A têmpora do Morais
Esta vai ser a pior época de sempre. A razão é simples: estamos muito mais fortes e horrivelmente ambiciosos. Isto implica, então, que o atrito provocado pelo Sporting seja maior, logo, que a inércia contra nós se torne mais rígida. Para contrariar o Sporting, o sistema não precisa de se mexer, pelo contrário, precisa de não mexer nada, nem em nada.
Os resultados são ilusórios, ou melhor, proporcionam a ilusão de que basta ser melhor – cada vez melhor – em campo para chegar à vitória. Mas é ver os três últimos jogos oficiais do Sporting para perceber que nos estão guardadas patifarias iguais às dos anos passados, mas a dobrar ou triplicar, consoante as necessidades.
Na final da Taça o árbitro cedeu ao calor e permitiu que o Sporting empatasse um jogo em que, até aí, ele colaborara activamente, expulsando um defesa num lance em que poderia não marcar penalti e fazendo vista grossa ao espancamento de Nani. Resultado: Marco Ferreira está hoje a contemplar nostalgicamente o oceano, carimbando cheques no Funchal. Na final da Supertaça o irremediável Sousa – injustamente acusado de ser o melhor árbitro português, já que há outros tão maus como ele – ainda tentou conter o fluxo do Sporting anulando um golo limpinho, limpinho. Em Tarouca, só por inépcia da estreante defesa da casa o desfecho não foi arrumado com um empate à mão.
Os seis ou sete primeiros jogos do campeonato são absolutamente decisivos. Basta fazer as contas e ver o histórico. Por isso vamos ser brindados com as decisões mais velhacas e arbitrárias – deve vir daí o nome de “árbitro” – dos últimos tempos. A curiosidade está apenas em saber qual será o nível de grosseria e de desvergonha admitido; por ele se medirá o grau de animosidade contra o Sporting.
Há uma velha tradição de os desafios contra o Paços de Ferreira serem enfeitados com apitadores amigos do burlesco e da burla. Sábado veremos.
Assim vos digo: esta vai ser a pior época de sempre, talvez a mais irritante e lastimável – apertem os cintos.