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És a nossa Fé!

Armas e viscondes assinalados: Descalabro para mais tarde recordar

Benfica 5 - Sporting 0

Supertaça

4 de Agosto de 2019

 

Renan Ribeiro (2,0)

Consolidou o seu lugar na história do Sporting, já garantido com as duas taças conquistadas no desempate por grandes penalidades, mas desta vez pelos piores motivos: tornou-se o primeiro guarda-redes leonino a sofrer um 5-0 (Lemajic chegaria mais tarde à meia-dúzia, naquele funesto 3-6) frente ao Benfica desde... Vítor Damas, num pesadelo a contar para a Taça de Portugal na época que antecedeu o memorável 7-1. Dos cinco golos que sofreu tem sobretudo responsabilidades no terceiro, pois a magnífica execução de Grimaldo não bastaria caso não tivesse decidido posicionar-se tão distante do poste para onde tentou estirar-se, enquanto nos restantes limitou-se a não fazer milagres. Ainda assim, perante o erro de sistema que assolou tantos dos seus colegas, evitou um resultado ainda mais catastrófico com um punhado de  boas defesas, especializando-se em tirar o pão da boca de Seferovic.

 

Thierry Correia (3,0)

Teve uma primeira parte agridoce, pois múltiplas intervenções positivas, tanto a defender, nomeadamente o corte “in extremis” ao remate do isolado Seferovic, como a criar jogo (apesar da difícil coabitação com Raphinha na direita), não apagam a gravosa consequência do seu calcanhar de Aquiles: a tendência para deixar que apareçam adversários nas suas costas à hora e no local mais inconveniente, como voltou a acontecer no golo inaugural de Rafa. Na segunda parte manteve a chama o mais que pôde, ainda que pudesse fazer melhor no lance que resultou no 4-0. Único representante da Academia de Alcochete nas escolhas do treinador que supostamente iria retirar proveito da formação leonina – e apenas porque a presente gerência contratou um lateral-direito lesionado, tem outro lateral-direito lesionado e um terceiro lateral-direito ainda a recuperar da CAN (aquele que, ao contrário de Gelson Dala, teve direito a número de camisola na apresentação da equipa) –, chorou copiosamente no final do jogo. As lágrimas de quem sentiu a humilhação, enquanto o treinador optava pela táctica do escapismo mental como se fosse o Houdini neerlandês e o presidente do clube fazia as declarações mais desprovidas de noção desde a reacção de Bruno de Carvalho ao “ataque terrorista” à Academia de Alcochete, são para mais tarde recordar, de preferência após serem aprendidas todas as lições daquilo que aconteceu no Estádio do Algarve.

 

Neto (1,5)

Surpresa no onze titular, com o regresso ainda mais surpreendente de Keizer à experiência dos três centrais, distinguiu-se no início do jogo pelo poder de choque e pela facilidade com que lançou jogadas de ataque, tendo sempre a mira no espaço de progressão de Raphinha. Espelho perfeito da sua equipa, iniciou a descida aos infernos perto do intervalo, naquele lance em que deixou Thierry a cobrir dois adversários, o que facilitou a tarefa de Rafa. Dono e senhor do eixo da defesa, ao ponto de o provável futuro capitão de equipa ser encaminhado para o banco de suplentes quando o treinador do Sporting desfez o triunvirato de centrais, foi mais um a ver passar papoilas saltitantes a caminho da baliza defendida por Renan.

 

Coates (1,5)

Descarregou no banco de suplentes a compreensível frustração por sair do relvado em troca com Diaby, mas a triste verdade é que o provável futuro capitão de equipa nunca se encontrou no esquema dos três centrais e a forma como tendeu a ficar ligeiramente mais recuado do que Neto e Mathieu auxiliou diversas vezes o ataque benfiquista. Da primeira parte deixou como cartão de visitas um excelente passe longo para Bas Dost, que logo serviu Bruno Fernandes para um grande remate, mas depois do intervalo ficou marcado pelo disparate a meias com Mathieu que deu origem ao 2-0.

 

Mathieu (1,5)

Um excelente passe a desmarcar Bruno Fernandes na ala esquerda poderia ter servido de arranque para uma terceira taça consecutiva, mas logo no início do jogo ficou claro que não era noite para tão coisa. Raras vezes bem coordenado com Acuña e com os outros dois centrais, o francês manteve a classe até ao lance aziago em que, desentendendo-se com Coates e com as leis da lógica, perdeu a bola no interior da grande área e ofereceu o 2-0 ao Benfica. Incapaz de trazer tranquilidade a uma equipa cada vez mais fragmentada terá decerto questionado a decisão de adiar a reforma por mais um ano.

 

Acuña (2,0)

Nem a ele saíram assim tão bem os cruzamentos, à excepção de uma magnífica desmarcação que teria mitigado a goleada se Raphinha não tivesse decidido acumular um número de más decisões só comparável ao saudoso passatempo “quantas pessoas cabem num Mini”, embora tenha servido Bruno Fernandes para o que, noutra noite qualquer, poderia ser um bom golo ou uma excelente assistência para Bas Dost empurrar para as redes. Ausente durante a maior parte da desastrosa pré-temporada do Sporting, provavelmente ainda muito aquém da melhor forma física, nunca deixou esgotar a vontade de vencer que o manteve a empurrar a equipa para a frente quando o marcador já estava mesmo muito pesado, mas Diaby encarregou-se de dar maus seguimentos com aquela coerência que caracteriza o maliano.

 

Idrissa Doumbia (2,5)

Viu-se muitas vezes rodeado de adversários no início das jogadas leoninas e saiu-se quase sempre bem, servindo-se da velocidade e capacidade de choque para fazer avançar a bola. E sendo verdade que muito ainda tem a aprimorar no passe e na posse, dir-se-ia que é um dos talentos com maior margem de progressão no plantel. Resta saber se poderá melhorar assim tanto com Keizer e se conseguirá aprender a dosear o ímpeto que o levou a ser o único contemplado com um duplo amarelo entre a legião de advertidos pelo árbitro Nuno Almeida.

 

Wendel (1,0)

Prisioneiro do meio-campo do adversário, raras vezes encontrou sentido para a sua presença naquele relvado. Numa época que terá de ser forçosamente de afirmação, sobretudo se ocorrer a tão adiada quanto aparentemente inevitável transferência de Bruno Fernandes, o jovem e talentoso brasileiro será um dos sportinguistas que mais beneficiará da penosa experiência de ver (e rever) os vídeos deste descalabro.

 

Bruno Fernandes (2,0)

Também chorou no final do jogo, ainda que as suas lágrimas se possam distinguir das vertidas por Thierry sem recurso a análises laboratoriais. O ainda capitão do Sporting poderá ter feito o último jogo de verde e branco, deixando como última memória, aos adeptos e a si próprio, um resultado histórico no pior sentido da palavra. E esteve nas suas mãos, melhor dizendo nos seus pés, a hipótese de fazer uma noite muito diferente. Logo no início, com Bas Dost completamente isolado à entrada da área, fez um cruzamento terrível (que, mesmo assim, Ferro ainda fez questão de encaminhar para a baliza, valendo os reflexos de Vlachodimos), repetindo a asneira bem mais tarde, ao preferir ganhar o duelo com o guarda-redes grego em vez de servir o holandês, tão bem posicionado que só teria de empurrar para o fundo das redes. Terá sentido saudades de Svilar noutro lance, quando um “daqueles” remates de longa distância foi desviado para canto com uma excelente defesa, mas a propensão para rematar à primeira oportunidade, chegando a tentar fazê-lo da linha de meio-campo, num lance em que o árbitro até já tinha assinalado falta contra o Sporting, foi sintoma de duas maleitas assaz preocupantes: a absoluta falta de soluções da equipa e a vontade de tirar um coelho da cartola que desbloqueasse a transferência que parecia certa antes do 5-0 e provavelmente continuará certa, para mal de uma equipa que se tornou demasiado dependente de um enorme futebolista que, também ele, teve uma noite de profunda desvalorização.

 

Raphinha (1,5)

Vítima do seu próprio talento, apaixonado pelos seus dribles, esteve muito em jogo mas decidiu quase sempre muito mal. O exemplo acabado disso ocorreu no final do jogo, ao receber a bola cruzada por Acuña no coração da grande área benfiquista. Em vez de arriscar o remate em esforço procurou controlar a bola, perdendo ângulo, e acabou por encaminhá-la para as mãos de Vlachodimos quando tinha dois colegas na grande área. Também se distinguiu pela falta de ligação com Thierry, optando por ignorar o jovem lateral nos lances de ataque, e pelos remates descabelados. Precisa de, em bom português, acordar para a vida.

 

Bas Dost (2,0)

Pois que é lento, pois que aparenta ser um corpo estranho quando a equipa não se dedica a jogar para a sua cabeça, mas a verdade é que esteve em posição de marcar em dois lances em que Bruno Fernandes errou no cruzamento ou preferiu desfeitear a grande baleia branca greco-germânica que tinha pela frente. Também combinou bem com o capitão e outros colegas, servindo Bruno Fernandes para o remate que permitiu a defesa da tarde a Vlachodimos. Na segunda parte começou realmente a desaparecer do relvado até à inevitável substituição.

 

Luiz Phellype (1,0)

Entrou em campo em vez daquele cavalheiro argentino avaliado em 7,5 milhões de euros por metade do organismo que Jorge Mendes e o Atlético de Madrid incluíram na negociata de Gelson Martins. Nada fez e ainda teve umas boas dezenas de minutos.

 

Diaby (1,0)

O velocista maliano que Sousa Cintra legou ao Sporting em troca do dobro do dinheiro obtido com a venda de Demiral recebeu vários passes de Acuña, chegou primeiro do que o adversário e... nada conseguiu. A culpa é, sobretudo, de quem o mantém num plantel sem espaço para Gelson Dala e Matheus Pereira. E que vai travando a progressão de Gonzalo Plata.

 

Borja (1,5)

Acostumado a ser um dos piores em campo, teve a felicidade de entrar tarde, só para evitar que Acuña recebesse um segundo amarelo.

 

Marcel Keizer (0,5)

Tentou surpreender Bruno Lage com a táctica dos três centrais, e talvez até o conseguisse caso o capitão prestes a zarpar tivesse as chuteiras mais calibradas. Resultou, mais ou menos, até perto do intervalo, mas o golo de Rafa foi o prenúncio de uma segunda parte de profundo pesadelo a que nunca soube reagir, tal como foi ainda mais incapaz de evitar. Nada conseguiu melhorar com as substituições, às quais não poderia faltar o seu “fétiche” Diaby, e ainda pior sucedeu depois do apito final. Passou a imagem, seguindo o exemplo do homem responsável pela sua contratação, de que perder por 5-0 com o Benfica é “business as usual”, perdendo todo o capital decorrente da conquista de dois troféus na temporada passada. Depois de uma pré-temporada muitíssimo negativa, com uma nova falsa aposta na formação, fica com tolerância abaixo de zero para um início de temporada com visitas ao Marítimo e ao Portimonense, a meio da recepção ao Braga, aquele Sporting que aposta a sério na formação leonina, com Sá Pinto no banco e Ricardo Esgaio, Diogo Viana, João Palhinha e Wilson Eduardo no relvado.

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