A camisola errada no sítio errado?
Declaração de interesse: Estou-me completamente borrifando que ao meu lado na bancada esteja sentado um/uma adepto/a com a camisola do adversário vestida, ou com outro qualquer acessório identificativo, cachecol, boné, o que seja.
Posto o assunto assim, percebo que haja situações em que, como na recentemente acontecida em Famalicão, na bancada reservada exclusivamente a sócios, não sejam admitidos espectadores identificados com o adversário. Eu já assisti a jogos no antigo estádio da Luz e nas Antas, na bancada de sócios desses clubes, sem qualquer sinal que me identificasse como sportinguista e confesso que nalgumas situações tive algum receio. Vezes aconteceu em que tive que refrear o festejo de golos dos nossos. O mesmo servirá para adeptos de clubes adversários em Alvalade, calculo eu.
Num Sporting/Benfica (tenho ideia que o de má memória do falhanço de Bryan Ruiz), um dos lugares próximo do meu foi ocupado por uma jovem com a camisola do Benfica vestida e não foi agradável ouvir os comentários de que a miúda, entre os 13 e 15 anos, foi alvo. Para estar naquele local, ou era amiga ou familiar do titular do lugar, que para ali não se vendem bilhetes.
Poder-se-á argumentar que a jovem não tinha nada que ir para ali. Podia e se calhar até faz sentido, porque infelizmente a educação para a cidadania deixa muito a desejar no sistema educativo português, o que em conjunto com uma clubite aguda e com um exacerbar de maus fígados entre adeptos, aconselharia à separação de "camisolas".
Não raras vezes vemos casais, jovens principalmente, cada um com a vestimenta do clube que apoia, sentados nas bancadas a assistir aos jogos de futebol ou de outras modalidades. Esta seria a situação ideal, o desporto, a actividade desportiva e os espectáculos desportivos deveriam ser propícios ao são convívio entre as pessoas. Mas não é, na maior parte dos casos.
A propósito do caso da camisola em Famalicão, disse o presidente do Rio Ave que um jogo de futebol é um espectáculo privado e como tal com regras privadas decretadas pelo organizador do espectáculo. Terá toda a razão, mas não poderá esquecer que mesmo os espectáculos privados não estão acima da Lei, logo as regras não podem contrariar a Lei em vigor, nomeadamente sobre o acesso a espectáculos desportivos.
Esta é infelizmente a situação existente e apesar de ir contra todas as regras do fair-play que deverá ser o primado no desporto, o pai desta criança não tinha necessidade de a expor a tamanha humilhação. Às vezes manda o bom senso que um passo atrás é mais importante que dois em frente (como diria mais ou menos um político conhecido). Certamente que o episódio ficará negativamente gravado na memória da criança, esperemos que sem consequências de maior.
Já hoje tive conhecimento de uma agressão à bala por parte de um adepto do Benfica sobre um outro indivíduo, só porque um não gostou da exuberância com que o outro comemorou a vitória dos encarnados sobre a Juventus. O segundo foi atingido com 3 tiros, um deles na cabeça. Nada, muito menos o desporto, justifica agressões entre pessoas.
Sem querer atacar ninguém, espero que amanhã apareça n' A Bola tal como hoje uma foto dos jogadores do Benfica sem camisola (os sonsos, como que a dizer que lá no estádio deles é diferente. NÃO É!), amanhã uma com cada um deles com um revólver na mão, ao alto. A legenda pode ser "somos todos John Wayne"...