Armas e viscondes assinalados: O nome dele é lenda
Sporting 1 - Benfica 0
Taça de Portugal - 2.ª Mão da Meia-Final
3 de Abril de 2019
Renan Ribeiro (3,0)
Raras são as tardes e noites em que não recolhe uma bola do fundo da baliza. Mas assim sucedeu ao encontrar o poderoso ataque de um Benfica incapaz de fazer um remate em condições ao longo de todo o jogo. E ainda teve a bondade de afastar para canto, logo na primeira parte, o mais próximo de uma ocasião de perigo que a equipa visitante conseguiu arranjar.
Bruno Gaspar (3,0)
É provável que na hora dos festejos tenha conseguido que Rafa perdesse a cabeça ao ponto de ser expulso por dizer “para dar conta de vocês basto eu”. Elevado à categoria de “disco pedido”, por entre a sucessão de oligofrenias que resultou na expulsão e castigo a Ristovski, o lateral-direito de recurso até começou o jogo a assustar o facilmente assustável Svilar com um remate de longe que saiu ao lado. Com o passar dos minutos perdeu fulgor, enfrentou adversários mais versados na arte de chutar bolas do que ele, mas cumpriu até ao momento em que Marcel Keizer abdicou do seu contributo para apostar ainda mais no único resultado que interessava.
Coates (3,0)
Cumpriu sem deslumbrar, mas também sem dar os sinais de erro sistémico observados no jogo anterior. E convém admitir que os artistas vestidos de encarnado ajudaram ao final feliz.
Mathieu (3,5)
Limpou o que tinha a limpar, subiu no terreno quando foi preciso, e terminou um jogo com a satisfação que os adeptos teriam caso resolvesse anunciar que adia a reforma por mais uma temporada.
Borja (3,0)
Ficou muito bem na capa dos jornais desportivos agarrado às costas de Bruno Fernandes. Também nada fez de mal enquanto esteve em campo.
Gudelj (3,5)
Não só começa a orientar os remates para a baliza adversária, dando por terminada a guerra contra os apanha-bolas, como controlou de forma bastante eficaz as veleidades contrárias.
Wendel (3,0)
Mais uma exibição plena de esforço, dedicação e devoção, desta vez coroada com glória, que pôde ser testemunhado “in loco” por Jorge Jesus, o treinador que o viu chegar a Alvalade, em troca de um punhado de milhões de euros, e preferia pôr Misic a jogar.
Raphinha (3,0)
A recuperação de bola no lance do golo do Sporting foi uma demonstração de capacidade de luta de quem se arrisca a assumir a responsabilidade de fazer o Sporting grande outra vez na próxima temporada. Mas para que tal suceda é bom que vá melhorando a pontaria nos remates.
Acuña (3,5)
Ainda não é muito clara a sua motivação no final do jogo, quando teve de ser agarrado pelos colegas para não cometer algo de que decerto nem se arrependeria. Sendo debatível que tenha os maiores tomates do Mundo, como divulgou a sua legítima esposa, ninguém duvida que se trata do jogador mais combativo do plantel leonino. E um dos dois ou três mais capazes de ficarem a dormir com a bola quando vão jantar a casa dos seus pais.
Bruno Fernandes (4,0)
O nome dele é lenda, preparando-se para bater recordes que tornam menos agridoce a perspectiva de que só vá fazer, na ausência de lesões ou castigos, mais oito jogos com o leão ao peito. Depois de ter deixado o Sporting com a porta do Jamor entreaberta, mercê de um livre directo memorável na primeira mão, carimbou o acesso à final da Taça de Portugal com um remate forte e colocado que nem um guarda-redes de elevada qualidade defenderia. Antes disso já fustigara a barra da mesma baliza com um livre directo a punir uma falta em que Pizzi o rasteirou por trás e sem amarelo quando se preparava para rematar.
Luiz Phellype (3,0)
Desta vez não marcou, ainda que o tivesse tentado com intenção e técnica. Mas esteve particularmente bem de costas para a baliza, complicando a vida aos centrais encarnados.
Tiago Ilori (3,0)
Não ganhava ao Benfica desde a adolescência. Espera-se que retome esse bom hábito.
Diaby (3,0)
É tecnicamente correcto dizer que fez a assistência para o golo de Bruno Fernandes, e esse passe rápido e eficiente para quem sabe fazer melhor do que ele compensa todas as diabyices cometidas no relvado.
Idrissa Doumbia (2,5)
Entrou para segurar o resultado e descansar Wendel sem que fosse preciso utilizar algum produto da Academia de Alcochete.
Marcel Keizer (3,5)
Escolheu a noite certa para acertar nas substituições, nas adaptações tácticas no decorrer do jogo e sabe-se lá no que mais. Só Bruno “Lenda” Fernandes tem mais responsabilidade do que ele na hora e meia feliz que permite ao Sporting pós-invasão a Alcochete ter a possibilidade de fazer melhor nesta temporada do que naquela em que Rui Patrício, William Carvalho e Gelson Martins ainda estavam no plantel, Battaglia não era um lesionado de longa duração e Bas Dost mantinha o estatuto de máquina de fazer golos.