André Geraldes: um caso para reflectir
A errática política de contratações do Sporting explica, em grande parte, o gigantesco passivo que se foi acumulando nas contas da SAD leonina e que em Junho perfazia 288,7 milhões de euros - já após a redução de 26,2 milhões alcançada no exercício da época desportiva 2019/2020, segundo números ontem comunicados à CMVM.
Olhemos para um exemplo concreto: o de André Geraldes, lateral-direito, hoje com 29 anos. Foi contratado pelo Sporting em Junho de 2014, ao Istambul BB, e nunca actuou na Liga portuguesa vestido de verde-e-branco. Ao longo destas seis temporadas, cumpriu apenas quatro jogos pela nossa equipa principal - todos referentes à Taça da Liga, em 2014/2015, quando Marco Silva era o treinador principal do clube.
Depois foi relegado à equipa B e andou incessantemente a transitar entre clubes portugueses do meio da tabela e emblemas estrangeiros, num verdadeiro carrossel de empréstimos que em nada beneficiaram o jogador e valeram zero ao Sporting: Belenenses, V. Setúbal, Gijón e Maccabi Telavive.
Sai agora, em definitivo, para o Apoel do Chipre, por sinal um clube que deixou um marco na história leonina. Mas sai sem prestígio nem proveito, quase a entrar na recta final da sua carreira, praticamente oferecido, a dois anos de terminar o vínculo que ainda o ligava a Alvalade: a ridícula cláusula de rescisão de 45 milhões que lhe foi fixada no momento de celebrar contrato valia coisa nenhuma. E o facto de ser representado pela Gestifute, de Jorge Mendes, não favoreceu qualquer das partes.
Esta história sem desfecho feliz constitui a demonstração viva dos numerosos erros que temos cometido, época após época, na contratação de bateladas de jogadores que nunca chegaram a ter qualquer utilidade. Pelo menos para nós. Resta saber se algum intermediário lucrou com isto.