A ver o Europeu (9)
Incompetência total. Nem italianos nem alemães mereciam passar às meias-finais do Euro 2016 após um jogo medíocre e sonolento, com a Itália a fechar o ferrolho habitual e a Alemanha a imitar a forma de jogar da squadra azzurra. Em 120 minutos, apenas um golo marcado num lance corrido. Nem parecia que estavam em campo duas selecções que já se sagraram campeãs mundiais por oito vezes (quatro cada).
E nem a série final de penáltis - só desfeita após a marcação de 18 grandes penalidades - desfez esta ideia de mediocridade. Com os italianos a falharem quatro (Zaza, Pellè, Bonucci e Darmian) e os alemães três (Müller a fazer um passe ao guarda-redes Buffon, Özil a mandar a bola ao poste, Schweinsteiger a enviá-la para a bancada). Os falhanços de Pellè e Müller foram os mais caricatos. Passou à tangente a Alemanha, campeã mundial em título, talvez a menos má das duas equipas que se arrastaram em campo.
O nó ficaria desfeito bem mais cedo se Boateng, num erro infantil, não houvesse cometido falta punida com penálti ao saltar dentro da sua grande área com os braços bem abertos: terá sido acometido por uma súbita paralisia cerebral que o levou a confundir futebol com andebol? Iam decorridos 77', Bonucci converteu o castigo máximo sem problemas, a Itália empatava a partida anulando a vantagem alemã registada ao minuto 27. Tinha acontecido aí, na jogada que culminou no golo alemão, o único lance digno de registo da partida: excelente cruzamento de Gomez, assistência do lateral Hector, conversão de Özil com o seu temível pé esquerdo.
E nada mais: bola para trás, bola para o lado, bola novamente para trás. À espera que os minutos se escoassem. O que dirão agora todos aqueles que por cá se indignaram com o desempenho da selecção portuguesa no Portugal-Croácia e no Portugal-Polónia? Comparado com o pífio duelo de gigantes há pouco terminado em Bordéus, a equipa das quinas tem entoado verdadeiros hinos ao futebol.
Alemanha, 1 - Itália, 1 (6-5, no desempate por penáltis)