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És a nossa Fé!

Bundesliga com/sem máscara (tudo ao mesmo tempo e... fé em Deus?)

No fim-de-semana, reiniciaram as jornadas da primeira e da segunda divisões da Bundesliga. Não consegui acompanhar os jogos de Sábado (o dia principal da jornada), mas vi, ontem à noite, o resumo televisivo dos dois jogos de Domingo da 1ª Bundesliga. O Bayern foi ganhar 2:0 ao campo do Union Berlin e o 1.FC Köln (Colónia), depois de igualmente ter estado a ganhar por 2:0, acabou por consentir num empate, em casa, frente ao Mainz 05.

 

Apesar de muitos aspetos caricatos, estes primeiros jogos durante a crise pandémica não deixaram de ter pontos interessantes.

 

Os jogadores entram em campo de máscara, suponho que serão obrigados a usá-la nos balneários. Não cheguei a apurar se lá também têm de respeitar a distância de segurança e se vão para o duche mascarados. O certo é que, ao entrar em campo, tiram as máscaras e, depois, jogam como sempre, ou seja, muito contacto físico, de corpos suados, embora não festejem os golos amontoados, aos abraços. Penso, porém, que não adianta tentar ver lógica nisto.

 

Quem se encontra no banco, tem de usar máscara e respeitar as distâncias. Conclusão: apenas há lá lugar para o treinador e um ou dois colaboradores e falam uns com os outros sem se aproximarem. Se, porém, o treinador sente necessidade de se aproximar das quatro linhas, para berrar ordens ou palavras de incentivo, pode tirar a máscara e gritar, como sempre.

 

Como disse, porém, há aspetos que achei interessantes. Apesar de os berros ecoarem no estádio vazio (aumentando a sensação de isolamento), sentimo-nos mais perto dos jogadores, pois conseguimos ouvi-los bem (embora nem sempre se entenda o que berram, o que até será aconselhável). O facto é que, em certos momentos (golos, ou situações polémicas) até nos esquecemos da falta de público, tal é a berraria em campo. Confesso que gostei. Dá a sensação de que somos envolvidos na intimidade da equipa.

 

De referir ainda a sensação de normalidade, ao ouvir o noticiário radiofónico com os resultados do futebol.

 

Veremos que consequências isto trará na evolução da pandemia. Espero que não sejam más, embora sem considerar outros pontos, como o impacto desta situação especial na vida privada/familiar dos jogadores e o facto de, no fundo, eles servirem de cobaias numa experiência que ninguém sabe como acabará.

A ver o Mundial (4)

2018-Russia-World-Cup[1].jpg

 

O FIM DA HEGEMONIA ALEMÃ

 

A primeira grande surpresa do Mundial aconteceu há pouco: a Alemanha foi derrotada em Moscovo pelo México de Ochoa, Herrera, Vela, Chicharito e Layún. Uma partida emocionante em que os mexicanos souberam impor a sua organização colectiva frente à superioridade germânica. Em campo estavam seis titulares da final de 2014, em que a selecção alemã derrotou a Argentina: Neuer, Boateng, Hummels, Ozil, Kroos e Müller.

Foi um bom espectáculo de futebol, emotivo do princípio ao fim, com a turma germânica a dispor de mais posse de bola mas quase sempre de modo inconsequente. Os mexicanos nunca deixaram de explorar o contra-ataque, em ofensivas perigosas que poderiam ter-lhes valido um segundo golo.

A vitória foi construída aos 35', num desses lances de futebol rápido, desenrolado ao primeiro toque, com a defesa alemã demasiado subida, sem rins para acompanhar a velocidade de Chicharito, que assistiu, e Lozano, que fuzilou a baliza à guarda de Neuer.

Há 36 anos que a poderosa Alemanha não perdia uma partida inicial de um Campeonato do Mundo - a anterior fora em 1982, no inesquecível certame disputado em terras espanholas, ao ser derrotada 1-2 frente à Argélia. Nos últimos quatro mundiais, em jogos de estreia, os alemães golearam sempre. Essa hegemonia terminou hoje. E torna este Mundial mais emocionante.

 

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O primeiro jogo do dia opôs a Costa Rica à Sérvia. Confesso: estava a torcer pela simpática selecção costarriquenha, que no Mundial do Brasil exibiu um futebol de grande qualidade e mantém quase intocável o seu onze-base. O maestro é o "nosso" Bryan Ruiz", que saiu entretanto de Alvalade envolto na máxima discrição, quase sem ninguém dar por isso.

Jogo pastoso, com maior acutilância sérvia mas superioridade técnica da Costa Rica, onde Bryan continua a ter bons pormenores - embora nem sempre com a intensidade necessária, como muito bem sabemos. Outro nosso velho conhecido, Joel Campbell, entrou a meio da segunda parte e também se mostrou igual a si próprio: muita finta no entretanto, mas quase sempre condenado a perder a bola na hora da decisão. Já vimos este filme.

 

Alemanha, 0 - México, 1

Costa Rica, 0 - Sérvia, 1

E Para Desanuviar...

... Falemos do Mundial! Afinal, não somos os únicos com jogadores a precisarem de equilíbrio psicológico, depois da bomba que caiu sobre a seleção espanhola. Mas nem era da Espanha que queria falar e, sim, da Alemanha, que, ou me engano muito, ou vai surpreender pela negativa.

 

Depois de uma qualificação impecável (só vitórias), os alemães fraquejaram nos jogos de preparação para o Mundial. Nem começaram muito mal, ao empatarem precisamente com a Espanha de Lopetegui por 1:1, a 23 de Março, mas seguiu-se uma derrota frente ao Brasil, por 1:0, a 27 do mesmo mês. Ambos os jogos foram disputados em casa e havia muita expectativa, principalmente em relação ao último, depois da vitória histórica da seleção germânica por 7:1, nas meias-finais do último Mundial, que pôs o Brasil em estado de choque. Embora se tratasse de um jogo amigável, a derrota desestabilizou a equipa, com jogadores a criticarem-se uns aos outros.

 

Em Maio, deu-se outro acontecimento, aliás fora das quatro linhas, que ainda hoje afeta a seleção: os turco-germânicos Mesut Özil e İlkay Gündoğan, ambos jogadores escalados para o Mundial da Rússia, aproveitaram uma visita do Presidente turco Recep Tayyip Erdoğan a Londres para se encontrarem com ele e lhe oferecerem camisolas suas, autografadas, do Arsenal e do Manchester City. Foram tiradas várias fotografias com os três, coisa que causou bastante mal-estar, pois Erdoğan usou-as nas redes sociais para a sua campanha eleitoral (há cerca de dois milhões de eleitores turcos na Alemanha).

 

Oezil e Erdogan.jpg

 

A 2 de Junho, Özil  e Gündoğan foram muito assobiados no jogo contra a Áustria, essa potência futebolística, e os alemães acabaram por perder por 2:1! Joachim Löw, que ainda tinha quatro jogadores a mais, decidiu, por fim, quem iria definitivamente à Rússia. E foi duramente criticado (também em Inglaterra), por resolver prescindir de Leroy Sané, jovem talento que joga atualmente no Manchester City.

 

No último jogo amigável, a Alemanha não foi além de uma vitória à tangente por 2:1, em casa, frente à Arábia Saudita. Houve mais assobios de descontentamento em relação à exibição da equipa e, na entrevista que se seguiu, Joachim Löw, embora esforçando-se por se manter calmo e amável, não conseguiu disfarçar o nervosismo. O verniz quase acabou por estalar, quando o jornalista tornou a abordar a questão das fotos de Özil  e Gündoğan com o Presidente turco.

 

Enfim, a Alemanha é sempre candidata ao título. Na minha opinião, porém, e apesar da qualificação deslumbrante, a era Löw devia ter terminado no último Europeu, no qual os germânicos ficaram aquém das expectativas. Veremos como correm as coisas, desta vez...

Descalabro

Alemanha Euro 2016.jpg

 

Uma fotografia que retrata bem o descalabro da Alemanha neste Euro.

Boateng lesionado, com as suas "meias esquisitas"; colegas desorientados que tentam consolá-lo...

O jogador foi mandado para o campo, apesar da uma condição física desaconselhável? Ou teria ele próprio exigido jogar?

Acredito mais na primeira hipótese, não vejo Jogi Löw a ceder a exigências dos seus jogadores. E o gesto solidário e carinhoso de Kimmich em relação ao colega é, para mim, ilucidativo.

 

Fotografia daqui.

Felizmente, há sempre quem tenha a cabeça no lugar...

Como os colaboradores e os leitores deste blogue já sabem, este Euro não tem sido fácil para mim, em terras germânicas. Uma campanha contra Portugal, por parte dos media alemães, que quase se pode apelidar de difamatória, cai como faísca em seara seca num país que, apesar de adorar as praias portuguesas, nunca gostou de Ronaldo, vá-se lá saber porquê.

 

Por isso mesmo, é com muito gosto que venho hoje aqui afirmar que há quem reme contra a maré. Porque, afinal, e como também já disse, eu gosto de viver na Alemanha.

 

Através de uma nossa colega de blogue, a Helena Ferro de Gouveia, tomei contacto com dois artigos do site da Stern que, para utilizar uma expressão alemã (adaptada a Português), "expuseram aquilo que me vai na alma".

 

Num deles, assinado por Tim Sohr, e mais focado na prestação da nossa equipa, rebate-se a ideia de que o futebol português carece de qualidade, elogiando as diferentes táticas: contra a Croácia, desgastar o adversário com uma defesa eficiente e dar o golpe perto do final; contra a Polónia, aguentar-se até à marcação de penáltis e ganhar; contra Gales, fazer valer a receita centro-cabeçada-golo. Mais simples e eficiente não há.

 

Tim Sohr acrescenta ainda que o 3-3 contra a Hungria, ainda na fase de grupos, persiste, até ao momento, como o jogo mais espetacular deste Euro.

 

Um outro artigo, de autoria de Finn Rütten, centra-se em Ronaldo, não encontrando razão para tanta má-língua. Aliás, Finn Rütten mostra-se apreensivo com o ódio que encontra nas redes sociais, perguntando: como se pode dizer odiar alguém, sem nunca sequer se ter falado com essa pessoa? E afinal, qual é o problema com Ronaldo? Com três golos e duas assistências, ele é, sem dúvida, um dos melhores jogadores deste Euro.

 

Finn Rütten chama ainda a atenção para as qualidades humanitárias do nosso melhor jogador (dando alguns exemplos, como o de dar sangue regularmente, ou pagar operações a crianças necessitadas) e, se admite que Ronaldo seja vaidoso, ou mesmo convencido, com gestos escusados em campo, pergunta porque é que os alemães, por outro lado, acham tanta piada ao sueco Zlatan Ibrahimovitch, que se deve ter banhado num pote de vaidade quando era criança.

 

Na Alemanha, como em todo o lado, há gente estúpida e gente inteligente; gente que vê e gente que não quer ver.

Assustador continua o facto de ser tão fácil manipular a opinião pública...

Alemães: disciplina a mais, aliada a censura?

Gosto muito das análises que o Pedro Correia faz dos jogos e dos jogadores, normalmente, coincidentes com a minha opinião. Acontece que, como já aqui referi, não sou perita em futebol, a minha presença neste blogue justifica-se, acima de tudo, pelo amor ao Sporting. Receio sempre que as minhas opiniões não tenham fundamento sólido, já que são baseadas em intuição. Porém, quando o Pedro Correia fala em falhas infantis dos alemães e no seu cansaço anímico que superou o cansaço físico, não posso deixar de pensar que as minhas observações e reflexões têm a sua razão de ser.

 

Os alemães são conhecidos pela sua disciplina e força de vontade, características aperfeiçoadas por Joachim Löw (vulgo Jogi Löw), pois Klinsmann (o selecionador que o precedeu), embora não esquecendo as suas raízes germânicas, concedeu à equipa um espírito mais solto, fruto das suas temporadas nos EUA (penso que até tem lá a sua residência oficial). Jogi Löw cultiva o rigor e a disciplina e, por isso mesmo, a Alemanha foi Campeã do Mundo há dois anos. Na minha opinião, porém, excedeu-se neste Euro 2016.

 

A Alemanha partiu para o torneio com a obrigação de o ganhar. Penso que Löw não admitia outro resultado e valeu-se, não só da disciplina férrea, como de sigilo absoluto sobre tudo o que rodeava os seus jogadores. Estranhei, desde o início, o facto de, na Alemanha, ninguém se atrever a criticar fosse o que fosse sobre a atuação da equipa. Os media elogiavam-na exageradamente, ao mesmo tempo que criticavam as outras, sendo Portugal, infelizmente, o “bombo da festa”. Apenas o comentador da ARD Mehmet Scholl, antigo jogador do Bayern e da seleção alemã (com raízes turcas) se atrevia a defender Portugal e Ronaldo, mas logo ouvia bocas menos amigáveis do jornalista que o acompanhava, Matthias Opdenhövel. Não eram atitudes bonitas e surpreenderam-me, pois os jornalistas alemães costumam ser isentos. Seria parte da tática combinada com Löw?

 

O primeiro jogo da Alemanha correu como planeado, vitória de 2-0 sobre a Ucrânia. Já o segundo trouxe problemas: 0-0 frente à Polónia (sim, empataram, tal como nós!). Houve cenas de desentendimentos durante o jogo, com Boateng a discutir com colegas. Todos se perguntavam: o que se passa com a seleção? Da parte de Löw, silêncio absoluto. Só passado dois dias, veio anunciar que todos os problemas estavam sanados (sem explicar quais haviam sido), declarações acompanhadas de imagens dos jogadores em plena harmonia.

 

O terceiro jogo também não foi famoso: 1-0 contra a Irlanda do Norte, e notava-se uma grande ânsia dos media em dizerem que a seleção havia recuperado a sua forma. Embora só tivessem ganhado por um golo, tinham tido oportunidades de sobra, diziam, podiam ter ganho por 3 ou 4 a zero. Estranhei, pois costumam apontar a Portugal o defeito de baixa concretização frente à baliza. Entretanto, surgiram rumores de jogadores lesionados, incluindo Boateng, acompanhados de comentários de que não havia problemas, pois a equipa médica fazia milagres!!!

 

O jogo com a Itália foi o descalabro que se viu. A Alemanha com um medo incrível e Boateng cometido com aparente vocação para ser polícia sinaleiro, sem esquecer aquela inacreditável reposição de bola feita por Neuer, que deve ter arrepiado milhões de germânicos. Pois no arrepio é que o Pedro Correia se engana (e o que torna tudo mais estranho)! Ninguém fala destes falhanços infantis (nem população, nem jornalistas), tão-pouco dos penáltis falhados por três grandes jogadores! É como se estes lapsos nunca tivessem existido. Pelo contrário! O tal jornalista Matthias Opdenhövel caracterizou este jogo execrável como “futebol tático ao mais alto nível” (no original: taktischer Fußball auf höchstem Niveau). Mehmet Scholl foi o único que se atreveu a criticar a equipa alemã, sendo inclusive bastante duro (e com razão), o que lhe valeu protestos enérgicos de Löw e dos seus colaboradores. Chegou-se a recear que Scholl tivesse de deixar a sua função de comentador da ARD, mas ele lá se desculpou e foi autorizado a ficar.

 

O jogo com a França dispensa comentários, resumido nas palavras de Pedro Correia: o cansaço anímico superava o cansaço físico na selecção alemã. Nesse dia, de manhã, eu tinha ouvido Löw na rádio (ouço sempre rádio ao pequeno-almoço) e impressionou-me o stress que senti na sua voz e nas suas palavras. Parecia mesmo que estava engasgado, aflito, medroso. E, em campo, os jogadores refletiram esse stress, em desespero por um golo e cometendo mais erros infantis (incluindo do capitão Schweinsteiger, ditando a derrota). Uma nota para Boateng, que jogou com umas meias esquisitas e teve de sair a meio, lesionado, o que me leva a pensar que já o estava antes do jogo e foi forçado a jogar. Mas não o posso confirmar, pois disso ninguém fala…

 

Treinador e jogadores sob grande pressão num sigilo absoluto a lembrar verdadeira censura. E tudo pareceu combinado com os media. Não me atrevo a dizer que lembrou outros tempos, gosto demais da Alemanha e do povo alemão atuais para afirmar uma coisa dessas.

 

[Adenda ao texto original: peço desculpa por me ter esquecido do jogo dos oitavos, contra a Eslováquia, ganho pela Alemanha por 3-0, um jogo que recuperou a esperança na equipa. Como todos sabemos, porém, a Eslováquia não é uma potência futebolística e este resultado, além de ter sido mais ou menos esperado, em nada modifica o sentido da minha mensagem].

A ver o Europeu (13)

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O Portugal-França de domingo vai ser um jogo muito matreiro. De parte a parte. Para nós teria sido preferível um confronto com os alemães, mais previsíveis e rectilíneos, abrindo inesperadas brechas na defesa que poderiam ser aproveitadas por Ronaldo ou Nani.

Somados a esses lapsos colectivos, a turma germânica revelou também uma soma inacreditável de erros individuais - daqueles que se pagam muito caros em alta competição. E em particular na meia-final dum Europeu.

Já contra a Itália, nos quartos de final, os alemães só haviam seguido em frente por uma unha negra. Com falhas infantis, destacando-se o penálti cometido por um Boateng com aparente vocação para ser polícia sinaleiro. Sem esquecer aquela inacreditável reposição de bola feita por Neuer, que deve ter arrepiado milhões de germânicos. E Müller a marcar um penálti que foi um passe a Buffon. E Schweinsteiner a marcar outro, transformando uma grande penalidade numa grande charutada...
Só passaram porque os italianos conseguiram ser piores.

Ontem repetiram-se os erros individuais. Müller a fazer passes ao guarda-redes, despedindo-se em branco do Europeu depois de ter sido melhor marcador nos mundiais de 2010 e 2014.
Boateng reiterando a vocação para o disparate, endossando a bola ao adversário em zona proibida. Neuer com novas fífias. Schweinsteiner procurando imitar o seu colega da defesa no jogo anterior ao saltar igualmente dentro da área com a mão bem levantada, originando um penálti sem a menor necessidade. E demonstrando assim como o cansaço anímico superava o cansaço físico na selecção alemã.


A França, sem brilho mas com mais manha, não assumiu a posse de bola (só teve 35%), espreitando sempre o contra-ataque. Com dois avançados muito perigosos: Griezmann, que anda de pé quente e ontem somou mais dois golos para o seu pecúlio pessoal, e Giroud. Há ainda Payet, mas ontem esteve a zero e foi substituído. Lento, fatigado, previsível.
O facto é que os franceses também têm debilidades defensivas, que ontem aliás foram evidentes. Só esta irreconhecível Alemanha - uma sombra do que foi no Campeonato do Mundo - não soube aproveitá-las. E assim os franceses puderam vingar-se da derrota de há dois anos no Brasil.

A ver o Europeu (12)

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Quem disse que no fim ganha a Alemanha? A selecção germânica despediu-se hoje do Euro 2016, baqueando perante a turma anfitriã, que desde 1938 não perde um torneio disputado no seu território. Sem deslumbrar, longe disso, os franceses derrotaram os alemães por 2-0. Ambos os golos foram marcados por Griezmann, que assim reforça a posição como goleador desta competição. Já com seis no seu pecúlio. Esperamos que fique por aqui.

A Alemanha, com 65% de posse de bola neste encontro, caiu por demérito próprio. Dois erros individuais cometidos pelos campeões do mundo ofereceram de bandeja a vitória à equipa gaulesa, sempre incentivada pelo seu público.

Na primeira parte, já em tempo extra, Schweinsteiger tocou sem qualquer necessidade com a mão na bola dentro da sua grande área, após a marcação de um canto: o rematador do Atlético de Madrid, chamado a converter, não perdoou. Na segunda parte, este luso-descendente com um avô natural de Paços de Ferreira bisou após uma inacreditável fífia defensiva cometida por Kimmich, que praticamente endossou a bola aos adversários. Neuer, com uma defesa incompleta e atabalhoada, permitiu a recarga. Iam decorridos 72’, a sorte do jogo estava lançada nesta partida disputada em Marselha: o campeão do mundo despediu-se do Europeu.

Valha a verdade que a França fez pouco para justificar uma vantagem tão dilatada – igual à obtida ontem pela nossa selecção frente ao País de Gales. Os alemães podem queixar-se de uma bola ao poste e de uma defesa excepcional do guardião Lloris a um cabeceamento de Götze, que procurava imitar Ronaldo mesmo à beira do apito final. Hoje sem Khadira, Hummels e Mario Gómez, a equipa comandada por Joachim Löw jogou mais com o coração do que com a razão. Com um Boateng sem categoria (perda infantil de bola em zona proibida aos 42’), um Özil apagado e tristonho e um Müller que sai deste certame sem marcar sequer um golo.

Vamos portanto defrontar os franceses no domingo. Há 41 anos que não conseguimos levá-los de vencida. E a missão torna-se ainda mais difícil porque eles jogam em casa: basta lembrarmos o que aconteceu em 1984 e 1998. Mas a verdade é que as tradições a todo o momento podem ser quebradas. Talvez tenha chegado a altura de quebrar mais esta. Até porque a França não tem - nem de perto nem de longe - um jogador com o nível de Cristiano Ronaldo.

 

Alemanha, 0 - França, 2

À laia de comparação

Não sou perita em futebol, por isso, costumo deixar as análises para os meus colegas de blogue que entendem muito mais disso. Porém, gostava de deixar aqui algumas notas sobre o percurso da nossa seleção neste Euro, fazendo ainda uma pequena comparação com os alemães (que, neste caso, ainda me estão atravessados).

 

Sim, a fase de grupos não foi famosa. Mas as regras eram claras: um terceiro lugar dava boas hipóteses de passar aos oitavos. Vencer todos os jogos, alcançando o número máximo de pontos, era mais bonito? Era. Mas não levávamos nenhuma taça para casa por tal proeza.

 

Tivemos de ir ao prolongamento no jogo contra a Croácia e passámos aos quartos sem ter ganho um único jogo nos regulamentares 90 minutos. E depois? O Quaresma marcou um verdadeiro "Golden Goal", já perto do fim, não dando à Croácia hipótese de conseguir o empate. É preciso mais eficácia?

 

Contra a Polónia, mais um empate que até teve de ser clarificado por penaltis. Pelo menos, não precisámos mais do que os cinco regulamentares, todos os jogadores escalados para os marcarem cumpriram a sua missão. Ao contrário dos alemães! Contra a Itália, houve três prestigiados jogadores alemães que falharam a sua grande penalidade: Müller, Schweinsteger e Özil. Ninguém fala disso, neste país. E, no entanto, quando o Ronaldo falhou o penalti contra a Áustria, todos se riram dele!

 

Estamos na final. Sem medo, por favor, seja qual for o adversário!

 

Força Portugal!

Coisas que não se compreendem

É a custo que escrevo este texto, pois gosto de viver na Alemanha, país onde me sinto bem há 24 anos. Além disso, dei, durante algum tempo, aulas de Português a alemães, em Hamburgo, sempre constatando que os germânicos adoram Portugal. Por isso, é-me muito difícil compreender a atitude dos comentadores futebolísticos alemães em relação à seleção portuguesa, neste Europeu.

 

aqui tive ocasião de referir que os alemães não gostam de Cristiano Ronaldo, acham-no convencido, possuidor de um ego descomunal e irremediavelmente sobrevalorizado. Mas os comentários sobre a seleção portuguesa ultrapassam, desta vez, os limites. Evito ao máximo criticar outros modos de ver, influenciados por culturas e mentalidades diferentes, mas não vejo razão para tanto exagero.

 

Os comentadores chegaram ao ponto de dizer que não se compreendia que uma equipa, que ainda não ganhou um jogo no tempo regulamentar de 90 minutos tivesse chegado às meias-finais (como se prolongamentos não fizessem parte de torneios deste género)! A reboque, aproveitam para criticar esta nova modalidade do Campeonato Europeu, que permite que tantos terceiros lugares sobrevivam à fase de grupos e que equipas do calibre da Espanha, Itália e Alemanha se defrontem a partir dos oitavos-de-final!

 

Arrasaram por completo o jogo entre Portugal e a Polónia, monótono, indigno de uns quartos-de-final, insinuando que uma equipa que se preze resolve as eliminatórias nos regulamentares 90 minutos (!) e desdenhando completamente da passagem à fase seguinte por penaltis!

 

Pois bem, ontem à noite, foi o que se viu…

 

Concordo plenamente com a análise do jogo feita pelo Pedro Correia. Porém, se tinha esperanças de que os alemães caíssem em si, elas dissiparam-se perante incrível golpe de rins. Não foi um jogo monótono, dizem eles, foi «futebol tático ao mais alto nível»! Os momentos dos penaltis? Foi um autêntico «policial futebolístico», de um «suspense de arrasar os nervos»!

 

Não estava à espera de tanta subjetividade por parte de comentadores e jornalistas germânicos. Mas, enfim, estamos sempre a aprender...

A ver o Europeu (9)

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Incompetência total. Nem italianos nem alemães mereciam passar às meias-finais do Euro 2016 após um jogo medíocre e sonolento, com a Itália a fechar o ferrolho habitual e a Alemanha a imitar a forma de jogar da squadra azzurra. Em 120 minutos, apenas um golo marcado num lance corrido. Nem parecia que estavam em campo duas selecções que já se sagraram campeãs mundiais por oito vezes (quatro cada).

E nem a série final de penáltis - só desfeita após a marcação de 18 grandes penalidades - desfez esta ideia de mediocridade. Com os italianos a falharem quatro (Zaza, Pellè, Bonucci e Darmian) e os alemães três (Müller a fazer um passe ao guarda-redes Buffon, Özil a mandar a bola ao poste, Schweinsteiger a enviá-la para a bancada). Os falhanços de Pellè e Müller foram os mais caricatos. Passou à tangente a Alemanha, campeã mundial em título, talvez a menos má das duas equipas que se arrastaram em campo.

O nó ficaria desfeito bem mais cedo se Boateng, num erro infantil, não houvesse cometido falta punida com penálti ao saltar dentro da sua grande área com os braços bem abertos: terá sido acometido por uma súbita paralisia cerebral que o levou a confundir futebol com andebol? Iam decorridos 77', Bonucci converteu o castigo máximo sem problemas, a Itália empatava a partida anulando a vantagem alemã registada ao minuto 27. Tinha acontecido aí, na jogada que culminou no golo alemão, o único lance digno de registo da partida: excelente cruzamento de Gomez, assistência do lateral Hector, conversão de Özil com o seu temível pé esquerdo.

E nada mais: bola para trás, bola para o lado, bola novamente para trás. À espera que os minutos se escoassem. O que dirão agora todos aqueles que por cá se indignaram com o desempenho da selecção portuguesa no Portugal-Croácia e no Portugal-Polónia? Comparado com o pífio duelo de gigantes há pouco terminado em Bordéus, a equipa das quinas tem entoado verdadeiros hinos ao futebol.

 

Alemanha, 1 - Itália, 1 (6-5, no desempate por penáltis)

Bosch(es)?

As coisas vão mal para os lados das alemanhas.

Não bastava o escândalo da Ferrostaal, do Deutsche Bank, dos carros do povo, aparece agora isto.

Não sei se será do cumbíbio com os pindéricos do sul que eles apodam de vígaros para cima, mas vai-se a ver e afinal começam a descobrir-se muitas carecas e eles não são assim tão melhores que os porcos.

Bom, sejamos honestos, eles são bastante melhores nisto: O facto importante de não chutarem para canto estes assuntos, como num certo país que eu cá sei, onde andam umas caixas à deriva, sem que se tome medida alguma, sujeito até a que os jantarinhos que lá estão dentro, azedem.

Um país onde, curiosamente, as vendas da marca fraudulenta, aumentaram depois da descoberta da vigarice. Já nada me surpreende, confesso.

Que fique claro que não estou a fazer qualquer tipo de associação ao Euro 2004!...

Bom, aí sim, ficaria surpreendido. Ou não...

 

 

 

Nota: Este post limita-se a "linkar" para notícias publicadas, com o intuito de demonstrar a boa-fé com que foi escrito.

Qualquer conotação política é responsabilidade da interpretação do leitor, excepto no que à Caixa Dourada diz respeito, onde o autor assume claramente o seu partido.

Sub-21: os nossos jogadores, um a um

A selecção portuguesa de sub-21 qualificou-se hoje, de forma brilhante, para a final do Campeonato da Europa, a disputar na próxima terça-feira. Conseguiu esta proeza goleando a poderosa Alemanha por 5-0: foi a maior derrota germânica de sempre ao nível dos sub-21.

Os portugueses dominaram a partida do primeiro ao último minuto. O aviso inicial aconteceu com uma bola disparada por Sérgio Oliveira ao poste, iam decorridos apenas 15'. Depois sucederam-se os golos: por Bernardo Silva (23'), Ricardo Pereira (33'), Ivan Cavaleiro (45'), João Mário (46') e Ricardo Horta (71'). Com os nossos jogadores sempre mais perto do sexto do que os alemães do golo de honra, que não chegou a acontecer.

Com apenas um golo sofrido nesta fase final, em que tinha anteriormente contribuído para a eliminação da Inglaterra e da Itália, esta selecção portuguesa brilha na República Checa revelando ao mundo do futebol uma nova geração de ouro, semelhante àquela que chegou à final do Europeu de sub-21 em 1994 (e só perdeu contra os italianos, na final, com o chamado 'golo de ouro', entretanto banido destas competições).

A goleada desta tarde confirmou essencialmente o excelente jogo colectivo dos rapazes comandados por Rui Jorge. Há todas as razões para merecerem o nosso aplauso. Há todas as razões para continuarmos a confiar neles.

 

Alemanha, 0 - Portugal, 5

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Fica a minha pontuação aos jogadores:

 

José Sá (7). Seguro. Ao contrário do que se previa, teve uma tarde relativamente tranquila, dada a inoperância alemã. Revelou bons reflexos numa defesa aos 37'. Evitou o golo com um brilhante voo, quase no fim da primeira parte.

Esgaio (6). Sóbrio. Jogou pelo seguro, arriscando pouco em lances ofensivos. Os cruzamentos nem sempre lhe saíram bem. Mas não comprometeu.

Paulo Oliveira (8). Ágil. Voltou a ser o patrão da nossa defesa. Está sempre concentrado no jogo e parece adivinhar sempre para onde se dirigem os dianteiros adversários. Desarma com eficácia sem recorrer a faltas. Elevou-se muito bem, cabeceando a bola, no canto que esteve na origem do segundo golo, marcado por Ricardo Pereira.

Tobias Figueiredo (7). Solidário. Entrou desta vez como titular, devido a um aparente agravamento de última hora da lesão de Tiago Ilori. Manteve a boa parceria com Paulo Oliveira já revelada no jogo anterior. Mais discreto do que o seu colega, mas sempre bem posicionado.

Raphael Guerreiro (6). Voluntarioso. O nosso primeiro golo teve início numa boa recuperação de bola que partiu dos pés dele, na ala esquerda. Mas nem sempre cobriu bem o flanco. Parece muito fatigado neste final de época. Saiu aos 64'.

William Carvalho (9). Comandante. Voltou a ser o maestro do nosso meio-campo, desta vez de forma ainda mais evidente: um passe dele para Bernardo Silva esteve na origem directa do nosso segundo golo. Passaram por ele praticamente todas as nossas jogadas de carácter ofensivo da selecção das quinas. Imprescindível também na recuperação de bolas. É um baluarte de maturidade. O melhor em campo novamente neste jogo.

Sérgio Oliveira (8). Competente. Assinou o primeiro sinal de perigo ao mandar a bola ao poste, no minuto 15. Arrancou com habilidade dois cartões amarelos, aos 23' e aos 63'. Tacticamente muito disciplinado. Transmite segurança à equipa.

João Mário (8). Influente. Marcou um golo (o segundo que aponta nesta fase final). Foi dele a assistência para o terceiro golo, num excelente passe bem aproveitado por Ivan Cavaleiro. Ajudou a fechar bem o meio-campo sempre que foi preciso, no apoio permanente a William Carvalho.

Ivan Cavaleiro (7). Batalhador. Autor do terceiro golo, que selou o resultado ao intervalo. Já tinha revelado bom pormenores técnicos na grande área germânica. Protagonista de uma tabela com Bernardo Silva que originou o nosso golo inaugural. Saiu ao intervalo, aparentemente devido a problemas físicos. Substituído por Ricardo Horta.

Ricardo Pereira (8). Polivalente. Grande assistência para Sérgio Oliveira aos 15: a bola embateu no poste. Marcou o segundo, aproveitando um ressalto na sequência de um canto. E foi dele a assistência para o quarto golo. Tem óptima técnica, aliada a constante mobilidade. Por vezes é demasiado discreto porque privilegia o movimento colectivo - uma componente essencial desta selecção capitaneada por Rui Jorge.

Bernardo Silva (8). Virtuoso. Muito marcado nos minutos iniciais, desprendeu-se rapidamente dos adversários impondo a sua superioridade técnica. Marcou o primeiro golo, após tabelinha bem executada com Ivan Cavaleiro. Foi o autor do canto que esteve na origem do segundo. E conduziu a bola no lance culminado no quarto golo português. Saiu aos 50', como medida preventiva: há que recuperar forças para a final de terça-feira.

Ricardo Horta (7). Eficaz. Estreou-se nesta fase final da melhor maneira, marcando um golo. Foi o quinto, que selou a goleada, após uma boa desmarcação dentro da grande área germânica.

Rafa (6). Irrequieto. Entrou aos 50' para o lugar de Bernardo Silva. Teve bons apontamentos como médio ofensivo. Grande mobilidade. Boa incursão na grande área, que ajudou a construir o nosso quinto golo.

João Cancelo (6). Dinâmico. Outra estreia: substituiu Raphael Guerreiro aos 64', tomando a seu cargo a lateral esquerda. Teve tempo para uma assistência para golo - o último. Missão cumprida.

E é contra a Alemanha!

Não gosto de jogos entre Portugal e a Alemanha, põem-me sempre numa situação muito ingrata.

Primeiro, porque o meu marido é alemão e, por mais fair-play que se tenha, é sempre desconfortável saber que a pessoa sentada ao nosso lado está a torcer pela equipa contrária. Não temos filhos e, neste caso, até sou tentada a dizer "ainda bem". Sabe-se lá que lado os coitados haveriam de escolher...

Segundo, porque, não estando em Portugal, é muito penoso aguentar os festejos alemães, depois de uma derrota da nossa seleção. E, nos últimos anos, têm acontecido algumas...

A transmissão do jogo em direto já está anunciada no ARD, o primeiro canal alemão, decisão surgida apenas depois de este país ter assegurado a participação na meia-final. E desta vez, quero ser eu a festejar!

 

Força, Portugal!

E no fim, ganhou a Alemanha

O jogo já foi bem analisado por Pedro Correia ali em baixo, daí não haver necessidade de vos chatear com mais prosa sobre o tema.

O que quero enfatizar é que o ceptro ficou bem entregue!

A Alemanha, apesar do percalço com o "ingénuo" Gana e até de um jogo menos conseguido com a super Argélia, demonstrou ser, a par da Holanda, uma equipa na verdadeira acepção da palavra. As suas vedetas, suplentes incluídos, souberam fazer da sua genialidade um colectivo.

E depois, há os pormenores: Higuaín, na cara de Neuer, fez o disparate da sua carreira e o Super-Mário, num gesto técnico irrepreensível, marcou um golaço!

Neste jogo em particular a Argentina até nem esteve mal. Deixem-me ser um pouco exagerado, e dizer que me parece que jogou com dez. Alguém deu por Messi, o coroado melhor do torneio, durante o jogo? Eu vi duas arrancadas sem consequência de maior para a defesa germânica, dois livres directos por cima da baliza, bem por cima, três tentativas de passe bem interceptados pela defesa alemã e uma dúzia de perdas de bola. Estivesse lá Di María e provavelmente outro galo cantaria...

 

E já agora, a talhe de foice, os "portugueses" estiveram bastante bem (Garay ainda conta e no golo alemão é batido, mas tem a "desculpa" de estar a lutar aos 116 minutos com dois homens bem mais frescos), com destaque para o nosso Rojo, que fez três assistências, duas delas meio golo. Ouvi dizer que andamos à procura dum defesa esquerdo... porquê?

A ver o Mundial (31)

Foi a vitória da equipa que melhor soube interpretar em campo a versão de um coral primorosamente afinado, para pedir emprestada a feliz imagem ao jornalista Orfeo Suárez, um dos melhores cronistas contemporâneos de futebol, na antevisão que ontem fez da final da Copa no jornal El Mundo.

A Alemanha mereceu, sob vários prismas, a conquista deste seu quarto Campeonato do Mundo (após as vitórias em 1954, 1974 e 1990). Teve a melhor organização, o melhor guarda-redes (Neuer), um lateral adaptado que suplantou toda a concorrência (Lahm), um meio-campo de sonho (com Khadira, Schweinsteiger, Kroos e Özil), um avançado à moda antiga que põe em sentido qualquer reduto defensivo adversário (Müller) e ainda o melhor marcador de sempre nas fases finais de campeonatos do mundo (Klose, com 16 golos).

Um colectivo em futebol de alta competição é isto: funciona com a perfeita articulação entre as suas peças.

 

Götze: entrar e marcar 

 

Mais: a Alemanha confirmou ontem ter um banco de suplentes de luxo. Schürrle e Götze entraram - o primeiro aos 31', por lesão de Kramer, e o segundo à beira do prolongamento, rendendo Klose - para desatarem o aparente nó cego em que se transformara o empate a zero e cumpriram da melhor maneira a missão. Foi dos pés deles que saiu o belíssimo lance do golo alemão que sepultou o sonho de Messi de imitar Maradona com a conquista do troféu de campeão mundial.

Iam decorridos 112’, faltavam apenas oito minutos para uma eventual ronda de grandes penalidades que nenhuma selecção pretendia. Os argentinos para não abusarem da sorte: já se haviam apurado frente à Holanda, na meia-final, com este processo. Os alemães - que pouco antes tinham visto uma bola embater no poste após cabeçada de Höwedes - para evitarem ser vítimas de uma injustiça histórica: foram, de longe, a melhor selecção do Campeonato do Mundo. Com seis vitórias e só um empate nesta fase final, 18 golos marcados (sete dos quais ao Brasil e quatro a Portugal) e apenas quatro sofridos.

 

 

A história deste jogo que de algum modo reeditou a vitória espanhola no Mundial de 2010 (1-0 na final contra a Holanda, no prolongamento, com golo de Iniesta aos 117’) poderia, no entanto, ter conhecido um desfecho bem diferente. Bastaria Higuaín, isolado logo aos 20’ perante Neuer devido a um passe à retaguarda mal medido de Kroos (talvez o único erro do excelente médio alemão cometido neste mês de competição em relvados brasileiros), não fez o que lhe competia. Tinha todo o tempo do mundo para atirar a bola à velocidade pretendida e para o melhor ângulo da baliza germânica.

Nada disso aconteceu: o remate saiu-lhe frouxo e sem pontaria. Naquele instante Neuer sagrava-se como novíssimo gigante do histórico Maracanã, palco da final. Higuaín ficava reduzido ao estatuto de pigmeu.

Mas tudo poderia ter saído ao contrário, com o argentino a elevar-se à condição de herói do Mundial-2014. O sortilégio do futebol passa por estes instantes em que se decide o destino de um jogador - a humilhação perpétua ou a glória eterna.

 

Alemanha, 1 – Argentina, 0

O Pormenor

Deslocar-se ao balneário para felicitar os jogadores da seleção nacional, depois de uma vitória, é um gesto bonito da parte de um chefe de Estado. Quando o chefe de Estado é uma mulher, esse gesto adquire um charme especial, mesmo em se tratando de uma mulher sem poder de atração, como é o caso da chanceler Angela Merkel. Nesta fotografia, porém, ela apresenta-se com uma leveza e uma simpatia incomuns. Mas não é essa a razão principal para eu gostar da imagem. Também não é por causa do monte de homens bem-parecidos, de corpos musculados e toalha pelo pescoço. O melhor da fotografia, o pormenor que me encanta, é o continente africano tatuado no braço esquerdo de Boateng.

 

 

(Clicar aqui para ver melhor a tatuagem, na imagem aumentada).

{ Blogue fundado em 2012. }

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