A interminável penitência do Diamantino
Em regra, gosto de ouvir os ex-jogadores a comentar futebol. Porque percebem do que falam, ao contrário de juristas, deputados e ex-ministros, que se servem da modalidade para exibirem a sua monumental ignorância na televisão, incapazes de ultrapassar o patamar da mais rasca conversa de café ("foi penálti/não foi penálti"; "o árbitro é assim/o árbitro é assado").
Gosto de ouvir ex-jogadores do meu clube e também ex-profissionais de outros clubes, como o benfiquista João Alves ou o portista Jorge Amaral, só para citar dois exemplos. Mas toda a regra tem excepção. E neste caso a excepção tem um nome: Diamantino Miranda, comentador lampião da TVI 24, antigo jogador do Benfica (e ex-treinador em Moçambique), incapaz de disfarçar o ódio ao Sporting nas suas aparições na pantalha.
Voltou a acontecer o mesmo há dias a propósito da anunciada saída de Adrien de Alvalade. Diamantino pegou no tema e rematou desta forma: "Na época passada o Adrien acabou por ficar e o Sporting acabou por não ganhar o campeonato. E o clube acabou por perder 30 milhões. Os factos são estes."
Não sei quem ensinou Diamantino a fazer contas. Mas alguém devia aconselhá-lo a reprimir um pouco da alergia que sente ao Sporting quando fala na televisão ou na rádio. Evitaria assim proferir declarações ridículas como esta - tanto mais que é adepto de um clube que, como ele próprio garantiu em Fevereiro de 2016, terá recusado vender por 17 milhões o jogador Carrillo, agora emprestado ao Watford. Na mesma intervenção em que antecipava a saída prematura de Jorge Jesus do Sporting, a meio da época 2015/2016, alegando que o treinador estava irritado por ter ficado sem Carrillo (esse génio da bola...) e ter visto "perder para o FC Porto" os jogadores Marega e Suk!
Ficamos assim a ter uma ideia mais nítida sobre a relação entre Diamantino e os factos...
Nestas alturas acabo por dar-lhe um desconto: o Diamantino fez parte do onze do Benfica que sofreu a maior humilhação de sempre frente ao Sporting em toda a história do clube encarnado. Ele estava lá, em Alvalade, no dia dos 7-1: integrou o onze titular nessa partida que terminou em goleada.
Lembro-me sempre deste jogo quando o vejo dar largas ao seu imenso fel contra o Sporting em todas as intervenções como comentador de futebol. Sou incapaz de dissociá-lo da histórica derrota do SLB. E consigo entender a interminável penitência que ele continua a cumprir trinta anos depois.