No futebol, já se disputaram dois títulos e troféus esta época. O Sporting venceu ambos: Supertaça e Taça da Liga.
O Sporting chegou apenas pela segunda vez aos oitavos da Champions, com o maior encaixe financeiro de sempre.
Nada disto era imaginável quando Varandas assumiu a presidência, há três anos e meio, com o clube feito em estilhaços - ou «em cacos», para usar uma expressão proferida à época por Augusto Inácio, que foi director do futebol com Bruno de Carvalho.
Apesar do caminho trilhado de então para cá, ainda há adeptos sempre a resmungar. Conquistámos o primeiro título de campeões nacionais em 19 anos, e lá continuam eles a resmungar. De barriga cheia.
"Já nos cansa está lonjura [era preciso irmos a Gondomar?]
Muita neve cai na serra [sete flocos]
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra.
Rabanadas, pão e vinho novo
Matavam a fome à pobreza"
Nesta quadra festiva vamos deixar a rivalidade de lado, o meu desejo para todos os benfiquistas é que aproveitem a vida, hoje foram sete, amanhã podem ser mais, comam pão e rabanadas, bebam vinho; 2022 há-de sem melhor, mesmo sem Jesus, mesmo sem Deus.
Por falar nisso, Jesus já está a ser apagado dos documentos oficiais.
O Sporting entrou da melhor forma nesta nova temporada, conquistando mais um troféu frente a um adversário sempre complicado, e para isso foi muito importante o apoio entusiástico e incondicional dos adeptos que tiveram a sorte de estar presentes em Aveiro. Dada a distribuição de bilhetes efectuada, presume-se que na esmagadora maioria desses adeptos seriam sócios com antiguidade de gamebox considerável, independentemente de serem ou não membros das claques, e poucos seriam não sócios. A verdade é que, pelo menos pelo que pude observar na TV, a equipa contou sempre com o seu apoio, particularmente quando sofreu um golo que poderia ter complicado muita coisa e comprometido o resultado final. Pena tenho eu de não ter podido lá estar, mas desta vez tinha mesmo de rumar para Sul.
No meio parece que apareceu um ou outro adepto que resolveu estar numa final da Supertaça - apenas possível porque o Sporting com Varandas ganhou a Liga e assegurou as condições para apresentar uma equipa para ganhar - com máscaras #VarandasOut. Se calhar foram aos saldos de fim de estação da claque DirectivoXXI que já renovou o catálogo. E agora que se pagou há que usar.
Uma nota dissonante foi o comunicado doutra claque que se recusou a ir, uma claque que foi andando por cima do muro entre a direcção eleita e as duas claques desmamadas, a Torcida Verde, e que aparentemente trocou o seu dever de apoio incondicional ao Sporting pelo amor à sua identidade, a causa Ultra, seja lá isso o que seja. Se não querem não vão, só faz falta mesmo quem vai.
No fundo é esta a situação normal. A equipa precisa do apoio dos adeptos, os adeptos precisam que a equipa corresponda e estão dispostos a tudo para que isso aconteça. Fazendo muitos quilómetros, gastando muito dinheiro, seguindo a equipa por todo o lado. Aconteceu o mesmo no Jamor há pouco mais dum ano, aconteceu o mesmo em Londres frente ao Arsenal, aconteceu o mesmo em Alvalade e em muitos estádios deste país e no estrangeiro.
Aconteceu desde sempre em palcos onde as claques tiveram um papel predominante nesse apoio, aconteceu desde sempre em palcos onde não passaram duma minoria ultrapassada pela multidão anónima de adeptos. As claques do Sporting não são os adeptos, são apenas uma muito pequena parte deles, que se tornam dominantes no palco muitas vezes apenas porque conseguem ultrapassar os adeptos anónimos no acesso aos bilhetes ou criar um ambiente no estádio em que muitos adeptos desistem de lá ir.
Mas o Sporting viveu recentemente uma anormalidade. Poucos meses depois daquela jornada gloriosa do Jamor, e muito por causa da degradação de resultados decorrentes dum erro de casting tremendo para treinador do Sporting, um jogo em Alvalade foi antecedido de manifestação à porta do estádio e várias vezes no decorrer do mesmo o apoio à equipa por alguns, obviamente os das duas claques em guerra contra o clube, foi substituido por cânticos e insultos contra o presidente eleito.
Pouco tempo antes, o estádio do Tondela estava rodeado duma companhia de GNR pelos vistos disposta a tudo, eram cavalos, eram cães, era unidade de intervenção, parecia o Afeganistão... pelo menos para quem nunca lá pôs os pés.
Ainda um pouco mais atrás no tempo, o autocarro do Sporting era recebido em Vila da Feira por um banco de alucinados, um deles agitando um lençol branco, a insultar a comitiva. Não li nos jornais, não vi na TV, em todos os casos relatados estava lá e vi a cores e ao vivo.
Imaginemos o que seria daquele final de época, com Rúben Amorim a testar jogadores. alguns deles muito jovens num novo sistema de jogo, outros que tinham passado pelo assalto a Alcochete, e a ter que levar com um clima de guerra civil nas bancadas, que até incluia petardos e tochas de vez em quando, e fora dele com tarjas em viadutos sempre a recordar a bomba-relógio em que viviam.
Pior ainda: o que teria sido a época passada, depois duma abertura com uma derrota humilhante com o Lask, o Sporting fora da Europa, a equipa a precisar da concentração máxima para ganhar desafios mesmo que no final dos mesmos, e as aquisições sistematicamente enxovalhadas, do Adán ao Feddal, como ainda agora continuam a dizer do Paulinho ou do Esgaio nalgumas tascas cibernéticas?
Obviamente que não é possível reinventar o passado. O que se passou passou e o resto são conjecturas, mas cá para mim, que posso estar enganado, devemos o título da época passada a muita coisa, e já por aqui falei em muitas, mas incluindo... as bancadas vazias.
Mas isso é passado. O que importa agora é esta nova época, o regresso dos adeptos aos estádios duma forma controlada pela antiguidade de sócio assíduo à bancada, o controlo sanitário, a preocupação do governo em pôr cobro à marginalidade através do cartão do adepto (se vai funcionar ou não é outra questão) e, especificamente no que respeita ao Sporting, um estádio de cara mais ou menos lavada das cosméticas foleiras do Taveira, um estádio mais igual ao fantástico pavilhão João Rocha, um estádio que me transmite uma vontade IMENSAAAA de lá voltar.
Também ainda não vai ser neste Sporting-Vizela, estarei num evento Sportinguista a sul, mas vou-me desforrar durante a época... "Take it to the bank".
Gostei muitodo início da nova temporada com o pé direito - isto é, com a conquista do nosso terceiro troféu neste já inesquecível ano de 2021. Vencemos (por 2-1) e convencemos no decisivo confronto com o Braga, o nosso mais frequente adversário. Confirmando que nada havia de fortuito ou ocasional nos triunfos alcançados na época anterior. Pelo contrário, há aqui muito e bom trabalho de toda a equipa técnica, liderada por Rúben Amorim. Temos neste momento um dos melhores plantéis leoninos de todos os tempos. A conquista da Supertaça, anteontem, é mais uma etapa neste processo de restituição do Sporting à glória prolongada e duradoura. Nós, adeptos, merecemos isto.
Gosteide ver intacta, para já, a espinha dorsal do Sporting campeão da época 2020/2021. Com Coates a pontificar no bloco defensivo, Nuno Mendes a brilhar no flanco esquerdo, Palhinha a destacar-se entre os médios e Pedro Gonçalves (melhor em campo) sempre imprevisível e genial nas linhas avançadas. Sem esquecer Adán, Feddal e Gonçalo Inácio, naturalmente. E de observar a promoção de Matheus Nunes e Jovane ao onze titular: ambos merecem. Além da estreia de Esgaio neste regresso aos jogos oficiais pelo Sporting, confirmando ser um verdadeiro reforço. Seria excelente que este grupo tão sólido permanecesse intacto pelo menos até ao próximo mercado de Inverno.
Gostei pouco do regresso do público ao futebol, devidamente autorizado pela FPF e pela Direcção Geral de Saúde, no moldes em que aconteceu. A distribuição paritária dos bilhetes para Braga e Sporting resultou no que já se esperava: escassez de procura por parte dos minhotos, que acabaram por devolver grande parte dos ingressos à FPF, enquanto alguns milhares de adeptos leoninos ficaram sem oportunidade de assistir à partida, disputada no estádio municipal de Aveiro, onde por motivos sanitários só um terço dos lugares nas bancadas podiam ser preenchidos. De qualquer modo, foi muito bom voltar a ver ali animação e colorido, mesmo em dose reduzida. Espero que o confinamento no desporto português tenha mesmo chegado ao fim.
Não gostei dos 20 minutos iniciais nesta partida destinada a atribuir o primeiro troféu da nova temporada. O Sporting concedeu excessivo espaço e demasiada iniciativa à equipa minhota, que viria a marcar primeiro. Felizmente esse golo pareceu despertar-nos: embalámos logo a seguir para uma exibição convincente, que em certos momentos mereceu mesmo "nota artística", como costumava dizer o outro. O tal que falava muito e ganhou quase nada nos três anos que passou em Alvalade.
Não gostei nada do lamentável gesto do benfiquista André Horta, único jogador do Braga que recusou passar pela guarda de honra formada pela equipa campeã nacional no final da partida. Uma atitude "à Benfica" que contrastou com o clima de fair play ali dominante. Felizmente nenhum dos seus colegas imitou tão triste exemplo. E alguns dos nossos, como Porro e Nuno Santos, não deixaram de criticar Horta. Que não revelou só mau-perder: também demonstrou falta de educação.
Os sportinguistas esgotaram os bilhetes que tinham disponíveis - correspondentes a metade dos 8996 lugares autorizados pela Federação Portuguesa de Futebol para o jogo de ontem.
Por bandas do Braga, foi bem diferente. Só conseguiram vender 1603 assentos, tendo devolvido mais do dobro deste número.
É também nisto que se mede a grandeza ou a pequenez de um clube. Quanto à dimensão do Braga, ficamos novamente conversados.
Pedro Gonçalves: golo em Aveiro com 7710 a vê-lo nas bancadas
Terminámos a época anterior a vencer, começamos esta também a ganhar. Terceiro troféu oficial do futebol leonino neste ano civil de 2021: primeiro a Taça da Liga, depois o campeonato, agora a Supertaça. Derrotando o suspeito do costume: o Braga. Em sete meses, os braguistas perdem connosco pela quarta vez. Desfazendo de vez qualquer dúvida que pudesse subsistir na comparação entre os dois emblemas.
Vitória justíssima, que só peca por escassez de golos. A nossa exibição foi superior ao que o resultado revela. Além das duas bolas que metemos lá dentro - Jovane aos 29', Pedro Gonçalves aos 43' - tivemos ainda três grandes oportunidades. Todas protagonizadas pelo nosso n.º 28, maior marcador da época passada e melhor em campo neste desafio, disputado no estádio municipal de Aveiro.
Foi um jogo perfeito para o reencontro entre o público e os jogadores. Esta Supertaça já contou com espectadores nas bancadas - 7710, no total. A maioria, como é lógico, puxando pela nossa equipa. Viram uma partida muito disputada na primeira parte e menos vistosa na segunda, com o resultado construído ao intervalo. Viram o Braga adiantar-se no marcador, com golo de Fransérgio aos 20', e uma excelente reacção do Sporting, que a partir daí mandou sempre no jogo.
Os homens comandados por Carlos Carvalhal não tiveram qualquer outra oportunidade até ao apito final. Devem começar a sentir tremores cada vez que enfrentam o onze leonino. Continuam em branco quanto a supertaças. Enquanto nós acabamos de conquistar a nona, ultrapassando o Benfica, que ganhou oito. Também no campeonato das estatísticas vamos marcando pontos.
Análise muito sumária do desempenho dos jogadores:
ADÁN. Sem culpa no golo sofrido, demonstrou segurança entre os postes e transmitiu confiança aos colegas. Não fez uma só defesa difícil em todo o jogo.
GONÇALO INÁCIO. Foi ultrapassado por Fransérgio no lance do golo - único deslize em toda a partida. Sereno, concentrado, atento às dobras a Esgaio.
COATES. Competente leitura de jogo: controlou sempre o espaço que lhe estava confiado. Cortes oportunos, sem nunca vacilar. Bastião, outra vez.
FEDDAL. Complementou muito bem o capitão Coates, guardando o lado esquerdo do muro defensivo central. Saiu aos 80', com queixas físicas.
ESGAIO. Estreia-se em 2021/2022 como ala direito titular. Cumpriu com zelo frente à ex-equipa. Ganhou duelos importantes contra Galeno e Abel Ruiz.
PALHINHA. A qualidade de sempre no controlo do meio-campo defensivo. Amarelado aos 17', não esmoreceu. Inicia o segundo golo ao recuperar uma bola.
MATHEUS NUNES. Lutador, vai-se consolidando no onze titular. Boa parceria com Palhinha, distribuindo jogo. É dele a assistência no segundo golo.
NUNO MENDES. Excelente exibição, tanto a defender como a atacar. Assiste Jovane no primeiro golo com um passe magnífico. Grandes cruzamentos aos 32', 60' e 74'.
PEDRO GONÇALVES. Os principais lances de ruptura são dele. Excelente golo, de trivela. Viu Matheu negar-lhe outros dois, aos 32' e aos 52'. Falhou o terceiro, aos 81'. Saiu aos 83'.
JOVANE. Desempenho muito positivo do luso-caboverdiano, agarrando a titularidade. Voltou a fazer o gosto ao pé (esquerdo) com o golo marcado aos 29'. Esteve em campo até aos 80'.
PAULINHO. Muito marcado pelos ex-colegas de equipa, teve pouco espaço. Pedro Gonçalves serviu-o muito bem aos 50', mas o lance perdeu-se. Aos 69', deu lugar a Tiago Tomás.
TIAGO TOMÁS. Foi o primeiro a saltar do banco, rendendo Paulinho. Veloz, combativo, lutador. Protagonizou um bom lance aos 72', mas acabou por abusar das fintas.
NUNO SANTOS. Entrou aos 80', substituindo Jovane. Quando a equipa já apostava na contenção, segurando a bola. Tinha instruções para estar mais atento à manobra defensiva. Cumpriu.
MATHEUS REIS. Substituiu Feddal aos 80', sem criar qualquer desequilíbrio na muralha defensiva. Voltou a demonstrar precisão no passe.
TABATA. Rendeu Pedro Gonçalves aos 83'. Deu nas vistas aos 90'+5 com um bom disparo de meia-distância. Tem remate fácil, característica útil à equipa.
Notas finais:
- Alguém ainda ousa falar em estrelinha? Três títulos e troféus conquistados por Rúben Amorim à frente do futebol profissional do Sporting em escassos seis meses: Taça da Liga em Janeiro, campeonato em Maio, Supertaça no final de Julho. Merece este cognome: Conquistador.
- Esta é também a vitória da formação leonina. Uma vez mais. Dos que entraram de início, cinco foram formados em Alcochete: Gonçalo, Esgaio, Palhinha, Nuno Mendes e Jovane. Depois entrou um sexto, Tiago Tomás. E havia oito portugueses no nosso onze titular.
- A Supertaça era o troféu que há mais tempo nos fugia. Desde 2015, precisamente. Já é nosso outra vez. E há 13 anos que não marcávamos dois golos numa Supertaça - desde a vitória contra o FC Porto em 2008, com Paulo Bento a orientar a nossa equipa e Djaló a destacar-se com um bis.
- Há menos de um ano, muitos comentadores cantavam hossanas ao Braga, promovendo o clube minhoto a "quarto grande" e alguns imbecis até chegaram a pô-lo acima do Sporting. Hoje ninguém ousa repetir tal dislate. Motivo? Quatro embates, quatro derrotas em partidas disputadas connosco. Calaram-se de vez.
Aconteceu em Aveiro o novo normal, aquele normal a que há muito não estávamos habituados depois de tantos anos de anormalidade. Um Sporting dono e senhor do jogo, fruto da superior qualidade dos seus jogadores relativamente ao do clube de Braga, e sempre com o apoio incondicional da bancada, mesmo na fase em que estava em desvantagem do marcador, sendo que muitos mais Sportinguistas lá estariam se os bilhetes tivessem sido distribuídos conforme a dimensão dos dois clubes.
Claro que com Amorim, Palhinha, Esgaio e Paulinho o Braga daria muito mais luta, mas as coisas são assim mesmo, o Sporting também não pode contar com Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes, Rui Patrício e alguns outros, que saíram para clubes doutra dimensão. Ganhou o Braga uns bons milhões de euros que devem ter servido para muita coisa e fazer muita gente feliz lá pelo Minho. Como diz Carlos Carvalhal, o lugar do Braga é o 4.º lugar, tudo o que vier de melhor é excepcional, só no Sporting é que algumas almas foram confundindo as coisas.
Quanto ao jogo, o Sporting começou bem e a primeira oportunidade foi mesmo sua, Pedro Gonçalves falhou o passe de morte para Paulinho.
Depois foi tentando repetir a fórmula, dando a iniciativa ao Braga (muito bem orientado por Carvalhal) para ao recuperar a bola lançar em profundidade, mas isso traduziu-se em dar confiança ao adversário, engasgar-se aqui ou ali e sofrer um golo improvável, um pontapé de sorte ou muito bem colocado (como quiserem ver) do Fransérgio que aproveita bem a saída do Coates da sua posição.
Tal como já tinha acontecido com o Lyon, a equipa cerrou os dentes e foi para cima do adversário. Foram dois golos, podiam ter sido mais, e chegou ao intervalo justamente em vantagem.
A 2ª parte demonstrou cabalmente o que vale esta equipa do Sporting. Apanhada a ganhar, foi criando oportunidades para dilatar a vantagem e dilatar o resultado. E os minutos foram passando na certeza de que a Taça iria parar ao nosso museu.
Foi a noite de Pedro Gonçalves? Marcou um golo do outro mundo, mas falhou outros bem mais fáceis. Podia ter saído de Aveiro com três ou quatro, entre golos e passes para golos.
Não foi mesmo a noite do nosso Harry Kane (o original parece que vale uns 200M€, mais de duas vezes o que custaram os sete ou oito avançados com que conta o Benfica), Musrati não lhe deu espaço e as bolas de golo não lhe chegaram em condições. Vai ter muitas outras ocasiões para demonstrar a sua valia.
Foi mesmo a noite de Nuno Mendes, de volta ao melhor da época passada, do "polvo" Palhinha, do seu fiel escudeiro Matheus Nunes e de Jovane. Por estes quatro passou o melhor do futebol do Sporting, com Pedro Gonçalves a assumir as despesas do tiro para o golo.
Todos os outros, incluindo os que entraram depois, num plano muito aceitável.
E assim o segundo caneco da época já cá mora. Sinceramente, acho que a coisa não vai ficar por aqui. Porque a equipa respira saúde, está extremamente confiante e bem liderada.
Em cerca de três anos, conquistámos 1 Liga, 1 Taça de Portugal, 2 Taças da Liga e 1 Supertaça. Nada mau depois do que aconteceu em Alcochete.
Se calhar tudo isto é obra do tal Antero, não faço ideia, mas se de facto é verdade, mais uma vez obrigadinho "ó Antero". És o maior.
Estava desejoso de ouvir Rúben Amorim na sua primeira conferência de imprensa oficial, isto é, antes de um jogo a sério.
De antemão tínhamos que os parâmetros do discurso do ano passado do nosso treinador, foram todos derrubados quando o Sporting se tornou campeão. Deste modo o verbo teria de ser, quiçá, diferente. Ou provavelmente não.
Ontem escutei com a devida atenção o treinador do Sporting. Muito assertivo, como sempre aliás, com uma linha de raciocínio muito prática e coerente. Não fugiu às questões. Manteve um discurso sereno, nada empolgante nem derrotista, apenas consciente das dificuldades que se aproximam.
A diferença escutou-se apenas nas palavras em que assumiu que o Sporting, este ano, partirá para o próximo campeonato mais forte do que no ano passado. Nem melhor nem pior que os seus adversários. Portanto a matriz foi a equipa leonina de há um ano. Touché!
Referiu ainda que haverá maior exigência, tendo em conta as competições em que o Sporting estará envolvido, maior contestação com a eventualidade da presença de público, mas outrossim maior apoio do público leonino.
Eis um Rúben Amorim, treinador campeão, ao seu melhor nível e a manter o mesmo foco do ano passado: jogo a jogo!
Chega amanhã em Aveiro o início da época oficial do Sporting com a disputa da Supertaça contra aquele que foi o justo vencedor da final da Taça de Portugal no Jamor. A nossa equipa vem duma pré-época muito bem conseguida, não apenas pelos resultados alcançados nos jogos de preparação, mas pelo trabalho de selecção das jovens promessas (dos "rookies") que conduziu cada um ao lugar mais adequado à sua evolução e permitiu a melhor definição do plantel principal de acordo com os objectivos da época.
A não-continuidade de João Mário libertou recursos para a aposta num trio de jogadores de mérito comprovado na nossa Liga: Esgaio, Vinagre e Ugarte (em princípio) ajudam a equilibrar o plantel e torná-lo bem mais resiliente tendo em conta uma época exigente e as lesões e castigos daí decorrentes. A vinda de Gonçalo Esteves foi de todo inesperada: mas então ainda há pouco os Romários Barós fugiam de Alcochete para o Porto e agora é o inverso? Tudo muito estranho...
Este último encontro com o Lyon já demonstrou as ideias de Rúben Amorim para esta época: tudo igual no essencial mas tudo melhor no pormenor numa linha de evolução constante com o treino e a confiança, e a aposta declarada em dois ou três com força para explodirem. Jovane, Matheus Nunes e Tabata estão "com ganas". E depois existe a tal "espinha dorsal" do plantel, duma solidez incrível.
Imagino então que Amorim convoque os seguintes elementos:
Guarda-redes: Adán e Max.
Defesas Centrais: Neto, Inácio, Coates, Feddal e Matheus Reis.
Alas: Esgaio, Nuno Mendes e Vinagre
Médios Centro: Palhinha, Tabata, Bragança e Matheus Nunes.
Interiores: Pedro Gonçalves, Jovane, Nuno Santos e Plata.
Pontas de lança: Paulinho e TT.
Sendo assim, aposto no onze que iniciou a partida com o Lyon:
Adán; Inácio, Coates e Feddal; Esgaio, Palhinha, Matheus Nunes e Nuno Mendes; Pedro Gonçalves, Paulinho e Jovane.
Concluindo,
Amanhã o Sporting entra em campo em Aveiro para tentar conquistar o segundo caneco (primeiro oficial) da época.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
PS: Do que vejo quando passo na auto-estrada, o estádio de Aveiro tem mais aparência de sucata ferrugenta de cor sumida do que da imagem que aqui coloco, mas talvez lá dentro as coisas sejam diferentes. Com ferrugem ou sem ela, tenho pena de não estar presente, mas sairei de casa nesse dia para a direcção contrária. Estarei a torcer pelo meu Sporting frente à TV numa esplanada qualquer ao pé do mar...
«Saímos do estádio do Algarve goleados por 0-5 - resultado inédito, para nós, num clássico disputado em campo neutro e 33 anos após o último desfecho por esta marca, numa partida desenrolada na Luz. Como equipa pequena, temerosa, inofensiva, irrelevante, adoptando um esquema táctico que não fora testado e um índice de aproveitamento ofensivo miserável, em comparação com o SLB. Num jogo em que podíamos ter sofrido mais dois ou três. Coroando uma desastrosa pré-temporada - a pior de que me lembro desde sempre, sem uma vitória sequer para amostra em seis jogos, com sucessivos (e inaceitáveis) colapsos defensivos e uma chocante apatia da equipa técnica, incapaz de reagir ao infortúnio.»
«Ainda em Outubro, já o Sporting está fora de todos os objectivos relevantes na temporada futebolística: goleados na Supertaça, excluídos sem remissão da liderança do campeonato, agora fomos eliminados da Taça de Portugal pelo Alverca, que actua no terceiro escalão do futebol luso. É uma noite de pesadelo para o desvanecido emblema leonino: a queda acaba de ocorrer no nosso jogo de estreia nesta competição. Se analisarmos com rigor, devemos concluir: entrámos em campo derrotados. Para ser mais preciso: esta época começou logo sob o signo da derrota - fruto da improvisação, do amadorismo e da incompetência da SAD leonina. Que planeou mal, contratou pior, despediu quem não devia, apostou em quem jamais devia ter apostado.»
«Tudo muito mau. O adeus do Sporting à Taça da Liga, nesta meia-final em Braga, após dois anos de conquista do troféu. A meio da época, todos os objectivos internos redundaram em fracasso. (...) Esta equipa cheia de fragilidades e desequilibrios. Mal construída, mal apetrechada, mal orientada, desmotivada e triste, no segundo pior Inverno de que há memória em Alvalade.»
Há jogos que definem uma época. Foi de algum modo o que sucedeu na Supertaça, disputada a 4 de Agosto no Estádio do Algarve. Um desafio que, contrariando os nossos desejos e os prognósticos de muitos, redundou na vingança do Benfica face à derrota que havíamos imposto ao velho rival, na mesma competição, quatro anos antes. E essa desforra foi-nos cobrada com juros.
Esse reduto que foi palco do nosso triunfo por 1-0 em 2015 (golo de Slimani) funcionou desta vez como cenário de um pesadelo para a massa adepta leonina. E viria a custar ao cargo, como depois se saberia, ao técnico Marcel Keizer.
O pior não foi a derrota, mas os expressivos números em que se traduziu: uma goleada por 0-5. Sucumbimos numa segunda parte aterradora e saímos do Algarve vergados perante um SLB sem as duas estrelas da época anterior (Jonas e João Félix).
Parecia o que acabou por ser: uma partida de péssimo agoiro para o conjunto da época. Chegamos ao fim do ano civil em terceiro no campeonato, mas já a 13 pontos do Benfica. Fomos eliminados da Taça de Portugal pelo Alverca, clube da terceira divisão. E começámos da pior maneira a defesa do título na Taça da Liga com uma derrota em casa frente ao Rio Ave. Em quatro meses, vamos no terceiro técnico: Silas, após Keizer e o interino Leonel Pontes (incapaz de vencer um jogo).
Na análise imediata a esta Supertaça de má memória, escrevi isto: «Marcel Keizer, mostrando a sua pior face de treinador medroso, fez entrar em campo na Supertaça um onze hiperdefensivo contra um Benfica desfalcado de vários titulares da época passada e cheio de miúdos da formação, um dos quais em estreia, de pé trocado, pela ausência do habitual lateral direito. Medroso, repito. Como se o Sporting fosse o Paços de Ferreira a jogar na Luz.»
Causou perplexidade o facto de termos entrado apenas com um reforço - Luís Neto, por sinal o único adquirido a "custo zero" - apesar dos 25 milhões de euros em aquisições já desembolsados. E custou-nos ver em campo só um jogador da nossa formação - Thierry, que não tardaria a abandonar Alvalade. Em flagrante contraste com os históricos rivais. «Também no capítulo do aproveitamento da formação e dos reforços saímos derrotados do Algarve», foi outra amarga conclusão que extraí desse confronto.
No final, numa das mais infelizes declarações proferidas nestes 16 meses que leva de mandato, Frederico Varandas aproximou-se por instantes dos jornalistas para lhes comunicar que estava «chateado, mas não preocupado». Ao naufrágio em campo, somava-se o desastre comunicacional. Há dias em que mais vale ficar em casa.
De todos os disparates "taveirísticos" de Alvalade e coisas nunca vistas (lugares vendáveis onde um adulto não consegue encaixar os joelhos, lugares canibalizados pelos ecrans, pingos constantes de água quando chove, casas de banho com degraus à saída, etc, etc, etc), o fosso é talvez a maior aberração, afastando os espectadores do relvado e causando problemas vários de segurança.
Mas existe outro fosso bem mais importante do que esse, o fosso que separa o Sporting dos seus dois principais rivais (vamos ver em que situação fica o Porto com este deslize, muito da responsabilidade do Sérgio "big balls" Conceição, o que prova mais uma vez que exigência e atitude sem competência não serve de nada), motivado pela ausência do título maior nacional, pelas ausências sucessivas da Champions, pela crise na formação e consequentemente pela disparidade de orçamentos e pelos encaixes nas vendas.
Com Bruno de Carvalho houve uma aposta no estreitamento desse fosso e de aproximação aos rivais, e a aposta em Jorge Jesus foi instrumental desse ponto de vista, facilitando o acordo com a NOS, mas teve pontos fracos evidentes como o definhar da formação e a incapacidade de relacionamento com agentes e estruturas de poder do futebol, e, como na anedota do escorpião, a sua natureza levou a melhor e conseguiu enredar-se num emaranhado de ódios e traficâncias internas que originaram o assalto terrorista à própria estrutura do futebol e um rombo financeiro e desportivo colossal na SAD.
Com Frederico Varandas assistimos a um esforço importante de recuperação da SAD e da formação, mas os resultados levam tempo a aparecer e o facto é que o fosso alargou-se, sendo o que aconteceu na Supertaça um sonoro aviso, fomos derrotados por 5-0 pelo maior rival, que apresentou cinco jovens valiosos da formação, isto depois de ter vendido mais um por uma verba impressionante, jovem esse que está a deslumbrar Madrid e os espanhóis. O que não é fácil. (Desculpem lá, mas o jovem é da "minha terra" e gosto dele). Outro aviso importante é a saída directa de jovens de Alcochete para o rival.
E quando ouvimos falar em baixar orçamentos e vender os poucos craques que temos, Bruno Fernandes, Bas Dost e Acuña, quando olhamos para os reforços de Verão e vemos suplentes, quando olhamos para a formação e vemos a saída de quase toda a faixa 22-24 por falta de qualidade, quando olhamos para a estrutura técnica e notamos uma grande fragilidade pese embora alguns titulos já alcançados (que muito devemos agradecer e valorizar), então ficamos com a sensação que o fosso está a aumentar e que pode assumir proporções irrecuperáveis.
O ecletismo do Sporting Clube de Portugal não nos pode fazer esquecer que o futebol é a mola real do clube, e não é aceitável que fiquemos a lutar com o Braga e Guimarães pela 3.ª posição nacional, pelo que terão de ser encontradas fórmulas de investimento criterioso e responsável na SAD e uma liderança técnica que exponencie os valores existentes.
PS: Trata-se dum tema e dum debate importante para o Sporting e agradecia apenas comentários de quem paga as quotas (exceptuando obviamente quem não as paga por motivos de força maior), porque a opinião dos outros pouco ou nada me interessa.
A verdade é esta: houve muitos palpites, mas ninguém - mesmo ninguém - conseguiu adivinhar qual seria o onze que Marcel Keizer disporia em campo na Supertaça de má memória, disputada no passado domingo.
O que talvez ajude a explicar como é que este triste Sporting do início da época 2019/2020 continua sem visível fio de jogo: custa muito antecipar o onze titular, que está longe de se encontrar estabilizado a três dias do pontapé de saída do campeonato. O que vemos decorridos sete jogos, traduzidos em quatro empates e três derrotas? Uma equipa com notórias fragilidades defensivas, muitas lacunas de ordem táctica e deficiente condição física.
Nada auspicioso, convém reconhecer. Sem palas nos olhos nem a cabeça enterrada na areia.
Marcel Keizer, mostrando a sua pior face de treinador medroso, fez entrar em campo na Supertaça um onze hiperdefensivo contra um Benfica desfalcado de vários titulares da época passada e cheio de miúdos da formação, um dos quais em estreia, de pé trocado, pela ausência do habitual lateral direito. Medroso, repito. Como se o Sporting fosse o Paços de Ferreira a jogar na Luz.
A estratégia falhou em toda a linha, o resultado ficou à vista: fomos goleados como se o Sporting fosse o Tirsense.
Ao contrário de Frederico Varandas, que nunca se mostrou tão infeliz ao exprimir-se em público como na noite de domingo, eu estou preocupado.
Muito preocupado.
Desde logo por ver o presidente do Sporting recorrer ao rudimentar glossário do seu antecessor, utilizando um vocábulo que nunca devia ter usado na comunicação em discurso directo devido às conotações profundamente negativas da palavra «chato» na história recente do nosso clube. Depois porque, ao falar como falou, demonstra ser o único sportinguista que não parece preocupado com o estado físico, anímico e competitivo da equipa, o que o põe de passo trocado com a massa adepta.
Se o Sporting 2019/2020 já se mostra tão débil ainda com Bruno Fernandes, imagino como será sem ele. Sobretudo não tendo havido plano B para prever a ausência do capitão leonino, como todos percebemos na pré-época. Por isso estou preocupado também.
1.. O Benfica utilizou na Supertaça dois reforços adquiridos este Verão: Chiquinho e Raúl de Tomás. O Sporting, apenas um: Neto, na defesa - por sinal, o único que chegou a "custo zero". Apesar de a SAD leonina ter gasto mais de 25 milhões de euros em aquisições.
2. O Benfica utilizou cinco jogadores da sua formação neste jogo: Ferro, Rúben Dias, Nuno Tavares, Florentino e Jota. O Sporting só usou um: Thierry Correia. E - não vale a pena alimentar dúvidas - apenas porque tem dois estrangeiros lesionados para a posição de lateral direito.
Isto confirma uma realidade bem amarga: também no capítulo do aproveitamento da formação e dos reforços saímos derrotados do Algarve.