A guerra deles
Era a guerra deles. Durante anos e anos a guerra deles era esta. A guerra politiqueira do norte contra o sul. A guerra facínora das claques marginais que queriam ver Lisboa a arder. A guerra mafiosa pela compra literal de árbitros e de favores. A guerra do ódio. A guerra do incitamento à violência. Era a guerra deles. E por causa da guerra deles o futebol tornou-se violento como nunca tinha sido. E por causa da guerra deles as famílias deixaram de ver os grandes jogos por puro medo. Eles tornaram o futebol num estado policial permanente. O futebol passou a ter helicópteros a acompanhar adeptos, polícias com formação especial infiltrados nas claques, a violência transformada em directos televisivos. O futebol virou guerra porque a guerra era a causa deles. Isto mudou. O Porto está a acabar. É por isso que o ódio deles deixou de ser o Benfica: eles só falam de nós. Reparei nisso: os comentadores do Porto só falam do Sporting e às vezes parece que nos odeiam mais do que os do Benfica. É essa a diferença: com os lampiões, nós entendemo-nos nas divergências. Com o Porto, bom, com o Porto, só mesmo quando desaparecerem numa prisão.