Alto risco
Frederico Varandas, para o bem ou para o mal, arcará com as consequências desta decisão de alto risco: prescindir de José Peseiro após uma manifestação de desagrado das bancadas - aliás quase despidas - no final de uma partida da Taça da Liga, competição que pouco mais serve senão para rodar jogadores.
Sublinho que é de alto risco por estes motivos:
- Despede o treinador a quem tinha manifestado pública confiança há menos de dois meses;
- Assume esta opção quando o Sporting está a um ponto do Benfica e a dois pontos da liderança no campeonato, já depois de ter ido à Luz e a Braga, além de estar bem colocado para passar à fase seguinte na Liga Europa;
- Leva o Sporting aos Açores e a Londres, dentro de breves dias, sob o comando de um treinador interino;
- Fragiliza a sua autoridade ao parecer que cede à pressão daqueles que adoram acenar com lenços nas bancadas;
- Perde o pretexto que tinha até agora, perante as críticas mais ferozes que inevitavelmente lhe serão feitas (começaram logo ontem e estenderam-se durante horas, num canal de TV afecto a um clube rival), de estar condicionado por uma escolha de Sousa Cintra.
Enfim, como já aqui sublinhei, este será um teste decisivo à sua liderança.
Depende, em grande parte, do nome que vier a ser escolhido (sabendo-se que nunca será consensual) e do desempenho que esse técnico revelar até Janeiro, mês em que termina a primeira volta da Liga 2018/2019.
Seja quem for, será o terceiro treinador da temporada - após Peseiro e Tiago Fernandes (e já nem incluo o sérvio que Sousa Cintra despediu pouco depois de ter chegado).
Na pior época de sempre do Sporting, recordo-me bem, passaram quatro treinadores pela nossa equipa principal: Sá Pinto, Oceano, Vercauteren e Jesualdo.
Nunca mais quero uma época assim.