Vai-se a ver e o Famalicão vs. Sporting não se realizou no dia seguinte, como queria Amorim e exigia o fair play, porque não havia ninguém disponível na SporTV para reprogramar a grelha. Ou então o Veríssimo já tinha planos para uma caldeirada com os amigos e não lhe apetecia desmarcar.
A "ciência" do futebol actual está orientada para a questão mais complexa do jogo: a criação de oportunidades de golo. Contra um adversário creditado como difícil o Sporting criou 11 - 11! - oportunidades, o que é extraordinário; não converteu nenhuma, o que é assombroso. Aquela depende do treino colectivo, esta prende-se com o treino individual. Há qualquer coisa que está a falhar muito no Sporting.
O VAR foi o que de melhor aconteceu ao futebol na última década.
Facultar aos árbitros a revisão das jogadas a ritmo lento e de várias perspectivas beneficiou largamente as suas decisões, tal como já sucedera em desportos com situações muito complexas, como o futebol americano e o rugby.
Mas o VAR é uma ferramenta, não é um juiz. Será como um microscópio, que permitir observar o que não é possível a olho nu, cabendo ao observador interpretar aquilo que vê. E é aqui que a porca torce o rabo.
Aquando do golo do Paulinho no final da primeira parte viu-se logo que a sua camisola, o ombro, sobressaía por detrás do azul cueca do defesa. Parecia off side, como depois se verificou. As imagens foram suficientemente repetidas para não deixar grandes dúvidas.
Tudo isto aumentou as fortes suspeitas relativas ao golo do Vizela, minutos antes. À primeira vista as camisolas deles também pareciam adiantadas em relação à linha dos defesas. Estranhamente a jogada foi repetida só uma vez e sem slow motion. Só bem depois da decisão tomada é que foi vista a imagem abaixo reproduzida, aquela que supostamente confirma não haver fora-de-jogo, e de maneira muito rápida. Foi inevitável pensar que não havia vontade nenhuma de mostrar a coisa como deve ser.
As condições da jogada são as seguintes:
1) A linha da defesa move-se na direcção do movimento da bola (para pôr os adversários em fora de jogo) e a linha dos avançados ou é estacionária ou move-se contra o movimento da bola.
2) Quer o movimento da bola quer o dos jogadores é muito rápido e dá-se numa fracção de segundo.
3) Ora na TV digital cada segundo tem 30 frames ou imagens.
4) Isto significa que para definir o instante em que a bola sai do pé, se for escolhida a primeira imagem desse segundo, a linha defensiva está mais atrás, se for escolhida a trigésima imagem a linha defensiva está mais à frente. Ou seja, na primeira imagem os avançados podem estar off side, na trigésima podem já não estar.
Veja-se agora a imagem:
Olhe-se para o canto superior direito: a bola não está já fora do pé? A frame foi bem escolhida? Ficam sérias dúvidas, sabendo que uma ou duas frames antes os 15 cms diminuíam ou desapareciam.
Olhe-se para as linhasazul e vermelha: há quatro camisolas claramente em fora de jogo, só a que está mais abaixo na imagem não estará. Os 3 jogadores do Vizela não estão claramente a interferir na jogada? A linha vermelha marca o ombro, mas a linha azul passa por onde? Pelo pé invisível de Quaresma?
Em resumo: validar o golo foi uma decisão mais do que duvidosa.
O que no contexto da arbitragem desse jogo - aquele olhar de ódio ao Gyökeres que a câmara fixa durante alguns segundos… - repleta de decisões erradas, todas prejudiciais ao Sporting (o ensaio de porrada que aquele Anderson deu impunemente ao Gyökeres, os penalties clamorosos por assinalar, etc…), demonstra que André Narciso em campo e Rui Costa no VAR agiram com má-fé deliberada. Num país com um futebol civilizado seriam no mínimo suspensos, aqui o pior que lhes pode acontecer é alguém cuspir-lhes no focinho.
Acossado por dois defesas em três passadas Gyökeres já corre sozinho para a baliza. O estádio levanta-se a celebrar antecipadamente o golo, porque com ele o óbvio acontece sempre. Era o quarto se não fosse anulado por off-side.
Se tivesse sido com Paulinho, haveria um momento de ansiedade: tropeçaria na bola? Atiraria ao lado ou à figura? Muito provavelmente, pois foi o que aconteceu pouco depois quando se isolou diante do guarda-redes.
Pior se tivesse acontecido com Pedro Gonçalves. Talvez nem se desembaraçasse dos defesas e no momento de chutar, arrebicaria o remate, bem puxadinho a um ângulo difícil de maneira a passar ao lado. Depois ficaria de braços pendurados a dar à cabeça, naquele gesto contrafeito de quem no momento de abrir a porta repara que se esqueceu das chaves. A linguagem corporal de Pote é deplorável e cada jogo que passa fica mais distante dos tempos em que lhe bastava meia oportunidade para marcar golo. Agora o jogo não vai ter com ele, nem ele o agarra, é como uma estação de caminho de ferro muito vistosa, numa linha desactivada.
Mas o caso mais enervante é o de Inácio. Há já uma série de jogos que anda e empenhado em estragar o árduo e óptimo trabalho do resto da equipa. Contra a Atalanta foi duas vezes uma desgraça, em Alvalade no centro da defesa, sem voz de comando, deslaçou tudo, em Bérgamo duas vezes foi lá acima e não voltou, oferecendo uma planície às cavalgadas de Scamacca, uma deu em golo, a outra só por milagre não deu. Na Luz cometeu duas faltas com a maior displicência e comprometeu toda a equipa e o resultado. Ontem esteve na origem do golo do Gil Vicente com uma falta desastrada e inútil. Nas lamentáveis respostas dadas na flash interview em Bérgamo, ficámos sem saber se ele é inarticulado, anda enfadado ou é apenas parvo. Encheram-lhe a cabeça com Reais Madrids e vôos assim, e agora dá ares de achar que o Sporting é um estorvo.
Que venha Janeiro depressa para tudo resolver. O Sporting deste ano está muito bem afinado, (Diomande, Coates, Morita, Hjulmand, Geny, Bragança, St. Juste, Edwards, são um gosto de ver jogar) é só remover as prima donas, que se estão fartas de nós, nós estamos ainda mais fartos delas.
Então a rapaziada vai daqui até aos confins da Polónia com calçado inadequado? Andaram o tempo todo em pontas para não escorregarem e nem depois do intervalo a coisa melhorou , o que só se explica por não terem levado um par de botas alternativo e mais apropriado. Não há campos maus, como há 2 anos se viu no temporal da choupana, há é equipamento errado.
Na flash Amorim disse que naqueles primeiros minutos de um Sporting retraído e desconfiado, anteriores à expulsão de Gyökeres, "estavam a ver o que o jogo dava." Por outras palavras: não conheciam o adversário, não sabiam quem estavam a defrontar. Caso primeiro dramático, depois patético, foi Esgaio. O polaco sabia como ultrapassá-lo - "tinha o pé trocado" - e ultrapassou-o sempre, sempre, sempre, ao passo que Esgaio não fazia a mínima ideia como detê-lo. Nem em vídeos o deve ter visto.
A rapaziada treina os passes? Ou sou só eu a achar assombrosa a quantidade de passes mal medidos, mal direccionados, mal executados? Fora a atitude diletante e displicente de alguns artistas que enquanto não produzem maravilhas de vez em quando só fazem asneiras, isto para quem está toda a semana junto é sumamente intrigante.
O jogo foi horrível e só por milagre não levamos uma trepa das antigas. Mas os sinais dados pelo Sporting são preocupantes, parecem ir para além da circunstância de um fim de tarde mal passado.
À mesma hora que os Lobos obtinham a sua épica vitória no Campeonato do Mundo de Rugby, honrando a modalidade e o país que representam, um pulha da pior espécie, de aspecto lívido e macilento, com esgares de ódio típicos dos fracos, destruía um jogo de futebol em Alvalade.
O rugby é um desporto dificílimo de arbitrar, com muitas regras e situações confusas e, no entanto, os árbitros são atentos, ponderados e criteriosos; estão ali para deixar jogar e promover a fluidez do jogo, além de que interferem preventivamente, falando com os jogadores para os impedir de cometerem faltas. São respeitados porque respeitáveis. E tudo isto de microfone aberto.
O energúmeno que se apresentou em Alvalade foi lá para castigar e punir, mostrar cartões a esmo, expulsar jogadores por uns nadas que nem faltas eram quanto mais amarelos. A expulsão de Diomande foi uma aberração, própria de quem subiu ao relvado com más intenções, de um verme em bicos dos pés a querer mostrar quem manda aqui. A verdade do jogo acabou por vir ao de cimo, mas o futebol, um espectáculo que é para dar prazer a quem o vê, ficou azedado e estragado com a atitude anti-desportiva daquele canalha.
Na mesmo noite em que os Lobos entoaram um hino ao rugby, António Nobre, assim se chama a reles figurinha, tudo fez para rebaixar o futebol.
Está mais do que inventado software que permita atribuir a um sócio identificado e qualificado para votar a capacidade de o fazer com segurança independentemente da sua localização.
Onde a coisa pode fiar mais fino, sobretudo num país com uma arreigada tradição de desconfiança nos mandantes - e abundam razões históricas para isso... - é na credibilidade dos resultados. Um ligeiro "toque" num dado algoritmo, realidade intangível para quem a ela não acede, ou seja a larga maioria dos humanos, e a votação fica viciada. Mas também é verdade que não faltam boas práticas e processos consolidados para validar a idoneidade de uma eleição. É só ir buscá-las e aplicá-las.
Que maltratado saiu o futebol daqui. Jogo mau, arbitragem péssima. Cartões mostrados a eito porque o homúnculo histérico não se dá ao respeito. E andava aquilo com a insígnia da FIFA ao peito.
Uma capa de uma só côr, monotemática, sobre um assunto de rodapé.
Isto no dia em que os Lobos, a selecção nacional de rugby, disputam o jogo da sua vida no mundial; ao fim de uma semana de participação portuguesa em competições europeias de futebol; no início de um fim de semana com eventos desportivos importantes em variadas modalidades.
Andam a gemer que a imprensa desportiva está em crise, vende quase nada, a culpa é dos outros média que afastam os eleitores. Cortina de fumo para não ir ao nervo da questão: em crise, ou melhor em fase de decadência terminal, está o jornalismo desportivo.
Isto já foi um jornal razoável, hoje pede meças aos panfletos de supermercado. Não faz falta nenhuma.
No dia 13 de Maio, no jogo contra o Marítimo, em vésperas de derby, um desses abjectos delinquentes que andam no futebol de apito - tem nome de gente a alimária: Tiago Martins - decidiu apresentar serviço mostrando dois cartões amarelos, e consequente expulsão, a Adán, motivados por dois nadas. Adán não jogou, pois, contra o SLB.
Quatro meses depois, o Tribunal Arbitral Desportivo veio dar razão ao Sporting e a Adán. O mal estava feito e a decisão tem tanto valor formal como se ilibasse um condenado à morte depois de executado.
É óbvio que se tudo isto se tivesse passado com algum jogador dos dois clubes mandantes o charivari que por aí não andaria, era aberturas de telejornal, comentadeiros aos gritos, sei lá se secretários de estado a dizer que assim não pode ser.
Mas claro que esta miserável pouca vergonha jamais aconteceria a um eles, foi só com o Sporting - "no pasa nada."
Diz Pedro Proença: "Não é ao acaso que digo que temos o melhor jogador do mundo, o melhor agente e, com toda a convicção, os melhores árbitros do mundo".
Assim sendo também "não é ao acaso" e é "com toda a convicção" que percebemos o recado: o Sporting bem pode pôr a viola no saco e é uma questão de tempo até que Gyökeres leve um vermelho.
Em 116 jogos pelo Coventry Gyökeres teve 9 amarelos, nenhum duplo amarelo e nenhum vermelho.
Em 4 jogos em Portugal pelo Sporting Gyökeres já leva 2 amarelos.
É significativo que José Fonte (um cavalheiro e que pena não ter feito carreira no Sporting) quando diz aos 2'3" que Gyökeres "está habituado ao futebol inglês" faz pausa para um sorriso irónico, acrescentando "...e eu também", mostrando que sabe perfeitamente como são as arbitragens de lá e as de cá, sobretudo quando é com o Sporting.
Por outras palavras, o futebol português é miserável, como não se cansa de demonstrar jornada atrás de jornada.
Na mesma jornada em que o jogador do Vitória é expulso na Luz aos 17' por só ter olhos na bola, Gyökeres leva o primeiro amarelo do jogo por ser um saco de porrada e um jogador do Braga leva um pálido amarelo depois de tentar arrancar o pé de Bragança.
Na mesma jornada em que o FCP beneficia de um golo aos 90+19' o Sporting tem anulado um golo limpíssimo em que o guarda-redes vê perfeitamente a bola a sair.
O João Mário que caiu agarrado à perna direita depois de ser vagamente tocado no pé esquerdo, e com isso beneficiando de um penalty, sendo mais maduro, não se pôs a gabar da marosca como este papalvo. Estão bem uns para os outros.
Mas o problema sem dúvida que é a bota branca do Paulinho há uma semana e os braços de Gyökeres agora.
Já está descoberta a técnica para travar Gyökeres. O defesa encosta-se a ele, abraça-o por detrás, agarra-lhe calções, camisola o que puder, desde que não lhe puxe os cabelos que daria muito nas vistas, e quando Gyökeres tentar equilibrar-se ou desembaraçar-se atira-se para o chão agarrado ao focinho, ora a espernear ora esticado como morto. Depois é esperar que o putativo árbitro faça o que lhe mandam e os paineleiros das tascas mediáticas armem o concomitante charivari a dizer que o homem é um bruto.
De que estavam à espera? Vai ser assim e em crescendo até Maio, se o homem não se for embora antes.
O campeonato português são quatro clubes e o resto é paisagem ou negócio escuro, como se viu nas eliminatórias das competições europeias, em que ficou tudo pelo caminho, e o simulacro de futebol que se pratica em Portugal é uma anedota de simulações, interrupções, manhas e ronhas, ordinária e nojenta. Razão pela qual a compra de direitos televisivos noutros mercados vai perdendo clientes - quem quer ver espectáculo tão deprimente na mesma televisão em que acabou de ver uma partida da Premier League ou mesmo da Eredivisie?
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.