao resultado final, pois o remate de Tozé alterou a trajectória ao embater no seu pé, mas o francês deu o corpo à bala num lance em que Renan Ribeiro dificilmente poderia evitar o 2-0 e integrou-se várias vezes no esforço ofensivo dos leões.
Acuña (2,5)
Nem sempre a pessoa mais esperta na sala leva a sua avante e nem sempre o melhor lateral do Sporting deixa a sua marca. Algo limitado no um contra um (ou contra dois, ou contra três), o argentino também ficou aquém do que sabe nos cruzamentos e viu os colegas desperdiçarem aquilo que criou com o suor do seu rosto. Do ponto de vista defensivo destacou-se uma ocasião na primeira parte em que só lhe faltou estender uma passadeira vermelha para que um adversário entrasse na grande área do Sporting.
Gudelj (2,0)
Ouviu das boas de Renan numa das jogadas em que permitiu incursões vimaranenses junto à baliza do Sporting e foi um dos maiores responsáveis pelo domínio que os da casa exerceram. Teria sido um herói caso Bruno Fernandes tivesse começado a correr um segundo antes para o passe longo que o sérvio fez, logo no início do jogo, para a entrada da grande área do Guimarães.
Miguel Luís (1,5)
Entre a macieza na cobertura das movimentações dos adversários e a desinspiração nas trocas de bola com os colegas andou a noite aziaga da nova coqueluche de Alcochete. A melhor memória que pode guardar é o passe muito longo a servir o recém-entrado Raphinha.
Bruno Fernandes (2,0)
Rematou muito, como quase sempre, mas o melhor que conseguiu foi acertar na cara de um defesa. Também os passes raramente lhe saíram bem e até conseguiu, mesmo ao cair do pano, ver um amarelo por protestos que o retira da equação na próxima jornada da Liga NOS, já em 2019, frente ao Belenenses. Espera-se que Francisco Geraldes volte cheio de energia do exílio que lhe terá permitido aprimorar o estudo da Escola de Frankfurt.
Diaby (3,0)
Fez o único remate digno desse nome que o Sporting conseguiu na primeira parte, e depois do intervalo serviu Raphinha antes de tentar novamente o golo, sem grande pontaria. Ainda provocou um autogolo, num lance anulado por flagrante fora de jogo, e é pena que isto baste para se destacar dos demais.
Jovane Cabral (2,5)
Sofreu uma carga logo no início da partida, quando acabara de recuperar a posse de bola com o guarda-redes adversário a tentar recuar para a baliza. A falta não mereceu amarelo, sabe-se lá porquê, tal como as incursões do jovem extremo pela esquerda não mereceram seguimento dos colegas. Não voltou para o relvado na segunda parte, reconhecidamente o seu melhor habitat.
Bas Dost (2,0)
Dois remates de cabeça, um muito torto e outro directo para as mãos do guarda-redes, constituíram o fraco pecúlio do goleador holandês, ligeiramente mais útil a fazer combinações com os colegas.
Raphinha (3,0)
Regressou de lesão num jogo em que voltou ao estádio do antigo clube e, tendo entrado após o intervalo, protagonizou a fase menos má dos leões. Excelente a dominar a bola lançada por Miguel Luís, livrou-se de um adversário antes de rematar quase à figura, tal como noutra ocasião para dar início à reviravolta perdida ficou a centímetros do poste. Tê-lo pronto a jogar é uma das poucas boas notícias que o Sporting recebeu nesta noite.
Carlos Mané (2,0)
Entrou para servir de segundo avançado e o melhor que conseguiu foi amortecer o cruzamento de Mathieu para um remate disparatado de Diaby a poucos metros da baliza.
Petrovic (1,5)
Cumpriu os últimos minutos de jogo na posição de Gudelj e não conseguiu reverter a má situação.
Marcel Keizer (2,0)
Bem avisou que este dia chegaria e no final do jogo ainda agradeceu a Renan pela contida dimensão da vitória da equipa da casa. Nada disto desculpa a incapacidade de levar os seus jogadores a reconquistarem o meio-campo perdido, mas também é verdade que a vaga de lesões limitou as opções que tinha no banco. Caído dos céus para uma realidade complexa, trazendo do Minho os mesmos zero pontos que José Peseiro, cabe-lhe tentar o milagre da qualificação para a fase final da Taça da Liga e a preparação das duas primeiras jornadas da Liga disputadas em 2019. Tudo o que for chegar ao Sporting-FC Porto com cinco ou mais pontos de desvantagem soa a missão impossível.