A faca nas costas
Numa longa peça sobre o ex-presidente do Sporting ontem exibida no Jornal da Noite, da SIC, aparece a dado momento a jurista Judas, que Bruno de Carvalho arrancou ao merecido anonimato em que permaneceu até há meia dúzia de meses. Dizia ela, com ar sofrido e pesaroso, que por estes dias «as pessoas, quando podem, espetam-lhe a faca nas costas».
Quase apetece defender Bruno de Carvalho perante tamanha torrente de hipocrisia. Vinda, neste caso, de quem se serviu dele para se tornar "figura mediática" e cavalgou com ele num desvairo de ilegalidades, aceitando presidir até a uma putativa Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral jamais contemplada nos estatutos leoninos - o que esteve na base da sua expulsão como sócia do Sporting, aliás de fresca data.
Esta senhora, que numa estação do ano se apresentava como carvalhista de gema, mal o vento virou assumiu-se como visceral opositora de Carvalho. Após a assembleia destitutiva chamou-lhe «aldrabão» na praça pública e anunciou que iria mover-lhe uma queixa-crime. Vem agora, na mesma rede social em que ambos se viciaram, tecer-lhe loas pindéricas com palavras dignas de folhetim mexicano: «Tens uma alma e um coração puros.»
Assim era a corte do destituído. Destrambelhada, desequilibrada, dada a profundas oscilações nos estados de alma, confundindo o mundo real com um reality show em sessões contínuas. Arrepia pensar que, durante algum tempo, o Sporting andou entregue a esta gente.