Calhou ontem a transmissão da InácioTV ter transmitido, passe a redundância, a SportTV lusa.
Em regra, quando isso acontece, desligo o som à pantalha e vou acompanhando as imagens, mas ontem deixei correr o marfim.
Os comentários foram de Vítor Paneira, conhecido apoiante da lampionagem, no entanto a minha alma foi ficando parva ao longo do jogo com os elogios do ex-futebolista encarnado para com a equipa do Sporting. Não que não fossem merecidos, que o foram, no entanto registo o facto não pelo óbvio, mas como um sinal de que o Sporting conta, reconhecendo o bom trabalho do comentador.
Não foi por isso que aqui vim.
Parafraseando Pedro Oliveira, vim aqui para dizer mal, mais uma vez!
Na mesma transmissão, dizia o papagaio de serviço que a zona reservada aos espectadores com o cartão de adepto, estava completamente vazia. Isto, para quem vai escondendo a cabeça na areia como o secretário de estado do desporto e juventude, deveria ser matéria de reflexão, tal o fracasso da medida e a quase nula adesão.
Sei que há uma proposta na AR para terminar com esta medida sem sentido, mas se aí não for votada com tino, esperemos que o próximo governo saia ele de onde sair, olhe com olhos de ver para esta aberração e se for do mesmo partido, que ofereça uns patins ao senhor secretário de estado, que tão incompetente tem sido, benza-o Deus...
De Coates. Voltou a dar nas vistas. Foi dele o primeiro remate com muito perigo, de cabeça, na sequência de um canto: o guarda-redes André Ferreira defendeu com dificuldade. Revelou-se decisivo aos 47' com assistência para o primeiro golo, também de cabeça. E ainda marcou (de pé direito) aos 76', mas desta vez não valeu por fora-de-jogo de Nuno Santos nesse lance. Influente na defesa e no ataque. Cumpre uma época ao mesmo nível da anterior.
De Gonçalo Inácio. Regressou aos golos. O primeiro foi dele, imitando Coates, com assistência do capitão. Meteu-a lá dentro de cabeça. Até parece fácil, mas não é. Merece a convocatória à selecção nacional sub-21 já anunciada pelo seleccionador Rui Jorge.
De Matheus Reis. Vem progredindo de jogo para jogo. Com uma polivalência digna de registo. Eficaz no corte, eficiente na recuperação. Desta vez actuou como central, do lado esquerdo, substituindo Feddal. Cumpriu com distinção, combinando bem com Nuno Santos: aquele corredor foi dominado por esta dupla do princípio ao fim.
De Nuno Santos. Ala com a incumbência de actuar também como extremo. Assim fez, empurrando sempre a equipa para a frente: justificou o regresso ao onze titular. Grandes cruzamentos aos 10', 16', 43' e 90'. Falhou por pouco o golo, aos 47'. Parece infatigável.
De Esgaio. Por lesão de Porro, actuou desta vez como titular na ala direita. Cumprindo com distinção a missão que o treinador lhe confiou. Momento alto: a assistência para o segundo golo, num centro medido com régua e esquadro. Serviu da melhor maneira Paulinho (36') e Nuno Santos (47'). Foi dos primeiros a tentar o golo, com um disparo fortíssimo logo aos 10'. Para mim foi o melhor em campo.
De Pedro Gonçalves. Primeira parte apagada. Despertou na segunda, voltando a exibir as qualidades que bem lhe conhecemos. A principal está ao nível do remate, sempre mais em jeito do que em força. Assinou o segundo golo leonino, sentenciando a partida aos 70'. E vão sete, marcados em várias competições nesta temporada, apesar da longa lesão que o afastou dos relvados.
De Tabata. Entrou aos 68', substituindo o apagado Sarabia. Apesar de não ser aposta frequente de Amorim para a equipa-base, não parece perder motivação. Pelo contrário: no minuto seguinte, foi dos pés dele que começou a jogada do nosso segundo golo, com um passe certeiro para Esgaio assistir. Aos 90' esteve quase a marcar, num remate desviado para canto pelo guardião pacense.
Do nosso bloco defensivo. Irrepreensível, uma vez mais. Domínio total - ao ponto de Adán não ter feito uma só defesa digna desse nome. Estes jogadores (Coates, Gonçalo, Matheus Reis) parecem jogar de olhos fechados, antecipando as movimentações uns dos outros. Com Palhinha a confirmar-se como imprescindível à frente da defesa: o bloqueio das acções ofensivas adversárias começa sempre nele. Em 11 jogos, temos apenas quatro golos sofridos: a nossa melhor marca em 31 anos à décima jornada.
Do reencontro com Antunes. O lateral do Paços de Ferreira, campeão nacional pelo Sporting, foi o melhor em campo pela sua equipa. Demonstrando que aos 34 anos mantém intactas várias das qualidades que noutros tempos o conduziram à selecção nacional. Foi bom revê-lo: é um excelente profissional.
Do apoio incessante dos adeptos. Na noite fria de Paços de Ferreira, nunca esmoreceram. Melhor assistência do estádio da Capital do Móvel nesta época, com mais de cinco mil nas bancadas. Sportinguistas em evidente maioria. As restrições provocadas pela pandemia ficaram felizmente para trás.
De continuarmos lá em cima, na classificação. Em segundo, mas em igualdade pontual com o FC Porto. E um ponto acima do Benfica. Somamos 29 pontos à 11.ª jornada - um terço da prova principal do futebol português já cumprida. Tantos como na época anterior pela mesma altura. O caminho faz-se caminhando rumo ao bicampeonato.
Não gostei
Do empate a zero que se registava ao intervalo. Era decepcionante, atendendo ao domínio total do Sporting em campo. Felizmente foi desbloqueado logo após o reatamento, dois minutos depois. A partir daí o destino da partida estava selado.
De Sarabia. O internacional espanhol esteve muito apagado, acabando por dar lugar a Tabata. Em contraste com a partida de quarta-feira, contra o Besiktas. Estaria já a pensar nos confrontos que irão seguir-se ao serviço da selecção espanhola?
De ver Paulinho a claudicar de novo. Sempre incentivado pelos adeptos, o nosso avançado-centro voltou a falhar um golo cantado: isolado face ao guarda-redes, aos 73', desperdiçou esta excelente oportunidade de ampliar a vantagem tentando fazer um chapéu ao guarda-redes que este prontamente neutralizou. Onze jogos, apenas um golo marcado no campeonato.
Das paragens. Típico futebol à portuguesa: ao menor toque, os jogadores atiram-se para o chão, ficando a contorcer-se com supostas dores que cortam ritmo ao jogo e vão estragando o espectáculo. Não vemos nada disto nos melhores campeonatos europeus. É tempo de começarmos a pôr fim a estas más práticas, que vão contando com a contemporização dos árbitros.
Na época passada, o jogo correu-nos bem. Fomos a Paços de Ferreira vencer a equipa local por 2-0, com golos de Coates e Jovane. Vitória mais fácil do que na temporada 2019/2020, em que lá ganhámos também, mas por 2-1 - com golos de Luiz Phellype e Bruno Fernandes.
E desta vez, como será? O jogo começa às 19 horas. Até ao apito inicial, receberei com muito gosto os vossos prognósticos para este Paços de Ferreira-Sporting.
Depois da magnífica vitória que conseguimos para a Champions, vamos amanhã a Paços de Ferreira defrontar a sempre difícil equipa local, numa jornada que pode ser muito importante. Porque vem depois duma jornada da Champions, e antes de mais uma paragem. O Benfica recebe o Braga e perdeu com ele em casa na época passada, o Porto volta aos Açores para defrontar aquela equipa que lhe acabou de ganhar para a Taça da Liga.
O jogo de Famalicão dalguma forma mostrou o que não deve acontecer neste tipo de jogos. Não ter paciência na construção, insistir no ataque à profundidade e ficar com a equipa partida em campo e exposta ao contra-ataque adversário. Com o Estoril e o Arouca já fizemos as coisas de forma bem diferente, e assim os jogos tornaram-se mais fáceis. De negativo ficou apenas o grande desaproveitamento das oportunidades criadas.
Depois da grande afinação já conseguida do trio defensivo, o grande desafio do momento para Rúben Amorim é a afinação do trio ofensivo, cada um deles quando recebe a bola perceber o que os outros vão fazer, quando um deles vai centrar os outros dois desmarcarem-se e darem-lhe linhas de passe libertas de defesas. São pequenas coisas que existem nas grandes equipas e que precisam de muito talento e trabalho para acontecerem. E talento temos na linha avançada, então só resta trabalhar. Aquele trio, e interessa pouco quem a mete lá dentro, tem de marcar muito mais do que tem conseguido até aqui.
Com Tiago Tomás talvez ainda lesionado, imagino então que Amorim convoque os seguintes elementos:
Guarda-redes: Adán e Virgínia.
Defesas: Neto, Coates, Inácio e Feddal.
Alas: Esgaio, Vinagre, Porro e Matheus Reis.
Médios: Palhinha, Bragança, Matheus Nunes e Ugarte.
Avançados: Sarabia, Jovane, Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Tabata e Paulinho.
E volto a insistir no último onze. Matheus Reis está finalmente a libertar-se e até a conseguir fazer uma coisa que francamente não esperava, a conseguir combinar muito bem com Sarabia. Enquanto conseguir entender as desmarcações de Sarabia e pôr-lhe a bola no momento certo, o lugar é dele.
Adán; Inácio, Coates e Feddal; Porro, Palhinha, Matheus Nunes e Matheus Reis; Sarabia, Paulinho e Pedro Gonçalves.
Concluindo,
Amanhã o Sporting entra em campo em Paços de Ferreira para ultrapassar a equipa local e prosseguir na liderança da Liga.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
PS: Relativamente ao jogo de quarta-feira, quem é que acertou? Quase todos, menos os adeptos do Bragança. Isto está a ficar fácil demais.
Venho saudar o nosso leitor Luís Ferreira. Só ele acertou não apenas no resultado mas também em João Mário como marcador no Sporting-Pacos de Ferreira de segunda-feira passada.
Merece parabéns por isto.
Sem terem triunfado nesta ronda de prognósticos, doze leitores e colegas de blogue merecem igualmente felicitações. Por terem antecipado o 2-0 final, embora prevendo outros marcadores dos nossos golos. O segundo, como sabemos, foi apontado por Palhinha - um grande golo, por sinal.
Fica o registo, por ordem alfabética: AHR, Alexandro, Carlos Correia, Carlos Duarte, David Craveiro, Edmundo Gonçalves, Gaspar, Leão de Queluz, Luís Lisboa, Pedro Batista, Tiago Oliveira e Verde Protector.
Mais uma vitória, límpida e onde qualquer um com dois dedos de testa percebe que Amorim a) não vai correr riscos só porque sim b) os amarelos são uma questão importante para as jornadas seguintes c) as lesões outra d) é a bola que corre e) quem está a perder é quem tem de tentar igualar.
Em cada jogo estão três pontos em disputa, não óscares da academia ou bolsas de mérito artístico. Devo ter sido o único a ver isto. Ontem, ouvindo comentário (até de sportinguistas), no fundo, o Sporting não joga nada e ganhou ao Paços (do super hiper mega Pepa) por TRÊS vezes porque, precisamente, não joga muito. Foi não jogando grande coisa que sofremos ZERO golos do super Paços.
Entenda-se: eu acho que o Paços joga bem e não faz anti-jogo. Acho que tem bons jogadores e um bom treinador. Mas também acho que em NENHUM DOS TRÊS JOGOS esteve sequer perto do empate.
Uma outra coisa. Os jornalistas, comentadores e repórteres têm de deixar de ser tão tugas-espertinhos. Ou então, atirem mesmo cascas de banana, sempre é mais divertido e as imagens correm mundo. As perguntas sobre lances polémicos – e mesmo quando não os há, qualquer lancezinho polémico serve – são exercícios de sadismo e cinismo coletivo.
Os treinadores e jogadores – de todas as equipas – andam ali hora e meia, à vista de milhões de pessoas, nervos em franja, tensão emocional. É evidente que o venenozinho do “acha que o lance não sei quê é penalty” pode muito bem ser a gota de água para que estes descarreguem a frustração.
De seguida, para se sentirem bem, os mesmos jornalistas, repórteres e comentadores vociferam que assim não pode ser, que o futebol português não aguenta mais este clima de suspeição e de ameaças.
Dica: EXPERIMENTEM perguntar apenas por lances de óbvia e clara dúvida. Haverá dois ou três por jornada. E talvez haja menos clima de suspeição.
Se precisarem de um estímulo, pensem que pode ser o vosso irmão, tio, pai, que é o árbitro ameaçado de morte ou o jogador que leva multas, castigos e fica marcado para o resto da carreira só porque se passou dos carretos por causa de perguntas venenosas sobre lances polémicos na área.
Ontem, nem vi o jogo do princípio, mas basta ver a flash e a conferência de imprensa para perceber que há um manto de suspeição e injustiça em cima da vitória de ontem. Talvez Feddal tivesse de ser preso, ali em campo. Talvez um penalty não assinalado pudesse ter valido uma vitória do Paços por 18 a zero. Ah, se o penalty do João Mário fosse repetido, se calhar ele teria dado uma cotovelada ao árbitro (ou uma cabeçada, embora aí só levasse um jogo), ia expulso, era penalty para o Paços tipo lances livres da NBA e o Paços ganhasse por 67 a zero… Quem sabe, quem sabe… E porquê? Porque o Paços é a equipa sensação e as narrativas escrevem-se sozinhas.
Com a vitória de ontem e os empates dos rivais, o Sporting deu mais um pequeno passo para a realização do maior objectivo da época, o acesso directo à Champions. A cada jornada que passa sem os rivais encurtarem a distância, mais perto se encontra esse objectivo, e também mais perto aquele outro que sabemos qual é mas não queremos dizer, e não há ninguém que nos obrigue. Deixamos a bazófia para os comentadeiros e para alguns idiotas dentro do clube que já se esqueceram como o título de há cinco anos foi perdido.
A vitória de ontem foi tranquila, diante duma equipa competente e bem orientada que nos tentou dificultar a vida ao máximo. Um jogo que começou em ritmo vivo, muito disputado a meio-campo, mas o árbitro conseguiu complicar o que era fácil, e foi marcando bem e mal faltas e faltinhas e distribuindo amarelos ao quilo, felizmente retraiu-se depois naquilo que seriam os segundos amarelos e esteve bem nos lances capitais: no penálti claro sobre Pedro Gonçalves e nos dois choques após os remates/centros que derrubaram Nuno Mendes e o avançado do Paços de Ferreira, devidamente deturpados pelo ressabiado e agora delegado sindical pró-grevista Duarte Gomes. Tirando esse lance muito bem defendido, nada mais Adán teve que fazer. Mais uma vez, ao contrário do que alguns dizem, marcámos na sequência dum lance de bola parada, e foi mesmo um grande golo "de laboratório".
Num jogo com estas características obviamente que o melhor em campo tinha de ser Palhinha, ainda mais pelo grande golo marcado, mas toda a equipa esteve muito bem, muito concentrada e competente naquilo que tinha de fazer, mesmo o "poste" Paulinho, que trabalha muito e abre espaços para os colegas. Falta ainda à equipa saber onde o procurar no último passe, mas isso vai com o tempo, ainda agora chegou.
É interessante também verificar que entre o Funchal, Barcelos e Alvalade praticamente todos os elementos do plantel foram utilizados. Existe uma gestão do plantel muito bem feita e que dá oportunidades a todos. Os jogadores correm e lutam até ao último minuto e felizmente poucas lesões tem surgido, o que é uma demonstração de competência da equipa técnica alargada, incluindo os especialistas de alta performance. Também quanto ao Covid estamos longe do cenário de confusão que se passa noutros clubes: passámos pela pior fase sem queixumes nem lamentações, a equipa médica está de parabéns.
Vamos agora não sei com quantos castigados ou à beira de castigo defrontar o último opositor menor antes da visita ao Dragão. Tem de ser um desafio muito bem gerido sob esse ponto de vista, porque deve aparecer por aí um Veríssimo qualquer a picar o ponto.
#OndeVaiUmVãoTodos
PS: Quanto aos recentemente emprestados, Sporar já fez estragos no Braga, Camacho já leva dois golos no Rio Ave, Pedro Mendes a mesma coisa no Nacional (pena que um tenha sido na própria baliza), Pedro Marques tem minutos pelo Gil Vicente. Vamos ver a evolução de cada um nesta segunda metade da época.
Da conquista de mais três pontos, desta vez em Alvalade. Vencemos o Paços de Ferreira, equipa que muitos comentadores da bola apontam como "a sensação" deste campeonato. Uma vitória que nada se deveu ao acaso: foi a terceira vez que defrontámos o onze de Paços nesta temporada, repetindo agora o triunfo por 2-0 da primeira volta. Somados ao 3-0 da nossa vitória contra a mesma equipa para a Taça de Portugal, estes jogos têm um balanço totalmente favorável às nossas cores: sete golos marcados e nenhum sofrido.
Da nossa eficácia. Quatro oportunidades de golo, duas concretizadas. Aos 20', na conversão de um penálti, por João Mário - que apontou muito bem o castigo máximo. E aos 48', por Palhinha, naquele que é desde já um dos melhores golos deste campeonato. Na sequência de um canto, o que merece ser assinalado: foi a primeira vez que aproveitámos da melhor maneira um pontapé de canto nesta Liga 2020/2021.
De Palhinha. O melhor em campo. Não apenas pelo grande golo que marcou, com um remate em vólei - estreando-se como goleador no campeonato em curso - mas, uma vez mais, pela extrema competência que revelou no bloqueio da manobra ofensiva do Paços, cobrindo sempre muito bem o espaço. É um jogador que merece, sem qualquer favor, ser convocado para o Campeonato da Europa. À atenção do seleccionador Fernando Santos.
De Porro. Outra grande exibição do nosso ala direito, internacional sub-21 espanhol. Os melhores cruzamentos saíram dos pés dele, os lances de maior perigo conduzidos junto às linhas laterais também foram dele, com destreza técnica rara nesta posição. E foi ainda ele a marcar o canto de que resultou o segundo golo.
De Feddal. Brindado injustamente com um cartão amarelo logo no início da partida, não se deixou condicionar. Esteve ligado aos dois golos da equipa: no primeiro, aos 19, fazendo o passe vertical a grande distância para Pedro Gonçalves que seria derrubado dentro da área; no segundo, ao assistir de cabeça para Palhinha na sequência da marcação do canto. É um dos baluartes da nossa defesa, de longe a menos batida do campeonato.
De Adán. Muito atento e de reflexos rápidos, fez uma grande defesa aos 42', impedindo o golo de Luther Singh. Controlou todo o jogo pelo ar, transmitindo sempre tranquilidade e segurança à equipa.
Do nosso reduto defensivo. Os números dizem tudo: apenas dez golos sofridos à jornada 19. Voltámos a terminar uma partida mantendo as nossas redes invioladas. O que já tinha acontecido em dez outros desafios deste campeonato. Somos ainda a única equipa sem derrotas: é um dos melhores desempenhos até a nível europeu.
Da maturidade da equipa em campo. Construída a vitória aos 48', fizemos a partir daí uma gestão tranquila dessa vantagem. Sem nervosismo, sem ansiedade, sem desorganização. As substituições efectuadas pelo treinador destinaram-se essencialmente a refrescar o onze: trocou Paulinho por Nuno Santos (62'), João Mário por Matheus Nunes (73'), Tiago Tomás por Jovane (73'), Pedro Gonçalves por Tabata (73') e Nuno Mendes por Matheus Reis (85'). Mantendo intocável o sistema de jogo.
Da contínua aposta na formação leonina. Rúben Amorim destacou Nuno Mendes (18 anos), Tiago Tomás (18 anos) e Gonçalo Inácio (19 anos) para o onze inicial. Que tinha mais dois jogadores formados na Academia de Alcochete (Palhinha e João Mário). E que incluía dois outros portugueses (Pedro Gonçalves e Paulinho). Um contraste cada vez mais gritante com os nossos principais rivais.
De termos consolidado a nossa liderança à 19.ª jornada. Somamos agora 51 pontos - mais dez do que o FC Porto, mais onze do que o Braga, mais treze do que o Benfica. Estamos num ciclo (inédito esta época) de sete triunfos consecutivos - cinco para o campeonato e dois para a Taça da Liga, que conquistámos. Com eficácia de 89,5%. Desde a remota temporada 1950/1951 que não tínhamos uma vantagem tão dilatada face ao segundo classificado na principal prova do futebol português.
Da esperança cada vez mais reforçada. Ninguém duvida: somos neste momento a equipa favorita para vencer o campeonato nacional de futebol, que lideramos há 13 jornadas. Faltam-nos 12 vitórias em campo para conquistar o título. Todos esperamos que a próxima seja já sábado que vem, novamente em Alvalade, frente ao Portimonense.
Não gostei
Que Paulinho continue sem marcar de verde e branco. Titular na frente do nosso ataque, o ex-bracarense esteve quase a inaugurar o marcador, de calcanhar, logo aos 10' após tabelinha com Pedro Gonçalves. Mas o guarda-redes impediu-lhe o golo com uma defesa por instinto. Ainda não foi desta.
Da inflação de cartões amarelos. Nada menos de oito: cinco para o Sporting, três para o Paços. Aos 22' já tínhamos dois jogadores amarelados: Nuno Mendes (8') e Feddal (14'). Depois chegou a vez de Porro (54'), Adán (75') e Jovane (88'). Critério absurdo de André Narciso, um árbitro que apita a propósito de tudo e de nada: graças a ele houve 47 interrupções de jogo ocasionadas por faltas e faltinhas (27 para o Sporting, 20 para o Paços) - algumas das quais ninguém mais além dele conseguiu descortinar. Árbitros como este fazem mal ao futebol enquanto espectáculo. É assim que se valoriza o desporto em Portugal?
De ver o nosso estádio ainda vazio. Mais de meia época foi disputada e as bancadas em Alvalade permanecem interditadas aos sócios e adeptos por imposição estatal. Há compreensíveis razões de confinamento sanitário na origem desta interdição, mas nem por isso deixa de ser muito triste. Logo num ano como este, em que a nossa equipa tem um dos melhores desempenhos de sempre.
Mais logo, pelas 20.15, vamos receber em Alvalade (com as bancadas ainda vazias) o Paços de Ferreira, uma das equipas com mais competente desempenho nesta Liga 2020/2021.
Não será um jogo fácil, acredito. Como o da época passada, que vencemos por margem mínima já com a pandemia em curso: golo marcado aos 64' por Jovane. Um grande golo, que bem merece ser recordado.
Quais são os vossos prognósticos para o desafio desta noite?
Ontem, ganhamos ao Paços. Ora o que vi, li e ouvi um pouco por todo o lado é que o Paços de Pepa jogou mal, esteve mal, que no fundo batemos em mortos.
Eu vi um jogo em que o Paço jogou de igual para igual e que mesmo nos minutos finais, a perder por três, atacava, combinava, tentava chegar ao golo. O Paços não deu sarrafada, não se fez ao penalty, os seus jogadores não fizeram teatro. Tiveram cabedal, força física, têm ideia de jogo, alguns jogadores ótimos, outros galhardos, outros ainda com excelente técnica. Mantiveram-se sempre no jogo, não houve tempos mortos, nem o Sporting pôde nunca baixar a pressão. Por exemplo, o nosso Matheus Nunes, que entrou à hora de jogo, nunca conseguiu impor-se no meio-campo. Sporar foi presa fácil, Antunes nunca subiu. Porquê? Por causa do Paços.
Achar que o Sporting limpou porque o Paços não deu uma para a caixa parece-me errado e típico da precipitação comentarista. E desvaloriza os nossos jogadores, a nossa equipa e a nossa equipa técnica.
Por acaso tive a oportunidade de ver ao lado de dois colegas do blogue o primeiro jogo e a primeira vitória de Rúben Amorim à frente do Sporting. Foi um jogo estranho a vários níveis: uma manifestação fora do estádio patrocinada pelas claques ressabiadas a anteceder a partida, duas expulsões que colocaram o adversário encostado à sua baliza desde muito cedo, uma modificada equipa do Sporting pouco confiante e muito preocupada em reproduzir o que tinha treinado, um desconforto notório nas bancadas e discussões acesas entre sócios no átrio central ao intervalo, indignação de alguns pelos milhões que tinha custado o treinador, um grande ponto de interrogação relativamente ao futuro. E o futuro imediato foi mesmo a paragem da competição, o confinamento, treinos em casa, tudo aquilo que sabemos.
Mas, logo ali na bancada, dizia um deles com o seu olho clínico bem verde e branco, qualquer coisa como "pelo menos, os jogadores estão bem mais juntos ali no meio- campo".
Passados nove meses, o que podemos efectivamente dizer é isso mesmo. Realmente estão bem mais juntos. E isso faz toda a diferença. O Sporting domina os jogos, e os golos acontecem muito através de combinações no meio-campo que projectam alguém para a decisão final. Foi assim ontem nos dois primeiros golos. Foi assim também no golo de Pedro Gonçalves em Famalicão e tem sido normalmente assim noutros encontros.
Mas para que isso aconteça, tem de existir espaço e tempo no miolo, e isso é conseguido construindo a partir dos defesas, chamando os atacantes contrários à pressão, rodando o jogo para o ala contrário, ou colocando a bola em profundidade atrás das costas da defesa contrária. Também isso é conseguido com um João Mário que baila por ali, acelera, trava, temporiza, ao mesmo tempo que os colegas se aproximam ou desmarcam, criando linhas de passe e movimentos de ruptura.
E tudo isso é suportado por um sistema táctico 3-4-3 estranho ao futebol português, que sempre pensei indigno de equipa grande ao colocar em campo mais um defesa central e menos um médio, num campeonato em que os grandes atacam muito mais do que defendem.
Além da crescente segurança defensiva, através do maior acerto nos passes e na pronta reacção à perda de bola, lentamente estão a aparecer outras coisas indispensáveis a uma grande equipa: golos de livres directos (Porro em Famalicão) e indirectos (Palhinha ontem, Inácio no Jamor), golos de cantos (Coates no Jamor), e penáltis conquistados (um no Jamor, dois em Famalicão, um subtraído pelo "senhor" Soares Dias).
Faltam "apenas" aqueles lances em que Porro ou Nuno Mendes centram largo e um Bas Dost ou um Slimani encosta a testa ou o pé sem hipóteses para o guarda-redes adversário, como aquele do Bas Dost na taça ganha no Jamor. Ontem, já no final do jogo, houve uma ocasião assim com Antunes a centrar muito bem em linha recta paralela à linha de defesas adversários e Sporar a esconder-se nessa mesma linha.
Temos de facto uma grande equipa em formação, que não está dependente de nenhum jogador em particular. Ontem o melhor foi Tiago Tomás, noutros jogos foi Pedro Gonçalves, que ali não esteve, com muito ainda para crescer e para demonstrar.
Um grande e jovem treinador, um conjunto de jovens focalizado e de imenso potencial, contratações muito bem conseguidas para o pouco dinheiro existente e duas delas fundamentais: Pedro Gonçalves e Nuno Santos, para grande azia e manobras de vingança de Pinto da Costa.
É importante agora também que os sócios e adeptos prossigam ao lado do treinador, mesmo na hora duma derrota pesada como contra o Lask, que sempre poderá vir a acontecer (Porto, Benfica e Braga já as sofreram também), inspirados pelo amor ao Sporting e pelo lema que em boa hora Amorim ou alguém por ele se lembrou de lançar,
Gostei muito da exibição do Sporting, ao triunfar ontem frente ao Paços de Ferreira em Alvalade, por 3-0, cumprindo a quarta eliminatória da Taça de Portugal e transitando para os oitavos da competição que conquistámos em 2015 (com Marco Silva) e em 2019 (com Marcel Keizer). Mandámos no jogo do princípio ao fim: ao intervalo já vencíamos por 2-0 e estivemos sempre mais perto de marcar o quarto do que o Paços de marcar o primeiro. Notável desempenho da nossa equipa, acolhida com entusiásticos aplausos no exterior do estádio, quando o autocarro chegou a Alvalade: organização colectiva, velocidade de execução, constante abertura de linhas de passe, bola ao primeiro toque, boa condição física de quase todos os titulares. Levamos dez jogos consecutivos sem perder e marcámos 35 golos nos 12 desafios disputados esta temporada: em nenhum deles ficámos em branco.
Gosteide ver mais um jogo em que não sofremos golos. E da promissora estreia de Tabata como titular, rendendo Pedro Gonçalves, ausente por castigo: o ex-Portimonense cumpriu, com uma exibição de grande nível coroada com um soberbo golo marcado aos 44' - disparo fortíssimo, com o pé canhoto, confirmando que existem diversas soluções neste Sporting 2020/2021 em matéria de rematadores. Gostei também de ver Palhinha estrear-se esta época como goleador ao metê-la de cabeça lá dentro, aos 64', dando a melhor sequência a um livre cobrado por João Mário. Mas o melhor em campo foi Tiago Tomás, em boa hora escolhido como titular na frente do ataque. Foi ele a marcar o nosso primeiro, batendo em velocidade a defesa adversária e rematando sem hipóteses ao ângulo superior direito da baliza, após preciosa assistência de Nuno Santos. O jovem avançado da formação leonina tem participação nos restantes golos: no segundo, é ele quem assiste Tabata; no terceiro, conquista o livre directo que sentenciará a partida - e a nossa continuação na Taça de Portugal.
Gostei pouco, uma vez mais, do desempenho de Sporar. Em boa hora ficou fora do onze titular, cedendo lugar a Tiago Tomás - que deu conta do recado muito melhor do que ele daria. Entrando enfim aos 72', como substituto de Tabata, o esloveno conseguiu dar nas vistas pela negativa em dois lances que noutros pés produziriam golos. Bem servido por Feddal em posição frontal, aos 77', desperdiçou a oportunidade atirando para a bancada. Novamente isolado, aos 82', não soube o que fazer com a bola, atrapalhando-se e permitindo a intercepção. Outro jogo para esquecer.
Não gostei do árbitro, sobretudo no critério disciplinar. Numa partida sem qualquer problema digno de registo, João Pinheiro conseguiu exibir quatro cartões amarelos, três dos quais a elementos leoninos (Porro, Palhinha, Nuno Santos). Foi fazendo soar o apito durante todo o jogo, insistindo em roubar protagonismo aos jogadores, vislumbrando faltas em qualquer bola disputada, esquecendo-se de aplicar a lei da vantagem em diversos lances prometedores do Sporting. Arbitragem "à portuguesa", sem noção de que o futebol é um desporto de contacto físico, cada vez mais afastada dos exigentes padrões europeus.
Não gostei nada de novo jogo à porta fechada no estádio José Alvalade, há nove meses interditado ao público. Quando noutros países, como em Inglaterra, já se permite o regresso de espectadores às bancadas, naturalmente em número escasso e em rigoroso cumprimento das normas sanitárias. Também não gostei nada de ver o nosso treinador, Rúben Amorim, remetido para um lugar discretíssimo na bancada, sem possibilidade de aceder ao banco, cumprindo assim o primeiro dos três jogos de castigo a que o condenou o incompetente árbitro Luís Godinho. O direito ao trabalho, consagrado na Constituição da República, no futebol é posto em causa a todo o momento por qualquer senhor com apito na boca.
Já poucas coisas me surpreendem. Mesmo assim, confesso: abri a boca de espanto ao ver ontem o Paços de Ferreira-FC Porto, jogo dominado do princípio ao fim pela turma da casa. Não havia público, visto não se tratar de uma competição de fórmula 1, mas a equipa de arbitragem funcionou como "12.º jogador" dos portistas, puxando de forma inequívoca pelo onze visitante. Que mesmo assim saiu derrotado.
Valha a verdade: o desaire dos azuis-e-brancos - que já perderam oito pontos à sexta jornada - não aconteceu por culpa do árbitro. Nem do vídeo-árbitro. Ambos fizeram o que podiam para que o FCP saísse vitorioso da Capital do Móvel. O primeiro, assinalando um penálti contra o Paços que nunca existiu. O segundo, mandando o primeiro invalidar um golo limpo quando os da casa já venciam por 1-0.
Mesmo assim, com um penálti sofrido sem qualquer base legal e tendo visto anulado um golo marcado de forma irrepreensível, o Paços de Ferreira conquistou os três pontos. Merece parabéns redobrados.
Em qualquer outro país supostamente civilizado, estes dois senhores não voltariam a apitar jogo algum.
Refiro-me ao nosso velho conhecido árbitro Nuno Almeida, mais conhecido por Ferrari Vermelho (e que a partir de agora pode ficar a ser conhecido também por Porsche Azul), e ao vídeo-árbitro André Narciso, um alegado "jovem promissor" do apito que há três dias, em Alvalade, amarelou Palhinha aos 36 segundos e exibiu cartões a Feddal sem que o defesa leonino tivesse sequer tocado no adversário e a Sporar por hipotética "simulação" que nunca existiu.
Mas de uma coisa podemos estar certos: estes dois continuarão a andar por aí. Cometendo atentados à verdade desportiva.
Nestas ocasiões, em tempos mais recuados, sentia a tentação de atribuir tudo isto à pura incompetência. Mas quando verifico que o FCP, em seis jornadas, foi escandalosamente favorecido em quatro (contra Sporting, Braga, Marítimo e Paços) e que metade desses seis desafios terminou com treinadores adversários expulsos (Rúben Amorim, Lito Vidigal e agora Pepa), tenho de concluir que se trata de algo mais. Não pode ser só incompetência.
Primeiro jogo do Sporting nesta Liga 2020/2021, com dois golos marcados e dois palpites que aqui acertaram em cheio. Estão, pois, de parabéns os nossos leitores Allfacinha e Pedro Batista: não apenas previram o resultado mas também anteciparam que os golos leoninos seriam marcados por Jovane e Coates, como viria a acontecer.
Além deles, quatro menções honrosas. Para os leitores Fernando, João Gil e Tiago Oliveira, e a minha colega de blogue Madalena Dine. Por terem acertado no 0-2 deste Paços de Ferreira-Sporting.
Ontem em Paços de Ferreira vimos uma equipa do Sporting que, embora atravessando as maiores dificuldades em termos de disponibilidade do plantel, treinador incluido, para treinar e jogar, entrou em campo lançada ao ataque para resolver o jogo bem depressa. Assim deverá ser sempre: contra as equipas pequenas o tempo joga sempre a desfavor.
Mais uma vez a falta dum artilheiro fez-se sentir. Se contra os escoceses foi Jovane, agora foi Tiago Tomás que esteve particularmente desastrado em frente à baliza adversária e foi preciso o apitador de serviço, no intervalo da sinfonia de amarelos com que brindou o Sporting, descortinar um penálti pelo facto de Tanque ter levado com uma bolada no braço, para nos adiantarmos no marcador. Valha a verdade que pelo menos estava de frente para a bola: em Portugal já vimos muitas vezes coisas semelhantes e em Inglaterra a coisa foi ainda bem pior, com o nosso Eric Dier, de costas para o adversário, a levar também com a bola no braço, o Mourinho a perder dois pontos nos descontos e o treinador adversário a dizer que "é um total disparate... isto tem de acabar". Isto é a lei da "bola na mão" ou a interpretação da mesma feita pelos árbitros.
O golo, a lesão de Jovane poucos minutos depois e o teatro constante dos jogadores do Paços acabaram por desconcentrar o Sporting. Tiago Tomás foi egoísta e estragou uma jogada de golo. Chegámos ao intervalo com a vantagem mínima. O intervalo fez bem à equipa e passámos a controlar o adversário sem grandes problemas, ganhando tranquilamente. Adán, que esteve muito bem a desfazer dois centros do Paços e a colocar a bola à distância, não teve um remate enquadrado para defender.
Se a equipa valeu pelo todo, com Coates "el patron" imperial, os dois alas, Porro e Nuno Mendes, estiveram particularmente bem. Matheus Nunes é aquele jogador de que muitos não gostam, mas luta que se farta, varia jogo com qualidade, tem sido o carregador do piano que Wendel toca naquele meio-campo.
Bragança dá gosto ver jogar. Com Palhinha, Matheus Nunes, Wendel e também Pote temos um meio-campo com muitas soluções, sendo que Wendel se assume como titular indiscutível.
No ataque Amorim tem procurado tirar o melhor partido do plantel disponível e fisicamente capaz. Esta ideia de alinhar com três avançados móveis bem perto uns dos outros está a dar frutos, retirando referências e baralhando marcações às equipas adversárias, mas não chega para o que aí vem. Embora reconhecendo o esforço de Sporar, falta mesmo alguém que do pouco faça golos.
PS: Entretanto parece que se confirma que Ristovski é uma carta fora do baralho de Amorim. Depois de Plata, ontem foi Nuno Mendes que substituiu Porro na ala direita. A Bola fala na possível promoção de Bruno Gaspar. Já que ninguém pega num jogador que custou 5M€...
De começar o campeonato com uma vitória. Três pontos conquistados, num estádio sempre difícil: triunfo claro e sem margem para discussão do Sporting frente ao Paços de Ferreira, na Mata Real, por 2-0. Mais expressivo do que o suado 2-1 que lá conseguimos na época anterior, num onze que ainda integrava Bruno Fernandes, Mathieu e Acuña.
Da nossa organização defensiva. As equipas começam a construir-se de trás para a frente. É o que tem vindo a acontecer neste Sporting 2020/2021. Sem esquecer que a manobra defensiva, para ter sucesso, deve iniciar-se na zona mais adiantada do relvado. Os números confirmam que estamos no bom caminho: dois jogos oficiais disputados com apenas três dias de diferença, nenhum golo sofrido e apenas uma defesa do guardião Adán (no desafio anterior, em Alvalade, frente ao Aberdeen). Já quer dizer alguma coisa.
De Coates. Incansável na posição de libero, em que comanda o sector mais recuado, o nosso capitão insiste em marcar presença nas bolas paradas ofensivas e até consegue marcar em lance corrido, como desta vez aconteceu, ao sentenciar a vitória com um remate certeiro, aos 63', às redes do Paços. Foi o nosso segundo golo, pondo fim às dúvidas sobre o desfecho da partida. Voto nele como melhor em campo.
De Nuno Mendes. É um caso muito sério de talento, energia e disponibilidade criativa posta ao serviço da equipa. Com apenas 18 anos, assenta-lhe como uma luva a função de titular da ala esquerda neste sistema táctico, cabendo-lhe a pesada responsabilidade de suceder a Acuña nesta posição. Teve intervenção directa no segundo golo e fez uma sucessão de excelentes cruzamentos. O primeiro, logo aos 2', foi a régua e esquadro para Tiago Tomás, que desperdiçou a oportunidade isolado perante o guarda-redes. A partir dos 79', com a entrada de Antunes, fixou-se na ala direita, onde continuou a dar boa conta do recado.
De Wendel. Nem sempre se dá por ele, mas é um elemento pendular no onze do Sporting. Pauta o ritmo e o modo do ataque com a sua visão de jogo e a sua inegável capacidade técnica: com a bola nos pés, é talvez o melhor elemento do plantel leonino. Isto permite-lhe pausar e acelerar o jogo, adequando-o às prioridades tácticas da equipa, e fazer variações de flanco com uma capacidade de passe muito acima da média. Desempenho positivo, uma vez mais.
De Daniel Bragança. O jovem médio entrou aos 65', rendendo Vietto, e posicionou-se no eixo do trio de avançados, contribuindo para a eficácia ofensiva da equipa, que nunca cessou de pressionar a saída de bola do Paços. Grande pormenor aos 75', deixando pregado ao chão um adversário com o seu virtuosismo técnico. Merecia uma ovação das bancadas, que continuam lamentavelmente vazias por incompreensível discriminação da Direcção-Geral da Saúde contra o futebol.
Dos reforços. Dos que jogaram hoje de início, todos aprovados. Adán muito seguro na baliza, com bons reflexos e competente a jogar com os pés. Porro, dono e senhor do corredor direito, confirmando a excelente impressão que já causara no jogo contra o Aberdeen. Feddal fazendo boa parceria com Coates - o que até ficou confirmado no lance do segundo golo. Nota positiva também para Nuno Santos, que entrou aos 31', substituindo o lesionado Jovane.
Do nosso jogo colectivo. A equipa joga mais ligada, mais organizada e até com mais alegria do que na época anterior. Exemplo disto é o lance do nosso segundo golo: Nuno Santos toca para Tiago Tomás junto à linha direita, o jovem avançado dribla um adversário e cruza em arco para o segundo poste, com a bola a ser aliviada em esforço e a sobrar para Nuno Mendes, que mesmo de pé direito a devolve à área, onde Feddal a recolhe e assiste de cabeça para Coates, que se liberta de marcação e a mete lá dentro. Este lance ilustra a magia do futebol como desporto colectivo.
Da contínua aposta em jovens. Média de idades do conjunto leonino neste jogo: 24 anos. Com seis jogadores sub-23 no onze titular: Porro, Nuno Mendes, Matheus Nunes, Wendel, Jovane e Tiago Tomás. Três deles oriundos da nossa formação. E ainda contámos com um quarto elemento da Academia de Alcochete: Daniel Bragança.
Não gostei
Da ausência de Rúben Amorim. O técnico leonino, diagnosticado com Covid-19, mantém-se de quarentena, afastado fisicamente da equipa. Um obstáculo que já deve ser superado na próxima jornada da Liga, a 4 de Outubro, quando nos deslocarmos a Portimão.
Do curto intervalo entre o jogo anterior e este. Decorreram apenas 69 horas entre o fim da partida em Alvalade frente ao Aberdeen, na passada quinta-feira, e o apito inicial deste Paços de Ferreira-Sporting. Sem sequer serem cumpridas as 72 horas recomendadas nos manuais para atenuar os índices de fadiga física. E segue-se outro desafio, já na quinta-feira: vamos receber o Lask Linz na campanha de pré-qualificação para a Liga Europa.
De Vietto. O argentino teve bons apontamentos ocasionais, mas foi o que esteve menos em evidência na nossa frente atacante: o melhor que fez foi um passe de calcanhar para Tiago Tomás aos 38'. Continua mal adaptado ao sistema táctico de Rúben Amorim - à semelhança do que sucede com Sporar, que ontem só entrou aos 79' (substituindo TT). E parece estar longe da melhor condição física: aos 65', visivelmente esgotado, foi rendido por Daniel Bragança.
Da lesão de Jovane. O luso-caboverdiano saiu aos 31', com muitas queixas musculares, agarrado a uma coxa. Já depois de ter marcado o nosso primeiro golo, convertendo da melhor maneira um penálti, logo aos 23'. Esperemos que não seja nada de grave. Este Sporting precisa de um Jovane na melhor forma.
Do árbitro Fábio Veríssimo. Típico apitador à portuguesa. Interrompeu o jogo a todo o momento e demonstrou uma chocante dualidade de critérios, aliás bem expressa nas estatísticas: os jogadores do Paços cometeram 18 faltas e só viram dois cartões, enquanto os do Sporting, com apenas 12 faltas, foram brindados com seis amarelos. Entre eles, um a Adán por "retardar" a reposição de bola (aos 48') e outro a Porro por falta inexistente. Estes árbitros que teimam em dar nas vistas pelos piores motivos deviam ver muitos jogos do campeonato inglês. Para aprenderem como e quando devem apitar.
Tendo sido adiado o nosso previsto jogo de estreia, frente ao Gil Vicente, só amanhã acontecerá o pontapé de saída do Sporting nesta Liga 2020/2021. Vamos defrontar o Paços de Ferreira na capital do móvel: nunca é uma deslocação fácil.
Na época passada ganhámos lá por 2-1, com golos de Luiz Phellype e Bruno Fernandes.
Como será desta vez? Venham daí os vossos prognósticos para esta partida, que tem início às 18.30 de domingo.
ADENDA:Recordo que na temporada anterior o pódio foi ocupado pela minha colega Cristina Torrão(vencedora absoluta), pelos meus colegas António de Almeida e Edmundo Gonçalves, e ainda pelos leitores Leão do Fundão e Verde Protector.
Houve muito optimismo nos prognósticos para esta jornada. Direi mesmo: houve excesso de optimismo. Entre todos os vaticínios aqui recebidos, onde não faltaram antevisões de goleadas, ninguém se lembrou de antecipar um dos desfechos mais frequentes no futebol português: a vitória tangencial por 1-0. É certo que o triunfo leonino esteve a centímetros de ampliar-se no último lance do desafio, quando Jovane atirou o segundo tiro à barra, mas sem ter repetido a proeza anterior: dessa vez a bola bateu no ferro mas não entrou.
Tudo isto para concluir que ninguém acertou. Os prognósticos passaram ao lado.
Deste regresso da nossa equipa a casa. Mais de três meses depois (o jogo anterior tinha sido a 8 de Março, vitória por 2-0 contra o Aves), o Sporting voltou ao seu estádio, com relvado impecável. Infelizmente sem público: apesar de ser um espectáculo ao ar livre, as autoridades sanitárias e o poder político insistem em manter os portugueses longe dos recintos desportivos. Enquanto nos chamam para teatros, cinemas, salas de concerto, museus, restaurantes, centros comerciais e casinos - tudo à porta fechada. Alguém entende isto? Eu não.
Dos três pontos conquistados. Vitória leonina por 1-0, frente ao Paços de Ferreira agora treinado por Pepa - um técnico que costuma mostrar uma animosidade muito especial sempre que defronta o Sporting, vá lá saber-se porquê. Vitória sem contestação da que foi a melhor equipa em campo. Com uma exibição ao nível da conseguida na jornada anterior, em Guimarães (2-2). Vale a pena registar: este foi o nosso sexto triunfo consecutivo em Alvalade.
De Jovane. Já tinha sido crucial na jornada anterior, com uma assistência para golo e ao sofrer uma falta que fez expulsar um adversário. Desta vez não teve rival em campo: foi mesmo ele o melhor, fazendo a diferença. Marcou um golão, de livre directo, aos 65': a bola embateu na barra, cheia de colocação e força, entrando de seguida. No último minuto do tempo extra (97') esteve quase a repetir a proeza, mas em lance corrido. No entanto a bola, caprichosamente, voltou a embater na trave, agora sem entrar. Ainda (48') ofereceu um golo a Sporar que o esloveno desperdiçou.
De Max. Redimiu-se da pálida exibição em Guimarães com uma actuação de grande nível, impedindo o Paços de pontuar. Destaque para quatro grandes defesas, todas na segunda parte: aos 67'; duas vezes aos 79', na marcação de um livre e respectiva recarga; e aos 86'. Impecável, desta vez, a jogar com os pés.
De Eduardo Quaresma. Segunda partida de grande nível do benjamim da equipa, o mais jovem central titular de sempre no Sporting. Impecável no desarme, sempre atento e concentrado, resolveu vários lances sem nunca recorrer à falta e demonstrou capacidade também na construção de lances ofensivos pelo corredor direito. Rúben Amorim só pode estar satisfeito com a prestação deste jovem: ainda júnior, Eduardo integra-se bem no sistema de três centrais, ombreando com o veterano Coates (Borja foi desta vez o terceiro elemento, por ausência de Mathieu).
De Wendel. Longe ainda da melhor forma, neste seu regresso à equipa após lesão, fez uma dupla bem mais consistente com o jovem Matheus Nunes do que a anterior parceria Battaglia-Matheus (o argentino nem chegou a ser convocado para esta partida). Desequilibra, constrói jogo e abre contínuas linhas de passe no corredor central. Numa destas arrancadas, aos 63', foi ceifado em falta - e da cobrança do livre nasceu o nosso golo. Esteve em campo até ao minuto 83', quando cedeu lugar a Francisco Geraldes.
Da aposta na formação. Parece consistente e promete dar bons frutos. Rúben Amorim - ao contrário de técnicos anteriores, que apregoavam as virtudes da formação mas não demonstravam confiar nos jovens - fez desta vez alinhar oito sub-23. Seis de início: Max, Eduardo Quaresma, Matheus Nunes, Wendel, Rafael Camacho e Jovane. E mais dois como suplentes utilizados: Plata (que rendeu o lesionado Vietto aos 43') e o júnior Nuno Mendes, em estreia absoluta na equipa principal (aos 73', e logo com a responsabilidade de substituir Acuña. O caminho faz-se caminhando. Isto é, jogando.
Do vídeo-árbitro. Aos 67', o árbitro Rui Costa assinalou uma grande penalidade inexistente favorável ao Paços de Ferreira por alegada falta que Borja não cometeu. Alertado pelo VAR, foi ver as imagens do lance e reconheceu que se tinha equivocado. Sem este recuo ter-se-ia cometido uma enorme injustiça em Alvalade, distorcendo a verdade desportiva.
Da "estrelinha" do treinador. Rúben Amorim, técnico com fama de sortudo, soma agora doze jogos sem perder no campeonato. Só é pena que nove desses doze tenham sido ao serviço do Braga. No Sporting, regista duas vitórias (Aves e Paços) e um empate (em Guimarães).
Não gostei
Do empate a zero ao intervalo. Os jogadores recolheram aos balneários deixando uma impressão geral de falta de intensidade, falta de velocidade e falta de perícia no último passe. Desenvolvendo um jogo mastigado, com muita "posse de bola" mas longe da baliza. A pausa fez-lhes bem: o melhor período do Sporting foram os 20 minutos iniciais da segunda parte, coroados no golo de Jovane.
De ver a equipa recuar após o 1-0. Em vez de prosseguir o ímpeto ofensivo, procurando de imediato ampliar a vantagem, o Sporting concedeu a iniciativa de jogo ao adversário, que a partir daí se instalou no nosso meio-campo, procurando o empate. Que só foi impedido pela boa actuação de Max.
Da lesão de Vietto. O argentino saiu aos 42', com fortes dores numa clavícula, após ter sido derrubado em falta num lance em que o árbitro deixou o cartão por mostrar e nem sequer sancionou com livre. Momentos antes, o avançado leonino protagonizara um excelente lance, com um passe a rasgar a defesa, oferecendo de bandeja a Sporar um golo que este desperdiçou.
De Sporar Do oito para o oitenta: de uma eficácia extrema em Guimarães, passou ao lado deste desafio. E nem sequer pode queixar-se de não lhe terem feito chegar a bola em condições. Vietto encarregou-se disso aos 37', Jovane fez o mesmo aos 48' e a seguir foi Acuña a centrar para ele. Esforço escusado: o esloveno parecia não estar lá.
Das exibições apagadas de Camacho e Plata. O primeiro, actuando como um lateral avançado no corredor direito neste sistema posto em prática por Amorim, parece ainda desconfortável nas missões defensivas e ontem foi demasiado trapalhão na metade dianteira do terreno. O segundo entrou desconcentrado e com falta de atitude competitiva, parecendo em má forma física. Passaram ambos ao lado do jogo.
De Eduardo. Suplente utilizado, em campo desde o minuto 73', ocupou o lugar de Matheus Nunes, que já tinha visto um cartão (por falta inexistente). Revelou-se uma autêntica nulidade: foi amarelado mal entrou em jogo e distinguiu-se apenas pelos passes errados, que nele são uma espécie de marca autoral. Confirma-se: não tem qualidade mínima para jogar no Sporting.
Da ausência de público. Futebol sem assistência ao vivo não chega a ser espectáculo. É uma espécie de atentado ao futebol. De positivo, desta vez, só encontro isto: ao menos não se ouviram assobios aos nossos jogadores num período nada entusiasmante da partida. Se houvesse adeptos nas bancadas, as vaias eram garantidas. Dirigidas sobretudo aos jogadores mais jovens, cumprindo assim uma lamentável tradição em Alvalade. Se assobios ajudassem a vencer jogos, o Sporting era campeão todos os anos.
Hoje - finalmente - a bola volta a rolar no relvado do Estádio José Alvalade. Mais de três meses após o último desafio ali travado. Mas será um jogo sem público: as autoridades sanitárias insistem em negar ao futebol aquilo que permitem aos teatros, aos cinemas, às salas de concertos, aos restaurantes, aos centros comerciais e até aos casinos. Algo verdadeiramente incompreensível.
Hei-de voltar a escrever sobre este assunto. Agora só vos venho pedir palpites para este jogo. Qual será o resultado do Sporting-Paços de Ferreira, com início previsto para as 21.15?
{ Blogue fundado em 2012. }
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