A ver o Mundial (22)
Andaram a vender-nos este jogo como "um grande clássico do futebol mundial". Expectativas goradas: o Alemanha-França disputado no mítico estádio Maracanã, primeiro desafio dos quartos-de-final do Campeonato do Mundo, foi um dos mais entediantes deste certame. Desde logo porque a Argélia, nos oitavos, conseguiu dar muito mais luta aos comandados por Joachim Löw do que a turma liderada por Deschamps.
Os franceses pareceram ter entrado em campo com o estigma português defronte desta mesma selecção germânica: um nervoso miudinho que lhes roubou discernimento nas jogadas cruciais. Quase todo o encontro foi claramente dominado pela Alemanha, que soube ocupar muito melhor o espaço vital, no meio-campo, e comandar o processo ofensivo com várias unidades muito móveis. Com destaque para o nosso bem conhecido Thomas Müller, que voltou a fazer uma grande partida.
Mas o alemão que mais se destacou foi Hummels, um dos melhores defesas centrais do mundo. Excelente na sua posição, antecipando-se sempre aos franceses, e marcador do único golo do desafio, logo aos 12', na sequência de um livre muito bem apontado por Kroos, elevando-se com sucesso perante o olhar impotente de Varene.
Esta e outras apáticas vedetas gaulesas - Pogba, Benzema, o desorientado Valbuena - foram totalmente suplantadas pelo colectivo germânico, que pela quarta vez consecutiva marcará presença nas meias-finais de um Campeonato do Mundo.
A França foi um tigre de papel - mais inofensivo do que o Hobbes do Calvin. Basta dizer que o melhor lance gaulês surgiu no último minuto, já na fase de compensação, num remate de Benzema a que Neuer correspondeu com uma grande defesa, honrando os seus reconhecidos pergaminhos.
A Alemanha segue em frente, como era previsível. Les jeux sont faits.
Alemanha, 1 - França, 0