And now for something completely different ...
Estou até algo surpreendido pela forma como Bruno Fernandes não só "pegou de estaca" como também "pegou na batuta" do Manchester United. Não esperava que fosse desta maneira tão notória, até abrasiva. Não tanto pela concorrência no plantel, o qual já não é o que foi e que, ainda por cima, tem a primadona Pogba lesionada. Mas por três razões: aquilo do ritmo do jogo inglês ser bem mais intenso do que o português; a demora no processo de transferência, que poderia ter afectado a forma de BF; acima de tudo, isso de ter chegado a meio da época, a ter que se integrar numa equipa já em andamento (aos soluços, é certo). Mas a forma como tudo está a correr muito mostra a grandeza de Bruno Fernandes - em Portugal (mesmo junto de alguns sportinguistas, durante tempo excessivo) posta em causa. Lembremo-nos, por mero exemplo, que ainda há não muito tempo o bom jogador Pizzi foi votado melhor jogador do que ele ...
Mais estranho ainda, aquilo da selecção A. Bruno Fernandes, que já tem 25 anos, nela jogou 19 vezes apenas. E sem particular relevância. Ou seja, temos um fazedor de jogo que é capaz de chegar ao Manchester United a meio da época e de imediato embolsar a equipa e encantar o futebol inglês. E a nossa selecção ainda não encontrou forma de o verdadeiramente mobilizar. Nas selecções há pouco tempo para treinar, moldar tácticas e jogadores, dirão. E o seleccionador di-lo. Mas houve esse tempo, agora no Manchester United?
Enfim, todos nós gostamos do Engenheiro Fernando Santos, que nos trouxe o título de 16, e tão felizes nos fez. Para além da outra liga das nações, simpática vitória, ainda que algo secundária. Mas está na altura de lhe cobrar alguma maleabilidade. Tem Bruno Fernandes. E tem também Rúben Neves, a fazer uma extraordinária carreira em Inglaterra, e Diogo Jota, um belíssimo avançado. Já para não falar de Bernardo Silva, um magnífico jogador que na selecção já vem melhorando mas ainda não chegou ao que faz no Manchester ... City. E este percurso imperial (veni, vidi, vici) de Bruno Fernandes é o sinal, Fernando Santos terá que se deixar de conservadorismos nas escolhas de jogadores e terá que armar tacticamente a equipa num patamar mais elevado do que o que vem fazendo - até porque o apuramento para o Europeu foi muito mau e o terrível grupo em que se caiu foi devido a essa mediocridade da selecção. Cristiano Ronaldo é muito bom mas há um punhado de grandes jogadores a conjugar. E não se tem visto isso. Não é apenas o "resultadismo" de Santos é mesmo uma equipa que joga pouco. Demasiado pouco para quem tem este Bruno Fernandes, este Bernardo Silva, este Rúben Neves, este Diogo Jota. E aquele Cristiano Ronaldo.
E, como se mostra em Manchester, não é preciso assim tanto tempo, para colocar jogadores destes com a batuta na mão e afinar a orquestra.