A pré-época
Chamem-me o que quiserem mas para mim estamos já na pré-época 2020/2021. Esta é, parece-me, a aposta e orientação da Direcção e da Equipa Técnica, e concordo com ela. Afinal, no final desta tão atípica temporada resta-nos deixarmos de fazer figuras tristes em campo, abandonando definitivamente o péssimo e errático jogo que durante meses, meses de mais, foi sendo praticado por um conjunto de jogadores, e substituirmos aquilo que tantas vezes nos envergonhou e exasperou por uma equipa de futebol com cabeça, tronco e membros. Uma equipa que saiba o que está a fazer em campo - que já tantas vezes o faz bem! Uma equipa que nos dê indicações que no futuro estará melhor. Uma equipa, enfim, que nos dê esperança e horizonte.
Antes de Rúben Amorim, e pegando na ilustração anatómica, cabeça não havia. Nem nos jogadores e treinadores, e menos ainda na massa adepta, que a perdíamos com os nervos a cada jornada de novo e repetido desaire e desnorte. Quanto ao tronco, esse, só o comum. Do qual quase todos partilhávamos que aquilo era tudo um desastre. E membros faltavam sempre aos nossos na hora do passe certeiro, do remate decisivo, no momento tão ansiado do chuto matador. Goleador.
Ontem, em Moreira de Cónegos, faltou-nos acerto, sim, é verdade, mas também o é que essa conclusão tiramo-la sem termos de recorrer a bitolas antigas de anos, décadas mesmo, mas porque temos já a bitola Amorim.
Como tantos, também não gostei de ver Wendel e Nuno Mendes no banco. Muitos defendem que em equipa ganhadora não se mexe. Outros sentenciarão que não é preciso aplicar a rotatividade no plantel.
Devo confessar que concordo com essas máximas, mas quando seguidas e aplicadas em tempos de casa arrumada e totalmente definida. Infelizmente, o Sporting ainda não está assim. Mas felizmente para lá caminha. Caminha, acredito e tudo farei para que assim seja, para alcançar vitórias de forma consistente e, por isso, natural. O desejado reencontro com o estatuto de clube grande ganhador.
Posto isto, aceito e aplaudo a experiência e até mesmo experimentalismo que Rúben Amorim tem realizado nas equipas que monta.
Há nele consistência. As equipas têm todas por base a formação. E esta aposta continuada e reforçada nos nossos principais activos é preciosa. É a que verdadeiramente nos dá futuro e inda rumo. É raro, muito raro, que ao discurso, às palavras se juntem os actos. O clube, esta direcção, disse-nos em tempos que iria apostar na Academia e suas muitas jóias e (depois de enganos e atrasos) está finalmente a fazê-lo.
Acreditando que não mais voltaremos a fazer figuras tristes esta temporada, convicto que no pódio ficaremos (fraco consolo!), espero e disso estou mesmo convencido que estas derradeiras jornadas estão já a ser a preparação de uma época vitoriosa.
Começámos 2020/2021 mais cedo que os outros. Tiremos proveito disso e assim sendo nem a incompetência (será só isso?) dos árbitros como os de ontem em Moreira de Cónegos nos impedirá de alcançar a glória que inscrevemos na nossa insígnia.