A canelada no Danilo
No Aves-Porto, mesmo no fim, houve uma canelada no Danilo. Seria penalti (aka, grande penalidade). Ok. A gente até assobia para o lado, primeiro porque nos chegamos ao malvado ao Porto; em segundo, porque o malvado Porto de Pinto da Costa (desde os tempos do Pedroto até aos tempos sei lá de quem) fartou-se de ser beneficiado, décadas de insuportável roubalheira, e não merece qualquer simpatia. Dito isto, houve ali um penalti (aka, grande penalidade) que talvez desse golo (se descontarmos a angústia do marcador antes do penalti [aka, grande penalidade]), vitória do Porto e os tais pontitos que tanto jeito nos deu recuperar .
De facto a canelada não existiu. Eu não vi o jogo mas vi na internet imagens esclarecedoras, aconteceu uma jogada simples e uma reacção exagerada dos portistas, o tradicional choradinho, a ver se pega (durante o jogo) e, depois, as reclamações para ver se há recompensa em jogos futuros (os do Porto e os dos rivais).
Mas, de verdadeiro facto, a falta existiu. As imagens que correram, transmitidas pela página oficial do Benfica, foram falseadas. Como se comprova nesta nota da TV Correio da Manhã. Ou seja, a página do Benfica distribui uma notícia que assenta na manipulação de imagens. Não é publicidade do Benfica, não é festividade do Benfica, uma qualquer iniciativa interna que apelasse à imaginação e criatividade dos seus empregados ou contratados. É uma peça que se insere na política de comunicação do clube. Assente na manipulação de imagens, na falsificação. O Benfica é uma empresa (os clubes andam todos ufanos porque são "cotados na bolsa", como se isso lhes significasse qualquer honorabilidade). E é também uma instituição de utilidade pública, o que lhe concede benefícios e reconhece prestígio.
Imaginemos que se tratava de um caso similar noutro ramo de actividade. Uma grande empresa de comércio alimentar, de serviços médicos, de produção agrícola, etc., a divulgar (muito provavelmente a produzir) através dos seus departamentos de comunicação empresarial imagens manipuladas, falsificando dados sobre a sua concorrência. Seria um sururu. Mas como é "bola" o Estado (que concede o estatuto de utilidade pública) e o "mercado" (que se simboliza na bolsa) estão-se nas tintas para este aldrabismo empresarial/institucional. E a sociedade encolhe os ombros. Quanto muito os mais analíticos dirão o que é (ou deveria ser) óbvio - que o Benfica está a tentar descredibilizar ao máximo a tecnologia do Video-Árbitro, contra a qual tanto se insurgiram os seus avençados, funcionários e simpatizantes, temendo a redução do um qualquer favorecimento a que sempre aspiram.
Mas, de mais do que verdadeiro facto, isto é muito mais grave do que isso. A FPF, que vai sob tutela estatal, o Ministério que a tutela, bem como as gentes do mercado, assobiam para o lado (bem mais do que nós diante do penalti que não foi marcado). A rapaziada (e raparigada, que agora também conta) simpatizante apoia. É só "bola", vale tudo. E assim se faz esse tudo valer em tudo o mais.