ADN do Sporting
Parece que foi ontem, mas já passaram mais de três anos desde o dia em que vi a equipa de andebol do Sporting liderada pelo Hugo Canela a ganhar ao FC Porto no João Rocha, e a demonstrar todo um conjunto de qualidades na altura ausentes da equipa de futebol do clube.
Mal sabia eu que essa equipa de andebol bicampeã nacional, depois duma campanha brilhante na Champions, iria fracassar na recta final da temporada, e que depois a saída de Anti com o Covid a levaria a atravessar um deserto que apenas agora, graças à família Costa, se está a ultrapassar.
Enquanto isso, no futebol, Marcel Keizer conseguiria ganhar na garra a Taça de Portugal ao FC Porto, e mais tarde Rúben Amorim traria consigo os valores bem distintivos do ADN do Sporting (esforço, dedicação, devoção, jogo limpo, decência competitiva) potenciados por uma mistura bem conseguida entre jogadores formados localmente, jogadores que deram provas nas competições internas e estrangeiros diferenciados que rapidamente se transformam em ídolos dos adeptos.
Ricardo Costa soube muito bem reconstruir uma equipa de andebol que orgulha o clube. Os seus dois filhos tiveram um crescimento desportivo incrível durante a temporada, mas Salvador Salvador, Manuel Gaspar e o grupo da formação, o alemão e o esloveno mais latinos de sempre que por aqui passaram e que puxaram pelo dinamarquês e pelo georgiano, a troupe espanhola com muita garra do Ruesga, mais aquele rapaz tunisino intuitivo na baliza que quando engata é um caso sério, todos eles integram uma equipa honesta e que vale muito mais do que o conjunto de jogadores que a integram.
Neste último jogo da temporada, num pavilhão do grande Porto, contra a actual melhor equipa portuguesa que contava com muitos quilos e centímetros a mais, dominado pelos Superdragões e pelo público afecto ao adversário, presidente incluído, com algumas decisões pelo menos infelizes da arbitragem nos momentos mais decisivos dos prolongamentos, muito em particular daquele senhor "fiscal" que inventou uma exclusão de 2 minutos ao Francisco Costa, a equipa do Sporting soube aguentar-se em campo. Mesmo a perder por 5, quase conseguia ganhar o jogo nos últimos instantes, ter o jogo praticamente perdido no 1.º prolongamento, para entrar no 2.º a dominar e conquistar brilhantemente a Taça.
Foi uma jornada épica do andebol do Sporting CP. Quem não viu que tente ver. Poderá ser o início duma nova fase de triunfos, se calhar ajudado pela reentrada na Champions através dum "joker", decisão que vai ser tomada brevemente pela federação europeia da modalidade.
Muitos parabéns a todos, Ricardo Costa e Salvador Salvador à cabeça. Mas esta vitória muito se deve a Miguel Afonso e a Carlos Carneiro que conseguiram segurar quase todos os melhores do plantel do assédio do FC Porto e responder à saída do então capitão Pedro Valdez com a vinda dos irmãos Costa.
SL