Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

És a nossa Fé!

Rescaldo do jogo de ontem

descarregar.webp

Geny muito cumprimentado pelos colegas após marcar o seu primeiro golo no campeonato

Foto: José Coelho / Lusa

 

Gostei

 

Do nosso triunfo num dos estádios mais difíceis. Fomos ao Bessa derrotar a turma axadrezada por 2-0 (um golo em cada parte do desafio). Vitória sem discussão numa partida emotiva, quase sem tempos mortos, com futebol de qualidade. Perante um adversário que já venceu o Benfica nesta Liga 2023/2024 e no mesmo estádio onde há um ano fomos derrotados (1-2). Comprovando assim, para quem ainda tivesse dúvidas, que estamos francamente melhor do que na época anterior. Cada vez mais embalados para o título.

 

De Pedro Gonçalves. Respondeu da melhor maneira, em campo, à infeliz e deselegante frase do seleccionador Roberto Martínez, que o acusou numa entrevista de ser um jogador «com azar». Rúben Amorim esteve bem, na conferência de imprensa de domingo, ao não alimentar lamúrias: limitou-se a incentivar o jogador a «melhorar, marcar golos, assistir e correr muito». Pedro assim fez: exibição de qualidade frente ao Boavista, culminando no nosso segundo golo, marcado com nota artística, de calcanhar, com assistência de Esgaio (85'). Imediatamente antes, no chão, tinha rematado ao poste. E logo aos 6' quase marcou, de livre directo - proporcionando grande defesa ao guarda-redes João Gonçalves. Demonstrou a atitude certa. E mantém uma contabilidade elevada: 61 golos em 106 jogos de verde e branco. Melhor em campo.

 

De Geny. Lançado como titular, correspondeu à confiança que nele depositou o treinador. Amorim facilitou-lhe a tarefa, mantendo-o com extremo direito, só com missão ofensiva, num desenho mais próximo do 4-3-3 (com Matheus Reis mais recuado) do que do habitual 3-4-3 - o que parece ter confundido Petit, treinador do Boavista. O jovem moçambicano pressionou e fixou os defensores adversários, baralhando marcações e abrindo espaços lá na frente. Sai deste jogo com boa nota, sobretudo pelo belo golo que marcou, aos 37', aproveitando um excelente cruzamento de Matheus a quase toda a largura do terreno. Foi a sua estreia como artilheiro no campeonato. Não custa vaticinar que terá sido o primeiro de muitos.

 

De Morten. Talvez a sua melhor exibição desde que chegou ao Sporting. Está mais solto, mais seguro, com maior precisão de passe, sempre de frente para o jogo. Fez boa parceria com Morita: completam-se bem no centro do relvado. Com o japonês tendo como missão central a distribuição de jogo e o internacional dinamarquês actuando sobretudo como médio de contenção. Ganhou a maioria dos duelos contra uma das equipas mais combativas do nosso campeonato. O segundo golo nasce de uma recuperação dele. Só foi pena aquele cartão amarelo tão desnecessário, por falta cometida aos 90'+7, no penúltimo minuto da partida.

 

Da nossa organização defensiva. Teve dois elencos, ambos resultaram. Primeiro com o habitual trio Diomande-Coates-Gonçalo Inácio: inabalável. Depois, com a saída de Coates aos 69', o jovem marfinense passou a central ao meio e St. Juste colocou-se à direita. Desempenho recompensado: a nossa baliza ficou incólume (Adán só fez uma defesa difícil, aos 83') no primeiro jogo desta Liga em que o Boavista permaneceu em branco. Temos de momento a segunda defesa menos batida do campeonato - sete golos, só mais um do que o FCP.

 

Da homenagem a Bas Dost ao minuto 28. Os adeptos leoninos, que compareceram em força no Bessa, prestaram um comovente tributo ao craque holandês neste momento da partida, em alusão ao número que ele usava no Sporting. Bas caiu, inanimado, num jogo da Liga holandesa disputado no domingo. Ainda hospitalizado, aguardando veredicto médico, já agradeceu os justos aplausos e o familiar cântico que lhe foram dedicados.

 

Da arbitragem de Nuno Almeida. Sereno e competente. Não atrapalhou, deixou jogar. Oxalá todos fossem assim.

 

De termos conquistado 25 pontos em 27 possíveis. Mais nove do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos. Aliás estamos há 17 jornadas seguidas a marcar.

 

De termos cumprido outro jogo sem perder na Liga. Se somarmos as 14 rondas finais do campeonato anterior às nove decorridas deste, são já 23 desafios seguidos sem conhecermos o amargo sabor da derrota na prova máxima do futebol português. Venham mais assim.

 

De ver o Sporting cada vez mais líder. Comandamos o campeonato. Mantemo-nos no topo há quatro rondas consecutivas. Somos a única equipa que ainda não sofreu qualquer derrota. Ampliámos a vantagem, estando agora ainda mais isolados no posto de comando. Beneficiando do empate do Benfica com o Casa Pia na Luz. Seguimos com mais três pontos do que os encarnados e a turma portuense, mais seis do que o V. Guimarães e já com mais oito do que o Braga. Para desgosto de uma minúscula falange de adeptos que anseia por desaires da equipa e tem como lema "quanto pior, melhor". Não acertam uma - nem sequer nisto.

 

 

Não gostei

 

De alguns golos desperdiçados. Desta vez a "fava" calhou a quatro: Gyökeres, estranhamente muito apagado, falhando emenda à boca da baliza (11'); Pedro Gonçalves, isolado por Edwards com um passe picado de excelente execução técnica (31'); Edwards, também só com o guarda-redes pela frente (53'); e Paulinho, incapaz de a meter lá dentro com Nuno Santos a servi-lo de bandeja (90'+2).

 

Do calafrio aos 77'. Quando o Boavista conseguiu introduzir a bola nas nossas redes. Os adeptos da casa festejaram, mas em vão. O golo acabou anulado pelo VAR: havia deslocação de 27 cm. 

 

De Trincão. Foi o último a entrar - só aos 86', substituindo Geny. Já com o Boavista acusando evidente desgaste fisico. Mesmo assim, falhou o drible nas duas vezes em que teve a bola nos pés. Atravessa um período de baixo rendimento já excessivamente prolongado.

 

Do péssimo estado do terreno. Chamar àquilo "relvado" é um insulto a qualquer relvado. Cada vez que alguém dava um pontapé na bola, saltava um tufo de ervas do lamaçal do Bessa.

 

Das tochas lançadas pelas claques. A Juve Leo e o Directivo XXI não têm emenda: obrigam o Sporting a pagar multas atrás de multas em todas as jornadas. Ontem forçaram a interrupção do Boavista-Sporting por vários minutos após arremessarem vários engenhos pirotécnicos... contra a nossa própria baliza, perturbando Adán. E contribuindo para lesar o nosso clube. São mesmo letais ao Sporting.

Quente & frio

descarregar.webp

Vitória ao Sturm Graz desfez a maldição: foi a primeira vez que o Sporting triunfou na Áustria

Foto: Christian Bruna / EPA

 

Gostei muito da nossa estreia internacional desta época. Fomos vencer ontem (1-2) o Sturm Graz, equipa austríaca que segue em segundo lugar no campeonato do seu país. Não se tratou de uma simples vitória: foi a primeira vez que o Sporting arrancou um triunfo na Áustria - antes tínhamos ali somado dois empates e quatro derrotas. Muito saborosos, portanto, estes três pontos ali conseguidos neste início da nossa campanha na Liga Europa. Outra proeza de Rúben Amorim ao leme do emblema leonino. Balanço da temporada até agora: cinco vitórias e um empate. Melhor ainda: levamos vinte jogos oficiais seguidos sem perder. Nada mal.

 

Gostei da nossa segunda parte, sacudindo a apatia do primeiro tempo, e sobretudo da actuação do Sporting após a vaga de substituições. Desta vez o treinador mexeu muito bem na equipa, em duas fases: aos 62' tirou Matheus Reis e Trincão, mandando entrar Nuno Santos e Pedro Gonçalves; aos 78', Daniel Bragança, Geny e Morten deram lugar a Edwards, Fresneda e Morita. Perdíamos por 1-0 desde o minuto 58, havia que dar a volta à situação. Amorim não hesitou. As alterações trouxeram nova dinâmica e acutilância à equipa, que passou a visar com insistência a baliza adversária. Aí emergiram as figuras leoninas do jogo Com três destaques. Gyökeres, que marcou o primeiro aos 75', em lance de existência premiando o seu esforço incansável: quarto golo em apenas seis jogos de verde e branco - além de ontem ter feito "amarelar" dois adversários. Pedro Gonçalves, que está nos dois golos: pormenor de classe ao tirar um defesa do caminho e fazer o remate inicial antes da recarga do sueco; e marcando de forma exímia o livre de que resultou o segundo, aos 84'. Finalmente, Diomande: vai deslumbrando de jogo para jogo. Também ele participa nos dois golos, primeiro ao centrar e depois ao rematar cruzado, com a bola ainda a sofrer um ligeiro desvio em Coates. Este golo foi creditado ao uruguaio, mas merecia ser do marfinense, que elejo como o melhor dos nossos em campo. Quem diria que há oito meses andava pela Liga 2...

 

Gostei pouco da nossa falta de intensidade durante todo o primeiro tempo. Com a equipa a acusar os defeitos do costume: lenta na transição, demasiada posse estéril de bola, falta de capacidade de penetração nas linhas adversárias, processos muitos denunciados na construção ofensiva. E sem um só remate enquadrado. Ficou a sensação que devíamos ter posto o pé no acelerador logo nessa fase de jogo, preservando os jogadores da tensa incerteza daqueles 20 minutos finais. O Sturm é uma equipa totalmente ao nosso alcance, como ficou confirmado nestes três pontos que trouxemos da Áustria. Com apenas dois jogadores claramente acima da média: o guarda-redes holandês Scherpen (fez três defesas de grande categoria) e o médio ofensivo georgiano Kiteishvili (iniciou o lance que culminou no golo deles com um tiro disparado ao nosso poste direito). 

 

Não gostei das cinco alterações simultâneas feitas por Amorim face ao jogo anterior, contra o Moreirense. Para poupar vários titulares ao desgaste da Liga Europa. É verdade que o campeonato nacional é a nossa prioridade e o próximo desafio será com o Rio Ave já na segunda-feira. Mas Daniel Bragança (pouco dinâmico, pouco agressivo, falhando passes em progressão) revelou-se claramente inferior a Morita, Geny é muito mais inexperiente do que Esgaio e Matheus Reis não fez esquecer Nuno Santos. Paulinho foi perdulário na hora de visar as redes: rondou o golo, sem sucesso, aos 41', 59' e 67'. Muito pior esteve Trincão, que continua a parecer perdido em campo: ainda não fez uma só exibição bem conseguida nesta temporada 2023/2024. Sem justificar a titularidade, longe disso.

 

Não gostei nada do estado da relva. O chamado "tapete verde" apresentou-se impróprio para uma grande competição desportiva europeia. Prejudicando os jogadores mais tecnicistas da melhor equipa - a nossa. Tenho a certeza de que o relvado do José Alvalade estará em muito melhores condições quando recebermos a Atalanta na segunda jornada do nosso grupo, a 5 de Outubro.

No fim nem deu gozo

Há que chegar à conclusão que Trincão é estúpido, pois só um estúpido insiste em fazer sempre a mesma coisa à espera de um resultado diferente. Ou que ao fim de um ano não tenha aprendido a fazer mais outra coisa além daquela que faz sempre.

Há que suspeitar do estado de espírito de Pote: será que vamos ter de aturar os seus ciúmes toda uma época, como há 2 anos com Sarabia, por não ser a vedeta da equipa?

Há que temer a evolução de Inácio: passa cada vez pior (gorando a sua eventual evolução para trinco), está cada vez mais lento, é cada vez mais analfabeto a ler o jogo.

Há que receitar tranquilizantes a Reis, desde a pré-época que anda sobre brasas, instável e refilão, cada vez mais inseguro.

Tirando Gyökeres da equação vieram ao de cima todos os defeitos do Sporting do ano passado. E se o sueco foi genial, há que fazer a vénia a Morita, que se desdobra a cumprir missões para que não está inteiramente talhado, e Diomande  cada vez mais seguro.

 

PS: comentários em tom insultuoso seja para quem for não entram.

Pódio: Trincão, Pedro Gonçalves, Edwards

trincao.jpg

 

Em jeito de balanço, aqui fica a lista dos jogadores que receberam a menção de melhores em campo no último campeonato, em resultado da soma das classificações atribuídas pelos diários desportivos após cada jornada. Num total de 102 votos.

 

Trincão, certamente para surpresa de alguns, foi o jogador mais pontuado pela imprensa especializada em futebol ao longo da temporada que decorreu de Agosto a Maio. Ultrapassando Pedro Gonçalves, que duas épocas antes havia ocupado o primeiro lugar deste tão cobiçado pódio.

Só O Jogo não lhe atribuiu o primeiro posto, escolhendo Edwards em alternativa. Os dois canhotos, de qualquer modo, confirmaram-se como verdadeiros reforços num campeonato em que já não pudemos contar com a grande figura leonina da temporada anterior: o internacional espanhol Pablo Sarabia.

E por falar em espanhóis: vale a pena salientar que Porro, tendo saído de Alvalade logo no início da segunda volta, consegue ser o sexto mais votado. Proeza que justifica destaque, na comparação com vários jogadores que cumpriram a época inteira no Sporting.

 

Face ao balanço aqui feito em 2022, vale a pena salientar as subidas de Pedro Gonçalves (que quase triplica a votação anterior) e Gonçalo Inácio (que obtivera só uma menção). Adán sobe ligeiramente (de 5 para 7) enquanto Nuno Santos está praticamente no mesmo plano (12 votos há um ano, 11 agora). 

Paulinho cai do sexto lugar, com 7 votos, para o décimo posto, com apenas 4. Mas queda a pique é a de Coates: em 2022 era o quinto (com 8 votos), agora está no fundo da tabela. Reflexo evidente da sua quebra exibicional em campo, onde esteve longe da regularidade a que nos habituara.

Matheus Nunes obtém três votos - tendo atingido o pleno como melhor em campo logo no Braga-Sporting, jornada inaugural da Liga 2022/2023, pouco antes de rumar ao futebol inglês, onde alinha pelo Wolverhampton. Foi quanto bastou para ultrapassar o capitão leonino e o ausente Matheus Reis, desta vez sem qualquer menção.

Chermiti, nesta época de estreia na equipa A, tem uma posição honrosa: iguala Ugarte e supera Paulinho, apesar de só ter calçado entre os "adultos" a partir de Janeiro. Vale a pena reflectir neste facto - que deixo à consideração daqueles adeptos sempre prontos a denegrir os jovens da nossa formação.

 

Só no jornal A Bola a liderança de Trincão é clara. No Record, o minhoto empata com Pedro Gonçalves. 

O diário portuense faz escolhas solitárias em St. Juste e Fatawu. O jovem internacional ganês, agora dispensado pelo treinador, jogou muito pouco mas foi quanto bastou para dar nas vistas - pelo menos para os repórteres deste jornal.

De Esgaio ninguém falou.

 

Trincão: 16

Pedro Gonçalves: 14

Edwards: 13

Nuno Santos: 11

Morita: 9

Porro: 8

Adán: 7

Ugarte: 5

Chermiti: 5

Paulinho: 4

Gonçalo Inácio: 4

Matheus Nunes: 3

Fatawu: 1

St. Juste: 1

Coates: 1

 

A BOLA: Trincão (7), Pedro Gonçalves (5), Edwards (4), Nuno Santos (4), Morita (3), Chermiti (2), Paulinho (2), Adán (2), Ugarte (2), Matheus Nunes, Porro, Gonçalo Inácio.

RECORD: Trincão (5), Pedro Gonçalves (5), Porro (4), Edwards (4), Morita (3), Ugarte (3), Adán (2), Nuno Santos (2), Gonçalo Inácio (2), Matheus Nunes, Chermiti, Paulinho, Coates.

O JOGO: Edwards (5), Nuno Santos (5), Trincão (4), Pedro Gonçalves (4), Porro (3), Morita (3), Adán (3), Chermiti (2), Matheus Nunes, Fatawu, St. Juste, Paulinho, Gonçalo Inácio.

 

Há um ano foi assim: Sarabia, Porro, Nuno Santos.

Há dois anos foi assim: Pedro Gonçalves, Palhinha e Coates.

Há três anos  foi assim: Bruno Fernandes, Jovane, Vietto.

Há quatro anos foi assim: Bruno Fernandes, Raphinha, Nani.

Há cinco anos foi assim: Bruno Fernandes, Bas Dost, Gelson Martins.

Há seis anos foi assim: Bas Dost, Gelson Martins, Bruno César. 

Há sete anos foi assim: Slimani, João Mário, Gelson Martins.

Edu, Afonso, Chermiti e Dani dão nas vistas

Sporting, 1 - Genk, 1 (jogo de preparação)

trincão.webp

Trincão marcou logo aos 10': regresso de férias com o pé quente

Foto: Lusa

 

Primeiro jogo de preparação aberto aos adeptos do Sporting. Foi no estádio do Algarve contra o Genk, vice-campeão da Bélgica. Terminou 1-1, resultado feito na primeira parte.

Rúben Amorim pôs em campo o seguinte onze. Israel; Eduardo Quaresma, Coates, Gonçalo Inácio, Matheus Reis; Morita, Edwards, Afonso Moreira, Pedro Gonçalves; Trincão e Chermiti. Uma espécie de 4-4-2, com 5-3-2 em momento defensivo, fazendo supor que passará a actuar com dois avançados, dois extremos com pendor mais clássico e um par de médios criativos resguardados com um quarto defesa elástico, Gonçalo Inácio, como sucedâneo de "trinco" ou médio posicional.

As aparências iludem. Veremos se esta mudança do modelo táctico virá para ficar ou se visa apenas baralhar os nossos adversários a escassas semanas do início do campeonato. 

Apesar de o nosso golo ter surgido cedo (marcado por Trincão à ponta-de-lança, muito bem servido por Chermiti logo aos 10'), foi na segunda parte que estivemos em melhor nível. Com destaque para o regresso muito aplaudido de Daniel Bragança após um ano de lesão grave. Ele e três outros elementos da formação leonina (Afonso, Eduardo e o já mencionado Chermiti) foram os elementos mais em foco.

Faltou Gyökeres, a nova estrela da companhia.

 

Alterações, apenas duas. A troca de Morita por Daniel ao intervalo e a entrada de Jovane aos 80', substituindo Eduardo Quaresma, que saiu com queixas físicas.

Perante uma equipa forte e que iniciou mais cedo a preparação da época, faltou-nos o quê? Mais poder de fogo. Faltou também maior consistência defensiva - ponto fraco da época passada. O golo do Genk foi brinde nosso: erro clamoroso de Matheus Reis, aos 24', com passe lateral à queima para o guarda-redes que Israel não conseguiu interceptar. 

Até nem me importo muito que tenham erros destes nos jogos de preparação. Se nos desafios a sério nada disto acontecer.

 

Breve avaliação dos nossos:

Israel. O melhor: saiu duas vezes bem dos postes. O pior: o golo sofrido, embora o grande culpado tenha sido Matheus Reis. 

Eduardo Quaresma. O melhor: enfrentou bem Fadera, o mais acutilante do onze belga. O pior: saiu com queixas físicas, oxalá não seja nada grave.

Coates. O melhor: resolveu vários problemas com a sabedoria que só a experiência dá. O pior: algo preso de movimentos em lances pontuais.

Matheus Reis. O melhor: aguentou 90 minutos. O pior: o erro caricato que traiu Israel e permitiu aos belgas empatarem o jogo.

Gonçalo Inácio. O melhor: Amorim experimentou-o em movimentos de transição para a posição 6, confirmando a confiança nele. O pior: falhou alguns passes.

Morita. O melhor: passe longo, de 40 metros, que isolou Chermiti iniciando o nosso golo. O pior: substituído ao intervalo, pareceu longe da melhor forma física.

Edwards. O melhor: um passe de ruptura, mesmo ao findar o jogo para dentro da área que poderia ter gerado golo. O pior: pareceu apático, longe das zonas de decisão.

Afonso Moreira. O melhor: várias iniciativas individuais vistosas no flanco esquerdo, com vontade de impressionar o técnico. O pior: alguma precipitação ocasional, motivada pela ansiedade.

Pedro Gonçalves. O melhor: vê-lo agora com o número 8, que pertenceu a Bruno Fernandes. O pior: passou praticamente ao lado do jogo.

Trincão. O melhor: o golo, à ponta-de-lança. O pior: não ter aproveitado três outras oportunidades que lhe foram surgindo.

Chermiti. O melhor: soberba assistência ao recuperar uma bola junto à linha final e cruzando, em oferta de golo a Trincão. O pior: ter ficado desta vez em branco.

Daniel Bragança. O melhor: vê-lo regressar em boa forma, aparentemente sem sequelas da grave lesão. O pior: já amarelado, cometeu falta que lhe teria valido segundo amarelo num jogo a sério.

Jovane. O melhor: excelente pormenor técnico ao receber um passe longo de Coates e rodar, deixando para trás um adversário, aos 86', e "assistindo" Trincão. O pior: esteve pouco tempo em campo.

Balanço (28)

 

OS CINCO MELHORES GOLOS DO SPORTING - III

Trincão, no Sporting-Estoril

(27 de Fevereiro de 2023)

 

Após onze jogos em branco, o ex-Braga mostrou enfim um rasgo de génio. Aos 51' pegou na bola junto ao flanco esquerdo, levou-a em progressão, foi rasgando a defesa, tirou quatro do caminho e deixou o guarda-redes pregado - num lance à Messi, com a diferença de ter marcado com o direito, que é o seu pior pé. Mas nem parecia. Só para ver esta obra-prima valia a pena ter ido ao estádio.

Balanço (21)

tri.jpeg

 

O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre TRINCÃO:

 

- Pedro Belo Moraes: «Regular nulidade.» (3 de Novembro)

- José Navarro de Andrade: «Andou um pouco perdido em campo, longe do fulgor de outrora, e tem vindo ultimamente a aproximar-se do nível que dele se esperava. Era de tempo que ele precisava.» (20 de Dezembro)

- Edmundo Gonçalves: «Lento, vagaroso e previsível. A mais nesta equipa.» (23 de Janeiro)

Luís Lisboa: «Depois dum princípio de jogo a claudicar, Trincão abriu o livro e marcou um golo à Messi.» (27 de Fevereiro)

- Vítor Hugo Vieira: «Parece um jogador que ainda precisa melhorar a sua confiança. Se as coisas lhe começam a correr mal nunca mais aparece no jogo mas se correrem bem fica motivado e destaca-se. Mesmo no jogo de ontem, onde fez o um hat-trick, como seria se, em vez de marcar logo aos 17 segundos, tivesse falhado o golo? A qualidade está lá toda, o problema parece-me ser apenas mental e isso é algo que ele e todos os que o rodeiam têm de trabalhar.» (10 de Abril)

- Francisco Chaveiro Reis: «Trincão não é o novo Sarabia como muitos (eu, incluído) achavam, mas a espaços vai mostrando toda a sua qualidade. Melhora de semana para semana e, possivelmente, é o primeiro reforço para 2023-2024. Para já, leva 43 jogos, 11 golos e 3 assistências, números semelhantes (40 jogos, 9 golos e 11 assistências pelo Braga) aos que fizeram o Barça gastar 30 milhões no seu passe. Bem-vindo, Tri Tri Trincão.» (10 de Abril)

- Eu: «Começou como avançado-centro e terminou na ponta direita, sempre em alto rendimento: está a melhorar de jogo para jogo. Marcou um grande golo (o terceiro, aos 62', coroando bom trabalho individual, assistiu noutro (o segundo) e só não a meteu lá dentro também aos 37' devido a enorme defesa de Marafona. Fez ainda um magnífico centro aos 79' que Pedro Gonçalves desperdiçou. Já contabiliza 12 golos nesta época - a mais produtiva da sua carreira.» (8 de Maio)

Pena não termos jogado sempre assim...

Paços de Ferreira, 0 - Sporting, 4

descarregar.webp

Trincão muito cumprimentado logo após ter marcado o terceiro golo leonino em Paços

Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa

 

Foi uma grande exibição de futebol de ataque a que o Sporting fez, domingo passado, no estádio Capital do Móvel. Perante um Paços de Ferreira incapaz de dar luta mínima: durante todo o jogo, a turma anfitriã não fez um só remate enquadrado digno desse nome à nossa baliza nem sequer conseguiu ganhar um canto. Para cúmulo, ofereceu-nos o primeiro golo, logo aos 8', com um caricato atraso de Luiz Carlos, traindo o guarda-redes Marafona, que ainda lhe viu a bola ressaltar num pé antes de entrar.

Diga-se a verdade: os nossos jogadores não deram hipóteses. Com um Nuno Santos no comando das operações como extremo esquerdo, sem missão defensiva (Gonçalo Inácio assegurava esse trabalho), sempre a municiar o ataque. Ele próprio, talvez já enfastiado com os assobios escutados cada vez que tocava na bola, assinou uma obra-prima em forma de golo aos 33': simulou, sentando Marafona, e atirou por cima, num primoroso chapéu. Bastaria este lance para justificar o bilhete pago.

 

Também Trincão fez a diferença, numa das suas mais competentes exibições de verde e branco. Melhor em campo, vem evoluindo de jogo para jogo: leva já 12 golos marcados na temporada, algo que nunca antes conseguira.

Desta vez marcou o terceiro, aos 62', recebendo a bola e girando sobre si próprio enquanto deixava plantados os dois centrais do Paços e a metia no sítio certo. Outro grande golo, confirmando o bom momento de forma da nossa equipa no plano ofensivo. 

Pedro Gonçalves desta vez não marcou. Mas destacou-se com uma assistência - a sua décima neste campeonato, em que lidera isolado no número de passes para golo. Foi ele a municiar Trincão no terceiro desta goleada. O quarto viria a ser marcado por Chermiti, aos 90'+3, na última jogada do desafio. Golo à ponta-de-lança: foi só encostar, no sítio certo. Certamente dará muita confiança ao nosso jovem avançado, que tem apenas 18 anos.

 

No quarto de hora final Rúben Amorim desfez o seu habitual 3-4-3 para escalar a equipa num surpreendente 4-4-2, montando um meio-campo muito largo com Arthur à esquerda e Trincão à direita, enquanto o duo Tanlongo-Pedro Gonçalves pontificava no corredor central e o par Paulinho-Chermiti evoluía na grande área do Paços. Atrás, Bellerín recuava uns metros para fechar o quarteto (com Matheus Reis, Diomande e Gonçalo Inácio).

Interessante experiência, já a pensar na temporada que vai seguir-se.

 

Soube a muito?

Sim: é sempre bom golear fora de casa.

Mas também soube a pouco, este nosso décimo desafio seguido da Liga 2022/2023 sem derrotas. Dá cada vez mais a impressão que só decidimos carregar verdadeiramente no acelerador já demasiado tarde neste campeonato, quando Benfica, FC Porto e Braga se encontravam bem acima de nós na classificação. 

Agora cruzamos os dedos. Faltam três jogos para o pano cair, a turma braguista está quatro pontos à nossa frente e beneficia de um calendário aparentemente mais fácil. Nesta fase, quase só por milagre chegaremos à próxima Liga dos Campeões. Não é impossível, mas é muito improvável.

Querer nem sempre é poder: deixámos de depender só de nós. Tivéssemos actuado sempre como desta vez em Paços e tudo seria bem diferente...

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Quase sem trabalho. Não fez uma defesa digna desse nome.

Diomande - Exibição  positiva. Pena não ter concretizado uma oportunidade de golo logo aos 2', quando apareceu livre de marcação frente à baliza.

Coates - É ele a iniciar a jogada do segundo golo, com magnífico passe longo. Deslize aos 26', quando se deixou fintar por Guedes. Saiu aos 82'.

Gonçalo Inácio - Quase marcou na sequência de um canto, aos 33': Marafona impediu, com uma defesa quase impossível. Impecável nas dobras a Nuno Santos.

Bellerín - Arriscou pouco pelo seu corredor: tinha instruções para isso. Mas foi seguro na missão defensiva. E tem bom toque de bola, tanto no passe curto como nos cruzamentos.

Ugarte - Por vezes passa despercebido. Mas é de uma utilidade extrema. Basta reter este número: fez 11 recuperações.

Morita - Dinâmico no corredor central, criou duas situações de golo para Pedro Gonçalves (49' e 52'). Precipitou-se aos 53', oferecendo a bola em zona de perigo. Amarelado, saiu aos 65'.

Nuno Santos - Voltou a ser um poço de energia, indiferente às vaias que escutava das bancadas. Assinou um golaço aos 33': marcou pela oitava vez nesta Liga. Substituído aos 75'.

Edwards - Bastante apagado: pedia-se mais dele. Mesmo assim, fez um grande centro para Diomande (2') e quase assistiu Trincão aos 37'. Saiu aos 65'.

Pedro Gonçalves - Perdulário: a vontade enorme de marcar tirou-lhe discernimento. Podia tê-lo conseguido no primeiro minuto, aos 25' e aos 49'. Assistiu Trincão no terceiro.

Trincão - Marcou o terceiro culminando um brilhante trabalho individual, assistiu Nuno no segundo, esteve quase a conseguir outro golo (37'). Pôs a defesa do Paços em sentido.

Tanlongo - Entrou aos 65', rendendo Morita. Pareceu mais confiante no que noutros jogos. Rematou à figura (68').

Paulinho - Substituiu Edwards aos 65'. Veio de lesão, ainda fora de forma. Deu pouco nas vistas.

Arthur - Em campo desde os 75', por troca com Nuno Santos. Continua a jogar poucos minutos, mas sempre que entra faz a diferença - para melhor. Assistiu Chermiti no quarto golo. 

Matheus Reis - Substituiu Diomande aos 82'. Com vontade de mostrar serviço. Lateral esquerdo, subiu muito no terreno sem problema. Bons cruzamentos aos 85' e 87'. 

Chermiti - Substituiu Ugarte aos 82'. Actuou como ponta-de-lança clássico. Dispôs de duas oportunidades: na primeira (85') atirou ao poste; na segunda (90'+3), meteu-a no sítio certo.

Rescaldo do jogo de ontem

descarregar.webp

Chermiti cumprimentado por Trincão logo após marcar o quarto golo do Sporting

Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa

 

Gostei

 

Da goleada por 4-0. Fomos a Paços de Ferreira não apenas repetir a proeza da primeira volta em Alvalade (vitória por 3-0), mas ampliá-la. Viemos de lá com os três pontos - como nos competia - e um dos melhores resultados deste campeonato. Havia 2-0 ao intervalo.

 

De Trincão. Começou como avançado-centro e terminou na ponta direita, sempre em alto rendimento: está a melhorar de jogo para jogo. Marcou um grande golo (o terceiro, aos 62', coroando bom trabalho individual, assistiu noutro (o segundo) e só não a meteu lá dentro também aos 37' devido a enorme defesa de Marafona. Fez ainda um magnífico centro aos 79' que Pedro Gonçalves desperdiçou. Já contabiliza 12 golos nesta época - a mais produtiva da sua carreira. Melhor em campo.

 

De Nuno Santos. Dínamo da equipa, transformou o nosso corredor esquerdo num rolo compressor, criando várias situações de perigo. Começou muito bem, logo com um passe de ruptura para Pedro Gonçalves no minuto inicial. Momento culminante: o golaço que marcou aos 33', de chapéu, antecedido de uma simulação que fez sentar o guarda-redes. Candidato, desde já, a um dos melhores golos do mês na Liga 2022/2023.

 

De Chermiti. Destaque pela positiva apenas pelo golo que marcou, com assistência de Arthur: emenda preciosa no minuto final da partida (90'+3). Onze minutos em campo bastaram para facturar. É isto que se pede a um ponta-de-lança: eficácia a finalizar. Com apenas 18 anos, consolida a sua influência no plantel leonino.

 

De Matheus Reis. Também entrou apenas aos 82', mas foi quanto bastou para ser influente e conseguir imprimir acutilância no corredor esquerdo ofensivo. Impecáveis cruzamentos aos 85' e aos 87', a merecerem nota artística.

 

Da alteração táctica promovida por Rúben Amorim. Actuámos nos dez minutos finais com uma dupla de avançados: Paulinho e Chermiti, municiados por Arthur (pela esquerda) e Trincão (pela direita) e resguardados por Pedro Gonçalves alguns metros atrás, como médio ofensivo. Ensaio já a pensar na próxima época?

 

Do árbitro Nuno Almeida. Voltou a fazer uma arbitragem competente: critério largo, sem passar o tempo a interromper o jogo nem tentando ser o protagonista. Oxalá fossem todos assim.

 

Da festa leonina nas bancadas. Apoio entusiástico dos adeptos do Sporting nas bancadas do Estádio Capital do Móvel. Em certos momentos até parecia que jogávamos em casa.

 

De termos cumprido o 11.º jogo seguido sem derrotas. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara, Casa Pia, V. Guimarães, Famalicão e agora o Paços de Ferreira, empatámos com Gil Vicente e Arouca. Somos a equipa que está há mais tempo sem perder na Liga 2022/2023. Não sabemos o que é uma derrota desde o embate com o FCP em Alvalade. Temporada muito superior neste terço final em comparação com o terço inicial. Antes assim. 

 

De encurtar a distância para o Braga. Beneficiando da derrota braguista anteontem na Luz, vemos agora a turma minhota quatro pontos à nossa frente - quando há três jogos para disputar. É muito difícil chegarmos ao pódio deste campeonato, mas não impossível. Há que apoiar a equipa sem reservas nesta frenética recta final.

 

 

Não gostei

 

Do Paços de Ferreira. Uma das piores equipas do campeonato português. Começou por nos oferecer o golo inicial, aos 7', num atraso totalmente disparatado de Luiz Carlos, com a bola ainda a embater no guarda-redes Marafona. A equipa anfitriã terminou o jogo só com um remate enquadrado (Adán não fez qualquer defesa) e sem cantos. Não admira que até agora apenas tenha conseguido 8 pontos em casa.

 

De alguns remates desperdiçados. Pedro Gonçalves destacou-se neste capítulo, permitindo cortes da defesa ou a intervenção do guarda-redes aos minutos 1, 25 e 49. Mas redimiu-se assistindo Trincão no terceiro golo. É o jogador com mais assistências na Liga: já são dez.

Quente & frio

descarregar.webp

Coates: dois falhanços em três minutos contra a Juventus no nosso adeus à Liga Europa

Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

 

Gostei muito das exibições de Ugarte e Edwards neste ingrato Sporting-Juventus anteontem disputado no nosso estádio, com 45.903 espectadores - a esmagadora maioria dos quais puxando pela equipa do princípio ao fim. O internacional uruguaio (ausente do desafio da primeira mão, em Turim) revelou impecável sentido posicional, acorrendo às linhas mais recuadas sempre que foi necessário: na frente, sacou um precioso penálti, aos 18'; no meio-campo, distinguiu-se por cortes cirúrgicos, recuperações oportunas e desarmes perfeitos. O inglês soube criar, mostrou todo o seu talento individual em campo e cativou os adeptos com dribles estonteantes: foi dele o nosso golo solitário, de penálti, aos 20'; assistiu Trincão aos 17' (bola ao poste) e Coates aos 87'. Enquanto ex-craques leoninos, como Iordanov e Nani, assistiam ao jogo na tribuna de Alvalade.

 

Gostei de ver a nossa casa quase cheia, da atmosfera vibrante no estádio, dos cânticos de incentivo do princípio ao fim. Também gostei da exibição de Diomande, o nosso melhor defesa: sereno, seguro, com bom domínio de bola e notável precisão de passe. Notável a desarmar Chiesa aos 17' e aos 43', metendo-o no bolso. Extremamente eficaz a policiar Vlahovic: aos 57' impediu-o de chegar ao golo. Aos 86', interceptou de modo exemplar um passe de Kostic. E ainda foi lá à frente, sem complexos, disparar uma bola que rasou o poste (35'). Não restam dúvidas: estamos bem servidos com ele na linha dos centrais.

 

Gostei pouco de ver tantos remates infelizmente desaproveitados: 13, da nossa parte, mas apenas dois enquadrados com a baliza. Um desperdício. Nuno Santos cruzou seis vezes, sem nunca encontrar ninguém disponível na área. Pedro Gonçalves, bem posicionado, atirou frouxo, à figura do guarda-redes (74'). Esgaio, em inesperada incursão pela área italiana, rematou por cima aos 75'. Mas ninguém desperdiçou tanto como Coates, já como ponta-de-lança improvisado à beira do fim: quase-golos falhados aos 87' (oferta de Edwards) e aos 90' (com assistência de Arthur). 

 

Não gostei de sofrer um golo muito cedo nesta partida, marcado por Rabiot na primeira oportunidade, aos 9' - embora a nossa reacção tenha sido muito positiva: empatámos 11 minutos depois. Não gostei de ver o Sporting cair nos quartos-de-final da Liga Europa, fracassando noutro objectivo da época: caiu ingloriamente com este empate, insuficiente para virar a derrota tangencial em Turim (0-1), num desafio em que fomos superiores. Também não gostei de Gonçalo Inácio: teve deslizes comprometedores (o primeiro logo no minuto inicial, oferecendo a bola a Di María, melhor elemento da Juventus) e chocou com Pedro Gonçalves no golo sofrido, de bola parada. Nem de Trincão: sem ritmo nem automatismos como avançado-centro, sem capacidade de luta, foi neutralizado pela defesa adversária, espécie de corpo estranho na nossa equipa.

 

Não gostei nada que Rúben Amorim demorasse até aos 81' para mexer na equipa, quando o empate persistia e era fundamental agitar o jogo: as trocas de Gonçalo por Matheus Reis e sobretudo de Nuno Santos por Arthur só pecaram por tardias. Nem do nosso balanço nas competições europeias: só vencemos um desafio em Alvalade - contra o Tottenham, por 2-0. Também não gosto nada de ver as equipas portuguesas fora das 12 semifinalistas nas três competições da UEFA: nem uma para amostra. Impressionante contraste com a Itália, que contará com cinco emblemas (Inter e Milan na Liga dos Campeões; Juventus e Roma na Liga Europa; Fiorentina na Liga Conferência). Os restantes são dois espanhóis (Real Madrid e Sevilha), dois ingleses (Manchester City e West Ham), um alemão (Bayer Leverkusen), um suíço (Basileia) e um holandês (AZ Ikmaar). Que frustração.

A vitória foi difícil, mas foi nossa

Casa Pia, 3 - Sporting, 4

descarregar.webp

Trincão, herói do desafio disputado no Jamor: nunca tinha marcado três num jogo só

Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

 

Grande partida de futebol em Domingo de Páscoa, anteontem: foi até agora o jogo da Liga 2022/2023 com mais golos. Cheio de emoção até ao fim. 

Sete golos: eis o maior condimento deste belo cartaz de promoção do futebol que foi o Casa Pia-Sporting. Com os da casa (que continuam a actuar em palco emprestado, desta vez no Estádio Nacional) a revelarem eficácia máxima: três oportunidades, três golos. 

A vitória foi difícil, mas foi nossa. Contra a equipa-sensação deste campeonato, que venceu o Braga na Pedreira (0-1), impôs um empate caseiro ao FC Porto (0-0) e só não fez o mesmo com o Benfica, em desafio desenrolado no estádio de Leiria, porque os encarnados foram escandalosamente beneficiados pela arbitragem.

Recém-promovido ao primeiro escalão do nosso futebol, após muitos anos de ausência, o modesto emblema lisboeta aprendeu a bater o pé aos grandes. Assim fez ao Sporting: só aos 85' marcámos o golo da vitória, que fixou o resultado: 3-4. Beneficiando do facto de jogarmos contra dez a partir do minuto 64 devido à expulsão de Fellipe Cardoso, por acumulação de amarelos.

 

O herói desta partida chama-se Francisco Trincão - no seu melhor desempenho desde que actua de Leão ao peito. Marcou três dos quatro golos (primeiro, segundo e quarto) e está ainda envolvido no terceiro (apontado por Pedro Gonçalves). Estreia do jogador minhoto que fomos buscar ao Barcelona a apontar três de uma vez: nunca tinha alcançado tal proeza desde o início da carreira.

É dele também outro marco: o golo mais rápido do campeonato em curso. Bastaram 17 segundos para a introduzir na baliza. Grau máximo de eficácia. Desde a época 2014/2015 que ninguém se mostrava tão rápido a marcar: acontecera com Adrien ao Boavista, no Bessa.

Nota negativa para a defesa leonina, que andou aos papéis. Quase irreconhecível. A tal ponto que Rúben Amorim tomou uma decisão com o seu quê de inédito: ao intervalo, com 2-2 no marcador, decidiu manter no balneário dois dos três centrais, trocando Diomande por St. Juste e Matheus Reis por Gonçalo Inácio.

Estaria certamente irritado - e preocupado - com tantas falhas defensivas, no plano individual e colectivo.

Os números não iludem: levamos 26 golos sofridos. Metade dos que tínhamos na mesma jornada 27 há dois anos, quando fomos campeões.

 

A meia hora final foi imprópria para cardíacos, de parte a parte.

A verdade, porém, é que conseguimos empurrar a turma da casa para o seu reduto defensivo, sobretudo a partir do minuto 70. A pressão que exercemos foi tão intensa, já com Arthur a dominar a ala direita e Morita a infiltrar-se com perícia entre linhas, que o golo vitorioso se antevia a qualquer momento - excepto para os pessimistas irrecuperáveis. Aqueles que Rogério Azevedo tão bem descreveu ontem no jornal A Bola: «Leão que é leão pode ter nove pontos de avanço a três jornadas do fim, com vantagem no confronto directo, e mesmo assim desconfia. Torce o nariz, franze o sobrolho e passa as mãos por uma toalha para que esta lhe seque as mãos sempre húmidas».

 

A verdade é que vencemos. Não liguem àqueles que comentam este jogo como se tivéssemos empatado (como o FCP) ou até perdido (como o Braga).

Outro facto inquestionável: há onze jogos seguidos que o Sporting não perde. Desta vez não se trata de bater qualquer recorde, mas é uma marca já digna de registo. E de respeito. 

Bom augúrio para o embate desta quinta-feira contra a Juventus em Turim? Por mim, não hesito na resposta: é afirmativa. Sem torcer o nariz nem franzir o sobrolho.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Voltou a sofrer três golos, algo que só tinha acontecido nas jornadas 1 e 3 contra Braga e FC Porto, fora de casa. Sem responsabilidade em nenhum deles. 

Diomande - Claramente fora de forma, com pouca intensidade e alguma imprecisão nos passes, algo surpreendente nele. Será culpa do Ramadão. Saiu ao intervalo.

Coates - Tarde desinspirada do capitão, que claudicou nos golos sofridos: lentidão de reflexos e deficiente leitura dos lances. Jogou a ponta-de-lança entre os minutos 68 e 85.

Matheus Reis - Claramente em dia não, esteve mal nos dois primeiros golos do Casa Pia. Apático e trapalhão. O treinador retirou-o do jogo ao intervalo.

Esgaio - Neste seu jogo n.º 200 do campeonato, foi o melhor da nossa defesa - o único sem culpa em qualquer dos golos que sofremos. Aos 39', assistiu Trincão no segundo.

Ugarte - Quase se limitou a recuperar bolas e a vigiar o corredor central, quando o Casa Pia atacava pelos flancos. Falhou remate aos 16': continua sem marcar.

Pedro Gonçalves - Exibição de grande nível. Duas assistências para golo e ele próprio a marcar um - o terceiro, aos 48'. É o rei das assistências da Liga 2022/2023, já com nove.

Nuno Santos - Défice de pontaria nos cruzamentos, que raras vezes lhe saíram bem medidos. Azar ao tentar um alívio na grande área: num ressalto, o Casa Pia marcou o segundo.

Trincão - O seu melhor jogo pelo Sporting. Marcou aos 17'', 39' e 84'. Ainda teve intervenção no terceiro, com um toque de calcanhar cheio de classe para Morita. Tarde de gala.

Edwards - Abusou dos rodriguinhos, dando sempre um toque a mais na bola e perdendo ângulo de remate. Também abusou das quedas a simular penálti. Arriscou ver um cartão.

Chermiti - Dispôs de duas bolas prontas para golo, aos 20' e aos 34', mas permitiu a intervenção da defesa adversária por lentidão e talvez imaturidade. Saiu ao intervalo.

St. Juste - Rendeu Diomande aos 46'. Mais veloz e acutilante, atento às dobras sem perder intenção ofensiva. Podia ter feito melhor no terceiro golo que sofremos.

Gonçalo Inácio - Entrou aos 46', rendendo um desinspirado Matheus Reis. Melhor no passe longo do que o colega. Mas também não saiu isento de culpa no terceiro do Casa Pia.

Morita - Substituiu Chermiti (46'), permitindo a Pedro Gonçalves subir no terreno. Notável precisão no passe, batalhador pela posse de bola. Assistência perfeita no terceiro golo.

Arthur - Rendeu Esgaio (68'). Com maior propensão ofensiva, dinamizou o corredor direito, mais como extremo do que como ala. Contribuiu para o assalto final ao reduto adversário.

Rochinha - Último a entrar, aos 85'. Ainda a tempo de participar na construção do quarto golo, momentos após ter substituído Nuno Santos. Batalhador.

Pódio: Trincão, Pedro Gonçalves, Morita

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Casa Pia-Sporting pelos três diários desportivos:

 

Trincão: 22

Pedro Gonçalves: 19

Morita: 16

Edwards: 15

Arthur: 15

Esgaio: 14

Nuno Santos: 14

Ugarte: 14

St. Juste: 13

Adán: 13

Gonçalo Inácio: 12

Chermiti: 10

Diomande: 10

Rochinha: 9

Matheus Reis: 8

Coates: 8

 

Os três jornais elegeram Trincão como melhor em campo.

Chicão

Trincão não é o novo Sarabia como muitos (eu, incluído) achavam, mas a espaços vai mostrando toda a sua qualidade. Melhora de semana para semana e, possivelmente, é o primeiro reforço para 2023-2024. Para já, leva 43 jogos, 11 golos e 3 assistências, números semelhantes (40 jogos, 9 golos e 11 assistências pelo Braga) aos que fizeram o Barça gastar 30 milhões no seu passe. Bem-vindo, Tri Tri Trincão.

O (des)bloqueio mental de Trincão

Em 2019/2020, pode-se dizer que Francisco Trincão foi o jogador revelação do campeonato, especialmente na 2.ª volta, quando "explodiu" e passou a titular absoluto do Braga, com muitos golos e assistências.

Ainda assim, ninguém esperaria que meia época de grande qualidade o levasse logo para um dos maiores clubes do mundo, o Barcelona, mas foi precisamente isso que sucedeu, tendo o clube catalão investido 31 milhões de euros, na altura a maior transferência de sempre do Sp. Braga. 

Como seria de esperar, aos 20 anos, o jovem Trincão teve dificuldades para se impor em Espanha, num clube onde historicamente têm sido muitos os jogadores portugueses que passam pelos mesmo problemas. 

Não surpreendeu ninguém que na 2.ª época o seu clube tenha decidido emprestá-lo. Foi para o Wolverhampton onde se esperava que fosse actuar regularmente, mas não foi de todo o caso, acabando por fazer mais uma temporada fraca.

Não se impor no Barcelona nunca deve ser bom para a confiança de um atleta, mas pior ainda deve ser quando nem no Wolverhampton se consegue fazer a diferença.

Assim chegámos ao início desta temporada, quando o Sporting precisava de um substituto para Pablo Sarabia e Rúben Amorim deve-se ter lembrado de Trincão, que ainda chegou a treinar em Braga, apostando que o conseguiar recuperar e voltar aos tempos em que fazia a diferença.

Depois de um início de temporada fraco, fruto de dois anos sem jogar regularmente, começaram a melhorar os índices físicos e a confiança, cimentada com três golos em dois jogos seguidos, que pareciam indicar que o melhor estava para vir. Mas o melhor nunca veio e Trincão nunca conseguiu ser consistente.

Parece um jogador que ainda precisa melhorar a sua confiança. Se as coisas lhe começam a correr mal nunca mais aparece no jogo mas se correrem bem fica motivado e destaca-se.

Mesmo no jogo de ontem, onde fez o um hat-trick, como seria se, em vez de marcar logo aos 17 segundos, tivesse falhado o golo?

A qualidade está lá toda, o problema parece-me ser apenas mental e isso é algo que ele e todos os que o rodeiam têm de trabalhar. 

Rescaldo do jogo de ontem

descarregar.webp

Trincão marcou três golos ao Casa Pia no Jamor: a sua melhor exibição pelo Sporting

Foto: Miguel A. Lopes / EPA

 

Gostei

 

Dos três pontos que trouxemos do Jamor. Confronto difícil com o Casa Pia, equipa-sensação do campeonato, que há um ano jogava no segundo escalão e nem tem podido utilizar o seu estádio. Mas cumprimos o essencial: vencemos por 3-4. Estamos na luta, em perseguição constante ao Braga para um lugar no pódio desta Liga 2022/2023.

 

De Trincão. Foi, de longe, o seu melhor jogo desde que chegou ao Sporting. Talvez tenha sido o jogo que desfez as dúvidas ainda existentes entre os adeptos, projectando-o como potencial craque - e um dos activos mais valiosos do plantel leonino. Marcou três golos - algo que ainda não tinha conseguido numa só partida e que neste campeonato apenas Taremi alcançara uma vez. O primeiro, logo aos 17 segundos, de pé direito. O segundo foi aos 39' - golaço, com a bola bombeada em arco para um ângulo impossível. E o terceiro, que nos valeu a vitória, aos 85'. Exibição de luxo, inquestionável. Melhor em campo, claro.

 

De Pedro Gonçalves. Outra excelente exibição, confirmando-se como patrão do nosso onze actual. Está cada vez mais influente, mais confiante, mais determinado, com melhor visão de jogo e maior disciplina táctica. Mas precisa de actuar lá na frente, com óbvia vantagem para a equipa. Viu-se ontem, frente ao Casa Pia: um golo (aos 48') e duas assistências (para o primeiro e o terceiro de Trincão). Foi também ele, pela sua combatividade, a estar na origem da expulsão de Fellipe Cardoso, por acumulação de amarelos -  o que nos fez jogar contra dez durante cerca de meia hora. Soma e segue: já leva 18 golos marcados na época em curso.

 

De Morita. Em constante progressão no plantel leonino. Desta vez Rúben Amorim manteve-o fora do onze inicial, certamente a poupá-lo para o desafio de quinta-feira, da Liga Europa, frente à Juventus. Ao intervalo, o técnico percebeu que não podia dar-se ao luxo de manter o internacional japonês no banco. E fez bem: é um médio de características ofensivas que domina muito bem a bola e sabe empurrar a equipa para a frente com intenção e critério. Assistência perfeita, aos 48', a isolar Pedro Gonçalves para o terceiro golo.

 

Do espectáculo. Em tarde de Domingo de Páscoa, este Casa Pia-Sporting foi um excelente cartaz de promoção do futebol. Emoção constante, intensidade ofensiva, resultado incerto, suspense até ao fim. Estivemos três vezes em vantagem, e por três vezes os "gansos" conseguiram empatar - aos 7', aos 54'+2 e aos 62'. Não esqueçamos que esta é a mesma equipa que, também em casa (mas não no seu estádio), impôs em Janeiro um empate a zero ao FC Porto para o campeonato e em Novembro derrotou o Braga na Pedreira.

 

Dos golos. Esta foi, até agora, a partida com mais golos na Liga 2022/2023. Foi também aquela em que ocorreu o golo mais rápido - 17 segundos após o apito inicial. Foi ainda a primeira vez que marcámos quatro num só jogo deste campeonato. O golo é o condimento supremo do futebol: eis, portanto, outro ponto a destacar pela positiva.

 

Do apoio incessante dos adeptos. Nunca faltou aos nossos jogadores o incentivo das bancadas. Mesmo com muitos adeptos a chegar tarde devido às deficientes condições de acesso ao estádio e de entrada no Estádio Nacional, algo que necessita de revisão urgente. 

 

 

Não gostei

 

Dos três golos encaixados. Um balde de água fria após cinco jogos seguidos com as nossas redes invioladas. Desde a era de Leonardo Jardim, há dez temporadas, que não estávamos tanto tempo sem sofrer golos. 

 

Da defesa. Desta vez o problema estava lá atrás. Com um trio composto por Diomande, Coates e Matheus Reis. De tal maneira que dois deles saíram ao intervalo: o marfinense, talvez debilitado por estar a cumprir o 20.º dia de Ramadão, e o brasileiro, que teve responsabilidades no primeiro golo - o segundo acaba por acontecer após ressalto, infeliz para nós, em Nuno Santos, que corria para ajudar. As entradas de St. Juste e Gonçalo Inácio ajudaram a estabilizar a linha defensiva, que melhorou no segundo tempo. Mesmo assim, culpas repartidas entre Coates e Gonçalo no terceiro que sofremos. Alguma apatia, pouca dinâmica, desconcentração, incapacidade de prever os movimentos adversários.

 

De Chermiti. Segunda partida consecutiva a substituir Paulinho, ausente por lesão. Novamente sem fazer a diferença em zonas de decisão. Deixou-se antecipar nas duas flagrantes oportunidades de que dispôs, aos 20' e aos 34'. Sem surpresa, já não regressou após o intervalo. Com apenas 18 anos, tem ainda muito para evoluir.

 

Do resultado ao intervalo. Estávamos empatados 2-2. Consequência da excessiva lentidão do nosso jogo durante a meia hora inicial e da falta de pressão sobre o portador da bola quando o Casa Pia saía em ataque organizado. Dava a impressão que alguns jogadores - talvez quase todos - estavam já a pensar mais no desafio contra a Juventus, poupando-se neste. Ia-nos saindo caro.

 

Da classificação. Seguimos em quarto lugar, vendo o Braga com mais cinco pontos, o FC Porto com mais sete e o Benfica a uns inatingíveis 14 pontos. Há cada vez menos tempo e menos espaço de recuperação, quando só faltam sete jornadas. O melhor a que ainda podemos aspirar, realisticamente, é ao último posto do pódio. 

Belo golo de Trincão e Bellerín já marca

Sporting, 2 - Estoril, 0

descarregar.webp

Héctor Bellerín, autor do primeiro golo leonino: há dois anos que não marcava

Foto: José Sena Goulão / Lusa

 

Há jogos assim: apenas para ver um golo - um grande golo - vale a pena ir ao estádio.

Aconteceu na passada segunda-feira, na recepção ao Estoril. Trincão pegou na bola na ala esquerda ofensiva, flectiu para o centro com ela dominada, colando-a ao pé esquerdo e fez uma incursão rápida pela área estorilista. Passou um, dois, três, quatro - e rematou de pé direito, sentando o guarda-redes. 

Era o nosso segundo golo, aos 51'. De antologia, fazendo lembrar alguns dos melhores de Messi nos seus anos áureos. Candidato desde já a golo do ano neste campeonato 2022/2023. Sinal inequívoco de que Trincão - que várias vezes tenho criticado - precisa de ser mais trabalhado não no plano técnico, mas no plano mental.

O mais importante está lá. Os números comprovam: faltam a Trincão dois golos para conseguir o seu melhor registo como artilheiro numa época. Precisa de maior acompanhamento no capítulo psicológico para aumentar os níveis de confiança. Será o principal problema dele.

 

Selava-se o resultado, confirmava-se a vitória leonina numa partida que dominámos do princípio ao fim. Infelizmente, perante o mais baixo número de espectadores para um desafio deste campeonato no Estádio José Alvalade: apenas 22.303 compareceram.

Foi pena, mas não admira muito: os horários têm sido péssimos, os preços mantêm-se desencorajadores, as fracas exibições da nossa equipa não têm ajudado a atrair o público. A SAD do Sporting tem de encarar este conjunto de questões muito a sério - cada qual na sua ordem de prioridades.

 

O que se retira desta vitória? Desde logo esta evidência: St. Juste e Bellerín são reforços, não enganam. Pena o espanhol ter vindo só por empréstimo. Mas parece estar a aproveitá-lo bem. De tal maneira que foi ele o autor do nosso primeiro golo, aos 40', aproveitando da melhor maneira um ressalto como se fosse interior direito, já longe da ala.

Há dois anos que não marcava. A última vez tinha sido num Arsenal-Leeds, quando integrava o plantel dos gunners. Esperemos que a quebra deste jejum indicie que outros golos dele virão aí. Porro parece ter um digno sucessor como ala direito na nossa equipa.

Bellerín, titular, combinou muito bem no seu corredor com Edwards. O inglês esteve quase a abrir o marcador, aos 39', num espectacular remate em arco que rasou a barra estorilista. Mais uns centímetros abaixo e teria entrado. Seria outro golo espectacular. 

 

Inversamente, Paulinho teve outra prestação muito apagada. Rematou uma vez, é certo: aos 18', após soberbo centro de Edwards, mas o cabeceamento foi bloqueado pelo guarda-redes. Depois o nosso avançado-centro sumiu-se da partida. Não sem antes tentar simular uma falta que não existiu - comportamento recorrente nele.

Várias vezes tenho apontado esta péssima característica de Paulinho. Há uma tendência no Sporting para criticar elementos de outras equipas que exibem os erros e defeitos evidenciados por alguns dos nossos, contestando muito os primeiros mas não os segundos, como se estes não fizessem o mesmo.

Prefiro ser mais exigente com os nossos. Daí considerar lamentável essas sessões de mau teatro.

 

Enfim, boa arbitragem do árbitro Manuel Mota, hoje um dos melhores em Portugal. Já foi um dos piores, o que comprova até que ponto o nível da arbitragem tem baixado.

Sem cartões, só 15 faltas, nenhum caso controverso. Mota é dos poucos que não confundem contacto físico com falta e não se deixam embarretar com os mergulhos para o relvado. Para termos futebol à inglesa precisamos de arbitragens à inglesa. Como esta foi.

Logo a seguir, no Vitória-Braga desse mesmo dia 27, apitado pelo famigerado senhor Luís Godinho, voltou tudo ao mesmo. Em vez de festa do futebol, festival de apito.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Foi uma das boas notícias do jogo frente ao Estoril: manteve as nossas redes intocáveis. Grande defesa aos 22'. Saiu muito bem dos postes aos 37'. Voltou a transmitir confiança à equipa.

St. Juste - Recuperou a titularidade revelando segurança e solidez a defender e capacidade de avançar no terreno com a bola controlada. Iniciou a construção do primeiro golo.

Coates - Tem revelado algum cansaço. Desta vez, felizmente, não foi necessário adaptá-lo a ponta-de-lança improvisado. Se fosse preciso, lá estaria ele. Já marcou 30 golos de Leão ao peito.

Matheus Reis - Regressou ao onze, mas parece longe da boa forma que evidenciou noutras partidas. Perdeu a bola em zona proibida, aos 22', e pareceu ficar marcado por esse lance.

Bellerín -  Revelou confiança e maturidade no lance do golo que desbloqueou o jogo. Confiança no domínio da bola e maturidade no disparo à baliza, sentando o guarda-redes. 

Morita - Foi campeão das recuperações neste jogo sem Ugarte, seu parceiro no meio-campo. Chegou e sobrou para as encomendas, batendo-se como um leão nessa zona nevrálgica.

Pedro Gonçalves - Novamente devolvido ao meio-campo, embora mais adiantado do que Morita, já próximo das linhas avançadas. Muito móvel, baralhando marcações. Faltou-lhe o golo.

Nuno Santos - Foi dele o primeiro remate perigoso (13') num remate cruzado rasteiro que passou perto do poste esquerdo. Dois bons centros para Paulinho (32' e 36'), ambos desaproveitados. 

Edwards - Ofereceu um golo a Paulinho e esteve a centímetros de marcar um golaço, ele próprio. Muito activo na ala direita, venceu no confronto com Joãozinho. Combinou bem com Bellerín.

Trincão - No primeiro tempo parecia alheado do jogo, mas regressou ao relvado com uma atitude totalmente diferente. Marcou um golão e podia ter marcado mais dois.

Paulinho - Outro jogo sem marcar. Cabeceou com intenção, bem servido por Edwards, mas viu o guarda-redes negar-lhe o golo (18'). Foi-se apagando até ser substituído.

Chermiti - Entrou aos 67', rendendo Paulinho. Aos 90' recebeu a bola de costas, em posição frontal: rodopiou e rematou, para defesa apertada do guarda-redes. Merecia mais tempo.

Gonçalo Inácio - Substituiu Coates (67'). Desta vez no eixo da defesa, contribuiu para a construção a partir de trás e ajudou a manter a nossa baliza impermeável.

Esgaio - Rendeu Bellerín aos 77'. Manteve a solidez defensiva na ala direita numa fase da partida em que o objectivo principal era segurar a bola, sem facilitar.

Arthur - Substituiu Nuno Santos (77'). Extremo clássico, pouco vocacionado para defender. Sente-se melhor a atacar. Os números comprovam: já tem quatro golos e quatro assistências.

Tanlongo - Rendeu Pedro Gonçalves aos 82'. Ainda não foi titular desde que chegou ao Sporting. Demonstra boa técnica, mas precisa de refrear melhor as entradas mais ríspidas.

Gonçalo, Pedro Gonçalves... e Trincão

GI.webp

 

Ter o novo seleccionador nacional de futebol a assistir ao jogo, na tribuna de Alvalade, pode constituir um factor adicional de motivação. E se calhar foi mesmo, nesta segunda-feira, em que dominámos por completo e vencemos o Estoril por 2-0.

Sob esta observação intensa do espanhol que sucedeu a Fernando Santos no comando da equipa das quinas, Gonçalo Inácio foi seguramente um dos nossos jogadores que mais terão aproveitado esta oportunidade. Com a linha central à direita agora bem preenchida com St. Juste e Diomande, pode enfim actuar na sua posição natural, à esquerda, como canhoto que é. O que potencia a sua utilização no onze nacional.

Pedro Gonçalves é, naturalmente, outro jogador sob escrutínio. Este nem terá sido dos seus melhores jogos, mas Roberto Martínez - com uma capacidade de observação muito acima da média, até por ter liderado a selecção belga durante seis anos - sabe com certeza que o ex-Famalicão terá de constar das próximas convocatórias.

Resta quem? Nuno Santos, claro. Mas a concorrência é fortíssima: não ignoramos como a ala esquerda está bem servida na equipa nacional. 

Claro que há sempre lugar para uma surpresa. Quase apostaria que Rúben Amorim falou disso a Trincão ao intervalo, lembrando-lhe quem estava na tribuna a tomar notas sobre o jogo. Às vezes estes pormenores fazem toda a diferença. Talvez isto contribuísse para o enorme contraste da exibição do ex-Braga do primeiro para o segundo tempo - exibição coroada com um golo de antologia.

Pode ter sido coincidência. Ou não.

 

{ Blogue fundado em 2012. }

Siga o blog por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D