Borja, Nuno Santos e Rodrigo Fernandes incluem-se entre os já confirmados no momento em que escrevo estas linhas.
As infecções agora detectadas forçaram ontem o cancelamento do Troféu Cinco Violinos, que este ano contaria com a participação do Nápoles. Recorde-se que Vietto já havia sido infectado com Covid-19, há cerca de um mês, durante o período de férias que gozou em Espanha.
Isto não augura nada de bom neste regresso à principal competição do futebol português - na sequência do que já sucedeu no escalão secundário, com dois jogos entretanto adiados para data que ninguém consegue antecipar.
O calendário pode tornar-se caótico em função de sucessivos adiamentos. Em alternativa, corre-se o risco de acumulação de derrotas por falta de comparência de determinadas equipas, impossibilitadas de reunir os jogadores necessários. Pelo menos dois clubes europeus - o Slovan Bratislava, da Eslováquia, e o Prishtina, do Kosovo - já foram afastados das competições europeias por este último motivo.
Tudo é incerto. Num momento como este, qualquer previsão torna-se mais frágil que nunca.
ADENDA:Mais quatro casos confirmados, a somar aos três identificados ontem: também Gonçalo Inácio, Max, Pedro Gonçalves e Renan têm Covid-19.
Já deu para perceber que isto vai ser uma barafunda até estoirar, o que mostra o nível de competência, discernimento, organização e antecipação da Liga. Ao menos que a DGS dê uma ajudinha. Por exemplo, só autorizar o jogo meia-hora antes dele começar. Assim sempre a BetWin sempre ganhava alguma coisa nas apostas de haver ou não desafio. Porque quanto ao resto já nem vale a pena uma pessoa admirar-se.
A freguesia de Santa Clara, Lisboa está em calamidade, em emergência, em qualquer coisa assim.
Deve evitar-se.
Evitar entrar na antiga Musgueira, Galinheiras, enfim, uma zona com fama e proveito, a que agora se chama, pomposamente: "Alta de Lisboa".
Foi, precisamente, numa das zonas mais perigosas de Portugal (quiçá do mundo) que Renato Sanches decidiu passar férias.
Decidiu mal, contraiu a "covid 19".
Um abraço para o Renato, com a devida distância física; social, também, que o Renato ganha mais num dia que eu num ano, toma juízo, pá, para a próxima escolhe um destino menos perigoso.
No fim-de-semana, reiniciaram as jornadas da primeira e da segunda divisões da Bundesliga. Não consegui acompanhar os jogos de Sábado (o dia principal da jornada), mas vi, ontem à noite, o resumo televisivo dos dois jogos de Domingo da 1ª Bundesliga. O Bayern foi ganhar 2:0 ao campo do Union Berlin e o 1.FC Köln (Colónia), depois de igualmente ter estado a ganhar por 2:0, acabou por consentir num empate, em casa, frente ao Mainz 05.
Apesar de muitos aspetos caricatos, estes primeiros jogos durante a crise pandémica não deixaram de ter pontos interessantes.
Os jogadores entram em campo de máscara, suponho que serão obrigados a usá-la nos balneários. Não cheguei a apurar se lá também têm de respeitar a distância de segurança e se vão para o duche mascarados. O certo é que, ao entrar em campo, tiram as máscaras e, depois, jogam como sempre, ou seja, muito contacto físico, de corpos suados, embora não festejem os golos amontoados, aos abraços. Penso, porém, que não adianta tentar ver lógica nisto.
Quem se encontra no banco, tem de usar máscara e respeitar as distâncias. Conclusão: apenas há lá lugar para o treinador e um ou dois colaboradores e falam uns com os outros sem se aproximarem. Se, porém, o treinador sente necessidade de se aproximar das quatro linhas, para berrar ordens ou palavras de incentivo, pode tirar a máscara e gritar, como sempre.
Como disse, porém, há aspetos que achei interessantes. Apesar de os berros ecoarem no estádio vazio (aumentando a sensação de isolamento), sentimo-nos mais perto dos jogadores, pois conseguimos ouvi-los bem (embora nem sempre se entenda o que berram, o que até será aconselhável). O facto é que, em certos momentos (golos, ou situações polémicas) até nos esquecemos da falta de público, tal é a berraria em campo. Confesso que gostei. Dá a sensação de que somos envolvidos na intimidade da equipa.
De referir ainda a sensação de normalidade, ao ouvir o noticiário radiofónico com os resultados do futebol.
Veremos que consequências isto trará na evolução da pandemia. Espero que não sejam más, embora sem considerar outros pontos, como o impacto desta situação especial na vida privada/familiar dos jogadores e o facto de, no fundo, eles servirem de cobaias numa experiência que ninguém sabe como acabará.
A Direcção-Geral de Saúde acaba de estabelecer um extenso rol de proibições como condição para o reinício das competições profissionais do primeiro escalão desta malograda época 2019/2020, ainda com cerca de 30% dos jogos por disputar. Este protocolo sanitário ameaça tornar inviável o recomeço do calendário desportivo, que já devia ter sido dado como concluído - à semelhança do que aconteceu em França, Holanda e Bélgica.
Desde logo, o documento atira para cima dos clubes e dos próprios atletas toda a responsabilidade por um eventual surto de infecções que possa ocorrer no futebol português. O ponto 1 do documento negociado entre o Governo e os responsáveis federativos aponta-lhes de antemão o dedo acusador: qualquer malogro que ocorra no campo sanitário ser-lhes-á imputado. Daqui, o poder político lava literalmente as mãos, imitando um gesto que ficou célebre há dois mil anos.
Este extenso manual de procedimento, ontem divulgado em simultâneo pela Federação e pela Liga Portugal, impõe severas condições aos jogadores, incluindo o prolongamento do regime de reclusão domiciliária até ao fim das competições, a realização de contínuos testes de despistagem ao novo coronavírus e o estrito cumprimento das normas de distância sanitária em quase todas as etapas de treino.
Na prática, só deixarão de usar máscara durante os jogos. E viverão largas semanas numa espécie de prolongamento da quarentena antes imposta ao conjunto da população mesmo já não estando o País sob estado de emergência, sendo muito duvidoso o fundamento legal destas normas, aliás extensivas aos membros das equipas de arbitragem.
Alguns profissionais do FC Porto - incluindo o capitão Danilo - acabam de tornar público que rejeitam tais medidas, tornando ainda mais impraticável a imensa trapalhada em que o poder político e as autoridades federativas se envolveram para "devolver o futebol ao povo" e satisfazer os anseios financeiros de operadores televisivos e alguns emblemas desportivos.
Estamos a cerca de vinte dias, em teoria, do jogo que reatará a Primeira Liga. Uma semana depois da maior parte das equipas voltarem ao trabalho, três jogadores do Vitória de Guimarães e cinco do Famalicão acusaram positivo no teste ao COVID19.
Que condições têm as equipas para voltar a jogar futebol quando o risco de contágio é mais que muito? Valerá mesmo a pena?
Por muita vontade que tenha de voltar a ver a bola a rolar, prefiro que esta época seja dada por terminada e que se volte em Setembro, ou quando houver condições.
Três jogadores do Vitória de Guimarães infectados com Covid-19. A três semanas do recomeço daquilo a que alguns ainda ousam apelidar de "campeonato". Num modelo que fere elementares regras de equidade da competição, dando a umas equipas a garantia antecipada de jogarem em casa enquanto outras sabem de antemão que só farão jogos fora.
Há quatro dias, a propósito desta pandemia que abala o mundo, interrogava-me aqui: «Na Alemanha surgiram agora dez jogadores infectados com o coronavírus. O que vai suceder se o mesmo acontecer cá?»
«O pós-pandemia terá de ser encarado pelo Sporting Clube de Portugal de forma necessariamente diferente. A alternativa, óbvia e evidente, passa por olhar clinicamente para a nossa Academia, em tempos das melhores do mundo, com competência e olhos de ver. A formação do Sporting, na próxima época, tem de ser encarada por todos, treinador incluído, como uma oportunidade e não como uma fatalidade.»
«Jogadores como Luís Maximiano (hoje titular indiscutível), João Palhinha, Francisco Geraldes, Daniel Bragança, Ivanildo, Diogo Sousa, Rafael Barbosa, Leonardo Ruiz, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Matheus Nunes, Dimitar Mitrovski, Joelson Fernandes, Diogo Brás, Pedro Mendes ou Pedro Marques têm de ser vistos como o nosso investimento e os nossos maiores reforços.»
«É fundamental regressar ao tempo pré-Academia, em que os miúdos eram bem tratados no centro de estágio que existia por baixo das bancadas do velhinho e saudoso Estádio José Alvalade, e em que os treinos aconteciam no pelado. Nesse tempo todos queriam jogar pelo Sporting e foi dessas fornadas que saíram os Cristianos, os Figos, os Futres, os Quaresmas ou os Nanis, só para dar alguns exemplos.»
«Aquilo que temos de voltar a ter é quem "namore" com os pais da criançada que veste a Verde e Branca e lhes diga que os filhos terão uma oportunidade. Do que precisamos é de ter novos Aurélios que sejam a base da nossa equipa. Pouco me importa se são do Sporting quando chegam, até porque todos sabemos que a maioria dos nossos maiores craques mais recentes não nasceram Leões. Aquilo que me interessa é que, na inevitável saída, sejam Sportinguistas dos pés à cabeça, de alma e coração.»
«O Sporting Clube de Portugal que conhecíamos antes da Covid-19 já não é o mesmo. E o que está em causa, por mais que nos custe reconhecer, é encontrarmos, todos juntos, um modelo que assegure a sobrevivência e o futuro de um Clube com quase 114 anos de história.»
«Seja quem for o Presidente do Sporting Clube de Portugal, não pode seguir uma estratégia de comunicação que sirva para iludir e enganar os sócios e adeptos, com frases feitas e chavões mobilizadores. Não! O que é preciso é ter a coragem de falar verdade, por mais dura e dolorosa que ela seja.»
«Concordando que, entre pagar salários e fornecedores, eu, se fosse gestor, optaria sempre pela primeira opção - tal como o Sporting fez relativamente ao Braga -, desde que devidamente conversada e negociada com os credores, nenhum Presidente ou dirigente pode permitir que quem desenha o discurso e a comunicação externa crie a percepção de que somos "caloteiros" porque sim. Porque foi isso que aconteceu no recente episódio do não pagamento da primeira tranche relativa a Rúbem Amorim, conferindo à SAD arsenalista e ao seu presidente um estatuto de superioridade moral inaceitável. Basta simplificar e explicar, de forma clara e transparente, falando verdade, o racional das opções tomadas e aquilo que a lei põe ao nosso dispor.»
Trechos de um texto de opinião hoje publicado no Record
A decisão de retomar à pressa as competições de futebol, agendando o regresso para a última semana de Maio, apenas se percebe pela necessidade dos clubes receberem as verbas contratualizadas com os operadores televisivos pelos direitos de transmissão televisiva, mas coloca mais problemas e dificuldades que certezas, senão vejamos:
- Vários jogadores terminam contrato a 30 de Junho. O prazo até pode ser prorrogado por decisão FIFA, mas sabemos que vários atletas têm salários em atraso. Será legítimo obrigá-los a jogar? E se não jogarem, não estaremos a desvirtuar a competição? E caso alguém se lesione gravemente? Imaginemos que Trincão do S.C.Braga por exemplo se lesiona para lá de 30 de Junho, irá o F.C.Barcelona pagar a verba acordada pela transferência? Ou João Palhinha por exemplo, que estaria a jogar para lá do período de empréstimo acordado, como seria o Sporting C.P. ressarcido caso não tenha o atleta à disposição para o início da próxima época? Utilizei o SCB como exemplo, nada contra o clube e atletas mencionados a quem desejo as maiores felicidades.
- Discute-se se os jogos devem ser transmitidos em sinal aberto ou fechado. Estarão os detentores dos direitos disponíveis para ceder os mesmos, o que implica perda de receita e ainda assim pagar? Ou vai ser considerado serviço público pelo governo e uma vez mais o dinheiro dos portugueses é desrespeitado, chegando-se a RTP à frente?
- Outra questão em discussão é que estádios serão utilizados para disputar os jogos que faltam. Qualquer solução diferente da utilização dos estádios dos clubes coloca em causa a verdade desportiva. Bem sei que falamos do futebol português, onde tal não é historicamente o mais importante, mas convém apesar de tudo não abusar.
- As duas equipas insulares, Marítimo e Santa Clara, têm tanto direito de jogar em casa como as outras, o que implica deslocações aéreas entre continente e ilhas. Pelo menos a TAP, ao que se sabe, irá continuar a realizar voos regulares e existe sempre a hipótese de recurso a voos privados. Pensam subjugar os direitos destes clubes ao interesse dos outros? É que pode acabar por influenciar a classificação, várias equipas jogaram e perderam pontos naqueles campos.
- O plano aponta para terminar a época em Julho e começar a próxima em Setembro. Não se podem alongar porque existem Europeu de selecções, competições europeias e jogos de apuramento para o Mundial 2022. Não seria preferível dar a actual época por terminada, antecipar o início da próxima e ganhar margem de manobra para gerir eventuais dificuldades que possam surgir? Por exemplo uma eventual nova vaga de covid19.
- Bem sei que todos os atletas estão testados, até podem entrar em estágio durante o período da competição, mas que farão as entidades responsáveis caso um atleta teste positivo? Mandam toda a equipa para quarentena? Isso implica alterações no calendário e prazo para concluir a competição. Isolam apenas o que testou positivo?
- Falta um parecer da DGS, que será fortemente pressionada pela estrutura do futebol para permitir o regresso da competição. Ou percebermos o que acontecerá nas quatro principais ligas europeias, Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália, bem como a decisão da UEFA sobre o que resta das competições europeias desta época. Porque apesar de não termos já clubes envolvidos, existem implicações para Portugal, que terá clubes envolvidos nas pré-eliminatórias da próxima época e terá que competir em pé de igualdade.
- A meu ver, seria preferível seguir o exemplo das modalidades de pavilhão, não haver campeão e utilizar a classificação actual para efeitos de qualificação para as provas europeias, subidas e descidas.
Hoje é o fim deste exagerado "estado de emergência". No És a Nossa Fé eu não escrevo sobre política, considero que aqui podemos muito discordar mas por razões de clubismo, não por razões outras. Mas acabo de escrever um texto em que aludo à contratação de Ruben Amorim. Não é sobre o Sporting, mas também sobre o Sporting. Tem um posição política mas deixo a ligação, para aqueles que mesmo assim o queiram ler: "Taça Covid-19?".
Diz-nos Eduardo Quaresma que todas as medidas de segurança foram cumpridas. Quais serão?
Dizem-nos, Nuno Mendes e Eduardo Quaresma, que devemos ficar em casa.
Não sei quanto a quem lê, mas pela parte que me toca, gostei de ver sinais de retoma de alguma normalidade, trazidos pelo futuro: dois promissores leõezinhos que, acredito, ainda nos farão dizer muitas vezes... só eu sei, porque não fico em casa!
(Imagens: captura de ecrã efectuada nos respectivos perfis Instagram)
Apesar de Frederico Varandas estar ao serviço do país no combate ao COVID19, o Sporting foi dos primeiros clubes portugueses a atingir um acordo com os jogadores de forma a ajudar os seus salários durante esta crise que abala o mundo.
Serão 40% de corte nos salários. Estes 40% passarão a 20% em caso de retoma do campeonato.
Pelos vistos é mesmo possível conciliar as duas coisas quando o mundo realmente precisa de mais um médico (todos contam) e o Sporting precisa de continuar a ser gerido.
Os tempos são estranhos, demasiados estranhos para quem, como eu, estava habituado a ter uma vida quase frenética.
Todavia já não somos donos das nossas vontades. Ou melhor somos desde que estas não prejudiquem os outros ao nosso redor.
Estamos assim presos, confinados, enclausurados nas nossas casas. Mas é tudo por uma boa e justificável causa.
Posto isto, e enquanto se decide o que fazer ao futebol e não só, venho por este meio desejar a todos os colaboradores deste blogue, comentadores e leitores, identificados e anónimos, uma Páscoa repleta de saúde, que neste momento é, sem dúvida, o mais importante.
Primeiro fecharam o futebol. E depois a praia. E depois veio a polícia. E depois...
Na frase/poema erradamente atribuída a tantos autores (Brecht, Maiakovski, etc.), da autoria de Martin Niemöller, diz-se isto:
Um dia, vieram e levaram o meu vizinho, que era judeu. Como eu não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram o meu outro vizinho, que era comunista. Como eu não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram o meu vizinho católico. Como eu não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, levaram-me a mim. Já não havia mais ninguém para reclamar.
Niemöller (teólogo protestante), fruto dos tempos por que passou a Alemanha entre guerras, foi no início um "fervoroso" apoiante de Hitler, até que se foi apercebendo de quem era a "peça" e passou de apoiante a opositor claro, não sem antes ter tentado demover o ditador fascista da sua irracionalidade e loucura. Foi processado e enviado para o campo de concentração de Dachau, onde foi prisioneiro de 1938 até ao final da guerra. Faleceu em 1984, com 92 anos.
E o que tem isto a ver com os tempos que correm e com o título deste post, perguntarão. Pois tem tudo!
Não que o futebol seja a coisa mais importante na minha vida, de longe!
Ainda que o Sporting, e as suas idiossincrasias, me tolde por vezes o juízo e a falta de pudor de alguns agentes menos escrupulosos me deixe de cabelos em pé, o futebol tem uma importância relativa na minha vida. Mas tirarem-me o futebol?...
Isto sem um joguinho de bola já estava a ser uma seca, nem as repetições no canal da FPF disfarçavam a ressaca, mas valiam-me as caminhadas pela falésia e pela praia, antes ao fim de semana e agora, com o confinamento em casa, todos os dias ao final do período de trabalho (sim, sou daqueles que estão em teletrabalho), mas hoje, pimba!, veio a polícia e fechou-me a praia! A mim, que não tenho culpa nenhuma, que apenas faço o que o primeiro-ministro aconselha, um passeiozinho higiénico. E para que saibam, isto aqui é a bem dizer um deserto se contarmos apenas com os que cá vivem, todos juntos não fazem uma equipa de futebol (raios, o futebol outra vez, até parece...) e mesmo que saiam todos e mais os cães e mais os gatos, o mais perto que poderemos estar uns dos outros serão 9,15 metros (ups! Livre directo...), distância mais que suficiente para que os mosquitos que alguns possam projectar boca fora quando têm que gritar para se fazerem ouvir, por modos da distância, percebem, se evaporem pelo caminho e a rapaziada se mantenha sã que nem pera rocha, que é aqui vizinha. Mas isto estava calminho, o tempo estava uma merda e a gente ia fazendo os nossos passeios higiénicos, até que o sol se mostrou, a temperatura subiu um bocadinho assim e os tugas que foram mandados ficar em casa acharam por bem vir para a praia! Como se a água salgada, inda por cima fria cumó raio que a parta, fosse prima daquela coisa do gel que desinfecta e tal... Uma porra! Vinham aos magotes, uns armados em pinguins com as tábuas de engomar às costas e outros a espojarem-se na areia, a jogar futebol (ah! como eu compreendo esses...) com os putos, a obrigarem os cães a entrar na água gelada, onde eles não metiam os cotos, para irem buscar um cabrão de um pau, repetidamente...
Estava esta pouca vergonha em processo em curso e as autoridades fizeram o que se lhes exigia: Mandaram encerrar os acessos à MINHA praia. Ela não é minha, não é só minha, vocês entendem, mas vejam, eu não vou lá para a rua deles com um cão e um pau divertir-me, nem vou passar a ferro na entrada dos prédios deles. Prédios donde por acaso e atendendo ao que lhes dizem milhares de vezes por dia, não deveriam sair! E por causa destas alimárias a minha vida está um inferno ainda um pouco mais inferno...
Primeiro acabaram-me com o futebol, mas eu como tenho um joelho de vidro fiz um enorme esforço mental e não me importei; depois fecharam a praia, mas como a água está gelada e há sempre o campo, eu condescendi, apesar de não poder ir aos ouriços; hoje logo pela manhã veio a polícia fiscalizar os abusos, mas eu, como até sou cumpridor, assisti de varanda (raios, Varandas!); depois, bem, depois ao final do dia, no tal passeio higiénico primeiro-ministró recomendado, pumba! As barreiras tinham sido afastadas e as fitas delimitadoras arrancadas e feitas desaparecer! Graças a Deus, a minha fé na humanidade renasceu! Niemöller, se fosse vivo, ver-se-ia obrigado a concluir aquele seu pensamento/poema/qualquer coisa, de outra forma. Talvez "e quando veio o vírus mortal, eu tomei medidas e fui para a praia".
Num destes dias li algures por aí que as datas no futuro passarão a definir-se por AC e DC, isto é, antes do Corona (AC) e depois do Corona (DC). Quase parece uma brincadeira, mas infelizmente não é.
Nada do que era antes desta pandemia ficará igual… e, quer queiram quer não, os clubes irão ser também vítimas deste surto epidémico que vai crescendo exponencialmente.
Seria assim bom que TODOS os dirigentes desportivos aproveitassem esta contingência para reformularem prioridades para os seus clubes, associações, federações.
Desalentado, não, ele não queria ficá-lo e não o ficaria desse lá por onde desse! Quantos iam no seu encalço? Centenas? Milhares?
O que não o impedia de beber o seu cálice de bagaceira e de permaner impassível vendo a chuva cair. Um homem é sempre mais forte que uma multidão, desde que conserve o seu sangue-frio
O "post" anterior desta série foi publicado em 2020.01.05, precisamente, há 11 semanas, tantas quantos os jogadores de uma equipa de futebol.
Onze semanas, dez jornadas (parece muito tempo sem futebol, na vida, na morte, tudo é relativo).
Desde esse dia jogámos dez jornadas para o campeonato, um jogo para a Taça da Liga, dois jogos na Liga Europa.
Na Taça da Liga fomos eliminados de forma justa mas ilegal, justa, o Braga jogou melhor futebol que nós, ilegal, há uma carga à margem das leis sobre o defesa do Sporting, antes do cruzamento que impede que o jogo seja disputado através de pontapés da marca de grande penalidade.
Na Liga Europa fomos eliminados de forma injusta mas de forma mais ou menos legal, basta revermos os dois jogos (alguns de nós, infelizmente, agora têm muito tempo para isso)* o Sporting foi, inequívocamente, melhor no conjunto das duas mãos, não tivemos nos dois jogos a "sorte" do jogo; tivemos nos dois a "falta de sorte" das arbitragens.
(quem tem dúvidas é só rever lance a lance, o jogo em Alvalade e na Turquia, quais os lances que foram marcadas faltas, quais os que foram mostrados cartões, como foram decididos os lances dentro da área e fora da área, terá existido o mesmo critério?).
Não me apetece estar a esmiuçar tudo, jornada a jornada, todas estas jornadas, tiro o meu chapéu ao Pedro Correia, ao Luís Lisboa e ao Leonardo Ralha (espero não me estar a esquecer de ninguém) que conseguem fazer análises jornada a jornada, em cima de cada um dos jogos, eu, disse que o faria mas a carne é fraca (o tofu ainda pior) e às vezes a seguir aos nossos jogos apetece-me mais chorar que escrever.
Após 24 jornadas, o Sporting é quarto, ainda assim, com os mesmos empates do primeiro classificado e menos um que o Braga (terceiro classificado), com os mesmos golos sofridos que o terceiro classificado,26,com mais cinco golos marcados que o quinto classificado, o Rio Ave.
Nesta altura o Sporting é o único clube com um treinador que conta por vitórias todos os jogos efectuados, como treinador do mesmo, Rúben Amorim.
* na sexta-feira escrevi isto:
"O meu estado de espírito não é o melhor, este fim de semana "postarei" a razão, enfim, uns estão aborrecidos por não trabalharem, eu estou aborrecido, "é chato" por ter de trabalhar; apesar de... Abraço, Edmundo (acho que não é tempo para guerrinhas é o tempo para unir o Sporting)"
num postal do Edmundo.
Imaginemos que uma pessoa está prestes a completar 52 anos de idade. Imaginemos que essa pessoa tem quase 30 anos de trabalho numa "sociedade anónima" detida a 100% pelo Estado.
Imaginemos que essa pessoa tem a esposa em casa com uma gravidez de risco, de muito risco, a cerca de um/dois meses do final da gestação (é/será/seria o primeiro filho de ambos, filho único e neto único dos dois lados).
Imaginemos que essa pessoa tem de continuar a ir trabalhar, diariamente, contactando com pessoas no local de trabalho, de atendimento ao público e com contacto físico (a não ser que vista um fato de pintor, o que não combinaria com o terno e a gravata) enfim, tantas precauções por um lado, tanto desleixo por outro [a questão não é a pessoa imaginária, são os outros que, supostamente, estão protegidos em casa e todos os dias correm o risco de ser contaminados].
Imaginemos que a entidade patronal lhe diz algo do género: "tu é que sabes, cinco faltas injustificadas são despedimento com justa causa".
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