ADN de Campeão (3.ª parte)
Dizia eu em 03/03/2019:
"Já dizia Jorge Jesus que esta coisa do ADN de Campeão não surge do nada, constrói-se, é preciso muito tempo e muito esforço para ele surgir e demonstrar o que vale. Já dizia também alguém que construir demora muito, destruir quase nada, e o destituido encarregou-se do assunto no que ao futebol diz respeito a partir do sofá.
Vem isto a propósito de ter ido ao Pavilhão João Rocha ver a nossa brilhante equipa de andebol estar quase todo o tempo a perder e acabar a ganhar ao concorrente directo ao título, o Porto, e chegar a casa e ver o mesmo Porto a ganhar a 3 minutos do fim ao Roma e ganhar quase tantos milhões quantos nós vamos ter com um fundo qualquer, é a triste situação em que nos deixou o dito cujo. E nessa magnífica jornada de andebol até estava um jogador de futebol na bancada, o Acuña, lá com o seu chazinho de mate e acompanhado daquela senhora que indispôs a mana do tal destituído, suspenso e em breve expulso.
E fiquei a pensar se haveria algum ponto comum ou semelhança entre esta nossa brilhante/fantástica, o que quiserem, equipa de andebol, a equipa do Porto que conseguiu a passagem à eliminatória seguinte no prolongamento e a nossa actual tristonha e deprimente equipa de futebol profissional.
Se calhar existe. Renan, Coates, Mathieu, Acuña, Bruno Fernandes, Bas Dost e o lesionado Battaglia têm aquela coisa que falta para dar "a extra mile" e conquistar. Já o demonstraram. Outros havia, mas o destituído correu com eles. Adrien e Patrício à cabeça.
Por muito que aposte na formação, olho para todas as promessas actuais e parece que lhes falta muita coisa. Um tal Mama Baldé é a excepção.
Não será possível manter estes, pagando o que for preciso, ir buscar mais uns iguais a estes, já temos outros que não são estes mas que fazem umas flores de vez em quando, e ter um treinador que consiga extrair o melhor de todos eles, e fazer do todo uma coisa maior do que a soma das partes, como consegue um tal Canela no andebol ?
E mandar embora os emplastros que abundam no plantel? E não trazer mais porque sim?
Ou é pedir muito?
E ainda há quem fique incomodado com 1,6M€ para o Bruno Fernandes ficar? Ou o que custou a permanência de Acuña e Battaglia? Comparado com o que custaram Viviano e B. Gaspar, dois emplastros de todo o tamanho?"
Como as coisas mudaram em dois anos... No futebol e no andebol.
No futebol uma nova geração de talentos brotou de Alcochete, e com mais alguns jovens entretanto contratados criaram uma almofada de raça e atrevimento no plantel principal. Encontrou-se um verdadeiro líder, o tal que faz do todo maior que a soma das partes e que, com um enorme capitão e alguns veteranos de muitas guerras, transformou radicamente a situação. Encontrámos enfim o ADN de Campeão que nos orgulha e nos faz felizes.
No andebol, a equipa bicampeã nacional em 2016/2017 e 2017/2018, vice-campeã em 2018/2019, em 2019/2020 comandada por um grande Thierry Anti, seguia no 2.º lugar, atrás do Porto, com o Sporting-Porto por disputar que nos poderia dar o título, quando a epidemia pôs ponto final na época. Perdemos o acesso à Champions do andebol, perdemos Thierry Anti, perdemos Luís Frade, perdemos Ghionea, vamos agora perder o melhor jogador e grande capitão, Frankis Carol. Conseguimos, isso sim, criar também a tal almofada que mencionei atrás: com Salvador Salvador, Manuel Gaspar, Francisco Tavares, temos um ou outro bulldozer, como Pedro Valdez, mas falta o resto. Seguimos na vice-liderança, mas o tal ADN... foi-se. Vamos ter de penar muito até ser reposto.
Já agora e antes que me esqueça. O desporto faz-se de ídolos, e se fiquei sempre em dívida para com Héctor Yazalde no caso do futebol, devo muito a Frankis Carol a minha paixão actual pelo andebol. Antes seguia a modalidade, via aqui ou ali, vibrava com os êxitos via TV, mas desde que entrei no magnífico pavilhão João Rocha e vi ao vivo Frankis & cia, fiquei viciado. O cubano de Guantánamo com nacionalidade do Catar deve ter sido o melhor andebolista que passou desde sempre pelo Sporting. Foram dez anos a defender as nossas cores, um bloco de gelo que sofria as maiores porradas sem um esgar ou queixume, uma técnica assombrosa, um mágico em campo com números de arrasar. Agora mesmo, com 33 anos foi o melhor marcador do Mundial do Egipto pelo Catar. Vai regressar ao seu país de adopção. Que tenha toda a felicidade do mundo e que volte sempre.
#OndeVaiUmVaiTodos
SL