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És a nossa Fé!

A ver o Mundial (29)

Confirma-se: este será para os brasileiros um Campeonato do Mundo ainda mais traumático do que o de 1950, quando o escrete foi vice-campeão perdendo na final com o Uruguai. Um desfecho muito mais aceitável, apesar de tudo, do que esta hecatombe à beira do fim do segundo Mundial em que os brasileiros participaram na qualidade de anfitriões. Derrotados frente à poderosa Alemanha na terça-feira, novamente derrotados esta noite perante uma Holanda que foi superior do primeiro ao último minuto do desafio. Segundo desaire consecutivo do Brasil: dez golos sofridos, apenas um marcado.

Os comentadores da RTP procuraram desde o início desvalorizar esta partida transmitida em directo pelo canal público, o que não faz o menor sentido. Ainda hoje todos celebramos o lugar de Portugal no pódio naquele saudoso Mundial de 1966. Além disso, estes desafios costumam ser mais emocionantes e ter mais golos do que muitas finais. Foi assim há quatro anos, por exemplo.

Perder, nem a feijões. E para o Brasil este desafio era mais importante do que a simples disputa do terceiro lugar no Campeonato do Mundo: era também a derradeira oportunidade de levantar a cabeça. A honra da selecção comandada por Scolari estava em jogo.

 

O seleccionador brasileiro fez seis mudanças no onze titular. Regressou o capitão Thiago Silva, que estivera afastado do encontro anterior por acumulação de cartões. Maxwell, Maicon, Ramires, Willian e Jo entraram de início. No banco sentaram-se Dante, Marcelo, Fernandinho, Bernard, Hulk e Fred. Neymar, lesionado, continuou de fora.

Não valeu de nada alterar a frente atacante, como reclamavam algumas das vozes mais críticas de Scolari: mesmo recauchutada, a linha ofensiva foi de uma inacreditável inoperância enquanto a defesa voltava a passar por inúmeros calafrios. O primeiro, logo aos dois minutos, resultou no primeiro golo holandês quando Thiago Silva derrubou Robben num momento em que o rapidíssimo número 11 só tinha Júlio César pela frente. Ficou a ideia de que o lance ocorreu ainda fora da área, mas o capitão brasileiro devia ter sido expulso. O árbitro argelino limitou-se a mostrar-lhe o cartão amarelo.

Van Persie converteu a grande penalidade. E aos 17' a Holanda marcava o segundo, apontado por Blind após jogada que teve início nos pés de Robben (que esteve nos três golos da sua equipa e voltou a ser o melhor em campo, confirmando-se como uma das grandes figuras deste Mundial).

Por momentos, instalou-se no estádio de Brasília o espectro de uma nova goleada. Até porque o segundo golo resultou de mais um clamoroso erro defensivo cometido por David Luiz, reeditando a lamentável exibição frente à Alemanha.

 

 Robben, uma das grandes figuras deste Mundial

 

Ficou evidente que a derrota anterior não resultou de um infortúnio de ocasião. Pelo contrário, deriva de graves problemas estruturais desta selecção brasileira, que voltou a exibir-se de forma desorganizada, assentando o seu jogo em inócuos pontapés para a frente e abrindo imenso espaço entre as linhas, logo aproveitado pela Holanda para exibir a sua enorme superioridade táctica.

Cada vez que os holandeses atacavam faziam-no de forma eficaz e organizada. O Brasil, pelo contrário, era um caos em campo com vários dos seus jogadores nucleares - novamente com destaque para David Luiz - a jogar fora das posições que lhes estavam confiadas. Um caos apenas contrariado pelo esforçado desempenho de Óscar, única cabeça lúcida no meio daquela anarquia. Merecia - ele sim - ao menos repetir o golo de honra que registou frente aos alemães. Mas convém assinalar: o primeiro remate com algum perigo para a baliza holandesa, apontado por Ramires, ocorreu quando já havia decorrido uma hora de jogo.

O escrete sai de cena sem honra nem glória: foi a selecção que sofreu mais golos. E nem sequer teve a dignidade de saber perder: toda a equipa recolheu ao balneário, recusando participar na entrega do prémio aos holandeses pelo terceiro lugar. Um gesto muito feio.

 

A Holanda - que já havia eliminado o Brasil na meia-final do Campeonato do Mundo de 2010 - sai de cabeça erguida deste Mundial, sem ter sofrido qualquer derrota. Balanço muito positivo: cinco vitórias e dois empates (tendo sido afastada pela Argentina por grandes penalidades), na sequência do brilhante apuramento, em que conseguiu nove triunfos em dez jogos, marcando 34 golos. Robben sai do Brasil como uma das figuras do torneio. E desta vez nem precisou do contributo de Sneijder, que assistiu à partida no banco por se ter lesionado enquanto fazia exercícios de aquecimento, momentos antes de entrar em campo.

Fez hoje um mês que o Mundial começou. E vai terminar amanhã, com a final entre Alemanha e Argentina. Por mim, só lamento que a Holanda não esteja lá. Merecia, sem qualquer dúvida.

 

Brasil, 0 - Holanda, 3

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