Adán e Porro em noite para esquecer
FC Porto, 3 - Sporting, 0
Primeiro clássico da temporada. Correu-nos mal. Viemos do Porto com uma derrota pesada - e que podia ter sido maior ainda se o árbitro não tivesse anulado um golo limpo à turma da casa, quase ao cair do pano. Numa partida em que as oportunidades de golo até se equivaleram. Mas a diferença fundamental esteve entre os postes: Adán fez talvez a pior exibição desde que está no Sporting enquanto o jovem Diogo Costa, novo titular da selecção nacional, brilhou na baliza portista, negando por três vezes o golo aos nossos.
Morita - para mim o melhor Leão em campo - pôs os anfitriões em sentido com um remate de pé esquerdo que levou a bola a embater no poste logo ao minuto 11. Ainda na primeira parte, o guardião azul e branco impediu que Trincão e Gonçalo Inácio marcassem. Já no declinar da partida, aos 83', travou um tiro de Fatawu que também levava selo de golo.
Este foi o primeiro jogo do Sporting sem Matheus Nunes, que entretanto já se estreou pelo Wolverhampton (derrota por 1-0 frente ao Tottenham). Mas o grande problema da equipa não esteve na ausência do luso-brasileiro, que rendeu de imediato 45 milhões de euros aos cofres leoninos. Voltámos a pecar por lapsos defensivos, na linha do que já havia ocorrido nos desafios da pré-temporada. Em três jogos oficiais do campeonato, sofremos seis - dois em média por partida, números impensáveis para uma equipa que sonha com o título.
Neste aspecto, nota muito negativa para Porro. Que anteontem fez tudo mal no Dragão: perdeu a bola, errou atrás de passes, desperdiçou um golo de bandeja que Trincão lhe ofereceu e - cereja em cima do bolo - cometeu um penálti absolutamente disparatado ao desviar a bola com a mão em cima da baliza, com Adán fora dos postes. Fazendo-se expulsar pelo árbitro Nuno Almeida. Nessa altura, aos 75', o jogo estava 1-0. Foi penálti, que o FCP converteu. A partir daí, com menos um, o Sporting resvalou de mal a pior.
Desta vez nem as substituições saíram bem ao treinador, batido em termos tácticos pelo sólido losango que Sérgio Conceição instalou no meio-campo, pautando o ritmo da equipa: os da casa aceleraram quando era preciso e concederam a iniciativa ao Sporting quando lhes interessavam. Sem nunca perderem a supremacia.
Confirma-se: este Sporting de início de temporada - privado de Palhinha, Tabata e agora Matheus Nunes - tem um plantel curto para as frentes em que está envolvido. O que vai notar-se sobretudo quando começarem as nossas partidas da Liga dos Campeões. Falta um central, falta um médio defensivo, falta um ponta-de-lança. E talvez falte também um bom guarda-redes suplente, como há muito venho alertando.
Algumas destas lacunas ficarão colmatadas com a promoção de jovens da formação? É duvidoso. Outras serão resolvidas até ao fecho do mercado ainda em curso? É bem provável.
Agora há que digerir esta derrota no grupo de trabalho. E pensar já no próximo desafio, contra o Chaves. Jogo a jogo, como Amorim dantes dizia. É assim que devemos pensar - e não de outra forma. Lembrando que no fim de Agosto do ano passado quem liderava o campeonato era o Benfica, com mais quatro pontos do que o Sporting e o FC Porto.
Sabemos como tudo terminou.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Lento a reagir, intranquilo entre os postes, provocou um penálti desnecessário. Parece mal recupeado da lesão sofrida no fim da pré-temporada.
Neto - Teve noite difícil por ter acorrido várias vezes a dobrar Porro, que parecia perdido em campo. Batido por Taremi no lance do primeiro golo portista.
Coates - Desta vez, ao contrário do que é costume, não se impôs nos lances aéreos. Corte precioso aos 55', mostrando bons reflexos.
Gonçalo Inácio - O mais regular dos nossos defesas - e também aquele que revelou mais precisão no passe. Ia marcando de cabeça, aos 45'+4.
Porro - Noite de pesadelo. Entregou a bola aos 13', 23', 24', 27', 31' e 55'. Aos 57', falha o golo que Trincão lhe ofereceu. Expulso aos 75' por confundir futebol com andebol.
Ugarte - Jogou condicionado por ter visto o amarelo logo aos 16' sem qualquer necessidade. Quando era preciso, já não podia pôr o pé. Demasiado nervoso.
Morita - Precisão de passe, boa condução de bola. Capacidade de jogar entre linhas. Recebeu um amarelo injusto. Depois de sair, aos 70', aconteceu o descalabro.
Matheus Reis - Outro jogador muito intranquilo: chegou a pegar-se com um apanha-bolas, algo inaceitável. Podia ter feito melhor em dois dos golos.
Trincão - Exibiu classe num remate em arco que levava selo de golo (45'+3) e num passe de calcanhar para Porro dentro da área que merecia melhor desfecho (57').
Pedro Gonçalves - Combinou bem com Morita no lance em que a bola vai ao poste. Ao recuar no terreno, na segunda parte, tornou-se menos influente.
Edwards - Falso 9: não é avançado-centro. Muito marcado, foi incapaz de fazer as movimentações de que tanto gosta, da direita para o meio.
Nuno Santos - Substituiu Morita aos 70'. Tentou cruzamentos mas não havia ninguém para receber a bola. E andou algo perdido nos apoios defensivos.
Rochinha - Em campo desde os 70', substituindo Neto. Tentou penetrar na área, recorrendo à finta, mas esbarrou na muralha defensiva portista.
St. Juste - Rendeu Matheus Reis aos 79', passando Gonçalo para central à esquerda. Entrou para estabilizar a defesa, mas ainda não parece em grande forma.
Fatawu. Deu mais nas vistas desde que entrou, aos 79', do que Edwards até então. Podia ter marcado, aos 83', mas permitiu a defesa na cara do guarda-redes.
Esgaio. Entrou aos 90'+1, aparentemente só para evitar que Ugarte recebesse um segundo amarelo que o impedisse de alinhar no próximo jogo. Mal tocou na bola.