Armas e viscondes assinalados: Cabazada de Natal para esquecer os tempos de crise
Santa Clara 0 - Sporting 4
Liga NOS - 14.ª Jornada
16 de Dezembro de 2019
Luís Maximiano (3,0)
Perante um adversário que foi dominado desde o início do jogo bastou-lhe estar atento e disponível para resolver as escassas ocorrências que iam aparecendo. E ainda teve a sorte de o árbitro Manuel Mota ter tanto amor às vitrinas dos talhos que anulou um golo ao Santa Clara, num livre directo cobrado com mestria, devido a uma irregularidade existente mas que poderia ter passado despercebida.
Ristovski (4,0)
Exibição portentosa do macedónio, disposto a fazer esquecer uma temporada em que lhe bastava respirar para ver o cartão vermelho. Não só controlou as investidas açorianas pela sua ala como esticou o motor de arranque do ataque leonino, com consequências que só não foram ainda melhores devido ao desacerto dos avançados. A assistência para o segundo golo de Luiz Phellype é só um dos muitos motivos que aconselham descanso ao milionário reforço francês que compete consigo pela titularidade.
Coates (3,0)
Mesmo o cartão amarelo que recebeu foi um mal menor tendo em conta que impediu um contra-ataque perigoso (apesar de o destino do jogo estar mais do que selado). E não deixa de ser bonito que haja um jogo em que não é chamado a fazer de “stand-in” do saudoso Bas Dost na hora do desespero.
Mathieu (3,0)
Pois que cometeu o erro que resultou num amarelo para Coates e no livre directo que Manuel Mota impediu de ser o tento de honra dos açorianos. Mas ninguém (tirando Bruno Fernandes) ali seria capaz de fazer a abertura para Ristovski que resultou no 0-2. Mantenham-lhe o emprego, que para nós é um sossego.
Acuña (3,5)
Tinha pela frente o irrequieto Ukra, que é o mais próximo que o futebol nacional tem de um Joker, o que fazia adivinhar faíscas. Em vez disso, o argentino conteve-se, conteve-lhe os movimentos e integrou-se com bons resultados nas manobras ofensivas que resultaram em goleada.
Idrissa Doumbia (3,0)
Sempre esforçado e quase sempre insuficiente para o que se exige a um titular do Sporting, pouco ou nada comprometeu e evitou o amarelo que o deixaria de fora da recepção ao FC Porto, a abrir o próximo ano. Mas há que destacar a melhoria verificada quando Battaglia regressou aos relvados.
Wendel (3,0)
Já dizia um francês mais velho do que Mathieu que o importante é competir. Talvez assim seja, e o internacional pela selecção olímpica do Brasil muito o fez, sem ficar directamente ligado ao resultado. E a forma que ajudou o meio-campo a mexer tornou-se ainda mais flagrante quando teve direito a descanso e foi substituído pelo compatriota Eduardo Henrique.
Bruno Fernandes (3,5)
Afortunados são os sportinguistas nos jogos em que tudo corre bem mesmo sem que o capitão se destaque dos demais. Mais um golo de pénalti, com o guarda-redes a revelar-se conformado com o destino ao ponto de não se lançar para nenhum lado, e mais uma assistência, num canto desviado pela nuca de Bolasie, elevaram as suas estatísticas para uma centena de participações directas em golos do Sporting. E ainda melhor poderia ter sido o rescaldo da viagem se os colegas aproveitassem melhor os cruzamentos teleguiados e tivesse concluído melhor uma bela combinação com Vietto.
Vietto (3,5)
Só faltou mesmo o golo ao argentino, que não deu o seu melhor ao ver-se colocado frente à baliza pelo insuspeito Jesé Rodríguez. O mesmo não se pode dizer da forma como fez uma assistência para desbloquear o marcador à prova de falhanço de Luiz Phellype e das excelentes combinações com Bruno Fernandes.
Bolasie (3,5)
Que jogão teria feito o franco-congolês não fosse o crime de lesa-futebol que protagonizou na primeira parte, cabeceando de frente para à baliza de uma forma que noutras modalidades daria direito à perda de pontos por falha técnica. Redimiu-se à terceira tentativa, por muito que o desvio de cabeça para o fundo das redes no lance do 0-3 aparente ter sido inadvertido. E, sem medo de partir para cima dos adversários em drible – não obstante a reduzida taxa de sucesso em tais iniciativas –, ajudou a fechar o marcador com uma arrancada em que só o conseguiram travar com uma falta dentro da grande área. De longe o melhor dos três reforços de fecho de mercado, merece respeito por um empenho que por vezes compensa as limitações de quem dificilmente melhorará nesta fase da carreira.
Luiz Phellype (3,5)
Bisou na partida, confirmando o bom momento que atravessa, mas ficou a dever a si mesmo outros tantos golos. A abordagem aos lances está quase sempre longe dos padrões de um avançado titular – excepção feita ao lance do 0-2 –, o que não invalida que o brasileiro mantenha uma das melhores relações custo-benefício do plantel leonino.
Battaglia (3,0)
Vê-lo entrar em campo foi uma dupla alegria para os adeptos, que não só ficaram felizes com a superação do ciclo de lesões graves que afectaram o argentino como puderam constatar o quanto melhora o meio-campo com a sua qualidade técnica e inteligência táctica.
Jesé Rodríguez (2,5)
Quis o destino que o seu melhor momento, desenvencilhando-se de uma série de adversários à entrada da grande área do Santa Clara, não tivesse o melhor seguimento por parte de Vietto. Lançado no jogo com o resultado feito, o espanhol em nada comprometeu.
Eduardo (1,5)
Os minutos que jogou, felizmente poucos, confirmaram o estatuto de maior incógnita do plantel leonino.
Silas (3,5)
Ainda teve tempo para fazer caretas quando os avançados insistiam em não concretizar as oportunidades de golo decorrentes do intenso domínio e dos bons cruzamentos de Ristovski e Bruno Fernandes. Construiu a própria sorte ao apostar nos melhores que tem à disposição e viu o Sporting fazer uma das suas melhores exibições e subir ao lugar do pódio que é realista ambicionar. Se no sábado vencer o Portimonense e tiver sorte no outro jogo do grupo, conseguindo o improvável acesso à “final four” da Taça da Liga, ganhará uns quantos dias de direito ao esquecimento dos seus muitos erros até ao possível vale das trevas da morte que o calendário lhe oferece no início de 2020.