A ver o Mundial (23)
No jogo dos quartos-de-final desta noite, disputado em Fortaleza entre duas equipas sul-americanas, houve emoção e sofrimento mútuo do princípio ao fim - exactamente ao contrário do que sucedera na insípida partida da tarde entre duas selecções europeias.
O Brasil foi superior à Colômbia e mereceu a vitória, que ainda assim foi muito suada e com resultado incerto até ao apito definitivo do árbitro. Com Maicon no lugar de Dani Alves, Scolari ordenou aos seus jogadores para iniciarem o desafio a grande velocidade e manterem pressão alta. Missão cumprida. E até facilitada, quando Thiago Silva apontou o primeiro golo, num lance de bola parada, logo aos 12'. A Colômbia - jogando em casa alheia e em estreia absoluta nuns quartos-de-final de um Campeonato do Mundo - demorou demasiado a equilibrar o jogo, sem explorar a sua principal arma: a rapidez nos flancos. O corredor direito quase não foi utilizado durante o primeiro tempo e jogadores de inegável qualidade, como Cuadrado, estiveram abaixo do nível habitual.
O Brasil, pelo contrário, fez o seu melhor jogo neste Mundial, funcionando como um verdadeiro colectivo. Isto apesar de Neymar ter estado menos acutilante, Fred continuar tão ineficaz como sempre e os golos terem sido marcados por dois defesas (o segundo, um livre marcado pelo pontapé-canhão de David Luiz aos 68', viria a ser o lance decisivo).
James Rodríguez abandona o torneio apontando mais um golo, de penálti. E vão seis, o que faz dele o melhor marcador até ao momento. Tem motivos para sair satisfeito apesar de a Colômbia ficar pelo caminho: revelou-se um dos astros indiscutíveis do Mundial.
O Brasil joga terça-feira a primeira meia-final, em Belo Horizonte, contra a Alemanha. Sem Thiago Silva, por acumulação de cartões, e talvez sem Neymar, que hoje saiu lesionado. Mesmo perante o seu público, sob a liderança carismática de Scolari e os ventos dominantes soprando a seu favor terá de mostrar mais do que revelou até agora para conseguir conquistar o hexa. Os milagres já não são o que eram - nem sequer no futebol.
Brasil, 2 - Colômbia, 1