A puta da gramática
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol quis resolver o fracasso do Mundial despedindo o médico (por sorte, o mordomo não estava em casa nesse dia: toda a gente sabe que a culpa é sempre do mordomo) e assumindo uma espécie de culpa filosófica colectiva falando em não fomos competentes. Importa-se de repetir? Não foram competentes ou foram incompetentes? Assim de repente, fiquei confuso. Eu explico a minha baralhação. O comandante do Costa Concórdia não foi competente por ter afundado o navio ou foi simplesmente incompetente por se ter desviado da rota? O maquinista que provocou o descarrilamento do comboio de alta velocidade na Galiza não foi competente por circular em manifesto excesso de velocidade ou foi simplesmente incompetente? Não vale a pena perder muito tempo com estes esquemas gramaticais: foram incompetentes e serão estúpidos se quiserem corrigir um erro com outro erro. Os líderes sabem-no ser quando ganham mas acima de tudo quando perdem. Uma espécie de honra romana. Isso seria pedir muito, eu sei: não peças a um soldado que pense como um general.