O Sporting foi a Rio Maior conquistar uns merecidos 3 pontos perante uma equipa do Casa Pia muito bem treinada, com grande intensidade de jogo, e que não vai ser pera-doce para ninguém.
Para este jogo Rúben Amorim apostou na dupla de médios que muito tinha deixado a desejar na segunda metade do jogo com o Vizela, e se Pedro Gonçalves foi massacrado com cargas e faltas e passou ao lado do jogo, Morita fez uma das melhores exibições que lhe vi com a camisola do Sporting, se calhar ao nível de Turim. Depois, quando entrou Hjulmand a fazer o que um 6 tem de fazer em benefício da defesa, logo pensei que o problema do meio-campo está resolvido e muito bem resolvido.
Apostou também numa dupla de avançados, Paulinho e Gyokeres, que também tem tudo para correr bem. O arrasto de um é a oportunidade de outro, e com isso a defesa contrária fica ali com muito para resolver. E a equipa contrária muito condicionada.
Na defesa Coates fez um jogo de sofrimento, pouca coisa lhe correu bem, mas teve em Diomande e Inácio fiéis escudeiros.
Nas alas nenhum dos quatro utilizados se destacou pela positiva ou pela negativa.
Edwards e Trincão continuam em pré-época.
Sobre a arbitragem, um golo a favor do Sporting pelos vistos mal validado, um penálti por assinalar a favor do Sporting, uma carga ofensiva mal assinalada na jogada que deu o golo contrário, amarelos por mostrar aos jogadores do Casa Pia, dizer o quê ? E depois do comunicado do CA APAF, que descobriu que o primeiro erro grosseiro de todos os tempos das linhas de fora de jogo colocadas pelo VAR afinal beneficiou o Sporting? Afinal a Carolina Salgado era virgem quando o Pinto da Costa a descobriu no Calor da Noite? Só pode.
Amanhã à noite em Rio Maior o Sporting irá defrontar um Casa Pia muito bem orientado e estruturado que nos vai fazer a vida bem difícil. E eu vou lá estar, depois do raide bem sucedido à bilheteira de Alvalade.
O jogo inaugural do Sporting lembrou muito a "montanha-russa" que foi a época passada. Primeira parte demolidora mas perdulária, segunda displicente até deixar fugir a vantagem, um final de jogo de nervos, tudo ao molho e fé no Coates.
O grande problema do momento do Sporting é o meio-campo, quer pelas características dos jogadores que compõem a dupla, quer pela sua falta de articulação com alas e interiores no momento de recuperação defensiva, quer pela sua incapacidade física de aguentar 90 e tal minutos em bom desempenho. Espera-se que com a vinda de Hjulmand para a posição 6, Rúben Amorim defina duma vez por todas quem é o titular da posição 8, Pedro Gonçalves, Morita ou (improvável) Daniel Bragança.
Outro problema é a forma como Trincão e Edwards estão a começar a época, desligados, individualistas, desarticulados do resto da equipa. Outro ainda é a falta de adaptação de Catamo e Afonso Moreira à posição de ala, falhos de recuperação defensiva e alérgicos à linha lateral no momento de ataque. Nesse aspecto, Esgaio e Matheus Reis dão outra capacidade nas alas. Se vier Zanoli e Nuno Santos estiver em condições ficamos com as alas bem preenchidas.
Fora isso, Adán e a linha defensiva a 3 garantem solidez defensiva quando tem a bola de frente. Se apanham com bolas perigosas nas costas é porque o meio-campo falha nas coberturas e compensações. O ataque com Pedro Gonçalves, Gyökeres e Paulinho faz mossa a qualquer equipa. Com Trincão ou Edwards isso depende da fase da lua.
De todos os jovens que Amorim levou para a pré-época, Catamo, Jovane e Quaresma incluídos, aquele que melhor aproveitou foi Afonso Moreira. Está ali um novo Nuno Santos, talvez para melhor, assim corrija alguns posicionamentos e decisões. Aparentemente Essugo e Mateus Fernandes perderam o comboio algures. Um não foi ao banco, o outro lá ficou sem entrar para substituir Bragança.
Então o que espero do Casa Pia - Sporting amanhã em Rio Maior? Um Sporting dominador, pressionante, a querer e conseguir marcar cedo e sem levantar o pé do acelerador até ter o jogo resolvido. Oxalá assim aconteça.
Vem aí a segunda jornada: iremos a Rio Maior defrontar o Casa Pia. Já amanhã à noite, a partir das 20.30.
Lembro que na época passada o desafio correspondente a este não foi nada fácil de superar. Acabámos por ganhar 3-4, mas suámos muito. Com Matheus Reis, Diomande, Coates e Gonçalo Inácio a tremerem lá atrás. E só aos 85' chegámos à vitória, quando já jogávamos contra dez desde o minuto 64. O herói dessa partida de Domingo de Páscoa foi Trincão: três golos. Incluindo o nosso mais rápido de sempre, marcado logo aos 17 segundos.
Venho pedir-vos prognósticos para esta ronda. Qual será o resultado e quem marcará os golos da nossa equipa. Façam o favor de não dizerem todos o mesmo, a ver se isto varia um pouco.
Trincão, herói do desafio disputado no Jamor: nunca tinha marcado três num jogo só
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Grande partida de futebol em Domingo de Páscoa, anteontem: foi até agora o jogo da Liga 2022/2023 com mais golos. Cheio de emoção até ao fim.
Sete golos: eis o maior condimento deste belo cartaz de promoção do futebol que foi o Casa Pia-Sporting. Com os da casa (que continuam a actuar em palco emprestado, desta vez no Estádio Nacional) a revelarem eficácia máxima: três oportunidades, três golos.
A vitória foi difícil, mas foi nossa. Contra a equipa-sensação deste campeonato, que venceu o Braga na Pedreira (0-1), impôs um empate caseiro ao FC Porto (0-0) e só não fez o mesmo com o Benfica, em desafio desenrolado no estádio de Leiria, porque os encarnados foram escandalosamente beneficiados pela arbitragem.
Recém-promovido ao primeiro escalão do nosso futebol, após muitos anos de ausência, o modesto emblema lisboeta aprendeu a bater o pé aos grandes. Assim fez ao Sporting: só aos 85' marcámos o golo da vitória, que fixou o resultado: 3-4. Beneficiando do facto de jogarmos contra dez a partir do minuto 64 devido à expulsão de Fellipe Cardoso, por acumulação de amarelos.
O herói desta partida chama-se Francisco Trincão - no seu melhor desempenho desde que actua de Leão ao peito. Marcou três dos quatro golos (primeiro, segundo e quarto) e está ainda envolvido no terceiro (apontado por Pedro Gonçalves). Estreia do jogador minhoto que fomos buscar ao Barcelona a apontar três de uma vez: nunca tinha alcançado tal proeza desde o início da carreira.
É dele também outro marco: o golo mais rápido do campeonato em curso. Bastaram 17 segundos para a introduzir na baliza. Grau máximo de eficácia. Desde a época 2014/2015 que ninguém se mostrava tão rápido a marcar: acontecera com Adrien ao Boavista, no Bessa.
Nota negativa para a defesa leonina, que andou aos papéis. Quase irreconhecível. A tal ponto que Rúben Amorim tomou uma decisão com o seu quê de inédito: ao intervalo, com 2-2 no marcador, decidiu manter no balneário dois dos três centrais, trocando Diomande por St. Juste e Matheus Reis por Gonçalo Inácio.
Estaria certamente irritado - e preocupado - com tantas falhas defensivas, no plano individual e colectivo.
Os números não iludem: levamos 26 golos sofridos. Metade dos que tínhamos na mesma jornada 27 há dois anos, quando fomos campeões.
A meia hora final foi imprópria para cardíacos, de parte a parte.
A verdade, porém, é que conseguimos empurrar a turma da casa para o seu reduto defensivo, sobretudo a partir do minuto 70. A pressão que exercemos foi tão intensa, já com Arthur a dominar a ala direita e Morita a infiltrar-se com perícia entre linhas, que o golo vitorioso se antevia a qualquer momento - excepto para os pessimistas irrecuperáveis. Aqueles que Rogério Azevedo tão bem descreveu ontem no jornal A Bola: «Leão que é leão pode ter nove pontos de avanço a três jornadas do fim, com vantagem no confronto directo, e mesmo assim desconfia. Torce o nariz, franze o sobrolho e passa as mãos por uma toalha para que esta lhe seque as mãos sempre húmidas».
A verdade é que vencemos. Não liguem àqueles que comentam este jogo como se tivéssemos empatado (como o FCP) ou até perdido (como o Braga).
Outro facto inquestionável: há onze jogos seguidos que o Sporting não perde. Desta vez não se trata de bater qualquer recorde, mas é uma marca já digna de registo. E de respeito.
Bom augúrio para o embate desta quinta-feira contra a Juventus em Turim? Por mim, não hesito na resposta: é afirmativa. Sem torcer o nariz nem franzir o sobrolho.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Voltou a sofrer três golos, algo que só tinha acontecido nas jornadas 1 e 3 contra Braga e FC Porto, fora de casa. Sem responsabilidade em nenhum deles.
Diomande - Claramente fora de forma, com pouca intensidade e alguma imprecisão nos passes, algo surpreendente nele. Será culpa do Ramadão. Saiu ao intervalo.
Coates - Tarde desinspirada do capitão, que claudicou nos golos sofridos: lentidão de reflexos e deficiente leitura dos lances. Jogou a ponta-de-lança entre os minutos 68 e 85.
Matheus Reis - Claramente em dia não, esteve mal nos dois primeiros golos do Casa Pia. Apático e trapalhão. O treinador retirou-o do jogo ao intervalo.
Esgaio - Neste seu jogo n.º 200 do campeonato, foi o melhor da nossa defesa - o único sem culpa em qualquer dos golos que sofremos. Aos 39', assistiu Trincão no segundo.
Ugarte - Quase se limitou a recuperar bolas e a vigiar o corredor central, quando o Casa Pia atacava pelos flancos. Falhou remate aos 16': continua sem marcar.
Pedro Gonçalves - Exibição de grande nível. Duas assistências para golo e ele próprio a marcar um - o terceiro, aos 48'. É o rei das assistências da Liga 2022/2023, já com nove.
Nuno Santos - Défice de pontaria nos cruzamentos, que raras vezes lhe saíram bem medidos. Azar ao tentar um alívio na grande área: num ressalto, o Casa Pia marcou o segundo.
Trincão - O seu melhor jogo pelo Sporting. Marcou aos 17'', 39' e 84'. Ainda teve intervenção no terceiro, com um toque de calcanhar cheio de classe para Morita. Tarde de gala.
Edwards - Abusou dos rodriguinhos, dando sempre um toque a mais na bola e perdendo ângulo de remate. Também abusou das quedas a simular penálti. Arriscou ver um cartão.
Chermiti - Dispôs de duas bolas prontas para golo, aos 20' e aos 34', mas permitiu a intervenção da defesa adversária por lentidão e talvez imaturidade. Saiu ao intervalo.
St. Juste - Rendeu Diomande aos 46'. Mais veloz e acutilante, atento às dobras sem perder intenção ofensiva. Podia ter feito melhor no terceiro golo que sofremos.
Gonçalo Inácio - Entrou aos 46', rendendo um desinspirado Matheus Reis. Melhor no passe longo do que o colega. Mas também não saiu isento de culpa no terceiro do Casa Pia.
Morita - Substituiu Chermiti (46'), permitindo a Pedro Gonçalves subir no terreno. Notável precisão no passe, batalhador pela posse de bola. Assistência perfeita no terceiro golo.
Arthur - Rendeu Esgaio (68'). Com maior propensão ofensiva, dinamizou o corredor direito, mais como extremo do que como ala. Contribuiu para o assalto final ao reduto adversário.
Rochinha - Último a entrar, aos 85'. Ainda a tempo de participar na construção do quarto golo, momentos após ter substituído Nuno Santos. Batalhador.
Trincão marcou três golos ao Casa Pia no Jamor: a sua melhor exibição pelo Sporting
Foto: Miguel A. Lopes / EPA
Gostei
Dos três pontos que trouxemos do Jamor. Confronto difícil com o Casa Pia, equipa-sensação do campeonato, que há um ano jogava no segundo escalão e nem tem podido utilizar o seu estádio. Mas cumprimos o essencial: vencemos por 3-4. Estamos na luta, em perseguição constante ao Braga para um lugar no pódio desta Liga 2022/2023.
De Trincão. Foi, de longe, o seu melhor jogo desde que chegou ao Sporting. Talvez tenha sido o jogo que desfez as dúvidas ainda existentes entre os adeptos, projectando-o como potencial craque - e um dos activos mais valiosos do plantel leonino. Marcou três golos - algo que ainda não tinha conseguido numa só partida e que neste campeonato apenas Taremi alcançara uma vez. O primeiro, logo aos 17 segundos, de pé direito. O segundo foi aos 39' - golaço, com a bola bombeada em arco para um ângulo impossível. E o terceiro, que nos valeu a vitória, aos 85'. Exibição de luxo, inquestionável. Melhor em campo, claro.
De Pedro Gonçalves. Outra excelente exibição, confirmando-se como patrão do nosso onze actual. Está cada vez mais influente, mais confiante, mais determinado, com melhor visão de jogo e maior disciplina táctica. Mas precisa de actuar lá na frente, com óbvia vantagem para a equipa. Viu-se ontem, frente ao Casa Pia: um golo (aos 48') e duas assistências (para o primeiro e o terceiro de Trincão). Foi também ele, pela sua combatividade, a estar na origem da expulsão de Fellipe Cardoso, por acumulação de amarelos - o que nos fez jogar contra dez durante cerca de meia hora. Soma e segue: já leva 18 golos marcados na época em curso.
De Morita. Em constante progressão no plantel leonino. Desta vez Rúben Amorim manteve-o fora do onze inicial, certamente a poupá-lo para o desafio de quinta-feira, da Liga Europa, frente à Juventus. Ao intervalo, o técnico percebeu que não podia dar-se ao luxo de manter o internacional japonês no banco. E fez bem: é um médio de características ofensivas que domina muito bem a bola e sabe empurrar a equipa para a frente com intenção e critério. Assistência perfeita, aos 48', a isolar Pedro Gonçalves para o terceiro golo.
Do espectáculo. Em tarde de Domingo de Páscoa, este Casa Pia-Sporting foi um excelente cartaz de promoção do futebol. Emoção constante, intensidade ofensiva, resultado incerto, suspense até ao fim. Estivemos três vezes em vantagem, e por três vezes os "gansos" conseguiram empatar - aos 7', aos 54'+2 e aos 62'. Não esqueçamos que esta é a mesma equipa que, também em casa (mas não no seu estádio), impôs em Janeiro um empate a zero ao FC Porto para o campeonato e em Novembro derrotou o Braga na Pedreira.
Dos golos. Esta foi, até agora, a partida com mais golos na Liga 2022/2023. Foi também aquela em que ocorreu o golo mais rápido - 17 segundos após o apito inicial. Foi ainda a primeira vez que marcámos quatro num só jogo deste campeonato. O golo é o condimento supremo do futebol: eis, portanto, outro ponto a destacar pela positiva.
Do apoio incessante dos adeptos. Nunca faltou aos nossos jogadores o incentivo das bancadas. Mesmo com muitos adeptos a chegar tarde devido às deficientes condições de acesso ao estádio e de entrada no Estádio Nacional, algo que necessita de revisão urgente.
Não gostei
Dos três golos encaixados. Um balde de água fria após cinco jogos seguidos com as nossas redes invioladas. Desde a era de Leonardo Jardim, há dez temporadas, que não estávamos tanto tempo sem sofrer golos.
Da defesa. Desta vez o problema estava lá atrás. Com um trio composto por Diomande, Coates e Matheus Reis. De tal maneira que dois deles saíram ao intervalo: o marfinense, talvez debilitado por estar a cumprir o 20.º dia de Ramadão, e o brasileiro, que teve responsabilidades no primeiro golo - o segundo acaba por acontecer após ressalto, infeliz para nós, em Nuno Santos, que corria para ajudar. As entradas de St. Juste e Gonçalo Inácio ajudaram a estabilizar a linha defensiva, que melhorou no segundo tempo. Mesmo assim, culpas repartidas entre Coates e Gonçalo no terceiro que sofremos. Alguma apatia, pouca dinâmica, desconcentração, incapacidade de prever os movimentos adversários.
De Chermiti. Segunda partida consecutiva a substituir Paulinho, ausente por lesão. Novamente sem fazer a diferença em zonas de decisão. Deixou-se antecipar nas duas flagrantes oportunidades de que dispôs, aos 20' e aos 34'. Sem surpresa, já não regressou após o intervalo. Com apenas 18 anos, tem ainda muito para evoluir.
Do resultado ao intervalo. Estávamos empatados 2-2. Consequência da excessiva lentidão do nosso jogo durante a meia hora inicial e da falta de pressão sobre o portador da bola quando o Casa Pia saía em ataque organizado. Dava a impressão que alguns jogadores - talvez quase todos - estavam já a pensar mais no desafio contra a Juventus, poupando-se neste. Ia-nos saindo caro.
Da classificação. Seguimos em quarto lugar, vendo o Braga com mais cinco pontos, o FC Porto com mais sete e o Benfica a uns inatingíveis 14 pontos. Há cada vez menos tempo e menos espaço de recuperação, quando só faltam sete jornadas. O melhor a que ainda podemos aspirar, realisticamente, é ao último posto do pódio.
Esta foi a canção que Leonard Cohen escreveu, antecipando a eliminação do Arsenal, em Londres ("I didnt come here to London just to fool you") e o jogo a seguir com o Gil Vicente.
Acredito que a nossa rapaziada tenha feito o melhor possível (dentro daquilo que lhes foi deixado fazer), jogaram o melhor que puderam ("Now I've done my best, I now it wasn't much") mesmo que não tenha sido muito.
Enfim, amanhã, no Jamor, onde fomos impedidos de estar na final da Taça de Portugal, vamos dar o nosso melhor e a verdade, como podemos ver abaixo, é que estamos melhor.
Amanhã, às 18 horas, defrontaremos o Casa Pia: brevíssima deslocação entre Alvalade até ao terreno de jogo.
Recordo que no desafio da primeira mão vencemos por 3-1 esta equipa então recém-promovida ao escalão principal do futebol português. O resultado foi melhor do que a nossa exibição. Com 0-1 ao intervalo e já assobios a soarem na curva sul. Rúben Amorim mexeu na equipa ao intervalo, corrigiu erros e a vitória surgiu, com golos de Paulinho, Nuno Santos (um dos melhores do campeonato) e Pedro Gonçalves.
Como será desta vez? Avancem lá com os vossos prognósticos.
Quem terá proposto e quem terá aprovado este título?
Ao tentar fazer um trocadilho com "Amor de Perdição" os génios d' O Jogo escreveram o que não queriam.
Vejamos, se o título fosse: "Jamor de perdição" significaria uma derrota, uma perda, uma perdição.
O contrário de confiar é desconfiar. O contrário de perder é ganhar não é empatar.
Desconfio que se o árbitro se chamasse Tiago Martins e o jogo se tivesse disputado em Leiria, o FC Porto teria tido mais possibilidades de vencer o Casa Pia, da mesma forma "limpa" que os arguidos ganharam aos gansos.
Outra desconfiança que tenho, será que tais adeptos que Sérgio Conceição referiu vivem a 150 km de Lisboa?É que se o treinador furibundo se estava a referir a uma viagem de vinda e volta, a partir do Porto, são cerca de 600 km.
Nota negativa para o FC Porto em campo e para o discurso do treinador.
Desta vez houve dois vencedores: Ferreira e Leão de Queluz. Ambos adivinharam não apenas o desfecho do Sporting-Casa Pia (3-1), mas os marcadores de dois dos nossos três golos: Pedro Gonçalves e Paulinho no primeiro caso, Nuno Santos e Pedro Gonçalves no segundo - Nuno Santos, curiosamente, costuma ficar esquecido pelos nossos leitores nestas rondas de prognósticos.
Felicito também o meu colega Luís Lisboa e os comentadores Jorge Luís e Leão do Algarve. Também eles previram o resultado desta partida, embora com menos pontaria para antever quem marcaria. Estiveram quase.
Nuno Santos festeja após "bomba" que virou o resultado (59')
Um dos chavões mais batidos do futebol diz-nos que "isto não é como começa, mas como acaba". A frase até enjoa, de ser tão utilizada, mas aplica-se como uma luva a este difícil desafio que travámos na noite de sábado ao receber o Casa Pia, recém-promovido ao principal escalão do futebol português.
Há 84 anos que os "gansos" não competiam na primeira divisão nacional. Desde a época 1938/1939, quando os defrontámos e vencemos em duas partidas. Restam muito poucos adeptos vivos desses tempos em que o Sporting passeava classe em qualquer campo do país, na era imediatamente anterior à dos 5 Violinos.
Suámos e sofremos para vencer este Casa Pia dos nossos dias. Que estava à nossa frente na classificação antes de começar o jogo, num merecido quarto posto. Por ter vencido quatro desafios fora de casa: em Guimarães, no Funchal, em Famalicão e Paços de Ferreira.
Impusemos-lhe, à décima ronda, a primeira derrota como equipa visitante. É quanto basta para atestar o valor da turma orientada pelo treinador Filipe Martins e com jogadores de bom nível, como Ricardo Batista, Vasco Fernandes, Fernando Varela, Godwin, Clayton e Romário Baró. O primeiro, guarda-redes, chegou a jogar na nossa equipa A. O último passou pela formação leonina, mas distinguiu-se sobretudo no FC Porto.
O Sporting entrou com mais velocidade do que nas seis partidas anteriores para todas as competições em que havia registado quatro derrotas (contra Boavista para a Liga, contra o Varzim para a Taça e duas contra o Marselha na Liga dos Campeões). Percebia-se que desta vez os nossos jogadores queriam pressionar alto e marcar cedo.
Podiam tê-lo feito se a pontaria fosse mais certeira (Edwards pareceu imitar Bryan Ruiz logo aos 5', falhando à boca da baliza, e Trincão disparou para as nuvens com tudo à sua mercê, aos 20') ou o guardião casapiano não se revelasse em grande forma (negando o golo a Morita e Pedro Gonçalves).
A verdade é que, contra a corrente de jogo, foram eles a marcar. Numa arrancada vertiginosa que deixou a nossa defesa plantada e Adán sozinho perante Clayton, que a meteu lá dentro. No minuto 43', que prometia ser fatídico.
Fomos para o intervalo a perder, escutavam-se sonoros assobios aos jogadores na famigerada Curva Sul, parecia iminente um novo cenário de pesadelo, digno de voltar a pôr tudo em causa neste clube tão bipolar.
Mas a pausa fez bem ao Sporting. Também ao treinador, que tomou as decisões que mais se impunham: mandou sair um desinspirado Trincão, trocando-o por Paulinho, encostou Edwards à linha direita, o lugar adequado para ele, e manteve Morita alguns metros mais adiantado, reforçando o nosso caudal ofensivo. Marsà, magoado, ficou no balneário e Chico Lamba, estreante na primeira equipa, entrou no seu lugar.
O facto é que resultou. Em dois minutos, virámos este jogo disputado anteontem. Aos 57', com Paulinho, a emendar de cabeça uma defesa incompleta de Batista nesta sua estreia como marcador na Liga 2022/2023. E aos 59', por Nuno Santos, numa bomba que o habilita a melhor em campo e desde já se candidata a golo do ano. Porro esteve em ambos os lances, rematando no primeiro e assistindo no segundo.
Aos 65', o tento da tranquilidade. Apontado por Pedro Gonçalves, de penálti, para castigar falta sobre Edwards e logo assinalada pelo árbitro Helder Malheiro.
Até ao fim, só deu Sporting. Já em modo menos fogoso, pensando no desafio europeu que nos aguarda esta quarta-feira em Londres, contra o Tottenham. Deu ainda para trocar Pedro Gonçalves por Arthur, Porro por Nazinho e Ugarte por Mateus Fernandes - outra estreia absoluta no primeiro escalão leonino.
No final, para variar, não houve assobios. Tudo está bem quando acaba bem.
Breve análise dos jogadores:
Adán- Pouco trabalho, desta vez como capitão. Nada podia fazer no golo sofrido, pouco antes do intervalo. Antes, aos 15', tinha visto uma bola bater no poste. Defesa vistosa aos 54'.
Gonçalo Inácio- Chegou a assustar num choque na primeira parte que o forçou a jogar com touca protectora. Começou à direita mas fez todo o segundo tempo no eixo da defesa.
Marsà - Com Coates, Neto e St. Juste ausentes por lesão, o esquerdino catalão vai ganhando espaço na defesa, mesmo jogando à direita. Tocado, já não entrou para a segunda parte.
Matheus Reis- É lateral adaptado a central e nota-se em certas jogadas, como a do golo sofrido, em que coloca o adversário em posição legal. Uns furos abaixo do que já mostrou.
Porro- Dínamo da equipa, junto com o colega da ala oposta. Dominou o corredor direito. Essencial no primeiro golo, com um disparo para defesa muito apertada. Assistiu no segundo.
Ugarte- Médio de contenção, cumpriu no essencial. Travando o passo ao Casa Pia, atento às recuperações (uma notável, aos 77'). Tentou marcar na meia-distância, ainda sem sucesso.
Morita- Vem apurando a classe de jogo para jogo. O melhor do nosso primeiro tempo, com qualidade de passe nas transições ofensivas. Esteve quase a marcar aos 40'.
Nuno Santos- Ninguém o bate em intensidade e na entrega ao jogo. Voltou a ser o mais inconformado. Recompensado com o excelente golo que marcou aos 59'. Indefensável.
Trincão- Amorim continua a apostar nele como titular, mas tarda em mostrar serviço. Perde-se em fintas e não sabe muito bem o que fazer com a bola. Cedeu lugar a Paulinho aos 54'.
Pedro Gonçalves - Clara subida de forma. Quase marcou aos 7'. Ofereceu golo a Trincão aos 20'. Um tiro aos 33' que Ricardo parou. Remate cruzado a rasar o poste (49'). Marcou enfim, aos 65'.
Edwards - Engolido pela defesa adversária enquanto andou algo perdido no eixo do ataque, melhorou com a entrada de Paulinho, que o desviou para a direita, seu terreno preferencial.
Chico Lamba- A maior surpresa desta partida. Lançado em estreia por Amorim, fez todo o segundo tempo, substituindo Marsà. Cumpriu. É ele a iniciar a jogada do nosso golo aos 57'.
Paulinho- Funciona melhor como suplente utilizado? Deu ideia que sim. Entrou aos 54', marcou (de recarga) três minutos depois. O seu primeiro nesta Liga. Muito móvel, arrastou marcações.
Arthur- Rendeu Pedro Gonçalves aos 72'. Entrou com a energia revelada na estreia como Leão contra o Tottenham. Desta vez não marcou mas ganhou canto. Também apoiou a defesa.
Nazinho- Substituiu Porro aos 78'. Sem complexos. Esquerdino no corredor direito, esteve prestes a marcar quando, isolado por Lamba, rematou rente ao poste aos 82'.
Mateus Fernandes - Entrou para o lugar do quase esgotado Ugarte (78'). Estreia absoluta na equipa principal, premiando o seu bom trabalho na equipa B. Atirou por cima aos 85'.
Estava pouca gente como seria de esperar, após o desaire na Taça de Portugal, mas durante todo o tempo não foi regateado apoio à equipa, à parte uma assobiadela desnecessária à saída para o intervalo por parte da bancada sul. Bancada A, que lá por cima assobiavam-se os assobiadores.
Posso estar a ser um pouco exagerado na apreciação ao jogo, mas arrisco a dizer que foi a exibição mais consistente e conseguida desta época a nível interno.
A equipa falhou inúmeros golos na primeira parte é certo, grande parte deles por manifesto nervosismo (querer entrar com a bola pela baliza "adentro" é reflexo disso), mas esteve sempre por cima do adversário, que tem uma bela equipa e pratica um futebol muito bom.
Parecia que aqueles móveis lá na frente deambulavam em frente à cama (baliza) sem saberem muito bem quem era o guarda-fato, quem era o pexixé, quem era a cómoda, ou quem era a mesa de cabeceira.
Parece-me que o que virou o jogo foi o treinador ter percebido que um dos móveis estava ali a mais e colocando um jogador em cima da cama (o que a gente aqui lhe anda a dizer há "séculos"), fez com que finalmente fosse beijado o véu da noiva. E num ápice, fruto também da alteração táctica do adversário que queria defender o resultado com que vinha do intervalo e jogando no passar do tempo e no consequente nervosismo dos nossos, deixou a ala esquerda da sua defesa mais desguarnecida, que é o que Porro gosta e dali saiu o lance do segundo, um golaço do Nuno Santos e do terceiro, um slalom de Edwards que deu penálti.
Em resumo, na primeira parte houve uma carrada de remates e a ineficácia foi gritante e na segunda em cinco remates, três deram golo e permitiram a reviravolta.
Todos esperamos que seja A reviravolta.
Só três pontos nos separam do lugar de acesso directo à liga dos campeões (vamos ganhar por quatro de diferença ao Porto!), só dependemos de nós para lá chegar, vai haver uma paragem de mais de um mês em Novembro e Dezembro, dará para recuperar física e mentalmente os rapazes. Vamos lá, nada está perdido e com a resposta de hoje e a garra desta segunda parte, só se pode esperar o melhor.
Nota final: Não sendo eu um admirador das claques, achei um exagero a carga policial. Eu estou por cima, foi uma coisinha de nada e até agradável à vista e ver a polícia chegar, passados largos minutos do final dos acontecimentos, carregar na "malta", pareceu-me um manifesto exagero. Não vejo isso acontecer no Dragão ou na Luz, mas parece que é moda e dá pica bater no Sporting, seja de que forma for. Esperemos que quem comanda faça o balanço da intervenção e retire conclusões sobre esta disparatada actuação.
Ontem em Alvalade foram quase dois jogos no mesmo, antes e depois da entrada de Paulinho.
O antes foi uma demonstração plena das "virtualidades" do ataque móvel, golos falhados para todos os gostos, falhas defensivas por querer atacar a partir de trás, Marsà diminuido fisicamente por uma falta anterior, sai a uma bola que não era dele, a bola entra no ponta de lança adversário e pelo menos teve a inteligência necessária para não fazer falta, porque seria expulso. E nem regressou do intervalo.
O depois foi um vendaval de futebol ofensivo sob o comando de Paulinho, Edwards acordou da soneca, Pedro Gonçalves libertou-se e Porro e Nuno Santos partiram aquilo tudo. Até Nazinho ia marcando de pé contrário. E as bancadas reagiram de pronto ao que acontecia no relvado. Um final de festa, depois da maior angústia ao intervalo.
Um jogador não vale apenas pelo que faz, vale pelo traz à equipa, pelo que permite aos outros fazer. E como se viu, ao lado dele, a jogar solto e rotativo como fez hoje e não como um inutil pinheiro, todos os outros lá na frente jogam bem melhor, e os lá de trás tem outro tipo de protecção.
Melhor em campo ? Se formos a olhar para os 90mn, Nuno Santos, com Porro logo a seguir. Mas pela importância no resultado final, obviamente o Paulinho. Foi ele que deu a volta ao texto.
Arbitragem medíocre dum árbitro arrogante e medíocre, o não parar o jogo quando o Marsá estava caído depois duma falta para amarelo, o que deu uma hipótese de golo ao Casa Pia, a entrada a varrer por trás sobre o Paulinho sem falta nem cartão, são dois exemplos do festival da asneira que deu hoje em Alvalade. Se calhar quis compensar no final, com o jogo resolvido, não marcando penalti num lance duvidoso com o Chico Lamba. Não aprendeu nada desde a expulsão do Ristovski em Setúbal já lá vão 4 ou 5 anos, é mais um com alergia ao Sporting.
Concluindo, ganhámos, ficámos a 3 pontos dos segundos, e depois se vê, que esta semana temos a Champions.
Algumas questões para o grande treinador Rúben Amorim :
1) Se até o Guardiola se rendeu ao ponta de lança Haaland, se o Bayern anda com saudades do Lewandowski, porquê insistir neste tipo de jogos (a Champions é um caso à parte) num ineficaz ataque móvel que desequilibra defensivamente a equipa, vive à conta da inspiração de momento de três jogadores muito iguais, e precisa de muitas/demasiadas oportunidades para marcar um golo ?
2) Se tivesse de escolher três jovens da equipa B além de Marsà para este jogo não iria escolher exactamente estes. Não que eles tenham estado particularmente mal, mas hoje por hoje existem lá outros que estão com outro rendimento e que muito poderiam ajudar esta equipa.
Nuno Santos lidera os festejos após marcar um golaço aos 59'
(Foto: Manuel de Almeida / Lusa)
Gostei
Dos três pontos arrancados ao Casa Pia. Valeu a pena, em noite chuvosa, assistir a este jogo contra uma equipa que no início da partida estava à nossa frente na classificação. Equipa bem organizada e competente, que se encontra por mérito próprio numa posição muito confortável da Liga 2022/2023, o que só aumenta o mérito deste triunfo, por 3-1, em Alvalade.
De Morita. Melhora de jogo para jogo. Pedra angular do meio-campo leonino, o japonês vai-se assumindo como maestro da equipa naquela zona do terreno. Neste embate com o Casa Pia redobrou a influência por ter jogado uns metros mais à frente do que vinha sendo habitual. Pequena subtileza táctica que rendeu frutos. Esteve muito bem na recuperação, no passe, no apoio directo ao ataque. Hoje só lhe faltou o golo.
De Porro. Veloz e acutilante, foi sempre uma flecha apontada ao Casa Pia, dominando o corredor direito. Sobretudo na segunda parte, em que deu largas à sua capacidade ofensiva. Participação directa nos nossos dois golos de bola corrida: o primeiro num colocadíssimo remate em arco para defesa incompleta do guarda-redes, que possibilitou a recarga; o segundo ao fazer um magnífico passe cruzado que atravessou toda a largura do campo e funcionou como assistência.
De Nuno Santos. Merece ser considerado o melhor nesta partida. Revela-se agora um dos nossos jogadores mais consistentes. Aos 27 anos, entrou num ciclo de maturidade enquanto profissional do futebol, assumindo-se como líder da equipa. Nos minutos iniciais, incentivando as bancadas a puxarem pelo Sporting. E ao marcar o golaço que nos valeu os três pontos, logo correu para abraçar Rúben Amorim - talvez a imagem mais icónica deste jogo à chuva, demonstrando ânimo e união. Para contagiar os adeptos. O golo merece ser revisto, uma vez e outra.
De Paulinho. Funcionou como arma secreta do treinador, que o mandou saltar do banco aos 54'. Ouviu aplausos quando pisou a relva e correspondeu da melhor maneira, marcando o nosso primeiro golo apenas três minutos depois. À ponta-de-lança, de cabeça, numa recarga à queima-roupa muito oportuna. Ajudou a arrumar a frente ofensiva e a incutir-lhe consistência - tudo quanto Trincão fora incapaz de fazer antes dele.
Das estreias. Amorim tinha prometido apostar a partir de agora nos mais jovens e cumpriu: a renovação está em marcha. Com duas estreias absolutas no plantel principal em jogos do campeonato. A merecerem nota positiva: Chico Lamba (que fez a segunda parte, no lugar de Marsà) e Mateus Fernandes (substituindo Ugarte aos 78'). Além de Nazinho (que rendeu Porro aos 78'), em estreia na Liga 2022/2023. Que tenha sido o primeiro de muitos jogos deles de verde e branco no primeiro escalão.
Da reviravolta. Pela primeira vez nesta temporada, em que já disputámos 15 jogos, virámos um resultado negativo. Com uma segunda parte quase sem falhas, dominada por completo pelo Sporting, não deixando o adversário progredir nem conquistar espaço. Revelámos capacidade anímica, algo de que andávamos claramente carecidos.
Dos golos. Três, em apenas oito minutos, ditaram o resultado. O de Paulinho aos 57', o de Nuno Santos aos 59' e o de Pedro Gonçalves aos 65', convertendo uma grande penalidade por derrube de Edwards que o árbitro Helder Malheiro entendeu ter sido à margem da lei. Amorim, junto ao banco, nem quis olhar. Mas a bola entrou mesmo.
Que tivéssemos subido ao quarto lugar. Continuamos a ver o Benfica nove pontos à nossa frente. Mas diminuímos a distância face ao FC Porto, derrotado pelos encarnados no Dragão. Agora o segundo classificado, o Braga, tem apenas mais três pontos que o Sporting. Aumenta a emoção nos lugares de perseguição ao líder do campeonato.
Não gostei
Das numerosas oportunidades de golo que falhámos. Registei estas: Edwards aos 5', Trincão aos 20' e 52', Pedro Gonçalves aos 33' e 49', Morita aos 40' e Nazinho aos 82'. Várias foram anuladas pela boa exibição do guarda-redes Ricardo Batista - que chegou a jogar no Sporting com Paulo Bento. Mas outras, mesmo à boca da baliza, foram puro desperdício.
De Trincão. Passou ao lado do jogo. Sem criar desequilíbrios, sem conseguir lances de ruptura, trapalhão no domínio da bola, inconsequente no momento do remate. Nada fez hoje para justificar a titularidade, excepto uma bola que mandou ao poste aos 52'. Bem substituído por Paulinho dois minutos depois.
Da saída de Marsà. O jovem catalão, novamente titular no eixo da defesa devido à prolongada lesão de Coates, já não regressou para a segunda parte. Espera-se que seja mero impedimento temporário, a ver se contamos com ele no próximo desafio, contra o Tottenham, em Londres. Já basta termos Neto, St. Juste e o capitão uruguaio fora de combate devido a problemas físicos.
Do 0-1 ao intervalo. O Casa Pia, num contra-ataque veloz, apanhou toda a nossa defesa desposicionada e meteu-a lá dentro aos 43', por Clayton, sem hipóteses de defesa para Adán. Um balde de água fria em Alvalade, que registava hoje pouco mais de meia casa: havia 26.679 espectadores.
De mais um golo sofrido. Continuamos a somar jogos com a nossa baliza muito permeável: já vão sete seguidos. Treze golos encaixados em dez desafios da Liga 2022/2023.
Dos assobios à equipa no final da primeira parte. Não havia necessidade. É assim que estes adeptos imaginam conseguir moralizar os jogadores?
E eu vou lá estar, doido da cabeça... no lugar certo, na bancada, chova ou troveje.
No rescaldo da derrota com o Varzim, referi que se tivéssemos entrado com a nossa equipa B talvez o resultado fosse diferente. Ou talvez não. Ontem no Restelo, mesmo desfalcados de três titulares, demos um banho de bola ao Belenenses na primeira parte: Fatawu destruia a esquerda adversária, Afonso Moreira a direita, as oportunidades de golo claro sucediam-se umas atrás das outras, a bola não entrava por milagre ou falhanço clamoroso. Depois foi preciso um penálti e só mesmo na recarga a bola acabou por entrar. 1-0 foi o resultado que coloca o Sporting B no topo da série B da 3.ª Liga. Foi uma primeira parte de futebol de luxo, claro que à escala da 3.ª Liga, mas a verdade é que a falta de eficácia na concretização foi confrangedora.
A equipa A está com o mesmo problema, que tem muito a ver com a opção do Rúben pelo ataque móvel, muito à medida da Champions, que desmanchou rotinas instaladas, tornou os alas inoperantes e colocou o peso todo na inspiração dos três avançados para desequilibrar em espaços curtos. Mesmo o regresso de Paulinho não resolveu o problema, porque as movimentações dele em jeito de pivot ofensivo no tempo de Pedro Gonçalves e de Sarabia já não existem, ele mete-se na molhada à espera da bola que obviamente não chega. Enquanto Porro ainda consegue centrar sem perder tempo na diagonal entre a linha dos defensores e o guarda-redes, Nuno Santos demora uma eternidade para mandar a bola para parte nenhuma.
A equipa, com os jogadores que tem e não com aqueles que devia ter, precisa de reinventar-se de acordo com a primeira metade da época passada, deixar Edwards ou Trincão no banco, e dar espaço a Paulinho para recuar no terreno para próximo de Morita e organizar o ataque. E depois jogar bem mais depressa, do centro meter na ala e o centro surgir de imediato para Pedro Gonçalves facturar. Se o Casa Pia recuperar a bola e atacar tanto melhor, para haver espaço para o contra-golpe. Se o resultado estiver de feição será uma boa oportunidade para lançar Mateus Fernandes.
Na defesa, com tantas lesões, pouco há a fazer. O trio central Inácio-Marsà-Matheus Reis tem de aguentar com a falta dum trinco e com dois alas que defendem mal. Sobra Ugarte, mas sobre esse não merece a pena dizer nada, temos uma jogadora de voleibol também assim, "alma até Almeida", correr e jogar nos limites até cair para o lado.
Dito isto, toda a confiança em Rúben Amorim. Nota-se que está verdadeiramente incomodado com o que se está a passar e também ele a dar tudo o que tem para reverter a situação.
Se calhar hoje vamos ter o princípio disso. Jogo a jogo lá iremos.
PS: O Porto, desfalcado daquele João Pinheiro sempre decisivo nos jogos com o Sporting, lá perdeu o clássico. Conceição fez a sua rábula de malcriado acompanhado do presumivel ladrão de carteira e telemóvel e foi naturalmente expulso, agora é o Catão ou o Macaco tratarem do assunto com o Pinheiro. Com isso, ganhando ao Casa Pia, ficamos a 3 pontos do segundo lugar.
Para nós, sportinguistas, o jogo mais importante desta jornada é amanhã: Sporting vs. Casa Pia.
Uma vitória sobre o Casa Pia pode colocar o Sporting no terceiro lugar (empatado com o Braga) a três pontos do segundo e atirar com o Casa Pia para o oitavo lugar, uma derrota com os gansos pode significar que seja o Sporting a terminar esta jornada em oitavo. Muita atenção, portanto.
O Casa Pia que vamos enfrentar não é bem o da imagem, em vez de cultura, será mais, usura e em vez de solidariedade, será mais, negócio.
O negócio Rafa Silva, foi-me contado assim por um casapiano: "vendemos um dos nossos melhores jogadores [ao VSC] mas o americano [Robert Platek] precisava de recuperar algum dinheiro", perguntei: "Então mas o dinheiro não vai para o clube?" "Não, o americano é que paga os jogadores mas quando vende fica com o dinheiro".
Não consigo imaginar como funciona a contabilidade do Casa Pia, como não imagino como funcionava a contabilidade do Benfica no tempo de Bibi [Vítor Santos] um pato bravo que era dono de um jogador, Roger, do plantel encarnado.
Já que estamos a falar do Benfica, vamos ver o que consegue fazer logo, fará melhor ou pior que o Brugges?
Três jogos interessantes para acompanhar este fim-de-semana:
Vem aí um dos principais desafios da temporada: o Sporting-Casa Pia, a disputar este sábado, a partir das 20.30.
É um emblema muito especial, o que teremos pela frente. Por um lado, foi ali que Rúben Amorim se estreou como treinador, apenas há quatro anos. Por outro, o Casa Pia regressou há cinco meses ao principal escalão do futebol português, 83 anos depois de ter baixado. Motivo de sobra para merecer o nosso respeito.
Desde o início desta época que fui alertando (*) para as limitações do plantel actual, basta olhar um pouco para o de cima e ver que o falta, mas estava bem longe de supor que conseguiríamos cometer a "proeza" de ser eliminados da Taça por uma equipa da mesma Liga onde compete a nossa equipa B.
Mesmo não podendo entrar em campo com os lesionados, os engripados e os em crise existencial, aqueles que jogaram, mesmo que rebentados física e animicamente pela dupla derrota com o Marselha, mesmo que integrados num onze inédito, tinham condições mais que suficientes para fazer a exibição possível e ganhar o jogo. Em vez disso tiveram o pior desempenho de sempre desde que Rúben Amorim chegou.
O Sporting, com muito trabalho e investimento realizado em Alcochete, está com uma dinâmica incrível na formação, contamos agora com uma longa lista de jovens, portugueses e não só, de grande potencial, candidatos à equipa A nos próximos anos. Ainda ontem vi actuar pelos juniores um tal Lucas Taibo de 16 anos ex-Dep.Corunha, e fiquei deveras impressionado. Mas muito poucos têm no momento a idade com que Matheus Nunes chegou à equipa A, precisam de tempo para crescer.
Rúben Amorim é de longe o melhor treinador português da sua geração. Em três anos já conquistou mais para o Sporting do que qualquer outro que tenha por cá passado desde que comecei a sentar-me nas bancadas de Alvalade. Com Rúben Amorim o Sporting recolocou-se no topo do futebol português.
Sendo assim, a situação actual só pode ser explicada por uma deficiente preparação da temporada, sem comunhão de ideias entre clube e treinador, se calhar com um clube apostado no saneamento financeiro e um treinador apostado num novo modelo de jogo, um ataque móvel para triunfar na Champions e talvez conduzi-lo a um PSG qualquer. Os casos Slimani e Matheus Nunes, e o desperdício do fecho de mercado de Verão ilustram bem a dessintonia verificada.
Sempre ouvi dizer que o ataque ganha jogos e a defesa campeonatos. Com uma defesa fragilizada pelas lesões e pela falta de envergadura física da equipa como um todo, às vitórias folgadas sucederam-se derrotas pesadas, numa montanha-russa que desgasta tudo e todos, a começar pelos capitães e pilares do balneário.
A "troika" que comanda o futebol do Sporting e que nos deu o título nacional tem de se pôr de acordo duma vez por todas. Lavar a roupa suja que houver para lavar em privado, mas surgir para o exterior alinhada num plano de compromisso para enfrentar o resto da época, onde pouco se perdeu e muito existe ainda para ganhar. E esse plano deve incluir o aproveitamento do mercado de inverno para refrescar a equipa com capacidade e ambição.
Importa também que Rúben Amorim reveja de ponta a ponta o seu modelo de jogo, e não digo pôr em causa o 3-4-3, falo dum ataque móvel ineficaz contra defesas bem fechadas e dos pontos fracos recorrentes que os adversários conhecem e bem aproveitam. Até eu sei qual é a fórmula para mais facilmente tentar derrotar este Sporting.
Vem aí o Casa Pia e temos mesmo de ganhar. Um dos rivais ou os dois vão perder pontos na próxima jornada, o Braga já começou a perder terreno e mais vai perder, podemos chegar ao "intervalo" da Liga numa situação que deixa tudo em aberto. Os Sportinguistas estarão presentes a apoiar a equipa como sempre tem feito, inclusivamente nas mais pesadas derrotas. Não será por eles que deixaremos de ganhar.
E depois se vê o resto. Jogo a jogo vamos lá.
É nestes momentos que se conhecem os leões. Nas comemorações até os gatos rugem.