Sobre o "caso Domingos-FCP-Lusa", quero primeiro deixar três notas sobre fontes de informação:
1. Fonte anónima é coisa que não existe. O que acontece por vezes é que a fonte não é identificada pelo jornalista, a pedido da fonte. O jornalista usa a informação porque, para ele, é uma "boa fonte", um fonte credível e que lhe merece confiança.
2. Contrariamente ao comum dos entendimentos, considero que as fontes não identificadas são perfeitamente admissíveis num exercício transparente de jornalismo. A sua não identificação não prejudica, à partida, o interesse da notícia ou não traz valor acrescentado à notícia.
3. A fonte não identificada deixa de ser "boa fonte" se se revelar que deu, de má fé, informações erradas ou falsas ao jornalista.
Mas isto é uma questão que tem interesse para o exercício da profissão e para as relações entre fontes e jornalistas. Não interessa a toda a gente. O jornalista da Lusa tomará as suas decisões sobre o assunto.
O que realmente me interessa, enquanto sportinguista, é saber se:
1. A direcção do Sporting autorizou a fonte a passar aquela informação
2. Se não autorizou, porque não veio o presidente imediatamente desmentir a informação
3. Se não autorizou, porque não anunciou a abertura de um inquérito interno.
A demissão de um treinador, a meio de um campeonato, é um mau momento para um clube. Mas foi uma decisão da direcção e tem de ser respeitada. Já não devemos respeitar tentativas de assassinato de carácter de quem serviu o clube.
Convinha também pensar quem ganha com este triste episódio. Apesar das preocupações culinárias do presidente Pinto da Costa, não é, obviamente, o FCP. E muito menos o Sporting.
OS LAMPIÕES. Eles estão felizes, é? Eles, que tanto pediram a cabeça do Jesus, o ano passado, quando o Benfica não 'arrasou', agora preocupam-se connosco, tadinhos. Querem por-nos à guerra uns com os outros. Não vão nessa. Agora elogiam tanto o Domingos... será que elogiaram quando o Benfica colocou o autocarro na Luz, para não ser derrotado? Pinto da Costa não elogiou Jesus quando ele estava de somenos e Vieira não o imitou, depois, em relação ao Vitor Pereira? Tudo propaganda. Eles 'elogiam' Domingos porque ele não conseguiu pôr o Sporting a jogar e a pontuar, apenas isso! 'Adoram' o Domingos porque ele falhou.
O DOMINGOS. Foi despedido porque não conseguiu resultados e as coisas iam de mal a pior. Esse o grande motivo. Desde Novembro não ganhávamos fora, os resultados e as classificações é o que se vê. Não foi o primeiro treinador a ser despedido, porque os resultados não aparecem, nem será o último. Nós queremos resultados ou queremos o Domingos a perder e a jogar para o quinto lugar (que é onde estamos)? Domingos teve quase tudo o que pediu, teve investimento na equipa, teve todo o apoio e confiança... mas não deu! O Sporting continua, o projeto não é o treinador, é o clube. Eu sou um defensor da estabilidade, mas não quero que um treinador que falhou, que teve atitudes erráticas de insegurança, seja fautor de mais instabilidade. Não deu, virou a página. É a vida.
O DOMINGOS E O PORTO. Não acredito em teorias da conspiração. Domingos é portista, como Fernando Santos é benfiquista e Jesus sportinguista. E depois? Acho normal que Domingos tenha a legítima ambição de treinar o seu clube do coração. Santos foi corrido por Vieira, à primeira jornada (!) da Liga, Jesus nunca foi convidado pelo Sporting e, alem de Domingos haverá outros nomes na fila de espera do PC - que o 'papa' não é tolo e sabe do que se passou em Braga, apesar das vitórias. Ai se o Salvador conta tudo, sobretudo como salvou a época, quando o balneário estava desgovernado...
AS 'DECLARAÇÕES' DO DUQUE. Que o Duque não é um homem de comunicação, a gente sabe. Mas não ponham na boca dele o que ele não disse. Ele afirmou, apenas e apenas (ouvi eu nas reportagens), «do que eu conheço do Domingos, eu não acredito». Forma inábil de dizer mais ou menos isto: tenho-o por uma pessoa séria, não acredito que ele se tenha encontrado com alguém de uma forma menos séria'. Acho que ele poderia e deveria estar calado, mas não creio que daí venha mal ao mundo, nem que deva ser sacrificado porque separou a relação pessoal da profissional.
CUIDADO COM OS MEDIA. Se estiverem com atenção ao que, por vezes, se diz e cotejarem como depois os media relatam, verão como, frequentemente, há uma diferença, a favor da pirotecnia, do escândalo mediático, da titulagem para gerar polémica. Exemplo mais recente, que lembro, de hoje: numa tv, o repórter dizia que Duque admitira ser «uma derrota pessoal» a saída de Domingos; e, logo, as imagens e a declaração do homem da SAD. Factos: um jornalista pergunta se é uma derrota pessoal e o homem responde «é a sua interpretação», e não comenta mais. Resultado: Duque «admitiu»! Poderia ter sido e foi: o jornalista admitiu. Talvez os sportinguistas devessem voltar a artilharia para a defesa do seu clube e da verdade, enviando mensagens de protesto para os media, pressionando-os contra a manipulação da informação, quando for o caso. Eis uma energia bem dirigida.
A recente auditoria confirma o descalabro que têm sido as finanças do futebol do Sporting. O mais preocupante é verificar-se que muitos dos mais caros jogadores de sempre do Sporting (Mário Jardel – o mais caro de todos, Marius Niculae e Rodrigo Tello – juntos totalizaram cerca de 25 milhões de euros) saíram praticamente sem nenhum retorno financeiro. Foi com Soares Franco na presidência a única altura em que a SAD do Sporting deu lucro. Bem sei que o objetivo do clube não é que a sua SAD dê lucro, mas sim ter sucesso desportivo; o ano final da dupla Franco-Bento pressentia um certo definhamento, que se viria a acentuar durante toda a total desorientação do consulado Bettencourt. Era necessário e urgente inverter esse rumo e dar uma injeção de confiança aos sócios e adeptos, como esta direção fez. Ora é inegável que no tempo de Soares Franco se teve algum sucesso desportivo e mais sucesso financeiro que noutros. Este ex-presidente não conseguiu convencer os sócios com o seu plano de reestruturação financeira; vamos ver se o tempo não lhe dará razão.
Mas Soares Franco teve a sorte de ter um treinador a quem transmitia toda a confiança, e que deixava trabalhar em paz. Paulo Bento respondia pela estrutura do futebol toda, e nunca se lhe pressentiu o desespero que ouvimos nalgumas declarações de Domingos. Independentemente dos méritos que tem como treinador (que já demonstrou e há de voltar a demonstrar), é inevitável que Domingos não aguentou a pressão de ser treinador do Sporting. A queixa contra os adeptos “notáveis” que se queixam na imprensa só revela que Domingos é um homem com a cultura do FC Porto, onde existe há muitos anos uma autoridade incontestada, e que desconhece (e provavelmente não servia para) a realidade do Sporting, um clube em permanente ebulição e onde nunca toda a gente está de acordo. Mas essa não é uma realidade exclusiva do Sporting (embora neste seja particularmente acentuada). Na mesma semana em que Domingos se queixava de certos sócios do Sporting, José Mourinho também teve de ouvir duras críticas pessoais que lhe foram movidas pelo anterior presidente do Real Madrid. Não gostaria Domingos de ser treinador do Real Madrid? Será que também se queixaria? É claro que para tudo há um limite, mas um treinador do Sporting tem que saber o que quer, ser determinado, teimoso e ter personalidade forte. Não precisa de ser um sargentão, mas tem que ser um sargentinho. Tudo caraterísticas de Paulo Bento, que aguentou a pressão sendo menos experiente quando foi chamado ao cargo. Domingos fez jus à alcunha “Choramingos” que tinha no “Contra Informação”. A lição a tirar é que é muito mais fácil ser treinador do FC Porto que do Sporting, e que pode ser que um bom treinador para o FC Porto não o seja para o Sporting. A ver vamos o seu futuro. Quanto ao Sá Pinto, falta-lhe uma caraterística fundamental que é o sangue frio. Gosto muito do Sá Pinto e desejo-lhe as maiores facilidades, mas neste momento gostaria de ter um Paulo Bento...
Alguém me explica como é que um treinador que, apesar de nos levar à final do Jamor, só ganhou metade dos jogos para o campeonato, só ganhou dois jogos contra os nove primeiros, contra os quatro primeiros o melhor que conseguiu foi um empate em casa, é eliminado da taça da liga num grupo fácil, está em quinto lugar, a 16 pontos do primeiro e a oito pontos da Liga dos Campeões, e mesmo assim tem tanto crédito na opinião pública e principalmente em nós, Sportinguistas?
Não me levem a mal, mas isto custa a engolir: grande estúpido, andaste este tempo todo a voar com um cuco! Só Deus sabe quanto me custou engolir aquela treta. Isso significava que tinha partilhado o meu ramo com um cuco convencido de estar ali outro tentilhão. Balbuciei que ele tinha migrado para o Sul não só à procura de novas paisagens, mas também para ganhar as suas próprias asas. Perguntou-me então se eu nunca tinha percebido que esse cuco não tinha a nossa plumagem e nem sequer chilreava as nossas partituras. E depois?, pensei, deve ser o resultado da competição genética. Insistiu comigo. Uma e outra vez. Eu estava em estado de negação e só o valente tabefe que me acertou em cheio no bico conseguiu arrancar-me daquela letargia. Os cucos, repetiu sem largar aquele tom, são craques no parasitismo reprodutivo, ou seja, tornaram-se peritos em depositar os seus ovos dissimuladamente entre os ovos dos outros. Foste enganado, grande parvalhão!, gritou ao ponto de me secar a água do bico. Grandes sacanas, lamentei em voz baixa, temendo levar mais um parte de tabefes. Afinal, o cuco não era um tentilhão. Tinha tudo sido uma obra da passarada do Norte. Sim, essas aves de rapina desenvolveram o seu ovipositor com sucesso, explicou-me, aliviando a pressão sobre a minha asa. Isso explicava os risos da outra passarada quando me viam voar com um cuco dez vezes maior do que eu! Esperou para responder. Ele próprio tinha sido seduzido, confessou virando o bico para o lado. Tinha sido enganado nesta primeira ovulação, mas prometia estar mais vigilante. Deus sabe que tudo isto me está a custar a engolir. Voltámos mesmo a ser aldrabados pelos cucos?
treinador de bancada, também não sou Direcção sombra: posso (e devo) pensar pela minha cabeça e opinar à minha vontade, mas tenho em nome do bom senso de admitir que, tal como o treinador sabe do plantel coisas, muitas coisas, que eu desconheço, também a Direcção saberá do treinador coisas, porventura muitas coisas, que eu não sei (e se calhar nem devo saber). Sendo a legítima Direcção do meu clube, tenho de lhe conceder o benefício da dúvida. Gostei que o Domingos tivesse vindo para o Sporting, sou pela estabilidade das equipas técnicas, acho que a pressa é inimiga do bom trabalho ("depressa e bem, não há quem"), acho que as Direcções devem dirigir e os treinadores devem treinar, e sou, muito em especial, contra qualquer interferência da malta de cabeça quente, às vezes rapada, e sempre com muito pouca coisa dentro, nas decisões do Clube. Porém, se a decisão da saída de um foi devidamente ponderada e se justifica, e se a decisão da entrada do outro obedece à lógica simples e óbvia de recorrer à "prata da casa" para salvar o que puder ser salvo desta época, e aproveitar minimamente aquela que é, para todos os efeitos, uma grande equipa, então adeus Domingos e bem-vindo Sá Pinto, porque a vida continua e o que me interessa não são os treinadores, nem os jogadores, nem os directores - é o Sporting.
Começo por dizer que fui um entusiasta da contratação de Domingos Paciência para treinador do nosso Sporting. Estava presente no jogo de despedida de Iordanov, quando se gritou das bancadas: “EU SÓ QUERO DOMINGOS CAMPEÃO, DOMINGOS CAMPEÃO!” Nessa altura, acompanhávamos as últimas jornadas de uma disputa entre o Braga e o SLB e todos queríamos o Braga de Domingos como campeão.
Fui também um entusiasta da sua possível vinda para o Sporting ainda antes das eleições, sendo que com o aparecimento de uma melhor alternativa por parte de outra lista passei a apoiar o então “desempregado” Frank Rijkaard. Quando foi feito o anúncio de Domingos Paciência, na lista do nosso presidente, fiquei um pouco surpreendido. Com nomes fortes em todos os outros campos dessa mesma lista, incluindo figuras de peso e com muita glória no nosso clube, confesso que fiquei desiludido pela escolha de Domingos para treinador e razões seguintes que infelizmente se mantiveram:
Precisamos de um treinador experiente e com nome. Domingos Paciência tem?
Precisamos de um treinador que imponha respeito no balneário e à comunicação social. Domingos impunha?
Precisamos de um treinador com experiência a gerir jovens e jovens promessas. Domingos tinha essa experiência?
Precisamos de um treinador que exija o máximo dos jogadores em todos os treinos e aos diretores da SAD contratações que em simultâneo aliem a qualidade do jogo a serem bons negócios. Domingos tinha esse perfil?
Precisamos de uma equipa técnica competente e com uma visão e conhecimento profundo de futebol. Domingos tinha essa equipa técnica?
Precisamos de um treinador aglutinador, bom psicólogo ou rígido consoante as alturas certas. Domingos demonstrou não ter estas qualidades.
Acima de tudo, temos uma certeza: Domingos Paciência não conseguiu levar este plantel ao êxito que todos esperávamos. Os resultados que nos proporcionou não foram maus, mas sim péssimos. E posto isto, pergunto:
É este o Sporting que queremos? Com um treinador que não conseguia tirar partido dos jogadores que tinha ao seu dispor? Bastaria lembrar apenas um exemplo:
André Santos não é melhor que Daniel Carriço no meio campo defensivo? Quantas vezes repetimos o onze? Quantas vezes demos por nós, adeptos, a perguntar por que razão este ou aquele jogador era titular?
Mesmo com tantas lesões, temos um plantel que nos dá algumas garantias, dos seniores aos juniores.
Atente-se no que fez o Braga, que também revolucionou o seu plantel e a sua equipa técnica, que também tem jogadores lesionados. E no entanto, repare-se no campeonato que a equipa está a fazer.
1. - Domingos já provou ser um excelente treinador. 2. - Domingos não estava a pôr o Sporting a jogar bem. 3. - Domingos apostou numa ocasião em Jeffrén para falso ponta de lança. 4. - Domingos foi abandonado à sua sorte pela estrutura do clube. 5. - Domingos cometeu inúmeros erros de comunicação ao longo dos últimos meses. 6. - Domingos teve direito a reforços com que os antecessores só poderiam sonhar. 7. - Domingos tomou de ponta vários jogadores da casa. 8. - Domingos colocou um Renato Neto recém-chegado da Bélgica a trinco contra o FC Porto. 9. - Domingos nunca escondeu qual é o seu clube do coração e por lá deixou o filho a jogar nos juniores. 10. - Domingos pôs fim à triste novela chamada Yannick Djaló. 11. - Domingos terá falhado na missão de transmitir garra e espírito vencedor ao plantel. 12. - Domingos tentou fazer poupanças na equipa que culminaram na humilhação em Angola. 13. - Domingos sempre se portou como um senhor, o que vai faltando no futebol nacional. 14. - Domingos irá tornar-se, agora ou no Verão, o treinador do FC Porto. 15. - Domingos foi uma tremenda oportunidade perdida. Que venha então Ricardo Sá Pinto. Terá o meu apoio, embora acredite que o paulobentismo dificilmente se repetirá (mas caso se repita, não se esqueça de adoptar desta vez o 4-3-3 que permitiu ao Sporting formar os melhores extremos de Portugal).
O que é mesmo bom é ser treinador de bancada, seja a cuspir cascas de tremoço no café, seja a deitar perdigotos aos microfones de uma TV, seja, mesmo de bancada a sério, a pagar. Estes, convenhamos, têm um pouco mais de ciência, porque lhes fica a arder na carteira a frustração do mau espectáculo.
O treinador de bancada não tem dilemas, só tem que resolver na generalidade uns problemas gerais. Por isso dedica-se ao regalado exercício de sudoku que é o de fazer tácticas com jogos numéricos: ó a dinâmica do 4X4X2, o ímpeto do 4X3X3, a astúcia do 4X1X3X2 e por aí fora. Entrega-se também a formar equipas imaginárias, que no Football Manager levam tudo à frente. Um exercício fantástico, literalmente, para quem não convive de segunda a sexta, das 8H30 às 20h30, com um bando de rapazes sobrevitaminados, de ego inflamado e qual deles de psique mais melindrosa.
Dilemas a sério têm os que estão obrigados a tomar decisões (conhecem o conceito? Decidir…), que torraram 4 milhõesitos em ludopedistas e agora os vêem à deriva sem saber onde param os outros quando têm a bola nos pés. No futebol, como no resto que conta, há um detalhe infame, bem sei, chamado resultados. Não é o azar de a bola bater na trave e está o caldo entornado, isso seria fácil, é a bola bater sempre na trave, um facto cuja persistência tem que transcender o mero azar. Até no poker há campeões e nem tudo é uma questão de sorte.
Domingos era boa pessoa? Certamente. Era escorreito? Diz-se que sim. Tinha boa vontade? Concorde-se for the sake of the argument. Mas Domingos, porra (pardon my french) it’s results, stupid, e estes não apareceram, nem estavas com cara e conversa de os encontrar. Bem esperámos e esperámos por eles, chegámos a acreditar neles, mas nada. Ao fim e ao cabo, estamos onde estávamos no ano passado, com um pé frio à frente da equipa e uma equipa que pedia meças à do Rio Ave. Mau, ou melhor: pior.
Por isso, aqui vos digo: bem fez quem manda no Sporting em dar asas às botas de Domingos. E mais vos digo que fez bem em fazer depressa, o que deve ter sido chato para os vendedores de papel e comentaristas adjacentes, que ganham à hora e ao quilo – quanto mais a novela se arrastasse melhor ficariam eles.
Chama-se a isto ter um dilema e resolvê-lo. Para resolver problemas há muitos e todos sabem perfeitamente o que os outros devem fazer.
A direcção do Sporting decidiu hoje mudar de treinador. A paciência esgota-se. E o Paciência, também. Os últimos 18 jogos foram uma desgraça. E tudo indicava que a desgraça ia continuar, sobretudo ao ver o jogo com o Marítimo. O Sporting ainda pode «remediar» esta época: a Taça de Portugal e Europa. Por isso, este foi um excelente momento para mudar de treinador, porque já não havia paciência. Nunca me passaria pela cabeça que Sá Pinto substituísse Paciência, mas no futebol o que conta são os resultados. Os próximos jogos, meia dúzia deles ou pouco mais, ditarão o destino de Sá Pinto como treinador do Sporting. Se conseguir uma atitude diferente da equipa e obtiver resultados, a escolha terá sido acertada. Até lá, Sá Pinto é o novo treinador do Sporting e deve ter o apoio de todos os sportinguistas.
A ser verdadeira a informação veiculada pela Agência Lusa de que Domingos estava em contactos com o FC Porto há algum tempo, estará explicada a razão para o seu afastamento por parte da direcção liderada por Godinho Lopes. Porque dessa forma passa a ser uma decisão mais do que justificada e que faz cair por terra a necessidade de continuar a aguentar a 'coisa'. Assim sendo, este caso não tem nada a ver com o que se passou com Robson. Sousa Cintra fez asneira, o caso actual poderá configurar, no entender dos responsáveis leoninos, um acto de traição pura e dura. Se os rumores forem autênticos - o que ninguém quer acreditar - Domingos é um homem livre para se encontrar, às claras, com Jorge Nuno Pinto da Costa e resolver o que tem para resolver.
Já agora, para quem acha estranhas as declarações do presidente do Sporting, horas antes de despedir Domingos, acabo de reparar que Godinho Lopes nunca disse que o ia manter após a derrota humilhante com o Marítimo: "Temos uma estrutura à volta do futebol que está clara e consolidada, sabemos que tem de haver um trabalho sustentado, há jogadores a entrar e a sair, como é do conhecimento público, e com certeza que os resultados vão aparecer", acrescentou o presidente do SCP.
Como sportinguistas que somos, acreditamos que a decisão foi a mais correcta, tendo em conta os novos dados e os resultados desportivos. O plano inclinado em que a equipa se encontrava não augurava nada de bom, era preciso agir rápido e evitar mais danos à instituição. A partir de hoje, Ricardo Sá Pinto é o nosso treinador. Acreditamos nele porque acreditamos no Sporting. Sempre!
P. S. - Entretanto, Domingos Paciência emitiu hoje (terça-feira) um comunicado sobre o assunto. Em nome do direito ao contraditório, aqui fica o que o ex-treinador do Sporting diz em sua defesa.
P. S. (II) - Luís Duque, por sua vez, diz que não acredita nos tais contactos.
P. S. (III) - Já Godinho Lopes pede para não se inventarem histórias. Em que ficamos, então?
P. S. (IV) - Lusa admite revelar a(s) fonte(s) caso se prove ter havido má fé.
... mas amanhã explicarei porque discordo dos que discordam (rss). Há certos momentos em que decisões têm de ser tomadas, para impedir que situações mais graves se multipliquem. Bastava estar-se atento aos sinais dos jogos para concluir que algo não funcionava já. A equipa estava apática, sem comandante e... sem resultados. O percurso era errático e os sinais que se davam para dentro do balneário cada vez mais frouxos. Triste, por respeitar Domingos e por desejar que as coisas corressem bem, escrevo que melhor seria não correr mais riscos. Mas o sono tolhe-me o raciocínio, a mão hesita no mar das teclas, o adormecer é doce aroma. Amanhã será um outro dia. Quando o sol raiar, explico porque não concordo. Pronto.
Sempre fui um apoiante do regresso de Luís Duque ao comando da SAD do Sporting e não há dúvida de que, em conjunto com Carlos Freitas, deu uma nova alma ao futebol do clube. Infelizmente, onze anos depois da sua passagem, o seu maior erro repete-se: despedir um treinador a meio da época para o substituir por um "símbolo do clube", mas de competência questionável (a ver vamos). A substituição de Augusto Inácio em 2000/01, primeiro por Fernando Mendes e depois por Manuel Fernandes, não acrescentou melhoria nenhuma, e nenhum fez melhor do que Inácio tinha feito até então. Se é certo que Inácio tinha um crédito que Domingos não chegou a conquistar, também é verdade que Sá Pinto ainda tem menos credenciais que Manuel Fernandes tinha. Com a agravante de ter um temperamento que faz temer o pior no seu cargo, e divide os adeptos em vez de os unir. Vamos ver como se vai refletir o novo treinador nas assistências do estádio de Alvalade. Tenho sérias dúvidas.
Mas esta saída também é comparável a outra que representou um outro erro histórico: a de Bobby Robson (de quem os sócios também gostavam, ó Sousa Cintra). E não digo isto somente por o provável destino de Domingos enquanto treinador ser o mesmo que foi o de Robson, se calhar ainda esta época. Digo pelo que isso representou, então, e poderá representar em termos do prestígio do clube. Depois da forma como o Sporting despediu Robson, tornava-se difícil contratar um treinador estrangeiro de renome, pelo menos com Cintra como presidente. Se é mesmo verdade que foi o Sporting a despedir Domingos, então depois disto dificilmente contratará um treinador português competente (pelo menos com estes dirigentes). Ver o comando da equipa técnica de futebol do Sporting entregue a sportinguistas de corpo e alma pode ser muito bom para certos adeptos de bancada, mas é seguramente mau para o futebol do clube. O critério principal para a contratação de um treinador deve ser a sua competência: que o digam os sportinguistas Jorge Jesus ou Leonardo Jardim. Algum deles viria treinar o Sporting?
Dito isto, não vou ter grandes saudades de Domingos enquanto treinador do Sporting, pelas razões apontadas por exemplo no terceiro parágrafo deste texto. Domingos era um treinador desorientado, como as suas declarações deixavam transparecer. Mesmo que ganhasse a Taça de Portugal, se não conseguisse a qualificação para a Liga dos Campeões deveria sair - mas no fim da época. Mandá-lo embora nesta altura, pelo menos enquanto não forem esclarecidos os motivos (aquela entrevista do Wolfswinkel onde ele diz que em Portugal mal se treina terá a ver com isso?), vem confirmar a reputação do Sporting enquanto cemitério de treinadores, algo a que já andávamos desabituados.
O sinal interno que se deu foi profundamente errado. Basta dezena e meia de energúmenos, gritando frases típicas de qualquer reles arruaceiro contra os jogadores e a equipa técnica no aeroporto de Lisboa, para fazer tremer a direcção, levando-a a afastar o treinador e tornar letra morta todos as garantias de continuidade proferidas nos últimos meses. Isto incentiva o pior dos populismos. Energúmenos deste género já levaram outras direcções a rescindir com Bobby Robson e José Mourinho, entre outros técnicos de indiscutível craveira. Se a moda pega, noutro dia qualquer os mesmos indivíduos voltarão a gritar impropérios com o objectivo de atrair as câmaras televisivas e fazer cair o presidente praticamente em directo nos telejornais. E talvez até tenham sucesso.
Na torre das Antas, ao princípio da tarde de hoje, alguém tinha bons motivos para sorrir. O mesmo que vai sorrindo há 30 anos, assegurando uma presença hegemónica no futebol português à custa dos erros lapidares dos clubes rivais.
Aqui onde me encontro o frio aperta e a neve cai... E quando me ligo ao mundo através desta coisa fantástica que é a internet deparo-me com esta noticia ainda mais gelada e lamentável. O Sporting está longe de uma boa época e há muito que os sportinguistas esperam por uma inversão dos resultados. Mas eu achava, até hoje, que o nosso clube era mais sensato do que os outros no que toca a estas decisões precipitadas. Sim, porque eu acho que o despedimento do Domingos é precipitado... Ainda para mais trocam-no pelo Sá Pinto???? Tenham dó... É o Sá Pinto que vai unir a equipa e que vai dar vontade de ganhar? Não me parece. Acho que ainda teremos muita "Paciência" para ver uma inversão de estratégia... Os próximos tempos ainda vão ser muito frios...
Vou escrever a quente que é assim que sinto e vejo o futebol. Ponto prévio: não está em causa Sá Pinto, ídolo de sempre e para sempre. Está em causa o que revela este triste fim de Domingos. Primeiro ponto: não há estratégia desportiva que resista a decisões como a de hoje. Um presidente que diz constantemente que isto é um projecto, que estamos a construir uma equipa (e estamos), que temos de dar tempo à coisa e depois faz isto, só tem uma saída: demitir-se. Segundo ponto: onde esteve Luís Duque durante estes meses? No Sporting ninguém resguarda o treinador e invariavelmente eles também não se sabem resguardar. As últimas conferências de imprensa do Domingos mostraram bem isso. Terceiro ponto: as razões apontadas no comunicado oficial são patéticas. Dizer que se rescinde com o Domingos porque fomos à vida na taça da liga e estamos em 5º no campeonato à 18ª jornada é tentar arranjar uma justificação à pressa. A taça da liga é indiferente a qualquer sportinguista e o campeonato não encerra em Fevereiro. Aliás, como não encerrou depois das nove vitórias do ano passado. E aí quem devia baixar as expectativas (o presidente) fez exactamente o oposto. Mais vale não dar justificações e dizer que foi de comum acordo. Quarto ponto: para mim é Domingos quem pede para sair e não a SAD que o manda embora. O homem não estava preparado para um clube destes. Grande em ambição, menor em meios. Grande em história, maior ainda em selvajaria interna. O presidente é um líder fraco. Os dirigentes do futebol não dão a cara. Domingos foi mais um dano nesta cadeia. Enquanto isto não for corrigido, pode vir o Sá Pinto ou o Mourinho que há-de continuar tudo na mesma merda.