A ver o Europeu (1)
ITÁLIA É CANDIDATA
A Itália confirmou ontem ser uma séria candidata à conquista do Europeu 2021. É verdade que jogava em casa, no Estádio Olímpico de Roma, e recebeu ali forte incentivo pois 25% das bancadas estavam preenchidas, com cerca de 16 mil adeptos - tímido sinal de desconfinamento que esperamos ver em breve nos recintos desportivos portugueses.
Foi um jogo de sentido único, este em que a squadra azzurra (jogando desta vez de branco) enfrentou a débil Turquia: a selecção visitante (visitada, na insólita versão da UEFA) entrou em campo complexada, talvez consciente da sua inferioridade técnica e táctica. E com um Demirel em péssima forma: foi ele a marcar o golo inaugural deste torneio, aos 53', mas da pior forma, introduzindo a bola na própria baliza. O primeiro autogolo na história dos jogos inaugurais dos campeonatos da Europa.
O ex-central do Sporting B, titular da selecção turca, viria ainda falhar - tal como todo o bloco defensivo - no último golo, apontado por Insigne aos 79'. Mas a partida já estava sentenciada desde os 66', quando Immobile, de recarga, a meteu lá dentro.
Cumpriu-se a tradição: nunca até hoje a Turquia conseguiu vencer a Itália. Esta soma já 28 jogos sem perder: o último foi contra Portugal, em Setembro de 2018.
Quem ainda associa o fio de jogo italiano a um sistema ultra-defensivo, muito pausado e sem dinâmica, anda manifestamente desactualizado: esta selecção transpira talento em todos os sectores - do veterano central Chiellini, com 36 anos, ao artilheiro Immobile. Passando pelo italo-brasileiro Jorginho, médio de contenção que confere equilíbrio ao onze e pelo extremo Berardi, exímio a cruzar. Sem esquecer, claro, o ala Spinazzola, dínamo da squadra - justamente considerado o melhor em campo na partida de ontem.
O treinador transalpino, Roberto Mancini, tem motivos para se sentir satisfeito com esta estreia: os seus jogadores deram um festival de futebol ofensivo, contrariando uma tradição já com 45 anos. O anterior desafio de abertura dum Campeonato da Europa em que se registaram pelo menos três golos foi o Checoslováquia-Holanda (3-1), disputado em 1976.
Boa a fazer circular a bola, boa na finalização, Itália assume-se desde já como forte candidata à presença na final, em Wembley, agendada para 11 de Julho. Desde 1968 que os italianos não vencem um Europeu. Vai sendo tempo de pensarem nisso.
Itália, 3 - Turquia, 0