Armas e viscondes assinalados: Luiz Phellype evitou o calvário
Nacional da Madeira 0 - Sporting 1
Liga NOS - 30.ª Jornada
19 de Abril de 2019
Salin (3,0)
Arriscou-se a passar por turista, tão poucas foram as jogadas de ataque da equipa da casa, mas quando foi preciso mostrar serviço conseguiu estar à altura dos acontecimentos. Seja antecipando-se a quem procurava isolar-se, seja defendendo com os punhos os melhores de entre os raros cruzamentos.
Ristovski (3,0)
Teria sido uma viagem ainda melhor à Madeira caso controlasse melhor a bola ao ser desmarcado na grande área por Bruno Fernandes. Ainda que bastante recuado em relação a Acuña, integrou-se bem nas jogadas de ataque sem deixar de tapar os caminhos para a equipa da casa. Um seu corte “in extremis” travou o que seria a melhor jogada do Nacional da Madeira.
Coates (3,0)
Uma ou duas perdas de bola comprometedoras foram compensadas com a habitual dose de cortes providenciais. Como aquele em que travou sem falta um adversário que procurava acercar-se da baliza de Salin após um disparate de Jovane Cabral.
Mathieu (3,5)
Além do contributo para a inexpugnabilidade da baliza leonina, fenómeno raro nas deslocações, o central francês voltou a desbloquear marcações e tibiezas alheias com incursões pelo meio-campo contrário – tanto pelo corredor esquerdo como pelo centro do terreno – das quais resultou muito perigo. Ficou perto de voltar a marcar em duas ocasiões, sendo a segunda um remate cruzado, na ressaca de um canto, mesmo ao lado do poste. Há decerto quem pondere oferecer-lhe um contrato vitalício.
Acuña (3,5)
Um amarelo aos sete minutos condicionaria alguém menos competitivo do que o argentino. Não foi o caso do lateral-esquerdo que muitas vezes subiu até à linha para realizar os seus famosos cruzamentos. Viu todos desperdiçados até que a meio da segunda parte surgiu a emenda de Luiz Phellype a um livre que cobrou à entrada da área. Mais uma assistência para juntar à colecção de um dos mais incansáveis futebolistas da história do Sporting.
Gudelj (3,5)
Mesmo o amarelo que o afasta do próximo jogo foi uma demonstração de inteligência, na medida em que evitou o mal maior de um contra-ataque perigoso após perda de bola de Coates (outro dos muitos titulares leoninos à beira do jogo de castigo). O sérvio fez de longe a sua melhor exibição, com enorme influência na tranquilidade que fez de Salin mero espectador quase até ao fim. Implacável nos cortes, desarmes e antecipações, mesmo na saída com bola esteve muito melhor do que a sua (baixa) fasquia habitual.
Idrissa Doumbia (3,0)
Titular devido à excursão de Wendel a Turim, não rendilhou o futebol leonino como o jovem brasileiro costuma. Certo é que se fez valer da rapidez e da capacidade de choque para ajudar a manietar a equipa da casa e integrou-se em algumas jogadas de ataque, mantendo-se em campo até ao fim.
Bruno Fernandes (3,0)
Rematou pela primeira vez ao segundo minuto de jogo e pouco depois isolou Ristovski na grande área. Parecia que voltaria a ser decisivo para o triunfo do Sporting, mas o golo que baterá todos os recordes ficou guardado para o próximo jogo, em Alvalade, contra a Vitória de Guimarães. Sempre empenhado em dar instruções aos colegas, combinou bem com Acuña, esbanjou passes com Diaby e até desperdiçou uma boa assistência de Luiz Phellype, mesmo no final do jogo, faltando-lhe pernas para avançar para a baliza.
Diaby (2,0)
Cinco remates fez o maliano, sendo o melhor de todos, forçando o guarda-redes a esticar-se todo para evitar o golo, aquele que de mais difícil execução parecia ser. Adepto de estar no sítio certo à hora certa, pena é que tenha feito sempre a coisa errada, rematando contra defesas ao receber cruzamentos de frente para a baliza, ou permitindo a mancha do guarda-redes. Se dependesse de Diaby o Sporting teria saído da Madeira com um ponto tão mísero quanto o seu acerto.
Jovane Cabral (2,0)
Um remate em arco que permitiu a melhor defesa do atarefado Daniel Guimarães, uma arrancada pela direita culminada com um remate à figura e um passe de rotura para Diaby foram o lado A de uma exibição em que o extremo terá batido recordes de passes errados e decisões erráticas. A arma secreta de José Peseiro terá de recalibrar-se para sobreviver ao possível regresso ao plantel de Mama Baldé (que voltou a marcar pelo Aves) e Matheus Pereira, bem como a total integração de Gonzalo Plata.
Luiz Phellype (3,5)
Ficou perto de se candidatar ao Prémio Puskas, correspondendo com um toque de calcanhar acrobático a um cruzamento de Acuña, mas a bola saiu ao lado do poste. Em vez disso, já na segunda parte, acorreu a novo cruzamento do argentino, na cobrança de um livre, e evitou o calvário dos sportinguistas ao garantir três pontos com o seu quinto golo em quatro jogos. À parte isso, primou pela luta com os defesas – dificultado pela carta branca que os centrais do Nacional receberam de Carlos Xistra para o carregarem pelas costas – e ainda fez uma assistência para o que poderia ter sido um golo histórico de Bruno Fernandes. Há dias felizes.
Jefferson (2,0)
Resgatado da lei do esquecimento pela lesão de Borja, e lançado para o jogo devido à progressiva inépcia de Jovane Cabral, entrou com ordens para ficar à frente de Acuña. A sua interpretação daquilo que é suposto um extremo fazer ainda chegou para um belo cruzamento que acrescentou mais um capítulo ao manual de desperdícios de Diaby.
Miguel Luís (2,0)
Dez minutos de jogo que serviram de prova de vida, ainda que parte desse tempo tenha servido para entender a sua posição em campo.
Francisco Geraldes (2,0)
Cinco minutos à Sporting concedidos pelo treinador permitiram-lhe fazer uma boa combinação com aquele senhor que se chama Bruno Fernandes e o ofusca com a sua omnipresença, omnisciência e omnipotência. E algumas demonstrações de domínio de bola junto à linha lateral que serviram de aperitivo para melhores dias que vão tardando.
Marcel Keizer (3,0)
Conquistou mais três pontos num autêntico festival de desperdício que se traduz numa taxa de sucesso abaixo dos cinco por cento, tendo mérito na forma como dispôs uma equipa sem os castigados Renan e Raphinha, o castigado interno Wendel e os lesionados Battaglia e Bas Dost. Pronto a perdoar as ofensas dos seus jogadores aos adeptos, adiou as substituições ao limite, guardando-as para quando já tinha vantagem no marcador. Saiu feliz, mas ficou credor de uma goleada que os seus jogadores não souberam fazer.