Ainda sobre a medalha de ouro em Tóquio
A naturalização-relâmpago de Pichardo foi a consequência da necessidade neo-estalinista de o Benfica apagar Nelson Évora da fotografia após a saída desse clube. Leia-se, neste caso, da lista de recordistas nacionais.
Era pouco provável que o Sporting pusesse fim à hegemonia do rival no atletismo masculino com a contratação de Évora, tal como muito dificilmente o Benfica conseguiria suplantar o Sporting no atletismo feminino. E a contratação de Pichardo enquanto atleta estrangeiro (ultrapassadas as dificuldades com a federação cubana) permitiria que o triplo continuasse a dar a totalidade de pontos aos encarnados nas competições de clubes.
Claro que Pichardo tem todo o mérito pelo excelente trabalho que faz, potenciando ao máximo as capacidades inatas, e ainda bem que venceu a sua prova, parece apostado em bater o recorde mundial e até parece sentir genuína ligação ao país que o acolheu. Dito isto, uma medalha que é consequência directa da vontade de uma organização poderosa erradicar um “dissidente” revelou-se muito mais construtiva do que o método da picareta na cabeça.