A ver o Mundial (8)
ADIÓS, ARGENTINA
Chegámos ao verdadeiro Campeonato do Mundo - aquele em que cada jogo é de tudo ou nada. Aumenta a emoção, redobra o espectáculo, ressurge o genuíno futebol de acelerada rotação em busca da vitória.
Ingredientes bem notórios esta tarde, em Kazan, na partida que opôs a Argentina, finalista vencida do Mundial de 2014, à França, finalista vencida do Europeu de 2016. Talvez a melhor já disputada neste Mundial da Rússia. Com sete golos marcados e uma justa vitória dos franceses, com menos posse de bola mas melhor dispositivo táctico e muito melhor organização colectiva.
A selecção gaulesa adiantou-se no marcador logo aos 13', com um penálti convertido por Griezmann: a estrela do Atlético de Madrid não vacilou na linha dos 11 metros. Os argentinos, numa toada lenta e previsível, tardaram a reagir. Foi preciso um lance de inspiração individual para reacender a chama: iam decorridos 41' quando a turma alviceleste empatou, com um fortíssimo remate de Di María, fora da grande área.
Ao intervalo, 1-1: resultado lisonjeiro para os argentinos. Mais ainda contra a corrente do jogo foi o segundo golo da selecção treinada por Jorge Sampaoli, numa jogada de insistência de Messi com a bola a tabelar em Mercado: o lateral do Sevilha, sem saber bem como, viu-a encaminhar-se para o fundo das redes.
A Argentina parecia ter virado o jogo. Mas a partir daí desenrolou-se o espectáculo do futebol francês. Com três grandes golos em 11 minutos. O primeiro aos 57' pelo jovem lateral Pavard, em estreia absoluta na fase final de uma grande competição, com um petardo indefensável a mais de 20 metros de distância da baliza, apanhando a bola no ar, após cruzamento perfeito de Lucas. O segundo aos 64', por Mbappé, numa movimentação rapidíssima dentro da área, libertando-se das marcações e fuzilando Lloris. O terceiro aos 68', também por Mbappé, coroando um fabuloso lance colectivo que envolveu seis jogadores com a bola ao primeiro toque - destaque para uma diagonal desenhada por Matuidi e para a primorosa assistência de Giroud.
Os argentinos ainda reduziram, no terceiro minuto do tempo de compensação, por Agüero - que ficou no banco, tal como Higuaín, e só entrou aos 66'. Demasiado tarde para discutir o resultado num desafio em que os gauleses se impuseram desde logo pelo seu magnífico trio do meio-campo (Matuidi, Kanté e Pogba).
Messi regressa a casa com apenas um golo marcado na Rússia - frente à Nigéria. Hoje ajudou a construir o segundo e assistiu Agüero no terceiro. Fez ainda um grande passe para Pavón, aos 38', no corredor direito. Pouco mais se viu. No confronto com Cristiano Ronaldo, fica desde já a perder.
A França, ao vencer pela primeira vez a Argentina na fase final de um Mundial, transita para os quartos. Os argentinos caíram, imitando os alemães, vencedores do Mundial em 2014 e agora excluídos na fase de grupos pela primeira vez na sua história.
O futebol continua a ser uma caixinha de surpresas. Daí o seu irresistível e perdurável fascínio: ainda permanece sem rival.
Argentina, 3 - França, 4