A Volta do Sporting a Portugal
Devo o meu sportinguismo ao ciclismo.
Não fosse assistir a uma etapa da Volta, na sua Paredes de Coura, e ganhar simpatia pelo corredor verde e branco (Alfredo Trindade), e o meu avô nunca se teria tornado, naquele momento, sportinguista, e mais tarde, por arrasto, o meu pai e eu próprio.
Para além de me ter transmitido o sportinguismo, o meu avô incutiu em mim uma paixão enorme pelo ciclismo, modalidade que sigo com muito gosto e interesse, apesar dos escândalos associados nos últimos anos.
Serve isto para dizer que não foi pelo regresso do Sporting ao ciclismo (via parceria com a equipa do Tavira) que passei a seguir com mais interesse a Volta. O interesse sempre existiu. Claro está que havendo corredores com a camisola do Sporting, o apoio e atenção pessoais são diferentes.
Nas vésperas do início da Volta, nunca achei que o Sporting, através do chefe de fila Rinaldo Nocentini, fosse favorito a um lugar no pódio, quanto mais à vitória final. Ficar no top-10 e ganhar uma ou duas etapas, já seria excelente.
Nesta fase da prova, volvidas 6 das 10 etapas, o balanço é: melhor lugar na geral individual é o 21.º lugar de Rinaldo Nocentini (a mais de 20 minutos do camisola amarela). Vitórias em etapas, como diria o Jorge Jesus, zero.
Depois de Bruno de Carvalho, aquando da apresentação da equipa de ciclismo, ter dito não perceber nada da modalidade, ontem só apeteceu rir, para não chorar, ao ouvir as declarações de Vicente de Moura, após a má prestação da equipa na etapa da Torre.
Dizia o nosso comandante que também não percebe nada de ciclismo e que acha que a equipa está desequilibrada, e que mais tarde ele e o Presidente terão de falar. Tu queres ver que a parceria vai acabar? Ou que vem aí um aumento colossal de investimento, à semelhança do que fizeram no hóquei, andebol ou futsal?
Da minha parte, espero que a parceria não acabe, porque este é o ano 0 do regresso do Sporting ao ciclismo. Mas seria bom que a "estrutura" leonina em Alvalade se dotasse de alguém com entendimento da modalidade, para planear melhor a próxima época e evitar alguns erros de "casting". Não falo apenas de se encontrar um chefe de fila que não um corredor com quase 39 anos no ocaso da carreira (que, apesar de tudo, tem sido o nosso melhor ciclista). Falo, também, de ter uma equipa mais portuguesa, pois na prova maior do ciclismo em Portugal, o Sporting-Tavira apresentou-se apenas com 3 ciclistas portugueses em 8 corredores.
Sobre a Volta propriamente dita, os antigos parceiros do Sporting, a W-52, que depois associou-se ao Porto, têm dominado a corrida, qual Team Sky portuguesa. Vão vencer a prova e no final Pinto da Costa e a sua entourage vão estar todos contentes.
A pior reacção possível para o Sporting, a esse desfecho, seria ou acabar com a parceria, ou investir à doida para o próximo ano.