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És a nossa Fé!

Descalabro

Alemanha Euro 2016.jpg

 

Uma fotografia que retrata bem o descalabro da Alemanha neste Euro.

Boateng lesionado, com as suas "meias esquisitas"; colegas desorientados que tentam consolá-lo...

O jogador foi mandado para o campo, apesar da uma condição física desaconselhável? Ou teria ele próprio exigido jogar?

Acredito mais na primeira hipótese, não vejo Jogi Löw a ceder a exigências dos seus jogadores. E o gesto solidário e carinhoso de Kimmich em relação ao colega é, para mim, ilucidativo.

 

Fotografia daqui.

Felizmente, há sempre quem tenha a cabeça no lugar...

Como os colaboradores e os leitores deste blogue já sabem, este Euro não tem sido fácil para mim, em terras germânicas. Uma campanha contra Portugal, por parte dos media alemães, que quase se pode apelidar de difamatória, cai como faísca em seara seca num país que, apesar de adorar as praias portuguesas, nunca gostou de Ronaldo, vá-se lá saber porquê.

 

Por isso mesmo, é com muito gosto que venho hoje aqui afirmar que há quem reme contra a maré. Porque, afinal, e como também já disse, eu gosto de viver na Alemanha.

 

Através de uma nossa colega de blogue, a Helena Ferro de Gouveia, tomei contacto com dois artigos do site da Stern que, para utilizar uma expressão alemã (adaptada a Português), "expuseram aquilo que me vai na alma".

 

Num deles, assinado por Tim Sohr, e mais focado na prestação da nossa equipa, rebate-se a ideia de que o futebol português carece de qualidade, elogiando as diferentes táticas: contra a Croácia, desgastar o adversário com uma defesa eficiente e dar o golpe perto do final; contra a Polónia, aguentar-se até à marcação de penáltis e ganhar; contra Gales, fazer valer a receita centro-cabeçada-golo. Mais simples e eficiente não há.

 

Tim Sohr acrescenta ainda que o 3-3 contra a Hungria, ainda na fase de grupos, persiste, até ao momento, como o jogo mais espetacular deste Euro.

 

Um outro artigo, de autoria de Finn Rütten, centra-se em Ronaldo, não encontrando razão para tanta má-língua. Aliás, Finn Rütten mostra-se apreensivo com o ódio que encontra nas redes sociais, perguntando: como se pode dizer odiar alguém, sem nunca sequer se ter falado com essa pessoa? E afinal, qual é o problema com Ronaldo? Com três golos e duas assistências, ele é, sem dúvida, um dos melhores jogadores deste Euro.

 

Finn Rütten chama ainda a atenção para as qualidades humanitárias do nosso melhor jogador (dando alguns exemplos, como o de dar sangue regularmente, ou pagar operações a crianças necessitadas) e, se admite que Ronaldo seja vaidoso, ou mesmo convencido, com gestos escusados em campo, pergunta porque é que os alemães, por outro lado, acham tanta piada ao sueco Zlatan Ibrahimovitch, que se deve ter banhado num pote de vaidade quando era criança.

 

Na Alemanha, como em todo o lado, há gente estúpida e gente inteligente; gente que vê e gente que não quer ver.

Assustador continua o facto de ser tão fácil manipular a opinião pública...

Alemães: disciplina a mais, aliada a censura?

Gosto muito das análises que o Pedro Correia faz dos jogos e dos jogadores, normalmente, coincidentes com a minha opinião. Acontece que, como já aqui referi, não sou perita em futebol, a minha presença neste blogue justifica-se, acima de tudo, pelo amor ao Sporting. Receio sempre que as minhas opiniões não tenham fundamento sólido, já que são baseadas em intuição. Porém, quando o Pedro Correia fala em falhas infantis dos alemães e no seu cansaço anímico que superou o cansaço físico, não posso deixar de pensar que as minhas observações e reflexões têm a sua razão de ser.

 

Os alemães são conhecidos pela sua disciplina e força de vontade, características aperfeiçoadas por Joachim Löw (vulgo Jogi Löw), pois Klinsmann (o selecionador que o precedeu), embora não esquecendo as suas raízes germânicas, concedeu à equipa um espírito mais solto, fruto das suas temporadas nos EUA (penso que até tem lá a sua residência oficial). Jogi Löw cultiva o rigor e a disciplina e, por isso mesmo, a Alemanha foi Campeã do Mundo há dois anos. Na minha opinião, porém, excedeu-se neste Euro 2016.

 

A Alemanha partiu para o torneio com a obrigação de o ganhar. Penso que Löw não admitia outro resultado e valeu-se, não só da disciplina férrea, como de sigilo absoluto sobre tudo o que rodeava os seus jogadores. Estranhei, desde o início, o facto de, na Alemanha, ninguém se atrever a criticar fosse o que fosse sobre a atuação da equipa. Os media elogiavam-na exageradamente, ao mesmo tempo que criticavam as outras, sendo Portugal, infelizmente, o “bombo da festa”. Apenas o comentador da ARD Mehmet Scholl, antigo jogador do Bayern e da seleção alemã (com raízes turcas) se atrevia a defender Portugal e Ronaldo, mas logo ouvia bocas menos amigáveis do jornalista que o acompanhava, Matthias Opdenhövel. Não eram atitudes bonitas e surpreenderam-me, pois os jornalistas alemães costumam ser isentos. Seria parte da tática combinada com Löw?

 

O primeiro jogo da Alemanha correu como planeado, vitória de 2-0 sobre a Ucrânia. Já o segundo trouxe problemas: 0-0 frente à Polónia (sim, empataram, tal como nós!). Houve cenas de desentendimentos durante o jogo, com Boateng a discutir com colegas. Todos se perguntavam: o que se passa com a seleção? Da parte de Löw, silêncio absoluto. Só passado dois dias, veio anunciar que todos os problemas estavam sanados (sem explicar quais haviam sido), declarações acompanhadas de imagens dos jogadores em plena harmonia.

 

O terceiro jogo também não foi famoso: 1-0 contra a Irlanda do Norte, e notava-se uma grande ânsia dos media em dizerem que a seleção havia recuperado a sua forma. Embora só tivessem ganhado por um golo, tinham tido oportunidades de sobra, diziam, podiam ter ganho por 3 ou 4 a zero. Estranhei, pois costumam apontar a Portugal o defeito de baixa concretização frente à baliza. Entretanto, surgiram rumores de jogadores lesionados, incluindo Boateng, acompanhados de comentários de que não havia problemas, pois a equipa médica fazia milagres!!!

 

O jogo com a Itália foi o descalabro que se viu. A Alemanha com um medo incrível e Boateng cometido com aparente vocação para ser polícia sinaleiro, sem esquecer aquela inacreditável reposição de bola feita por Neuer, que deve ter arrepiado milhões de germânicos. Pois no arrepio é que o Pedro Correia se engana (e o que torna tudo mais estranho)! Ninguém fala destes falhanços infantis (nem população, nem jornalistas), tão-pouco dos penáltis falhados por três grandes jogadores! É como se estes lapsos nunca tivessem existido. Pelo contrário! O tal jornalista Matthias Opdenhövel caracterizou este jogo execrável como “futebol tático ao mais alto nível” (no original: taktischer Fußball auf höchstem Niveau). Mehmet Scholl foi o único que se atreveu a criticar a equipa alemã, sendo inclusive bastante duro (e com razão), o que lhe valeu protestos enérgicos de Löw e dos seus colaboradores. Chegou-se a recear que Scholl tivesse de deixar a sua função de comentador da ARD, mas ele lá se desculpou e foi autorizado a ficar.

 

O jogo com a França dispensa comentários, resumido nas palavras de Pedro Correia: o cansaço anímico superava o cansaço físico na selecção alemã. Nesse dia, de manhã, eu tinha ouvido Löw na rádio (ouço sempre rádio ao pequeno-almoço) e impressionou-me o stress que senti na sua voz e nas suas palavras. Parecia mesmo que estava engasgado, aflito, medroso. E, em campo, os jogadores refletiram esse stress, em desespero por um golo e cometendo mais erros infantis (incluindo do capitão Schweinsteiger, ditando a derrota). Uma nota para Boateng, que jogou com umas meias esquisitas e teve de sair a meio, lesionado, o que me leva a pensar que já o estava antes do jogo e foi forçado a jogar. Mas não o posso confirmar, pois disso ninguém fala…

 

Treinador e jogadores sob grande pressão num sigilo absoluto a lembrar verdadeira censura. E tudo pareceu combinado com os media. Não me atrevo a dizer que lembrou outros tempos, gosto demais da Alemanha e do povo alemão atuais para afirmar uma coisa dessas.

 

[Adenda ao texto original: peço desculpa por me ter esquecido do jogo dos oitavos, contra a Eslováquia, ganho pela Alemanha por 3-0, um jogo que recuperou a esperança na equipa. Como todos sabemos, porém, a Eslováquia não é uma potência futebolística e este resultado, além de ter sido mais ou menos esperado, em nada modifica o sentido da minha mensagem].

À laia de comparação

Não sou perita em futebol, por isso, costumo deixar as análises para os meus colegas de blogue que entendem muito mais disso. Porém, gostava de deixar aqui algumas notas sobre o percurso da nossa seleção neste Euro, fazendo ainda uma pequena comparação com os alemães (que, neste caso, ainda me estão atravessados).

 

Sim, a fase de grupos não foi famosa. Mas as regras eram claras: um terceiro lugar dava boas hipóteses de passar aos oitavos. Vencer todos os jogos, alcançando o número máximo de pontos, era mais bonito? Era. Mas não levávamos nenhuma taça para casa por tal proeza.

 

Tivemos de ir ao prolongamento no jogo contra a Croácia e passámos aos quartos sem ter ganho um único jogo nos regulamentares 90 minutos. E depois? O Quaresma marcou um verdadeiro "Golden Goal", já perto do fim, não dando à Croácia hipótese de conseguir o empate. É preciso mais eficácia?

 

Contra a Polónia, mais um empate que até teve de ser clarificado por penaltis. Pelo menos, não precisámos mais do que os cinco regulamentares, todos os jogadores escalados para os marcarem cumpriram a sua missão. Ao contrário dos alemães! Contra a Itália, houve três prestigiados jogadores alemães que falharam a sua grande penalidade: Müller, Schweinsteger e Özil. Ninguém fala disso, neste país. E, no entanto, quando o Ronaldo falhou o penalti contra a Áustria, todos se riram dele!

 

Estamos na final. Sem medo, por favor, seja qual for o adversário!

 

Força Portugal!

Coisas que não se compreendem

É a custo que escrevo este texto, pois gosto de viver na Alemanha, país onde me sinto bem há 24 anos. Além disso, dei, durante algum tempo, aulas de Português a alemães, em Hamburgo, sempre constatando que os germânicos adoram Portugal. Por isso, é-me muito difícil compreender a atitude dos comentadores futebolísticos alemães em relação à seleção portuguesa, neste Europeu.

 

aqui tive ocasião de referir que os alemães não gostam de Cristiano Ronaldo, acham-no convencido, possuidor de um ego descomunal e irremediavelmente sobrevalorizado. Mas os comentários sobre a seleção portuguesa ultrapassam, desta vez, os limites. Evito ao máximo criticar outros modos de ver, influenciados por culturas e mentalidades diferentes, mas não vejo razão para tanto exagero.

 

Os comentadores chegaram ao ponto de dizer que não se compreendia que uma equipa, que ainda não ganhou um jogo no tempo regulamentar de 90 minutos tivesse chegado às meias-finais (como se prolongamentos não fizessem parte de torneios deste género)! A reboque, aproveitam para criticar esta nova modalidade do Campeonato Europeu, que permite que tantos terceiros lugares sobrevivam à fase de grupos e que equipas do calibre da Espanha, Itália e Alemanha se defrontem a partir dos oitavos-de-final!

 

Arrasaram por completo o jogo entre Portugal e a Polónia, monótono, indigno de uns quartos-de-final, insinuando que uma equipa que se preze resolve as eliminatórias nos regulamentares 90 minutos (!) e desdenhando completamente da passagem à fase seguinte por penaltis!

 

Pois bem, ontem à noite, foi o que se viu…

 

Concordo plenamente com a análise do jogo feita pelo Pedro Correia. Porém, se tinha esperanças de que os alemães caíssem em si, elas dissiparam-se perante incrível golpe de rins. Não foi um jogo monótono, dizem eles, foi «futebol tático ao mais alto nível»! Os momentos dos penaltis? Foi um autêntico «policial futebolístico», de um «suspense de arrasar os nervos»!

 

Não estava à espera de tanta subjetividade por parte de comentadores e jornalistas germânicos. Mas, enfim, estamos sempre a aprender...

Humildade lusa

"Mind game" humilde, é a minha sugestão.

 

Valerá a pena continuar a apelar à humildade lusa? Domigos Amaral criticou a «bazófia» de Fernando Santos, por ele ter dito, depois do empate com a Áustria, "já avisei a família de que só volto para casa no dia 11 de Julho". O selecionador seria com certeza duramente castigado, pois, o futebol, todos o sabemos, costuma ser muito cruel com os cagões e os bazófias

 

Enfim, eu não sei se Fernando Santos só vai regressar no dia 11, mas regressa seguramente mais tarde do que muitos pensavam!

 

Se somos cagões? Por vezes, sim; desta vez, não me parece. Em três, (Portugal) não conseguiu ganhar um único jogo - mas também não perdeu nenhum. A Croácia só perdeu um: o essencial. E o primeiro jogo que Portugal ganhou, pô-lo nos quartos de final. É preciso mais eficácia?

 

Quanto a «bazófia», a seleção alemã tem para dar e vender; deve ser por isso que é tão frequentemente castigada...

 

Ao colocar a fasquia tão alta, Fernando Santos atirou uma pressão insuportável para cima dos jogadores, que não lidaram bem com a situação. Pressão insuportável? Não se trata de meninos de coro, mas de futebolistas de alto nível, todos eles com contratos milionários! A que altura se deve colocar a fasquia, se nos achamos capazes de vencer o torneio? Com a típica atitude lusa: ah, a gente só veio aqui ver como param as modas, não queremos chatear ninguém, longe de nós pretender estragar a festa dos outros, coisa & tal, não se vai a lado nenhum!

 

Chega de humildades lusas! É preciso provocar, desafiar, ousar, enfrentar, acreditar!

Acreditar, sempre!
Força Portugal!

Tentações

Partilho aqui esta bonita recordação de Palaçoulo, uma pequena localidade transmontana, perto de Miranda do Douro, onde se encontram algumas cutelarias de renome, como a Martins, a Pires e a Filmam. Eu até nem sou destas coisas (só se for para escolher talheres), mas vi, na primeira, esta navalha e não resisti. Digam lá se não é bonita?

 

2016-03-31 Macedo - na casa 26.JPG

2016-03-31 Macedo - na casa 29.JPG

 

 

Os melhores golos do Sporting (34)

Golo de PAÍTO

Benfica 7, Sporting 6 (gp) - oitavos-de-final Taça de Portugal

26 de Janeiro de 2005, Estádio do Sport Lisboa e Benfica

 

Apesar de Hector Yazalde já ter sido homenageado nesta série pelo João Távora, era minha intenção tornar a fazê-lo, pois o argentino foi dos melhores goleadores que já passaram pelo Sporting. Ganhou duas Bolas de Prata e uma Bota de Ouro, estabelecendo um recorde europeu, com 46 golos em 30 jogos, nessa época memorável de 1973/74. Yazalde chegou a marcar seis num jogo, contra o Montijo, tendo sido o autor de nove golos contra o Oriental (distribuídos pelos dois jogos - cinco num e quatro noutro), e marcando três num jogo contra o Barreirense e outros tantos contra a CUF (informações daqui).

 

Infelizmente, nem todos os golos de Yazalde se encontram disponíveis em vídeo e os que encontrei apresentam uma qualidade tão fraca, que decidi homenagear aqui outro golo, sugerido pelo nosso leitor/comentador Guilherme Rosado, neste post de Gabriel Santos.

 

O golo do moçambicano Paíto, nos oitavos de final da Taça de Portugal 2004/05 contra o Benfica, chega a ser considerado o melhor golo de sempre do Sporting, em comentários pela internet. De facto, eu nem tenho palavras para o classificar, é do género de golos como talvez só o Maradona, na sua fase áurea, conseguisse marcar.

 

Deixo-vos então com a arte de Paíto:

Ele há coisas...

Rádio 3.JPG

Há dois dias, chegou-nos a casa este rádio comprado na Amazon. Não parece, mas foi carito. Além do normal FM, tem transmissão de rádio digital (DAB) e rádio por internet. As instruções são um bocado complicadas, por isso, guardámos a estréia para quando tivéssemos tempo.

 

Foi ontem à tarde. Estivemos bastante tempo de volta do aparelho, admirando o display a cores, onde, além das habituais data, hora, nome da estação, das canções e do intérprete, vai passando a previsão do tempo, a fotografia do/a locutor/a (como no caso da foto, embora se veja mal, mas não consegui melhor), notícias de última hora e sei lá que mais, desconfio que ainda não lhe descobrimos todas as capacidades.

 

Algo que particularmente me agradou foi poder ouvir dezenas de estações portuguesas, desde regionais e locais às mais conhecidas, como as Antenas 1, 2 e 3, ou a RFM, numa qualidade extraordinária, sem o mínimo ruído, nem ter de andar à procura da melhor sintonização.

 

De repente, no menu, vejo a RDP Internacional. Disse para o meu marido: não deve ter grande música, mas experimenta lá. Mal ele carregou no botão, uma voz saiu por ali fora: GOOOOOOOOOOOOOOOO...! Olhámos um para o outro, depois eu olhei para o relógio: passavam alguns minutos das 19h 30m, o que queria dizer que em Portugal pouco passava das 18h30m. Era o jogo do Sporting! Até me tinha esquecido, de tão entretida com as maravilhas da técnica...

 

Mas de que lado era o golo? O homem não se calava! Acaba lá de dizer golo! E ele acabou. E depois ouviu-se: Sli, Sli, Sli, Slimani!

 

Nunca tal me tinha acontecido! Mas que estréia, hein? Pode-se usar um rádio como mascote?

 

FORÇA SPORTING!!!

Os melhores golos do Sporting (3)

Golo de JORDÃO

Sporting-FC Porto 

30 de Janeiro de 1983, Estádio José Alvalade

 

Jordão fazia parte dos meus quatro ídolos de infância (junto com Damas, Yazalde e Inácio). E o meu golo de eleição tinha de ser de calcanhar (vamos já ver porquê), por isso, não hesitei em pegar na sugestão do nosso leitor/comentador polik, neste texto de Pedro Correia.

 

Sou nortenha, morei em Gaia desde os quatro anos, tirei o curso na Universidade do Porto e nem 23 anos de Alemanha conseguiram apagar-me a pronúncia do Norte. Nada me é mais familiar do que a paisagem sobre o Douro, vista da Serra do Pilar, local da igreja onde frequentei a catequese: a ponte Dom Luís, a Ribeira, as caves do Vinho do Porto (por acaso, em Gaia). Uma das minhas passagens preferidas d’ O Leão da Estrela é a travessia da ponte Dom Luís. Morava ali ao lado, paredes meias com o Quartel do RASP, onde João Paulo II aterrou de helicóptero, vindo de Braga, a 15 de Maio de 1982. Eu fazia parte da multidão que o recebeu, assim como vivi de perto as convulsões de Outubro de 1975, ouvi as rajadas de G3 disparadas contra as forças do brigadeiro Pires Veloso, tinha eu dez anos. Se o Verão de 1975 foi Quente, o mês de Outubro, no Porto, passou-se a ferver!

 

E depois veio 1987. Não nego que gostei de ver uma equipa portuguesa a ganhar a Taça dos Campeões Europeus. Até saí à rua! Com 23 anos, não se desprezam festejos pela noite fora. Claro que não agitei cachecol nem bandeira, muito menos gritei “Bib’ó Puârto”. E pensei que, terminada a festa, conseguia sossego. Mas algo me perseguiu durante semanas, desconfio que até anos: o golo de Madjer! Quantas vezes tive de ouvir falar nesse golo, ouvir elogiar esse golo… Nada havia que se lhe comparasse, diziam eles! Até parecia que o Madjer tinha inventado o golo de calcanhar…

 

Só para quem não conhece o golo de Jordão, precisamente contra o F. C. Porto, na época de 1982/83. Que subtileza, que classe!

 

É o meu golo de eleição, que dedico a todos os portistas!

E nem precisam de agradecer, eu é que agradeço ao polik. E ao meu ídolo, o grande Jordão!

 

Não vi o jogo, mas também sofri!

Não sofri com a má primeira parte e com o golo do Besiktas, aos 58 minutos, mas hoje, durante mais de cinco horas, pensei que tudo estivesse perdido, até já me tinha conformado!

 

Quando os jogos do Sporting são tarde (e, na Alemanha, ainda uma hora mais tarde), o meu marido costuma procurar o resultado na internet, mal chega ao emprego. Em caso de vitória do Sporting, envia-me um SMS, pelas 8 horas. Normalmente apanha-me a meio do passeio matinal com a nossa cadelita Lucy, o que logo me alegra a manhã, mesmo que ainda esteja escuro e caminhe sobre neve.

 

Hoje não recebi SMS! Pronto, pensei, o Sporting não conseguiu, paciência!

 

Por razões que não vêm ao caso, só perto das 13h 30m me liguei à internet. Fui ver os emails e na lista sobressaía uma com o título “Sporting ganhou”! Era do Horst, que escreveu assim mesmo, em português. Foi o primeiro email que abri (claro) e o meu marido até me enviava a cópia da tabela do grupo, publicada numa página online alemã. Lá estava o “Sporting Lissabon” em segundo lugar, com dez pontos!

 

Hoje não há neve, mas está um daqueles dias de cinzentismo alemão, ou seja: luzes acesas durante todo o dia e um vento de cortar as orelhas. É deprimente? Só para quem não tem o Sporting a iluminar o coração!

Os Bons Velhos Tempos

Não sou saudosista e não costumo usar a expressão que serve de título a este post, porque penso que o passado dificilmente pode ter sido melhor do que o presente, simplesmente, o idealizamos, na saudade de um tempo em que éramos mais novos.

 

No entanto, ontem, ao ver o Telejornal, surpreendi-me a pensar: «como nos bons velhos tempos»! Morando no estrangeiro, é raro ver programas portugueses e deliciei-me com o tempo reservado à Supertaça: a preparação do jogo, o aparato policial, as declarações dos dois treinadores… Depois dos tempos difíceis por que passou o nosso clube, é bom ver a Supertaça disputada, nas palavras do Pedro Correia, entre os dois mais históricos rivais do futebol português.

 

É bom ver o Sporting de regresso ao topo, ao mais alto nível. Nunca duvidámos de que isso acontecesse, mas é bom vivê-lo. Como nos bons velhos tempos!

 

Força Sporting!

E é contra a Alemanha!

Não gosto de jogos entre Portugal e a Alemanha, põem-me sempre numa situação muito ingrata.

Primeiro, porque o meu marido é alemão e, por mais fair-play que se tenha, é sempre desconfortável saber que a pessoa sentada ao nosso lado está a torcer pela equipa contrária. Não temos filhos e, neste caso, até sou tentada a dizer "ainda bem". Sabe-se lá que lado os coitados haveriam de escolher...

Segundo, porque, não estando em Portugal, é muito penoso aguentar os festejos alemães, depois de uma derrota da nossa seleção. E, nos últimos anos, têm acontecido algumas...

A transmissão do jogo em direto já está anunciada no ARD, o primeiro canal alemão, decisão surgida apenas depois de este país ter assegurado a participação na meia-final. E desta vez, quero ser eu a festejar!

 

Força, Portugal!

Antes alemão do que lampião!

Estava planeado ser um interessantíssimo, mas pacato, serão transmontano: inauguração, no Museu de Arte Sacra de Macedo de Cavaleiros, da exposição "Pastor do Povo Local" pelo Reverendíssimo Bispo de Bragança-Miranda, Dom José Cordeiro, seguida do lançamento do livro "Macedo de Cavaleiros - Arte e Cultura dos seus Povos", de António Rodrigues Mourinho. Estava precisamente o autor a falar da sua obra, quando se começaram a ouvir as primeiras apitadelas. Alguém não se conteve, exclamou: parece que o Benfica é campeão. Gerou-se um burburinho, alguns aplausos, que o autor aguentou com muito fair-play (não me pareceu particularmente satisfeito com o resultado desportivo) e só pôde continuar, quando a calma regressou.

 

Depois de finalizado o evento, e a caminho de casa, deparei com uma caravana de automóveis. Pensei: nem aqui há sossego! Algumas buzinas custavam a aguentar e eu só queria chegar depressa a casa. Estávamos a pé, a distância não é grande. O problema é que o meu marido alemão achou muita piada à manifestação popular e se pôs a tirar fotografias! Influenciado por mim, simpatiza com o Sporting, mas é claro que nunca será um adepto de coração e a sua tolerância em relação ao Benfica e ao Porto é enorme. Eu é que não achei piada nenhuma, sempre a parar, para fotografar a turba histérica. A certa altura, deixei-o a fotografar sozinho e abalei. Ele não se zangou (também era melhor).

 

Enfim, vejamos o lado positivo: era bem pior ter um marido lampião!

Vejamos as coisas deste modo:

Dado que o Porto marcou um golo em Munique, o Bayern precisava de marcar, pelo menos, quatro para passar à meia-final. Assim sendo, não ficou muito acima do mínimo exigido.

 

Bem, é verdade que um singelo 2:0 também chegava...

 

(Por isso mesmo, o Porto e os seus adeptos sobrestimaram a vitória das Antas. É claro que ganhar por 3:1 ao Bayern de Munique causa euforia. Mas foi ingénuo pensar que o Bayern não estivesse em condições de ganhar 2:0 em casa, agindo como se a eliminatória fossem favas contadas).

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