Análise detalhada às ideias de Rui Borges
Texto de WT
Sobre a identidade que caracteriza as equipas do Rui Borges:
Solidez defensiva. No Moreirense, a equipa sofreu apenas 38 golos, sendo a quarta melhor defesa do campeonato, um feito para um Moreirense que vinha de uma subida de divisão.
Soube com sapiência aproveitar o que de melhor foi deixado por Paulo Alves do ponto de vista ofensivo e melhorou os comportamentos colectivos da equipa em termos defensivos.
Deixou obra feita que permite agora a um treinador como César Peixoto, que tantos insucessos tem tido na carreira de treinador, estar a tirar frutos do trabalho deixado por Rui Borges.
Organização táctica: As suas equipas demonstram sempre coesão e disciplina táctica, reflectindo um trabalho meticuloso e onde se vê que há treino para os cinco momentos do jogo (organização defensiva e ofensiva, transições defensivas e ofensivas e bolas paradas).
Verticalidade ofensiva: Embora a variabilidade da circulação da bola pelos cinco corredores seja intensa, as equipas de Rui Borges são bastante verticais no ataque ao espaço e profundidade, com agressividade.
Equipas com muita mobilidade e dinâmicas, com trocas posicionais constantes entre os jogadores para abertura de espaços.
Também sabe ter bola, ser paciente.
Um dos princípios-base do modelo de jogo é que jogador de costas para a baliza do adversário está sempre proibido de perder posse... embora dê primazia à verticalidade, a ordem é clara: não errar, não perder a bola.
Competitividade interna e na busca pelo resultado: As equipas são caracterizadas pela competitividade interna que gosta de criar dentro do seu plantel, onde todos os jogadores têm de estar sempre vivos e em busca por um lugar no onze. Isso faz as equipas de Rui Borges serem muito competitivas e nunca darem um jogo como perdido. Vimos muitas vezes as suas equipas a recuperarem de situações de desvantagem no marcador.
Reacção à perda: As equipas de Rui Borges gostam de reagir rapidamente à perda da bola, procurando fazer uma pressão forte nesse momento e assim anulando situações de eventual desconforto à ideia de jogo, onde o momento das transições defensivas, ao nível da recuperação e do posicionamento, me parece que não é tão forte.
Valorização de activos: Desde o seu primeiro ano de carreira no Mirandela, vários são os jogadores jovens que Rui Borges conseguiu ajudar a catapultar para outros patamares no futebol. O seu primeiro caso de êxito foi Zaidu, no Mirandela. O próprio já reconheceu que Rui Borges foi fundamental na sua carreira, tal como Mangas.
Sistema táctico: Rui Borges não é um treinador que seja focado ou obcecado pelo sistema táctico da equipa como um princípio para implementação do seu modelo de jogo. No Vitória e no Moreirense partiu da base de um 4:3:3. Vemos muitas vezes dinâmicas posicionais que faziam a equipa construir a 3+2 com os laterais projectados e sempre 3-4 jogadores a aparecerem em zonas mais adiantadas do terreno.
Defensivamente gosta que pelo menos um dos centrais e os laterais marquem homem a homem, mas é um treinador que tem a perspicácia e audácia de se adaptar aos momentos e às circunstâncias.
Um treinador transmontano, que subiu a sua carreira a pulso, vindo de baixo, do Mirandela, passando pela dureza do Campeonato de Portugal e da 2.ª Liga e que pelo menos tem a experiência e a visão de que o Sporting precisa neste momento.
Agora sim, com ele, e ao contrário daquilo que sempre senti com João Pereira, tem tudo para correr bem!
Boa sorte, Rui.
Texto do leitor WT, publicado originalmente aqui.