A gala dos amigalhaços da FPF
Assisti ontem, confesso que com alguma curiosidade, porque o arranque prometia, a uma coisa que a RTP transmite todos os anos, a Gala das Quinas.
Afinal a montanha pariu uma ratazana à imagem daquela cangalhada toda que gere os destinos daquilo.
Foram distribuídas distinções a torto e a direito, umas com sentido, nomeadamente aos clubes campeões nas várias versões da modalidade, e outras que não lembrava ao diabo.
Para quem não viu, não perdeu nada, mas faz algum sentido atribuir distinções aos nomeados para a bola de ouro? Faz algum sentido atribuir um prémio de carreira a Cristiano Ronaldo, se ele ainda está no activo? Vá, se o premiassem por ter atingido 900 golos e ser o maior artilheiro de sempre, entendia-se, mas assim cheira a despedida, que o próprio não quis desmentir, apesar de Vasco Palmeirim o ter questionado sobre isso e ter insistido.
Foi homenageado Pepe. Aceito. À parte ter sido um caceteiro, deu muito do seu esforço à selecção nacional e, na perspectiva de quem não conhece a palavra escrúpulo, faz todo o sentido iniciar a função com esta homenagem.
Foi distinguido Jorge Jesus por ter conquistado um recorde de vitórias seguidas em jogos do campeonato saudita e Taça da Ásia e mais qualquer coisa, não sei precisar. Teve um discurso escorreito, o que é de salientar, mas pareceu-me que se estava a fazer ao lugar de seleccionador nacional. Por mim trocava-o já com o careca espanhol do bacalhau à Bráz/Brás, ainda que os jogadores do Sporting para serem seleccionados tivessem que nascer dez vezes, também.
Foram até entrevistadas duas lendas vivas do atletismo, Carlos Lopes e Rosa Mota, numa singela e merecida homenagem.
E a cerimónia terminou com a mostra de todos os troféus ganhos pelas várias selecções, um momento vá, bonito.
Para quem estava à espera de mais alguma coisa, terminou mesmo ali, ponto final. Kaputt.
E foi esquecido Manuel Fernandes. No ano do seu desaparecimento. Seria de esperar que quem em vida útil de jogador sempre o preteriu em favor de outros menos capacitados e fiáveis, dificilmente o iria lembrar depois da sua morte. Está indignado o seu filho Tiago Fernandes, estou eu indignado, estarão todos os sportinguistas, mas sobretudo estarão todos os amantes do futebol, que a federação respectiva tenha ignorado olimpicamente alguém que à modalidade tanto deu, inclusive à selecção, quando lhe permitiram que a representasse, o que aconteceu por 37 vezes. Passou pouco tempo desde o seu falecimento, a 27 de Junho, e não houve tempo para preparar a merecida homenagem, só pode ter sido isso.
As atitudes ficam com quem as pratica. Esta enorme falha espelha a "semvergonhice" de quem dirige aquilo lá em Oeiras.
Nota: A foto é do sítio da FPF