Jogo difícil, amanhã à tarde, dia de eleições legislativas: deslocação do Sporting a Arouca. Campo sempre difícil, ainda mais em época de chuva intensa. E este, como sabemos, tem sido um Inverno bem molhado.
No desafio da primeira mão, desfizemos o nó em Alvalade com vitória tangencial: 2-1. Golos de Gyökeres e Morita. Diomande foi alvo de uma expulsão manifestamente injusta, que pesa no cadastro do árbitro António Nobre.
Na época passada, tropeçámos duas vezes frente à mesma equipa. Incapazes de a vencer (derrota lá por 0-1; empate em Alvalade, 1-1).
Veremos o que sucede domingo, a partir das 18 horas. Aguardo os vossos prognósticos.
No sopé da serra da Freita, numa vila da Área Metropolitana do Porto repleta de andrades, num estádio que conheço bem, a belíssima vitela Parlamentar também, o FC Porto praticamente ficou fora da corrida ao título nacional deste ano.
Para isso muito contribuiu o seu capitão Pepe com um penálti infantil que abriu o caminho à vitória do Arouca, em Alvalade meteu a mão na cara do Matheus Pereira, em Arouca a mão na bola, e futebol é com os pés e a cabeça.
Assim fica a corrida ao título deste ano reservada a Sporting e Benfica, tal como acontece no futebol feminino, no voleibol e provavelmente acontecerá no futsal.
It takes too to tango. Let´s tango.
Entretanto, e perante o desconsolo que reina pelas bandas do maior clube do Porto (Conceição "chora" baba e ranho e autoflagela-se nas conferências de imprensa, Pinto da Costa na apresentação da recandidatura, a mulher do Macaco no tribunal, o Catão na cela), é preciso mandar-lhes uma palavra de ânimo, não vale a pena ser calimero, não vale a pena pensar de onde virá o dinheiro para tapar o buraco, agora que o da TV se foi. É tempo de trabalhar, pôr o espanhol que custou quase 10M€ a acertar na baliza, para chegar a 3 de Março e vencer. Vamos a isso?
Dedico-vos esta belíssima canção do Rui Veloso escrita por alguém que penso ser associado. Chama-se... Canção de Alterne.
Houve três vencedores na ronda anterior, em que pedi prognósticos sobre o Sporting-Arouca - concluído com vitória leonina por 2-1, golos de Gyökeres e Morita.
Quem acertou? Um trio. Composto por veteranos nestes vaticínios bem-sucedidos: Cristina Torrão, Carlos Estanislau Alves e Luís Ferreira. Em cheio no resultado e antecipando um dos goleadores (Gyökeres, no caso da Cristina e do Carlos; Morita, no caso do Luís).
O leitor Nuno Pinto também previu o 2-1 em Alvalade. Só lhe faltou acertar em quem marcava.
Gyökeres saudado por Morten após ter marcado o golo de abertura contra o Arouca em Alvalade
Foto: Patrícia de Melo Moreira / AFP
Que diferença um ano faz. Na época 2022/2023 fomos incapazes de vencer o Arouca - que acabou por ficar em quinto na classificação final, só um lugar abaixo de nós. Empatámos lá (1-1) e perdemos cá (0-1).
Desta vez, tudo diferente. Triunfo por margem mínima (2-1), mas sem qualquer contestação. Com golos marcados por Gyökeres - who else? - aos 31', com assistência de Edwards, e por Morita aos 68', com assistência de Pedro Gonçalves. Os de Arouca marcaram aos 52', no nosso único lapso defensivo digno de registo.
Consumou-se a vingança.
Noutras partidas, antes desta oitava ronda disputada em Alvalade perante quase 37 mil espectadores, fomos menos pressionantes, menos enérgicos. Mas não nesta, que dominámos do princípio ao fim, com fome de bola e sede de conquistar pontos para mantermos a liderança a que ascendemos à sexta jornada.
Objectivo concretizado. Com os centrais actuando num desenho mais largo do que é habitual, dois interiores muito móveis (Pedro Gonçalves à esquerda, Edwards à direita) e Gyökeres sempre como referência atacante, prendendo dois ou até três defesas adversários. Mas sem estar plantado na grande área: o internacional sueco - melhor em campo - veio várias vezes buscar jogo a zonas mais recuadas e até junto da linha, tanto à esquerda como à direita. Paulinho desta vez não calçou: ninguém sentiu a falta dele.
Foi um Sporting veloz e compacto, sem perder a consistência, que se mostrou ao seu público. Que - vá lá - desta vez não assobiou a equipa. Guardou as vaias para o árbitro António Nobre, que entrou em campo decidido a dar show de cartões. Prejudicando o espectáculo. E penalizando sobretudo Diomande, castigado com dois amarelos exibidos injustamente. No primeiro lance, aos 29', houve um breve desaguisado entre o jovem defesa marfinense e um adversário. No segundo, aos 42', o apitador de turno mostrou-lhe o segundo amarelo - e mandou-o para a rua - por falta inexistente. Que o vídeo-árbitro não pôde reverter por estar fora do seu âmbito a análise de duplos amarelos.
Expulsão injusta, sim. Num péssimo momento para nós, a escassos minutos do intervalo. Mas era o que faltava se mesmo só com dez não fôssemos capazes de derrotar o Arouca no nosso estádio.
Houve quem dissesse que estes três pontos foram «arrancados a ferros». Discordo. O golo da vitória leonina entrou nas redes arouquenses aos 68'. Depois, com um jogador a menos, gerimos bem a vantagem - sem qualquer oportunidade adicional para a turma forasteira.
«Arrancada a ferros» foi a vitória do Benfica no Estoril, com o golo solitário marcado por um central aos 90'+3. «Arrancada a ferros» foi a vitória do Braga em casa contra o Rio Ave: aos 90' perdia 0-1, tendo marcado dois golos no tempo extra.
Há aspectos a melhorar no Sporting? Claro que sim.
Mas à oitava jornada sinto a irresistível tentação de olhar para o copo e vê-lo meio cheio, não meio vazio.
Alguns dados:
- Estamos invictos há 22 semanas;
- Marcamos golos há 16 jornadas seguidas;
- Temos mais nove pontos do que há um ano.
Poderá haver ainda alguém capaz de negar que a época em curso está a ser a melhor desde a inesquecível campanha de 2020/2021 em que conquistámos três títulos e troféus, incluindo o campeonato nacional de futebol?
Este desafio contra o Arouca só confirmou isso.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Sem culpa no golo sofrido, quase à queima-roupa, após descoordenação dos centrais. Defesa apertada aos 83'. Já no período extra, repôs muito mal a bola duas vezes, com os pés.
Diomande - Saiu aos 42', por acumulação de amarelos, de modo totalmente injusto. No segundo lance, nem sequer faz falta: o árbitro foi na péssima fita antidesportiva do jogador do Arouca.
Coates - Exibição de bom nível apenas maculada pela deficiente cobertura de Mújica, que fez o que quis frente à baliza, fuzilando Adán. Por mau entendimento entre o capitão e Matheus Reis.
Gonçalo Inácio - Cada vez mais maduro, mostrando a Roberto Martínez que tem lugar no onze titular da selecção. Destacou-se na qualidade dos seus passes longos em fase de construção.
Esgaio - Actuação suficiente, mas sem rasgo. Falta de capacidade para criar desequilibrios no corredor direito e centrar com perigo lá na frente. Jogou quase sempre só pelo seguro.
Morten - Voltou a mostrar qualidades após duas péssimas exibições em que já não voltou do intervalo. Destacou-se sobretudo nas recuperações e na precisão do passe.
Morita - Tornou-se elemento nuclear deste Sporting 2023/2024. Fundamental para assegurar a ligação entre o meio-campo e o ataque. Marcou o golo da vitória, à ponta-de-lança.
Nuno Santos - Desperdiçou duas ocasiões soberanas de golo. Anda num período complicado: não devia ter mudado a cor do cabelo. Passou ao lado do jogo. O treinador mandou-o sair aos 58'.
Edwards - O avançado algo apático que pecava por falta de entusiasmo parece ter emigrado. O inglês volta a estar em grande forma. Serviu Gyökeres, de forma exemplar, no primeiro golo.
Pedro Gonçalves - Tentou protagonizar lances de ruptura entre linhas, nem sempre com sucesso, mas foi sempre batalhador. Recompensado com a brilhante assistência para o golo de Morita.
Gyökeres - Alguém duvida que é o melhor jogador desta fase inicial do campeonato? Marca há cinco jogos consecutivos. E não desiste de um lance. Fôlego inesgotável do princípio ao fim.
Matheus Reis - Substituiu Edwards na segunda parte, compensando a inesperada ausência de Diomande. Distraiu-se no lance do golo sofrido. No capítulo do passe, só cumpriu os mínimos.
Geny - Voltou a entrar bem. Em campo desde os 58', substituindo Nuno Santos, esteve muito próximo de marcar num tiro que levava selo de golo (85'), travado in extremis pelo guarda-redes.
Eduardo Quaresma - Estreou-se esta época na equipa principal rendendo Esgaio (58'). Nervoso, intranquilo, algo atabalhoado. Viu o amarelo aos 62'. Saiu meia-hora após ter entrado.
Daniel Bragança - Substituiu Morten aos 82'. Desta vez não foi contemplado com nenhum cartão, ao contrário dos jogos anteriores. Grande recuperação aos 87'.
Neto - O veterano internacional entrou aos 88', substituindo Quaresma. Apenas com a missão de contribuir para segurar a bola quando o Sporting já aguardava o fim do jogo.
Penso que todos entenderão que a experiência dum jogo de futebol no estádio é muito diferente do mesmo pela TV. Eu sempre que vou ao estádio, como fui hoje, quando chego a casa fico a rever o jogo na TV, até para assentar ideias sobre o que vou dizer nesta rubrica. Digamos então que fico com duas perspectivas sobre a mesma realidade.
E a realidade deste jogo foi que um APAF Nobre parece que entrou em campo com a missão de roubar pontos ao Sporting. Nem o APAF Faustino da Sport TV, no meio de muitos elogios à boa forma do amigo Nobre, mesmo fugindo ao que foi a intervenção sempre inclinada do mesmo e às qualificações que a senhora sua mãe foi recolhendo das bancadas, conseguiu fugir à evidência que a expulsão de Diomande foi uma vergonha sem explicação que podia ter sido mais um atentado à verdade desportiva desta Liga. Fica apenas a dúvida sobre a boa forma do Nobre apregoada pelo APAF Fustino. Boa forma relativamente a quê exactamente? Cumprir a missão? A soldo de quem?
Retirando o APAF Nobre da equação, o Sporting entrou em campo com as ideias bem definidas sobre o que tinha que fazer, rodar a bola à frente do 5-4 do Arouca até encontrar o momento de lançar um médio ou um interior em profundidade. Ou então de pôr a bola no sueco, que ele havia de encontrar a solução. E sem o Arouca produzir qualquer lance de ataque digno desse nome, o Sporting estava a ganhar por 1-0 num óptimo cruzamento de Edwards.
Depois, com o Arouca nas cordas a suplicar que o intervalo chegasse, era apenas marcar o segundo e controlar na segunda parte. Enfim, sem as asneiras cometidas contra o Vizela.
Mas o APAF Nobre achou que não podia ser assim tão simples. Depois duma situação em que Diomande é vítima sai o primeiro amarelo “salomónico”, faz-se estúpido o suficiente para acreditar na palhaçada do jogador do Arouca sem ter visto seja o que for porque nada havia para ver e expulsa Diomande. Pouco depois, achando que ainda era pouco, inventa um amarelo a Edwards. Com tanta cacetada que o Arouca foi dando, quantos amarelos contava o Arouca ao intervalo? Penso que zero.
Veio o intervalo, a senhora mãe do árbitro foi mais uma vez ofendida pela vergonha que o filho APAF estava a produzir e Rúben Amorim tratou do óbvio: tirar o próximo candidato à expulsão mesmo que Edwards estivesse a ser o abre-latas de que a equipa necessitava.
Em vantagem numérica ao intervalo e com alguns reajustamentos, o Arouca reentrou com confiança e com a lição bem estudada, passou a dominar e a conseguir fazer ao Sporting o que o Sporting lhe tinha feito em vantagem numérica. Num lance com alguns pontos em comum com o do golo do Sporting, alcançou o empate. A basculação proporcionou um centro excelente a que o ponta de lança correspondeu com uma bela cabeçada.
Consentindo o empate, a ter de ganhar o jogo em desvantagem numérica, parecia que o pior ainda estava para vir. Quando entraram Quaresma e Catamo, saindo Esgaio e Nuno Santos, ainda o pior se tornou mais provável, pela falta de capacidade defensiva dum e doutro.
Quaresma logo fez aquilo que eu temia, um falta clara para amarelo, e mais uma vez a equipa ficou próxima de ficar com nove. Ainda conseguiu escorregar noutro momento que obrigou a uma intervenção SOS de Coates que se o APAF Nobre marcasse penálti alguém ainda iria dizer que o Coates tinha sido burro e se tinha colocado a jeito como o Diomande.
Então, tal como aconteceu em Braga há quase três anos, quando o APAF Dias quis roubar o título ao Sporting, aconteceu o milagre. Do nada, o Pote de ouro descobriu um centro, e do centro o Morita fez um golo.
De novo a ganhar, o Sporting adoptou a fórmula “Inácio”, não falo do Dragão de Ouro e péssimo director desportivo de Bruno de Carvalho, falo do treinador campeão nacional pelo Sporting. Bola no Adán, pontapé por alto para o Acosta de serviço, que só em falta é que lhe tiram a bola.
As faltas grosseiras foram acontecendo, os amarelos também para os do Arouca, um deles foi expulso e o Sporting chegou ao fim com uma vitória mais do que merecida pelo que fez em campo.
Sobre o APAF Nobre não digo mais nada. Diz e muito bem o Cantinho do Morais.
Melhor em campo? Claramente o Super Viktor.
Piores ? Os dois alas, Esgaio e Nuno Santos. Qualquer semelhança com Porro e Nuno Mendes é pura coincidência. Muita da eficácia ofensiva do Sporting se vai perdendo por ali.
Gyökeres: melhor em campo no Sporting-Arouca e melhor jogador do campeonato português
Foto: Manuel de Almeida / Lusa
Gostei
Da vitória sofrida mas justíssima do Sporting. Derrotámos o Arouca por 2-1 em Alvalade. A mesma equipa que não conseguimos vencer nas duas voltas do último campeonato, a mesma equipa que já impôs um empate ao FC Porto no Dragão. Um triunfo alcançado em circunstâncias difíceis, pois jogámos só com dez desde o minuto 42.
De Gyökeres. Simplesmente o melhor futebolista do campeonato 2023/2024 - alguém duvida? À oitava jornada, segue com seis golos marcados (mais dois na Liga Europa). Foi ele a inaugurar ontem o marcador, aos 31', à ponta-de-lança. Mas também fez de extremo, à esquerda e à direita, durante o jogo todo - correu quase 11km neste Sporting-Arouca. Ajudou no processo defensivo: desarme espectacular aos 85'. E ainda fez expulsar um adversário aos 87'. Melhor em campo? Claro que sim.
De Edwards. Foi ele a criar o maior número de desequilíbrios enquanto esteve em campo. Exibição muito positiva, culminando na assistência para o golo inicial, com passe de ruptura milimétrico para o internacional sueco. Foi sacrificado, já não regressando ao relvado após o intervalo, porque Rúben Amorim precisava de dispor a equipa de outra forma após a expulsão de Diomande, mas merece nota muito positiva sem favor algum.
De Pedro Gonçalves. Desta vez não marcou, mas deu a marcar: foi ele a inventar o segundo golo, que nos valeu os três pontos, num belíssimo lance individual em que desbaratou metade da defesa arouquense. Contribuiu também para abrir espaços lá na frente e nunca descurou o trabalho colectivo, pressionando o portador da bola, condicionando a manobra de penetração dos adversários, pausando o jogo quando era necessário. Está a voltar à boa forma que lhe conhecemos de outros campeonatos.
De Morita. Muito útil como elemento de ligação entre o meio-campo e a linha ofensiva. Não perdeu um duelo individual: dotado de uma técnica muito acima da média, o internacional nipónico nunca dá descanso às equipas adversárias - voltou a acontecer esta noite frente ao Arouca. E deu enorme alegria aos adeptos quando marcou o golo decisivo, que fixou o resultado, aos 68'. Carregador de piano e virtuoso do violino em simultâneo.
De Geny. Voltou a entrar muito bem, pelo segundo desafio consecutivo. Desde o minuto 58 em campo, abanou o jogo, acelerou o ritmo no corredor direito e esteve quase a marcar o terceiro golo, num forte disparo em arco com o seu potente pé esquerdo que o guarda-redes Arruabarrenna impediu rubricando a defesa da noite.
Da homenagem a Laszlo Bölöni antes do jogo. O último treinador que nos deu a dobradinha, em 2002, estava visivelmente emocionado ao ver quase 37 mil espectadores nas bancadas a aplaudi-lo em pé. A gratidão é bonita na vida - e no futebol também. Foi bom rever em Alvalade o técnico romeno que nos deixou saudades.
De termos conquistado 22 pontos em 24 possíveis. Mais nove do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos. Aliás estamos há 16 jornadas seguidas a marcar.
De termos cumprido outro jogo sem perder na Liga. Se somarmos as 14 rondas finais do campeonato anterior às oito decorridas deste, são já 22 desafios seguidos sem conhecermos o amargo sabor da derrota. Venham mais assim.
De ver o Sporting no topo do campeonato. Terceira jornada no comando da prova, segunda como líderes isolados. Tendo como meta reeditar a cavalgada heróica que nos conduziu ao título máximo do futebol português em 2021. Após esta quarta vitória consecutiva na Liga, seguimos com mais um ponto do que o Benfica (que tem 21) e mais três do que o FC Porto (que tem 19). Enquanto estes nossos adversários tiveram vitórias ainda mais suadas do que a nossa, ambas conseguidas mesmo ao cair do pano - o SLB venceu o Estoril por 1-0 com golo aos 90'+3, o FC Porto não conseguiu melhor do que uma vitória caseira contra o Portimonense, também por 1-0.
Não gostei
Da expulsão de Diomande. Viu o segundo amarelo - e consequente vermelho, sem possibilidade de intervenção do VAR - aos 42', por conduta "negligente" que só o árbitro António Nobre enxergou. Decisão errada deste apitador que tudo fez para ser a estrela da noite, distribuindo 13 cartões amarelos (que geraram dois vermelhos) com critério disciplinar mais do que duvidoso. Percebe-se cada vez melhor por que motivo as equipas de arbitragem portuguesas têm ficado fora das grandes competições internacionais.
Da falha da nossa defesa no golo sofrido. Aos 52', Mújica movimentou-se inteiramente à vontade entre os centrais, Coates e Matheus Reis, já depois de o extremo esquerdo, Jason, ter centrado sem oposição. Um lance que nos impediu de chegar ao fim desta partida com folha limpa e manteve em dúvida o resultado durante os 16' seguintes, até a dupla Pedro Gonçalves-Morita construir o golo do triunfo.
De Eduardo Quaresma. Teve a primeira oportunidade de actuar nesta época na equipa principal: o treinador deu-lhe ordem para entrar aos 58'. Esteve apenas meia hora em campo: perdeu vários duelos, foi permeável como lateral direito e viu um amarelo logo quatro minutos após ter entrado. Podia ter visto um segundo pouco depois, sobretudo atendendo ao critério disciplinar do árbitro. Já com o resultado em 2-1, Amorim trocou-o por Neto aos 88'. Oportunidade perdida para o jovem defesa formado em Alcochete. Falta saber quando haverá a próxima. Talvez não esteja para breve.
Mesmo com uma derrota que custou muito a digerir, mais uma vez vamos ter lotação esgotada ou perto disso em Alvalade na recepção ao Arouca, uma das maiores "bestas negras" do campeonato anterior. Foram cinco pontos perdidos à conta da equipa daquele senhor que levou com o bafo do nosso ex-presidente.
A derrota em Arouca, que ocorreu há um ano, a 8 de Outubro, logo a seguir à derrota em Marselha, é o melhor alerta para o que nos espera amanhã. Uma equipa forte fisicamente, bem fechada atrás, com jogadores altos e bons no jogo aéreo, convidando ao adiantamento dos jogadores contrários e depois esticando jogo em cavalgadas rápidas aproveitando todo o espaço disponível.
Entrar em campo a atacar rápido em "piloto automático", e a centrar às cegas, o tal "futebol de matraquilhos" que alguns confundem com futebol ofensivo, pode dar muito mau resultado. Entrar em campo na moleza de deixar passar o tempo, circulando a bola dum lado para outro no campo, também.
No meu entender é preciso pôr em prática o melhor futebol que vimos a espaços em Alvalade esta época. Trio ofensivo com um ponta de lança muito móvel que foge para as laterais arrastando marcações e abrindo espaços para as incursões de dois baixinhos como Pedro Gonçalves e Edwards, apoiado pelo par de médios bem avançado no terreno para tentar matar à nascença e sem falta negligente os contra-ataques adversários.
Quanto ao resto, no núcleo duro da equipa (Adán-Coates-Pedro Gonçalves-Gyökeres) não se mexe. Guarda-redes e trio defensivo dão garantias, Nuno Santos está com imensa vontade de apagar a sua triste exibição de quinta-feira e Esgaio assegura a ala direita sem cometer os disparates de Fresneda. Em alternativa, Matheus Reis e Catamo, com este muito mais ofensivo e a combinar com Edwards, coisa que tem feito até muito bem.
No banco, Matheus Reis, Bragança, Catamo e Paulinho dão soluções para diferentes problemas que possam ocorrer.
Concluindo, a minha equipa será:
Adán; Diomande, Coates e Inácio; Esgaio, Hjulmand, Morita e Nuno Santos; Edwards, Gyökeres e Pedro Gonçalves.
E só tenho de repetir o meu voto.
Toda a confiança em Amorim, toda a confiança na equipa, uma noite fantástica em Alvalade, um inferno verde no bom sentido, uma grande vitória no final.
PS: Pior do que o seleccionador para menosprezar jogadores do Sporting só mesmo alguns sportinguistas...
Amanhã, àquela hora a que a administração da SAD tanto gosta (20.30), mesmo que penalize quem tem de trabalhar ou estudar na segunda-feira seguinte, entramos em campo para defrontar o Arouca. Uma equipa - convém recordar - que já impôs um empate ao FC Porto no Dragão, com a turma portista a marcar quase em desespero um golo aos 119 minutos de jogo(!), cortesia do árbitro Miguel Nogueira.
Convém recordar que também temos péssimas recordações do Arouca, da época passada. Vieram empatar a Alvalade (1-1) e fomos derrotados lá (1-0). Jogos que contribuíram para nos empurrar para o quarto lugar da classificação final na Liga 2022/2023.
Agora como vai ser? Fico a aguardar os vossos prognósticos.
Pedro Gonçalves converte penálti: falhou primeiro, acertou depois
Foto: Tiago Petinga /EPA
Mais um tropeção, para não variar. Desta vez em casa, frente ao Arouca. Que nunca tinha pontuado no nosso estádio: foi uma estreia.
Deixámos correr o marfim na primeira parte, sem uma só oportunidade de golo. E vimos a turma forasteira marcar-nos um, beneficiando de um erro lapidar de Diomande, que tentou um alívio e acabou por fazer uma assistência. Ao minuto 38.
Assim chegámos ao intervalo. Em desvantagem, como tantas vezes tem acontecido. Enquanto em Alvalade soavam assobios. Forma estranha de os adeptos "apoiarem" a equipa, dando moral aos adversários e contribuindo para enterrar os nossos jogadores.
Confesso que não percebo.
A segunda parte foi um pouco a inversa da primeira. Excepto no capítulo da finalização, em que continuámos a perdulários. Atacou-se muito, mas sem objectividade. Como se estivesse pela frente uma baliza de hóquei em patins e não de futebol.
Tínhamos beneficiado de um penálti ainda no primeiro tempo, aos 35'. Que Pedro Gonçalves não conseguiu converter: permitiu a defesa de Arruabarrena.
Para agravar o cenário, mantivemos a tradição de acertar com a bola nos ferros em vez de a mandarmos para as redes. Aconteceu duas vezes: com Morita (54') e Chermiti (62').
Rúben Amorim, quatro dias antes do confronto com a Juventus em nossa casa, poupou anteontem vários jogadores nesta recepção ao Arouca. Edwards, com alegada virose, ficou de fora. Morita e Gonçalo Inácio começaram no banco, fora da lista dos titulares. Nuno Santos, que estava a ter bom desempenho, saiu antes de se cumprir uma hora de jogo.
Os minutos iam passando, o nervosismo aumentava no relvado e nas bancadas. Até que o árbitro Vítor Ferreira decidiu oferecer novo penálti ao Sporting, secundado pelo vídeo-árbitro Tiago Martins. Desta vez Pedro Gonçalves não desperdiçou, fixando o resultado: 1-1. Empate que sabe a derrota. Outro tropeção nesta Liga 2022/2023.
Novo brinde da arbitragem: tivemos 12 minutos adicionais para desfazer o empate, já com Coates lá na frente, plantado na área, investido em pronto-socorro no salve-se quem puder a que nos temos habituado.
Não serviu de nada.
Quem diz que «somos sempre roubados» está equivocado. Aqui foi ao contrário.
Nada de novo: mais do mesmo. Não há desculpa possível para este desaire que nos afasta ainda mais dos lugares da frente e nos faz dizer quase adeus à Liga dos Campeões.
Assim não dá.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Foi pouco mais do que um espectador. Sem culpa no golo sofrido.
Diomande - Imperdoável, aquele atraso que funcionou como assistência para o golo do Arouca que nos fez desperdiçar mais dois pontos.
Coates - Um dos melhores. A comandar as operações atrás e a tentar tudo, nos momentos finais, para marcar de cabeça. Esteve perto disso, aos 90'+9.
Matheus Reis - Sem grandes ousadias, mas sem provocar estragos. Foi regular, o que no Sporting actual é quase um grande elogio.
Bellerín - Uma nulidade. Nem atacou, nem pressionou, nem pareceu mostrar interesse em estar em campo. Amorim fez-lhe a vontade: saiu ao intervalo.
Ugarte - Anda a atravessar crise de inspiração. Cumpre os mínimos, como recuperador de bolas, mas voltou a ter exibição insuficiente. Dele espera-se mais.
Pedro Gonçalves - O melhor dos nossos: falhou um penálti, mas redimiu-se marcando outro. Dínamo da equipa. Sem ele, esta época tornar-se-ia um pesadelo maior.
Nuno Santos - Foi centrando, muitas vezes para ninguém. Quase marcou aos 57': boa defesa do guarda-redes. Dois minutos depois, saiu. Poucos entenderam tal opção.
Arthur - Faz pouco sentido vê-lo jogar como ala, quando estamos perante um extremo de raiz. É nas missões ofensivas que mais se destaca.
Trincão - Símbolo máximo da bipolaridade leonina: tanto brilha num jogo como se afunda no jogo seguinte. Esteve em dia não: voltou a passar ao lado da partida.
Chermiti - Estão a querer dele aquilo que talvez não possa dar: ser um jogador móvel de área, com presença física e golo. Falhou pelo menos três oportunidades.
Morita - Rendeu Bellerín no segundo tempo e a equipa mostrou-se logo mais dinâmica. Médio criativo, com qualidade no transporte. Quase marcou aos 54'.
Rochinha - Substituiu Nuno Santos aos 59'. Outra oportunidade perdida. Tentou dar velocidade e consistência ao nosso jogo, sem conseguir.
Esgaio - Entrou para render Ugarte (77'). Com as características habituais: cumpriu os mínimos sem arrojo nem ousadia.
Gonçalo Inácio - Substituiu o desastrado Diomande aos 88', permitindo soltar Coates lá para a frente. Podia ter resultado, mas não resultou.
Ruben Scolari: Eu só estava a defender o minino, o, o, o, o Pêdrinho.
Jornalista: Então e a falta de eficácia, como explica?
Ruben Scolari: Bom, cês viram, foi um massacre de bolas para a baliza e sem ninguém para empurrar a minina pro véu da noiva.
Jornalista: Notou-se a falta de um avançado-centro, um matador...
Luis Felipe Amorim: Até parece que não viu o Chermiti.
Jornalista: Mister e a saída do Nuno Santos, que estava a metê-las lá mesmo no sítio com cruzamentos certeiros?
Luís Ruben Felipe Amorim: Não viu mesmo o Chermiti!
Jornalista: Quem, eu ou o Nuno Santos?
Ruben Luís Amorim Scolari: E o burro sou eu?
Jornalista: ahhhh...
Assessor de imprensa in extremis: Meus senhores, ficamos por aqui, obrigado pela vossa presença.
Ruben Scolari: Mas eu só queria difendê o minino...
Alguém lá atrás: Cala-te, pá! Metam-lhe mazé um par de orelhas e obriguem-no a repetir cem vezes "sou burro" e outras cem "não sei fazer substituições".
Outro alguém lá mais atrás: Cala-te Varandas, senão ele desconvoca-te.
Hugo Viana saiu sorrateiro.
Adenda: escusam de entrar os que se referem, de forma pouco simpática, aos meus colegas de blog, ainda que eu possa concordar com o essencial do comentário no que a outras pessoas diga respeito. A cabecinha não consegue atamancar uma dúzia de linhas sem ofender o próximo? Vá lá, digam o que vos vai na alma, que sois livres de o dizer sem ofender ninguém.
De mais dois pontos perdidos. Não pode ser coincidência: na primeira volta, fomos a Arouca perder (0-1), ontem estivemos perto disso. Lá conseguimos empatar, com um penálti manhoso, e andámos no habitual desespero dos últimos minutos (com a ajuda do árbitro Vítor Ferreira, que ontem nos concedeu 11 minutos de tempo extra!) sem desfazer o 1-1.
De voltar a ver Coates como ponta-de-lança improvisado. Chega a ser humilhante para o próprio capitão leonino, comandante do sector defensivo: lá voltou ele, na tal fase do desespero, a ser remetido para a frente, como "pinheiro" na grande área, para tentar um cabeceamento miraculoso que nos salvasse daquela aflição final. Não resultou. Teria sido muito mais fácil contratar um avançado goleador no Verão passado, como vários de nós escrevemos e como a mais elementar lógica indicaria.
De Chermiti. Andou aos papéis, durante quase o jogo todo, comprovando que não basta contar com alguém alto na grande área: é preciso que esse jogador tenha faro - e habilidade - para o golo. Chegou atrasado nas ocasiões propícias para marcar. Falhou remates a passe de Trincão (8'), Nuno Santos (14') e Arthur (21'). O primeiro (aos 30', servido por Ugarte) saiu-lhe frouxo. Incapaz de uma recarga aos 54'. O melhor que conseguiu foi acertar no poste (62'). Assim torna-se muito difícil.
De Diomande. Ontem a nossa linha de centrais foi composta por ele, Coates (antes de ser plantado na grande área adversária) e Matheus Reis. O jovem marfinense, que já tinha feito boas exibições, saiu desta vez mal da fotografia com uma rosca que originou o golo sofrido. Serve um pouco de símbolo do que tem sido o desnorte do Sporting na temporada em curso.
De Bellerín. O espanhol que chegou como aspirante a sucessor de Porro mas tem passado mais tempo na enfermaria do que no relvado prometia muito mas vem oferecendo quase nada - na linha da recarga falhada a um metro da baliza em Turim. Ontem foi pior do que contra a Juventus: primeira parte nula, sem qualquer acção digna de registo. Ao intervalo, deu lugar a outro (Morita, bastante melhor).
Da troca de Nuno Santos por Rochinha. Aconteceu aos 59'. Não entendi. Já a poupar o jogador a pensar no Sporting-Juventus da próxima quinta-feira? É a hipótese mais plausível, tal como a exclusão de Morita durante toda a primeira parte e a ausência de Gonçalo Inácio até aos 89'. Mas a verdade é que fez falta à equipa, enquanto Rochinha se limitou a ser... Rochinha.
Do penálti falhado. Por Pedro Gonçalves, aos 35'. E vão três, de seguida - por Chermiti contra o Chaves, do mesmo Pedro Gonçalves contra o Portimonense e agora este frente ao Arouca. Felizmente foi-nos assinalado outro, o que nos situa no topo das equipas que mais têm beneficiado de grandes penalidades. Valeu-nos esse, aos 87', para empatar o jogo. Em lance corrido, pelo que se viu contra o quinto classificado da Liga, seríamos incapazes.
Das ausências. St. Juste e Paulinho estão arrumados até ao final da época, já não contamos mais com eles. Edwards, nosso habitual desequilibrador, também esteve ausente, por suposta indisposição (esperemos que recupere para enfrentar a Juventus em Alvalade na quinta-feira). Além deles, também Morita e Gonçalo Inácio estiveram fora do onze inicial. Num plantel já de si curto, com jogos de três em três dias, estas baixas pesam sempre.
Da primeira parte. Oferecida ao Arouca: levamos demasiado longe o desportivismo face aos nossos adversários - incluindo agora no lance do golo marcado por Antony, aos 38'. Nesta fase do jogo, a intensidade parece emigrar para parte incerta. Depois restam-nos 45 minutos (ontem mais 56') para correr contra o prejuízo.
Dos assobios nas bancadas. É verdade que estávamos a perder, mas assobiar os jogadores ao intervalo não serve para nada. Excepto para dar mais moral à equipa adversária e afundar ainda mais a nossa num estádio que tinha ontem 25.584 espectadores. Pura estupidez.
Da expulsão do treinador. Facto raro: Rúben Amorim viu o vermelho mesmo ao cair do pano. Ignoro o motivo, mas nunca é bom sinal. Não queremos competir com o técnico do FC Porto no campeonato dos cartões.
Da classificação. Fomos ainda mais empurrados para o quarto posto, perdendo terreno para FC Porto e Braga - que venceram os respectivos jogos e têm estado realmente melhor do que nós nesta Liga 2022/2023. Com o consequente adeus à liga milionária que já se vislumbra. E os naturais reflexos que isso terá na formação do plantel da próxima época.
Gostei
De Pedro Gonçalves. O mais batalhador, o mais inconformado, o melhor dos nossos. É verdade que falhou um penálti, mas converteu outro - o seu 19.º golo da temporada. E voltou a demonstrar que é o principal activo do futebol leonino. Pelo que joga e pelo que faz jogar. Sempre de cabeça levantada, sem nunca perder o rumo da baliza.
De Morita. Com ele em campo, a equipa muda. Para melhor. Agora que Ugarte anda mais apagado, nota-se ainda mais o bom trabalho do internacional japonês, único criativo do habitual dueto do nosso meio-campo, eficaz transportador da bola, sem receio do choque físico nem de arriscar passes de ruptura. Desta vez entrou com 45 minutos de atraso. Cabeceou à trave, aos 54', após canto convertido por Nuno Santos.
Do Arouca. Nunca tinha pontuado em Alvalade: superou ontem essa marca. Segue com sete jogos seguidos sem perder. Um lugar abaixo de nós na classificação geral.
O melhor jogador deste plantel do Sporting, quer seja o que começou a época, quer o actual, chama-se Pedro Gonçalves.
Passa, centra, remata melhor do que nenhum outro e ainda consegue desarmar sem falta.
Mas aos 2 minutos do Sporting-Arouca já andava a fazer piques de 60 metros para travar um contra-ataque adversário. E andou a levar pancada o jogo inteiro, com o Alan Ruiz a esmerar-se nesse aspecto.
Então quando falha um penálti que resolvia um jogo forçosamente complicado, depois da derrota em Arouca e duma série de quatro jogos em poucos dias, e na volta de Turim, o que dizer?
Felizmente ainda conseguiu criar e converter outro que deu o empate. Se não fosse isso, teríamos mais uma derrota em casa.
A história desta época passa muito pela retirada de Pedro Gonçalves da posição onde foi fundamental para o nosso título nacional. Rochinha, Trincão, Edwards, Arthur são tudo projectos de clones do Pote que todos juntos não valem um original lá na frente. Tudo isso pela falta de Matheus Nunes.
Outra parte da história da época tem a ver com Paulinho, que começou lesionado, andou umas vezes bem outras nem por isso, e lesionado parece que acabou da forma mais inglória possivel e não vou agora debruçar-me sobre o problema que tem.
Ontem Chermiti voltou a ser aquele que eu via no ano passado na equipa B, com Chico Lamba, Nazinho, Mateus Fernandes e Essugo.
O resto da história é uma temporada atípica, com as selecções a imporem a agenda, muitos jogos em pouco tempo e um plantel curto e desequilibrado para os objectivos da época.
E agora, depois do fora de jogo do Gil Vicente em Braga por 15 centímetros ou algo assim? Ganhar na quinta-feira à Juventus, que por acaso ainda fez pior, perdeu na Liga italiana.
E, se não for o caso, assumir a exclusão da Champions e preparar a próxima época, não esquecendo que a equipa B, com tanta rotatividade de jogadores muito por causa de acudir as necessidades da A, está na iminência de descer de divisão após a derrota de ontem em Massamá.
Rúben Amorim não faz parte do problema, faz parte da solução. No rescaldo do jogo de ontem deixou bem claro que está a trabalhar no assunto.
Mais logo, voltamos a entrar em campo. No nosso estádio, para receber o Arouca, a partir das 20.30.
Na primeira volta, em Outubro, fomos lá perder (1-0). Um daqueles jogos que nos relegaram para o actual quarto lugar (esperemos que provisório) na tabela classificativa.
Na época passada, vencemos em casa com dificuldade: 2-0. O resultado só foi construído no segundo tempo, com Slimani a bisar. Ficámos a dever essa vitória ao craque argelino que deixou saudades em Alvalade.
Se o nosso adversário de ontem fosse um destes dois clubes, qualquer árbitro português iria, naturalmente, prejudicar o Sporting e beneficiar uma dessa equipas.
Paulinho: figura em foco ao marcar os dois golos do Sporting contra o Arouca
Foto: Paulo Cunha / Lusa
Gostei muito de ver o Sporting chegar ontem à quinta final da Taça da Liga em seis temporadas - troféu que vencemos nas duas últimas épocas, já com Rúben Amorim ao comando da equipa. Levamos 12 jogos seguidos sem perder nesta competição. Desta vez derrotámos o Arouca por 2-1, em jogo disputado no estádio Magalhães Pessoa, em Leiria. Domínio total leonino no primeiro tempo, com 1-0 ao intervalo - resultado que só pecava por escasso. O segundo tempo esteve muito mais equilibrado, mas foi com inteira justiça que nos qualificámos para a final, a disputar no sábado, muito provavelmente contra o FC Porto.
Gostei de Paulinho, autor dos dois golos do Sporting, à ponta-de-lança, apontados aos 45'+6 e aos 82'. Confirma-se: o nosso avançado-centro, tão perdulário nos desafios do campeonato, tem vocação especial para marcar na Taça da Liga, onde leva já oito facturados nesta edição: merece ser distinguido como melhor em campo. Destaque também para o excelente desempenho de Nuno Santos, protagonista dos melhores cruzamentos desta meia-final. Quase marcou de livre directo num remate em arco muito bem colocado (45'). É dele a assistência para o segundo golo.
Gostei pouco da quebra da nossa equipa na primeira metade do segundo tempo, quando voltámos a pecar pelo defeito do costume: recuámos no terreno, parecendo estar a defender a magra vantagem conseguida ao intervalo. Algo incompreensível, que deu moral ao Arouca. Foi neste período (58') que a equipa adversária marcou o seu golo, aproveitando a má definição da nossa linha de fora-de-jogo e com Adán parecendo mal batido no lance.
Não gostei de Esgaio, o mais fraco do onze titular leonino. Foi a maior surpresa reservada por Rúben Amorim para esta meia-final, mas a diferença do desempenho dele na comparação com o habitual dono da posição, Pedro Porro, é abissal. O que suscita legítimas dúvidas sobre o futuro imediato da nossa equipa se o internacional espanhol abandonar dentro de dias o Sporting rumo ao Tottenham.
Não gostei nada de ver St. Juste substituído aos 64' para dar lugar a Gonçalo Inácio, que desta vez ficou de início no banco. O central holandês, que chegou aureolado de grande reforço para a nossa temporada 2022/2023, persiste em evidenciar débil condição física após quatro lesões sucessivas em sete meses. Até agora só conseguiu disputar uma partida do princípio ao fim. Algo preocupante, atendendo sobretudo ao facto de se tratar de um jogador que custou 9,5 milhões de euros ao Sporting.
Já quase no intervalo, com o resultado a zeros, com o Sporting a dominar completamente um adversário que defendia numa dupla linha de 5, depois duma série de lances de golo desperdiçados destacando-se Morita nesse pormenor, e a recordar-me do que aconteceu em Arouca, estava eu a pensar como é que íamos conseguir perder um jogo assim quando um jogador adversário tentou centrar de trivela, falhou e acertou... na baliza do Adán.
Felizmente há VAR na Taça da Liga, um protocolo que manda rever os lances para ver possíveis faltas do clube marcador, e uma evidente mão na bola. Golo anulado, jogada envolvente, golo de Paulinho. O Sporting vai a ganhar para o intervalo.
Na temporada em que fomos campeões já estava ganho o jogo. Mas nesta é tudo bem diferente. O Arouca arriscou, pressionou, o nosso meio-campo desapareceu, a bola não entrava nos avançados e o contra-ataque deles fazia mossa. Dum grande centro do Alan Ruiz nasceu o golo na altura merecido.
O Arouca então estacionou de novo o autocarro, o Sporting assentou jogo e voltou a ter oportunidades. Marcou o segundo num passe em profundidade de Nuno Santos que Paulinho respondeu "à ponta-de-lança". Depois o Arouca nunca mais conseguiu repetir o início da segunda parte, Rúben Amorim foi gerindo o tempo de jogo dum ou doutro o que deu para ver um Tanlongo que mais uma vez deixou água na boca na posição 6.
St.Juste demonstrou também que é um belo defesa, o defesa do lado direito numa defesa a 3 ou até o defesa direito numa defesa a 4. Tem velocidade e capacidade de passe e centro para fazer o lado. Só precisa de ganhar ritmo de jogo, oxalá as lesões sejam coisa do passado.
Enfim, foi um jogo de altos e baixos, muito por culpa da dupla "mundialista" do meio-campo que fisicamente "está nas lonas", os dois até foram naturalmente substituídos a meio da segunda parte, Pedro Gonçalves também não esteve nos seus melhores dias, e a defesa paga a factura.
O importante era passar a eliminatória e passámos, mas voltámos a exibir os defeitos que nos acompanham esta época, temos de jogar muito para marcar, o adversário pouco faz e logo marca. Deixámos de nos saber "sentar em cima do resultado". Marcamos e logo recuamos e perdemos o controlo do jogo, se calhar a pensar em dar espaço no meio campo-contrário para Edwards e Pote arrancarem. O problema é que a bola não chega lá.
Melhor em campo: Paulinho, dois golos "à ponta-de-lança", um penálti flagrante por marcar sobre ele que o VAR deve ter entendido ser de interpretação do árbitro, um pontapé para expulsão que o lesionou também por sancionar.
Depois dele, Nuno Santos e os três defesas.
E agora: ganhar no sábado e conquistar a Taça da Liga.
PS: Para alguns, bons jogadores são os que já sairam, maus mesmo são os que ainda cá estão, Paulinho à cabeça. Para eles o TT ao pé do Chermiti é um Lewandovski, e Porro, que era burro por demais e passava o tempo lesionado, prepara-se para ser um novo Roberto Carlos...
A palavra que melhor define Rúben Amorim: teimosia.
Seria a palavra escolhida pala maioria dos adeptos.
A palavra que eu escolheria é outra: ingenuidade.
Não, Rúben, não dependemos de nós. Dependemos muito do Fábio Veríssimo e do Godinho, hoje.
Dependemos muito do apitador de serviço no fim-de-semana.
É isto que tens de dizer aos rapazes: "fiz a minha carreira no Benfica e sei muito bem o que é ser beneficiado jogo sim, sim, aqui é ao contrário somos prejudicados jogo sim, jogo sim (ver pág. 31 d' A Bola de hoje, golos do Vizela e do Braga ilegais); não nos basta sermos melhores, temos de ser muito melhores".
E eu vou lá estar, doido da cabeça... não no estádio como em Arouca, mas em frente à TV.
Hoje não interessa o que se passou até agora nesta época, a posição na Liga ou a eliminatória a disputar com os dinamarqueses, interessa apenas levar de vencida o Arouca para chegar à final e tentar levantar a Taça da Liga.
Esta competição tem a importância que tem, nem mais nem menos, se calhar quem a desvaloriza é o primeiro na fila para se indignar se o seu clube não a ganhe. Eu quero que o Sporting faça tudo para ganhar e ganhe, depois se pensa no Braga.
O Arouca é uma equipa bem estruturada e atravessa um bom momento, confortável a contra-atacar a partir dum bloco baixo, o Alan Ruiz está a ter um desempenho que nunca conseguiu no Sporting de Jorge Jesus. Mas foi mesmo com muito azar e demasiada azelhice na concretização que um Sporting cansado e desfalcado de titulares importantes perdeu em Arouca.
Trincão está engripado, se calhar já estava em Alvalade para ter jogado tão mal como jogou, e vai estar fora, pelo que devemos ter Pedro Gonçalves de regresso ao seu lugar. Com Morita de regresso, a dúvida será se St.Juste entrará de início. Talvez entre mais tarde no jogo, importa que os três defesas corrijam posicionamentos em que falharam nos últimos encontros.
O onze inicial deverá então ser o seguinte:
Adán; Inácio, Coates e Matheus Reis; Porro, Ugarte, Morita e Nuno Santos; Edwards, Paulinho e Pedro Gonçalves.
No banco deverão estar Israel, St.Juste, Marsà, Esgaio, Arthur Gomes, Tanlongo, Rochinha e Jovane.
Muito ainda para conquistar esta época. Confiança total em Rúben Amorim, confiança total nesta equipa!
Nuno Santos parece incrédulo após quarta derrota do Sporting na Liga
Foto: Octávio Passos / Lusa
Rúben Amorim errou: preparou um onze titular de recurso, cheio de segundas linhas, para defrontar o Arouca. Tinha a possibilidade de reforçar a quarta posição, ficando apenas um ponto atrás do FC Porto. Saiu de lá com uma derrota (a primeira vez que a equipa local pontuou num desafio contra o Sporting), viu os portistas aumentarem a distância mesmo após empatarem com o Santa Clara (estão agora com mais quatro pontos) e o Braga já com mais seis. O líder, Benfica, está agora 12 pontos acima de nós, cada vez mais líder. Pior ainda: o Casa Pia volta a ultrapassar-nos, retomando o quarto posto. E amanhã o V. Guimarães, se vencer o Famalicão, remete-nos para um humilhante sexto lugar.
Perdemos por um golo sem resposta. Marcado aos 47' pelo capitão do Arouca, João Basso, após cobrança de um canto. Em quatro cantos de que dispôs, a equipa da casa transformou um em golo. Nós, como de costume, trememos a cada lance de bola parada defensiva. E somos incapazes de utilizar da melhor maneira aqueles de que beneficiamos. Desta vez foram dez cantos a nosso favor. O melhor que conseguimos foi aos 90', com um cabeceamento de Coates, travado pelo guardião arouquense.
Nessa altura já o nosso capitão funcionava como ponta-de-lança improvisado. Amorim, com Paulinho e Morita ausentes por lesão, decidiu piorar as coisas mantendo Edwards, Ugarte, Porro e Nuno Santos no banco. No onze que actuou de início surgiram Nazinho (em estreia como titular), Dário (estreante na equipa principal esta época), Rochinha e Arthur - além de Esgaio, regressado de uma espécie de "sabática" após exibição desastrosa contra o Marselha.
O experimentalismo do técnico, destinado a poupar meia equipa para o desafio de amanhã em Alvalade contra o Eintracht, fracassou. Não apenas derrubando as nossas últimas hipóteses de ainda sonhar com o título de campeão, ao somarmos a quarta derrota em onze jogos da Liga 2022/2023, mas também desmoralizando a equipa, que só pode sentir-se frustrada com mais este fracasso.
Além de deitar por terra aquele belo lema que nos serviu de inspiração ao título conquistado em 2021: "Jogo a jogo." Queimar a etapa de Arouca antes de receber o Eintracht para a Liga dos Campeões contraria o mote concebido por Amorim.
A verdade é que a equipa, preenchendo a linha ofensiva com três extremos, foi incapaz de converter as oportunidades criadas ao longo da partida. Nove, no total: por Trincão (8'), Gonçalo Inácio (18'), Rochinha (23'), Esgaio (42'), Porro (64' e 78') e Pedro Gonçalves (75' e 90'+1), além do já referido lance protagonizado por Coates - que foi, a par de Porro, o mais rematador dos nossos: quatro remates cada. O que diz muito do desempenho colectivo do Sporting em Arouca.
Sofremos anteontem mais um golo (já levamos 14 encaixados nas 11 partidas da Liga e 23 no total dos 17 jogos efectuados na temporada em curso, dez dos quais de bola parada). Já somamos tantas derrotas como as registadas nos dois campeonatos anteriores do princípio ao fim: desde a calamitosa época 2012/2013 que não tínhamos quatro nesta fase. Além de havermos sido eliminados da Taça de Portugal pelo Varzim, do terceiro escalão.
Adán foi, de longe, o nosso melhor neste desafio. Sem culpa no golo sofrido, aos 47', impediu o Arouca de ampliar a vantagem com excelentes defesas aos 40' e aos 51', a remates de Alan Ruiz e Tiago Esgaio.
O pior voltou a ser Trincão, que continua a parecer um corpo estranho nesta equipa, sem conseguir integrar-se na dinâmica colectiva. Pedro Gonçalves também andou mal, mas aqui por responsabilidade do técnico, que o forçou a jogar em linhas mais recuadas, distante da baliza - logo ele, melhor marcador leonino das épocas anteriores e que em 2020/2021 chegou mesmo a sagrar-se Rei dos Artilheiros no campeonato.
Tudo mais difícil a partir de agora? Sem dúvida. Não havia necessidade.
Breve análise dos jogadores:
Adán- Sai de Arouca com a noção do dever cumprido apesar de mais um golo encaixado. Duas preciosas defesas suas impediram a turma da casa de nos ganhar por margem maior.
Gonçalo Inácio- A história do jogo certamente seria outra se tivesse cabeceado na direcção certa aos 18'. Ultrapassado em lance perigoso aos 40'. Saiu aos 53, já amarelado.
Coates - O capitão cumpriu missão de sacrifício no quarto de hora final, actuando como ponta-de-lança de emergência. Quatro remates - um dos quais ia dando golo, aos 90'.
Matheus Reis- Central à esquerda, preocupou-se muito em acorrer às dobras de Nazinho. Rende mais como ala. Assim faz menos uso tanto da velocidade como dos dotes técnicos.
Esgaio- Voltou a ser titular - e foi até dos pés dele, aos 42', que surgiu o nosso maior lance de perigo da primeira parte. O que já diz quase tudo sobre a ineficácia ofensiva leonina.
Dário- Com Morita fora de combate e Ugarte poupado a pensar no Eintracht, actuou como médio defensivo em estreia a titular. Falhou a cobertura no lance do golo arouquense.
Pedro Gonçalves - É desperdício vê-lo jogar como médio de transição, tendo a baliza mais distante. Tal como com o Chaves, voltou a não render neste posto. Convém não repetir.
Nazinho- Outra estreia como titular. Excelente passe cruzado, a partir da linha esquerda, servindo Esgaio num golo falhado. Mas divide com Dário responsabilidade no golo sofrido.
Trincão- Foi o primeiro a desperdiçar um golo do nosso lado, logo aos 8'. Falhou emenda ao segundo poste, aos 29. Andou muito errante, facilmente neutralizado pelo adversário.
Rochinha - Também ele parece um corpo estranho nesta equipa. Tarda em encontrar o seu lugar. Grande lance individual aos 23', mas falhou no último passe. Nada mais fez.
Arthur- Pareceu o mais dinâmico do nosso trio da frente, como avançado-centro improvisado. Não é ali que funciona melhor. Mesmo assim, sacou dois amarelos.
Ugarte- Substituiu Dário aos 53'. Deu intensidade ao nosso meio-campo, com a sua habitual entrega ao jogo. Mas mantém péssima relação com a baliza: dois disparos para a bancada.
Porro- Inconformado, cheio de vontade de virar o resultado, substituiu o apático Esgaio aos 53'. Quatro remates. Teve o golo nos pés aos 81': a bola roçou o poste.
St. Juste- Em campo desde o minuto 53, por saída de Gonçalo, reforçou a segurança defensiva. Mas o pior já estava feito, com o golo sofrido. O problema era lá na frente.
Edwards - Substituiu Rochinha (58'). Entrou na pior fase, quando o Arouca já estacionara, a defender a vantagem. À sua frente só havia uma floresta de pernas intransponíveis.
Nuno Santos- Entrou aos 58', rendendo Nazinho, depois de ter visto um amarelo ainda no banco, por protestos. Talvez isto o afectasse: foi incapaz de fazer a diferença.
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