Já são conhecidos os 4 equipamentos com que o Sporting se apresentará em campo na presente temporada, nas diversas competições que disputa.
A época 2021/2022 marca a estreia da Nike como fornecedora oficial dos nossos equipamentos. Pelo prestígio e dimensão da marca, encarei com grande expectativa o lançamento das camisolas leoninas.
No entanto, manda a sinceridade dizer que a cada novo lançamento de equipamento, seguiu-se a desilusão.
Pessoalmente, só consigo gostar do terceiro equipamento, ao qual, para ser top, só falta o símbolo ser o antigo e não o actual (como a Macron costumava fazer).
No global, os equipamentos ficaram aquém das elevadas expectativas. E pensar que vários "artistas", pelas redes sociais fora, simularam novos equipamentos bem mais interessantes do que aqueles que acabaram por ser feitos pela Nike...
A ver se na próxima época a Nike faz jus aos pergaminhos.
P.S.: Mal o Sporting/Nike em comercializarem muito poucas camisolas sem patrocínio.
Em agosto de 2019, afirmava o nosso seleccionador, de forma categórica, que indiscutíveis na Selecção só o Cristiano Ronaldo.
Torna-se, por isso, difícil de compreender como é que o William Carvalho, após uma época sem ser opção no modesto Bétis, entra de caras no onze titular, por contraponto, por exemplo, com João Palhinha, que fez uma época altíssima no Sporting, ou até mesmo Renato Sanches, que até já pedia a titularidade no jogo anterior.
Fernando Santos é culpado, mas tem atenuantes. Na verdade, o engenheiro segue apenas o diapasão de outros seleccionadores que lhe precederam no cargo.
Quem não se recorda da maldade de António Oliveira, no Mundial de 2002, em que fez toda a fase de qualificação com Ricardo na baliza, que esteve sempre em grande nível, uma vez que Vítor Baía estivera lesionado praticamente a época inteira, e em pleno Mundial dá a titularidade de caras a Baía, que nada tinha feito para a merecer? Ou então, o que dizer de Luís Filipe Scolari, que começou o Euro deixando um super-Deco no banco, para dar a titularidade a um consagrado, mas em má forma, Rui Costa?
A verdade é que na selecção portuguesa, muitas vezes, os onze titulares não são os que estão em melhor forma. Salta à vista de qualquer adepto, menos do seleccionador, que ainda por cima tem sempre mais tempo livre do que ocupado. É, pois, uma pena que selecção não rime com meritocracia.
Cumprem-se hoje seis anos da conquista épica da Taça de Portugal, a minha primeira, e à data única, final no Jamor.
A estória conta-se em poucas palavras: a jogar com menos um desde os 15min e a perder por 2-0 à meia hora de jogo, o Sporting bem que se esforçava mas não conseguia reentrar na discussão do troféu. Para milhares de adeptos, soava a desfecho visto um par de anos antes, frente à Académica.
À entrada para os últimos 10 minutos, um mar de gente abandonava, pesarosa, o seu lugar ao sol, abrindo uma vistosa clareira. A derrota iriaa consumar-se dentro em pouco. Eis senão quando, ao minuto 83, Slimani, num excelente movimento de pés a afastar dois adversários, atira para o fundo das redes, devolvendo a fé à torcida leonina. Vamos lá Sporting, ainda temos cerca de 10 minutos (considerando os descontos) para empatar isto!
Atingido o tempo regulamentar, entrávamos nos descontos. Passa um minuto e nada. Passa o segundo minuto e o tempo para fazer o golo do empate a encurtar cada vez mais. Mas está escrito nos livros que as conquistas épicas se fazem de momentos improváveis e eis que o central Paulo Oliveira, num longo passe ainda antes da linha do meio campo, consegue colocar a bola em Fredy Montero, que, de forma caprichosa, coloca a redondinha novamente no fundo das redes adversárias. Estava feito o empate e com ele a explosão no vulcão do Jamor!
O que se seguiu também entra para as imagens incríveis desta jornada: milhares de adeptos a regressarem ao estádio e aos seus lugares, e as claques a vaiarem-nos com uma enorme assobiadela.
No prolongamento o resultado permaneceu inalterado e tudo se viria a decidir na marcação por pontapés de grande penalidade, arte em que o Sporting era especialista e onde não desiludiu. Eficácia leonina, aliada à intercessão de São Patrício e ao desacerto bracarense, ditaram a conquista de mais uma taça de Portugal para o pecúlio leonino. Foi uma autêntica Taça de Campeões, pelo modo glorioso como foi conquista. Os jogadores, ao contrário de milhares de adeptos, nunca deixaram de acreditar na reviravolta.
Recordo hoje, com emoção, o abraço caloroso e emocionado que um sportinguista, que não conhecia de lado nenhum, me deu, assim que o Montero fez o 2-2. São muitas e gratificantes as memórias que enchem o coração de cada vez que recordo esta final.
Aproveito para desafiar o leitor a partilhar algum momento igualmente especial que viveu nessa ou noutra final, envolvendo o nosso Sporting.
30 dezembro 1999 - A convicção de Jorge Costa sobre a superioridade do FC Porto é tanta, que, em resposta à pergunta ”por si, podia encomendar-se as faixas de campeão para esta época?”, não ”disfarçou” nada: ”Pela minha confiança na equipa poderiam."
23 abril 2021 - "Estamos de tal maneira envolvidos no campeonato, que penso que ainda vamos ganhar se tudo for normal."
Giovanni Trapattoni é uma velha raposa do futebol mundial e Portugal teve a sorte de, por um ano, ter tido tal ilustre figura a trabalhar no nosso futebol.
O experimentado técnico italiano sempre se exprimiu por cá na sua língua materna e se havia palavra empregue amiúde, à qual achava muita piada pela sua sonoridade, era a de "mentalità."
"Il Trap" bem sabia que tão ou mais importante que a condição física, era a condição mental. Na recta final e decisiva do campeonato de 2004/2005, causou algum impacto, pela sua originalidade, o conselho do treinador aos seus jogadores para não lerem os jornais.
Nesta fase do campeonato, a equipa do Sporting encontra-se num momento que apela bastante a "nervos de aço". Nós, sportinguistas, assim como os nossos rivais, sabemos que as fendas da nossa muralha residem essencialmente na parte psicológica. Nunca nos vimos nesta posição e com uma vantagem de 10 pontos (agora 6), são duas décadas sem ganhar um campeonato, são muitos jogadores novos nestas andanças, enfim, são várias as pontas por onde se pode tentar começar a quebrar a equipa.
Rúben Amorim, que chegou a jogar contra a equipa de Trap, é um estudioso do futebol e, ainda que não precise de conselhos, sobretudo de um adepto de bancada como eu, gostaria de deixar-lhe as seguintes duas recomendações: primeiro, dizer aos jogadores para não lerem jornais, ou redes sociais. O silêncio das redes retira pressão e o inimigo sabe que esta é a a altura propícia de nos bombardear com pressão; segundo, convidar alguns dos nossos antigos campeões a passarem por Alcochete e partilharem as suas experiências, com a autoridade de quem esteve prestes a sagrar-se campeão pelo Sporting, após longo jejum. Pedro Barbosa, Rui Jorge, Beto, Nelson, Vidigal, são testemunhos vivos de quem lidou com a alta pressão, como a nossa jovem equipa se depara agora, e que provaram também conseguir ter "mentalità" de campeão.
Depois das desilusões havidas com o não regresso de Paulo Futre e de Luís Figo ao Sporting, no ocaso das respectivas carreiras, nunca alimentei o sonho de assistir um dia ao regresso de Cristiano Ronaldo a Alvalade e ao Sporting para jogar de novo com a nossa camisola. Infelizmente, o exemplo de Rui Costa é caso isolado...
Como diria o mister Fernando Santos, na realidade, o mais certo, nos próximos tempos, será o regresso de Ronaldo a Alvalade, seja pela Selecção, seja pela Juventus na Champions (assim cheguemos lá!), e não também o regresso ao Sporting.
Apenas duas circunstâncias especialíssimas poderiam, eventualmente, levar a que Ronaldo, arrepiando o caminho enveredado por Futre ou Figo, vestisse novamente a camisola verde e branca, para gáudio da massa adepta leonina.
A primeira, seria o nosso craque fazer questão de contar no seu palmarés com um campeonato doméstico, fazendo, assim, o pleno de ser campeão em todos os países onde jogou. Ronaldo é conhecido como um atleta ambicioso e esse poderia, de facto, ser um poderoso incentivo.
A segunda, seria a sua Mãe D. Dolores, fervorosa adepta sportinguista, expressar a vontade de ver o seu menino jogar novamente pelo clube de sempre, fazendo lobby por isso.
Na falta de Ronaldo, já me darei por muito contente se mantivermos o João "Pantufas" Mário para além desta época.
Dobrar o ano em primeiro lugar, igualar o melhor registo de vitórias e pontos nesta fase do campeonato, ou assistir à afirmação da nova leva de talentos made in Academia, motivos não faltam para o Presidente Frederico Varandas terminar o ano com um sorriso de orelha a orelha e abraçar 2021 com outro ânimo. E esta, hein?!
Como dizia e bem o míster, ainda não chegámos sequer ao primeiro terço do campeonato, mas valha a verdade que estas últimas onze jornadas foram um importantíssimo bálsamo para a Direcção, ao mesmo tempo que são um revés para os seus adversários e inimigos.
As armas por ora estão guardadas e o clima de guerra civil deu lugar à desejada paz. Esperemos, para bem do nosso Sporting, que não seja paz podre.
Muito bom ano, caros leitores, saúde e viva ao Sporting!
Escreve hoje o Record que Rúben Amorim, com toda a ascensão meteórica que a sua carreira conheceu no espaço de um ano, recusou, até agora, dar qualquer entrevista de fundo, incluindo para os órgãos de comunicação do Sporting.
Agrada-me esta reserva do nosso treinador. Equilibrada, como têm sido o seu discurso e postura. Rúben Amorim tem os pés bem assentes no chão e quando pede aos jogadores para não lerem jornais, não vá acharem-se os maiores lá do relvado, acredito que também dirija a mensagem para si próprio.
Todos estaremos recordados do malfadado campeonato 15/16, que tinha tudo para ser nosso e bastaram as desastrosas declarações do nosso treinador de então, Jorge Jesus, sobre o seu homólogo no Benfica, para surtirem o efeito indesejado no nosso rival que, a partir daí, encetou uma 2ª volta demolidora.
Não sei o que é que nos reserva a presente edição da Liga, mas descansa-me saber que não será pelas palavras de Rúben Amorim que os nossos concorrentes ganharão um tónico extra nas suas partidas.
Quaresma, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Tiago Tomás e afins.
Nas vossas tardes livres, sintonizem-se na Eurosport para acompanhar o Giro de Itália e prestem especial atenção ao nosso compatriota João Almeida.
Apenas com 22 tenrinhos anos, assim como vocês, e é vê-lo bater-se junto dos craques das duas rodas, em defesa da camisola rosa, sempre com atitude, muita atitude.
Não sei se vocês, a nossa equipa, vestirá a camisola de líder da Liga 20/21, mas seja nas etapas planas (Tondela, Gil Vicente), nas de média montanha (Rio Ave, Famalicão ou Guimarães) ou de alta montanha (Porto, Benfica ou Braga), façam como o João: sem medo do adversário e baterem-se de igual para igual, apenas com um resultado em vista.
Os vossos avós poderão falar-vos doutro tipo assim que conheceram, com igual atitude: Joaquim Agostinho, também atleta do Sporting e um dos nomes maiores do nosso Museu. Ambicionem também esse lugar, a camisola já envergam!
A derrota contra o LASK e o consequente afastamento das provas europeias custou ao universo leonino. Mas, no final do dia, foi apenas o terceiro jogo oficial do Sporting esta temporada.
Não percebo, por isso, qual foi a lógica da RTP para, na peça de antevisão ao Portimonense x Sporting, que passou ontem à hora de almoço, ter destacado, em rodapé, o «Mau Momento» do Sporting.
Mau momento, volvidos apenas três jogos oficiais, dois deles vitoriosos...Que pena, para os cofres do Estado, que o ridículo não pague imposto.
Estou, pois, muito expectante para saber como é a que RTP irá apelidar hoje, quando passar os respectivos resumos, o momento de Manchester United ou Liverpool.
Já quanto ao Sporting, seguimos 100% vitoriosos na Liga. Péssimo momento, de facto...
Protagonista do defeso da época passada, Rafael Camacho lá acabou por assinar pelo Sporting, constituindo uma aposta em quem os sportinguistas depositavam enormes esperanças.
Proveniente do Liverpool, onde fez parte da sua formação, certamente com brilhantismo, ou não seria convocado por Jürgen Klopp para treinar com a equipa principal e, até, participar em dois encontros oficiais pela equipa britânica, Rafael Camacho reunia, pois, todas as potencialidades para ser um caso sério de sucesso no Sporting a breve trecho.
Na pré-época transacta, calhou o Sporting ter defrontado o Liverpool e, no final da partida, Virgil van Dijk, o patrão da defesa dos Reds, teceu as seguintes considerações sobre o novo reforço leonino: "É um jovem, que ainda tem muito a aprender. Quando era mais novo jogou no Sporting, por isso acho que foi bom para ele regressar a casa. Estou contente por ele e espero que corra tudo bem. Tem qualidade e sabe o que tem de fazer, pois todos sabemos que há muitos jogadores que têm qualidade, mas depois falta-lhes o resto", acrescentou.
Gostei da honestidade de van Dijk. Poderia ter dourado a pílula, como acontece muitas vezes nesta altura do ano, quando ex-treinadores ou jogadores opinam sobre jogadores com quem trabalharam e que estão a ser cogitados ou acabam de assinar por um dos três grandes. Mas não, van Dijk elogiou, mas também não escondeu que Rafael Camacho ainda não estava no ponto.
A prestação de Rafael Camacho, na época 2019/2020, esteve aquém das expectativas geradas. 26 partidas e 1 golo marcado depois, o jogador não convenceu a generalidade dos adeptos, sendo rotulado de flop. Em consequência, não integra o plantel para a nova temporada, parecendo que consta da lista de dispensas.
Com ainda tenros 20 anos de idade, tendo apanhado na sua primeira época de leão ao peito, um dos piores Sporting dos últimos 20 anos, que teve 4 treinadores e levou pancada dos concorrentes, será justo queimar já o jogador?
Terá Rafael Camacho perdido todas as potencialidades que o mantiveram no Liverpool e depois levaram à sua contratação pelo Sporting?
Não será que a aprendizagem, a que van Dijk se referiu, requer paciência, tempo e, sobretudo, estabilidade? Pois uma coisa é jogar no Sporting da época passada, outra coisa é jogar no Sporting de Leonardo Jardim ou de Jorge Jesus (primeira época).
Aqui confesso, não sei se Rafael Camacho é jogador para o Sporting. Não posso formar esse juízo com base na época anterior, porque é uma época, a todos os níveis, desastrosa e que não pode servir de exemplo.
O futebol é o momento, mas também o contexto. Por isso, é com pena que vejo que Rúben Amorim não dá mais uma oportunidade a Rafael Camacho. Certamente que com Mirko Jozic ou Lazlo Boloni, Rafael Camacho seria melhor trabalhado. Estes treinadores sabiam podar os jogadores imaturos, mas a quem toda a gente reconhecia potencial.
Se Rafael Camacho não serve, presentemente, para o Sporting, ao menos que o emprestem a um clube que possa fazê-lo crescer, nas lacunas identificadas, para daqui a um ano poder estar a concorrer, de novo, por um lugar no 11 do Sporting.
Agora, aos 20 anos, não atirem já o jogador para o caixote do lixo.
Nem só de qualidade vive o plantel do Sporting, mas também de sportinguismo, de jogadores que nos tenham para oferecer esforço, dedicação e devoção.
Nesse sentido, ocorrem-me os seguintes nomes que gostaria que integrassem o plantel da próxima época:
Na baliza, Beto. Jogador livre, sportinguista dos sete costados, seria o padrinho perfeito para ajudar à maturação de Max.
No meio campo, Adrien. Jogador que já manifestou publicamente vontade em voltar ao Sporting, seria novamente o capitão da equipa, a liderar aquela juventude toda.
Na frente de ataque, Ricardo Quaresma. Jogador livre, tem carinho pelo Sporting, seria o padrinho perfeito para ajudar à maturação de Plata, Rafael Camacho, eventualmente de Joelson, e de mais algum miúdo a sair da fornada da Academia.
São jogadores assim que puxam pela nossa ligação à equipa, pela sua competitividade, não os Bolasies ou Jesés desta vida.
No regresso a Alvalade, em semana marcada pelo falecimento do intemporal maestro Ennio Morricone, seria simpático que o Sporting também prestasse o seu tributo ao maestro, fazendo soar pelas colunas de Alvalade, durante a entrada dos jogadores, um tema que está indelevelmente associado ao nosso estádio e ainda hoje causa arrepios. Aqui.
Há um ano, por esta altura, Bruno Lage e Marcel Keizer eram os homens do momento.
Poucos meses mais tarde, promoviam uma inédita mas muito amena cavaqueira, em vésperas de novo derby.
Ora, se no final desse jogo, de muito má memória para as nossas hostes, poucos apostariam as fichas em como Keizer chegaria até ao Natal, já no caso de Lage, a aposta, seguramente, seria em sentido bastante inverso. E o começo do campeonato apenas veio reforçar cada uma dessas impressões.
Bom, mas a verdade é que Lage, à imagem de Keizer, também não vai terminar o campeonato, saindo, igualmente, pela porta pequena.
Estes momentos, que também exemplificam a magia (negra?) do futebol, devem-nos levar a concluir que, no que toca à bola, nada, mas mesmo nada, deve ser dado por garantido.
Passado o defeso do Covid, os jogos da próxima semana assemelhar-se-ão a jogos de pré-época.
Porém, ao contrário das recomendações sanitárias, bem como do que é normal nos primeiros jogos após longa ausência, os nossos iluminados dirigentes não conseguiram que a medida das 5 substituições vigorasse já na primeira jornada pós-regresso.
Ou seja, os responsáveis dos clubes não foram capazes de, atempadamente, proteger os seus principais activos, os jogadores.
Enfim, nada que surpreenda. O nível do futebol português não se afere apenas nos paupérrimos resultados europeus, mas também nestas pequenas grandes incompetências.
O podcast Sporting 160 está a levar a cabo uma série de entrevistas, bastante interessantes, a jogadores que integraram os dois últimos plantéis campeões. Esta semana o convidado foi o grande André Cruz.
Já na parte final, o antigo patrão da defesa leonina foi questionado sobre uma recente abordagem à sua disponibilidade para integrar uma lista candidata às próximas eleições. André Cruz, recorde-se, integrou a candidatura de João Benedito nas últimas eleições, nela figurando como o próximo director desportivo do clube.
Pois bem, André Cruz, à semelhança dos anos em que jogou futebol, não fugiu à questão e confirmou essa abordagem, referindo, no entanto, que de momento não se poderia comprometer com qualquer projecto, até porque não sabe se João Benedito, que apoiou nas últimas eleições, se irá recandidatar.
Pois, ninguém sabe o que pensa ou tenciona fazer João Benedito.
Há uns tempos, várias vozes reclamaram contra o silêncio ensurdecedor de Benedito. Tendo sido o candidato votado por mais sportinguistas e conhecidas que são as suas ambições em ter uma participação no futuro do clube, seria expectável que, a qualquer momento, dissesse de sua justiça.
Diz-se que os votos são dos candidatos até ao acto eleitoral. Mas não é totalmente bem assim. Quando um candidato alcançou um número expressivo de votos e mantém disponibilidade para uma próxima contenda, não pode atirar para trás das costas esses votos. Há um certo crédito que se adquire e tem de ser trabalhado.
Aceito que João Benedito tenha posição contrária, mas julgo que muitos que votaram nele não repetirão o voto num próximo acto eleitoral, salvo se os outros candidatos forem todos maus.
Pessoalmente, tendo votado em João Benedito, aguardo com expectativa uma sua próxima candidatura, mas que estou um tanto ou quanto desapontado neste momento, lá isso estou...
Não sei qual será o sentimento do caro leitor, ou do prezado colega de escrita neste espaço, no que à redondinha diz respeito, mas, da parte que me toca, não tenho tido grandes saudades do nosso futebol doméstico. Muito poucas, para ser franco.
Não se trata apenas do facto do futebol pouco importar perante a grave crise que Portugal e o resto do mundo atravessam, de saúde pública, em primeiro lugar, e de economia, logo de seguida.
A falta de saudades deve-se, sobretudo, ao pouco interesse do jogo jogado, à permanente sobreposição da discussão e insultos face ao demais, e a um contexto em que o mérito foi trocado pelos interesses privados. Pensando bem, todas estas razões não são de agora, acumulam-se há vários anos.
O futebol português é um futebol de bancadas vazias, de jogador no chão e não em corrida, de quantidade mas sem qualidade.
O futebol interno definha e não se vislumbra no horizonte uma inversão do rumo dos acontecimentos. A explicação só poderá dever-se ou à falta de vontade dos agentes desportivos, agarrados a interesses terceiros, ou, havendo quem queira arrepiar caminho, não tenha, porém, suficiente força para tal, o que também se lamenta.
O futebol, um dia que for retomado, terá perdido mais encanto e interesse.
Este contexto de pausada forçada e sem fim à vista, pondo termo no permanente ruído que pauta o quotidiano futebolístico, poderia constituir a oportunidade para repensar o futebol português.
No fundo, lançar as bases de um novo futebol, com aposta no jogador de qualidade, no árbitro de qualidade, no futebol bem jogado, nos desafios bem arbitrados, e no propósito contínuo de encher as bancadas. Uma refundação sem medos ou hesitações de qualquer espécie.
Não será um exercício inédito, porque outras ligas já fizeram há muito esse processo e revolucionaram o interesse pelos seus campeonatos, com o sucesso que hoje se conhece.
O futebol português que não desperdice a oportunidade. Nada será como dantes, assim que passar a tempestade do Covid-19.
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