A comunicação do Sporting Clube de Portugal
A Comunicação é uma ferramenta essencial numa liderança. Segundo Peter Drucker, 60% dos problemas nas empresas são causados por uma comunicação ineficaz.
O Sporting Clube de Portugal liderado por Frederico Varandas talvez seja uma demonstração cabal disto. Tudo começa pela personalidade do próprio que, segundo aquele especialista da área que o ajudou a ser presidente, Luis Paixão Martins, "não sabe e não quer aprender".
Talvez isto explique a sucessão de directores de Comunicação, o último dos quais, Miguel Braga, saiu no final de Maio, ficando o vice-presidente e admnistrador da SAD André Bernardo a gerir também esta área. Agora com o contributo duma jornalista que ficou conhecida por uma pergunta deslocada e inconveniente a Rúben Amorim no rescaldo da derrota do Sporting-Chaves. Muito duvido que fizesse pergunta análoga no Dragão a Sérgio Conceição depois duma derrota do FC Porto, podia-lhe acontecer algum acidente à saída. Não seria a primeira.
Com o presidente a falar pouco e por vezes carregando demasiado nas palavras, com Hugo Viana remetido ao voto de silêncio, com um Miguel Braga com intervenções cinzentas e falhas de oportunidade, muitas vezes Rúben Amorim teve de levar também este barco, falando ao seu jeito, que nem todos entendem, sobre o que devia e o que não devia.
Mas se as pessoas são como são e não vão mudar, a chatice é um conjunto de situações que tem ocorrido, algumas das quais roçam o absurdo:
1. A bufaria das AGs da SAD - Através dos candidatos derrotados nas últimas eleições, Ricardo Oliveira e Nuno Sousa, foi passada para as redes sociais informação sobre quanto efectivamente custou Paulinho, dos 13M€ mais trocos (que o nosso leitor Salgas bem explicou num comentário aqui no blogue), foi bufada uma verba de 23 milhões que teria sido confirmada por Salgado Zenha. A verdade é que a suposta aldrabice foi olimpicamente ignorada pela comunicação do Sporting. Felizmente os sócios e adeptos do Sporting que frequentam o estádio chutaram o tema para canto e continuam a cantar a canção do Paulinho.
2. A "lista de Schindler" - Terá saído no Record recentemente uma lista de jogadores do Sporting com valores pretendidos de taxa de empréstimo e transferência, se calhar proveniente duma plataforma de gestão de efectivos comum aos grandes clubes. Também a saída dessa lista foi olimpicamente ignorada, como já tinha sido o resultado da auditoria de gestão logo a começar o primeiro mandato. Num momento de preparação da nova época, quando todo o sigilo é pouco, isto faz o mínimo sentido? Afinal Chermiti (não vi a lista) é aposta ou é para vender por 10, 15 ou 20 milhões?
3. O penso no joelho - Logo depois de lermos na imprensa sobre alguns jogadores que anteciparam o regresso de férias para uma semana de trabalho no ginásio em Alcochete de forma a entrar na época da melhor forma, deparamos com uma imagem de St.Juste a chegar a Alcochete a coxear e com um penso no joelho. Intervenção programada, caiu do escadote, foi no golfe? Mais uma vez, explicações zero.
4. O "caixeiro viajante" - O presidente do Sporting Clube de Portugal não pode ir a Inglaterra fechar um negócio e vir sem o jogador no bolso, furtando-se, incomodado, no aeroporto às perguntas dos jornalistas. Caberia à Comunicação do Sporting ajudar a resolver o problema da melhor forma.
5. A "puta da gala" - Se já existe o jantar Stromp onde são agraciadas anualmente personalidades e atletas de relevo na época Sporting, porque não transformar esse evento numa gala digna do clube na data certa para o efeito e no melhor local para ser feita, o magnífico pavilhão João Rocha? Com certeza estaria anualmente cheio, seria um enorme prazer estar perto dos atletas mais relevantes. Um evento que aproximaria toda a nação Sporting, um momento de "unir o Sporting".
Nem todos os sócios e adeptos consomem o jornalismo desportivo e bem menos ainda participam nas redes sociais, mas é um facto que a situação atrás descrita contamina os blogues afectos ao clube, enquanto os rivais andam entusiamados com aquilo pouco ou muito que vai chegando e que se lixe o preço, quanto mais caro melhor, nós (com a prestimosa ajuda do "exército do nojo" que por aqui passa a soldo de algum dos rivais) andamos a discutir o preço do Paulinho, as lesões do St.Juste, se o Gyokeres podia vir por metade ou se o Arthur deu lucro ou prejuízo.
Felizmente há coisas muito bem feitas também, como na Sporting TV o programa ADN de Leão, como os Insides Sporting, mas a comunicação do clube tem de levar uma volta para melhor, sem entrar nos métodos mais rasteiros e alguns até criminosos dos rivais, muito mais assertiva, muito mais protectora do treinador e da estrutura do futebol e muito mais defensora da imagem e dos interesses do Sporting Clube de Portugal.
SL