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És a nossa Fé!

Os melhores prognósticos

Foi outra ronda com vários vencedores. Cinco, no total. Eis os seus nomes, por ordem alfabética: AHR, Manuel Pinheiro, Marrocos, Paulo Batista e Tiago Oliveira. Todos acertaram no resultado do Sporting-Rio Ave (2-0) e no nome de um dos marcadores - Paulinho mencionado por quatro, Edwards apenas por um destes leitores.

Um quarteto também justifica menção. Por ter antecipado o desfecho, embora sem pontaria para os goleadores. Vale a pena, de qualquer modo, cumprimentá-los. São a Maria Sporting, o Orlando Santos, o Verde Protector e o meu colega de blogue Vítor Hugo Vieira.

Vencer e convencer mesmo sem Gyökeres

Sporting, 2 - Rio Ave, 0

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Sporting soma e segue: seis vitórias em sete jogos até agora, o que faz vibrar os adeptos

Foto: José Sena Goulão / EPA

 

Terá sido a melhor exibição do Sporting nos primeiros 45 minutos em todos os sete jogos já disputados nesta temporada - seis para o campeonato, um para a Liga Europa. O nosso onze entrou em campo como um verdadeiro rolo compressor, usando todos os corredores como via de ataque rápido, ousado, audaz. Nuno Santos, em excelente forma, desequilibrou por completo à esquerda enquanto Edwards imperava nas movimentações da direita para o meio do terreno, levando o pânico à muralha defensiva dos vilacondenses. Com Pedro Gonçalves a movimentar-se um pouco por toda a parte, abrindo linhas de passe, Paulinho desta vez fixo como ponta-de-lança e Morita a situar-se entre linhas, mostrando todo o seu valor na ligação entre o meio-campo e o trio mais ofensivo.

Foi assim, com o astro Gyökeres remetido ao banco de suplentes, que o Sporting cumpriu aquilo que se impunha: derrotar o Rio Ave em Alvalade. E deste modo assumir o comando do campeonato, em igualdade pontual com o FC Porto mas tendo melhor quociente entre golos marcados e sofridos. Vamos no 21.º desafio seguido sem derrotas, no terceiro em casa sem sofrer golos e com 16 pontos somados em 18 possíveis.

Fácil? Não. Há um ano, por esta altura, tínhamos apenas 10 pontos. Faz uma diferença enorme. Comparando com o onze que anteontem entrou em campo, houve apenas dois reforços, ainda ausentes de Alvalade em Setembro de 2022: o central Diomande e o médio defensivo Morten. Todos os outros já lá estavam. E nem por isso as coisas correram bem.

É verdade que o marfinense e o dinamarquês, ambos internacionais pelos seus países, contribuíram para aumentar a qualidade da nossa prestação face ao que ocorria na época anterior. Mas isto não basta para explicar a diferença. A verdade é que esta nossa equipa joga mais ligada, mais entrosada, com maior determinação e sobretudo com muito mais alegria. Contagiando os adeptos: estavam mais de 34 mil no estádio apesar de o jogo ter começado às 20.15 da passada segunda-feira. Horário que certamente contribuiu para que este tenha sido o nosso desafio com mais reduzida assistência na temporada em curso.

 

Destaques? Morita, pêndulo da equipa: quase todos os lances passam por ele. Iniciou o primeiro golo e assistiu para Paulinho empurrar, logo aos 10' - e figurar de novo entre os melhores marcadores da Liga 2023/2024. Edwards, protagonista dos lances mais vistosos - que culminaram no segundo golo, saído dos pés dele após túnel bem medido ao defesa que tentava cobri-lo, marcando de ângulo quase impossível. Obra de arte, deixando evidente que o inglês está de volta às grandes exibições. Voto nele como melhor em campo.

Nuno Santos, já mencionado, justifica também registo elogioso. Criativo, desequilibrador, sem nunca virar a cara à luta. Mas aquilo que vai fazendo deste Sporting um caso muito sério entre os assumidos candidatos à conquista do campeonato, reeditando a proeza de 2021, é a solidez do bloco defensivo. Diomande, Coates e Gonçalo Inácio parecem jogar de olhos fechados, tão bem combinam entre eles.

Com Gonçalo a destacar-se nos passes longos, Diomande na condução com a bola dominada e Coates nas acções de desarme. 

 

Tudo bem? Nem por isso. Caímos demasiado na segunda parte, após chegarmos ao intervalo a vencer por 2-0 - resultado que se manteria até ao apito final. De permeio, sofremos um sério sobressalto quando surgiu um golo do Rio Ave, aos 49', entretanto sem efeito por alegado fora-de-jogo de 6 cm. Pretexto ridículo para anular um golo: é tempo de pôr fim a esta palhaçada, tal como já acontece na Premier League. Tanto faz, para o caso, que o Sporting seja beneficiado (como agora foi) ou prejudicado (como já aconteceu mais do que uma vez).

Mas fizemos mais do que o suficiente para que ninguém possa discutir este triunfo. Basta olhar para a classificação para percebermos como isso é capaz de ser um excelente tónico psicológico. Não apenas para os jogadores: também para os adeptos.

Que diferença em relação ao que se passava faz agora um ano...

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Noite quase sem trabalho, exceptuando no golo vilacondense que viria a ser anulado por escassos 6 cm. Continua a evidenciar problemas a jogar com os pés.

Diomande - Desinibido com a bola, não apenas a defender mas a iniciar ataques. Lesionou-se no tempo extra, acabando substituído. Oxalá não seja nada de grave. Ele faz-nos falta.

Coates - O comandante da nossa muralha defensiva fez jus à fama. Dois lances justificam destaque: desarme perfeito aos 70' e grande passe longo aos 82', a lançar Geny.

Gonçalo Inácio - Sólido, intransponível. Fixou-se finalmente no espaço onde mais rende - o que o tem favorecido até como candidato a titular da selecção nacional. 

Esgaio - Conduziu um bom ataque aos 45'+2, mas esteve quase sempre mais contido do que o seu colega do corredor esquerdo. Não inventou, jogou pelo seguro.

Morten - A sua mais discreta exibição no plano individual desde que chegou ao onze titular. Ganha em concentração e eficácia no desarme o que parece faltar-lhe ainda na condição física.

Morita - Assombrosa exibição, com um raio de acção cada vez mais largo. O primeiro golo é quase todo construído por ele. Equilibra a defesa, municia o ataque, joga bem com os dois pés.

Nuno Santos - Outra actuação a merecer aplauso. Quase marcou em duas ocasiões - aos 14' e aos 56'. Vigoroso, criativo, destaca-se pelo espírito combativo que parece faltar a alguns colegas.

Edwards - Participa nos dois golos leoninos. No primeiro, como um dos construtores do lance tão bem-sucedido. No segundo, surgindo ele próprio a metê-la lá dentro. Fez levantar o estádio.

Pedro Gonçalves - Útil a abrir espaços e arrastar marcações, participou também no processo defensivo. Perdulário no último toque, incapaz de marcar. O melhor que fez foi atirar à trave (30').

Paulinho - Fixou-se como ponta-de-lança, compensando a ausência de Gyökeres. Cumpriu o essencial da sua missão com golo logo aos 10'. Merecido, pois trabalhou bem para a equipa.

Daniel Bragança - Substituiu Morten aos 67'. Não conseguiu imprimir maior acutilância ao nosso meio-campo, incapaz de fazer passes de ruptura. Contribuiu para gerirmos a vantagem.

Trincão - Entrou aos 67', substituindo Edwards. Há que assinalar o contraste entre um e outro, desmentindo aqueles que os equiparam em quase tudo. O ex-Braga foi totalmente inofensivo.

Matheus Reis - Substituiu Nuno Santos (77'). No seu estilo muito mais discreto, menos atrevido, cuidando mais da missão defensiva do que da vertigem ofensiva. 

Geny - Entrou aos 77', rendendo Esgaio. Contribuiu para acelerar o jogo no seu flanco. É um extremo de raiz, o que bem se nota. Mas tem melhorado no plano defensivo.

Neto. Entrou aos 90'+2, compensando a ausência do lesionado Diomande. Poucos minutos em campo, o que bastou para lhe merecer calorosos aplausos dos adeptos.

O dia seguinte

Foram os melhores 45 minutos desta época, mesmo sem a enorme qualidade do sueco ponta de lança, muito pelas extraordinárias prestações de Edwards e Morita. Os dois golos foram pouco para o completo controlo do jogo e as oportunidades criadas, mas o de longe melhor jogador do plantel e essencial no jogo de compensações com a dupla do meio-campo, Pedro Gonçalves, estava naqueles dias em que podia chutar 50 vezes sem acertar na baliza. Isto contra um Rio Ave que ainda há pouco tempo esteve a ganhar ao Porto até quase aos 90 minutos e foi preciso o árbitro inclinar o campo para perder o jogo.

Veio a 2.ª parte, veio o desgaste da jornada europeia, veio um golo invalidado ao Rio Ave que podia ter complicado as coisas, vieram as substituições que enfraqueceram o onze, Pedro Gonçalves continuou a falhar e Paulinho encontrou a sua vertente de santo, em vez de marcar o seu segundo golo resolveu tentar "ressuscitar" o no momento "morto" Trincão, com péssimos resultados, nem marcou nem o Trincão "ressuscitou". Que se passa com o talentoso internacional A por Portugal, que passou pelo Barcelona e pelo Wolves, para dar a triste imagem que deu ontem em Alvalade? Qual será o melhor remédio ?  Não faço ideia.

Sou completamente contra o bullying através das redes sociais aos jogadores. Alimentar ódios aos jogadores para além do que são os gostos e apreciações de cada um sobre o valor dos mesmos, é  como cuspir na sopa que se come. Quem andou no tiro ao alvo ao Paulinho descobre agora que é um dos melhores marcadores do campeonato. Quem andou a gozar com o "soneca" descobre agora que foi o melhor em campo, com um golo simplesmente genial.

Foi o Paulinho, depois o Esgaio, depois o Edwards, agora o Trincão, um dos melhores jogadores da época passada e que atravessa um péssimo período, quando nada sai bem. Quem é do Sporting só pode mesmo apoiar o rapaz. Tudo o resto é de andrade ou lampião. Mas se querem ser isso, estão à vontade para irem para lá bater palmas aos craques que custaram mais e renderam metade do que o Trincão. 

No final do jogo veio o pior: a lesão de Diomande nem ele sabe porquê, depois uma entrada sobre Morita que o deixou combalido. Com Gyökeres no banco, são três jogadores que estavam em grande forma a ter uma semana complicada em vésperas da visita ao Farense. 

Melhores em campo? Edwards e Morita, um no primeiro tempo, outro no segundo. Morita e Huljmand, enquanto não fraquejam fisicamente, fazem um meio-campo de excelência, como se viu ontem na primeira parte.

 

Algumas notas finais.

1. Para a Juveleo, que desta vez esteve impecável no apoio à equipa, reconhecida pela mesma no final. Todos teriamos a ganhar se a claque  controlasse a javardice criminosa de alguns lá dentro que certamente se sabe quem são (ainda agora na Áustria tentaram que o Sporting fosse punido pela UEFA e que não existam adeptos leoninos no próximo jogo fora, penso que na Polónia) e que encontrasse uma forma de convivência com a Direcção eleita no Sporting. É óbvio que o Sporting precisa duma Juveleo forte e entusiástica, e que a Juveleo precisa do Sporting. E que se ultrapasse de vez o triste e vergonhoso episódio do assalto a Alcochete, onde diferentes membros da claque, incluindo um ex-lider, estiveram envolvidos.

2. Para o árbitro, do qual tinha a pior opinião a partir dos jogos em que apitou o Sporting e em que se mostrou um palhaço presunçoso. Desta vez, mesmo mal auxiliado, esteve quase impecável num estilo europeu bem diferente dos APAFs do costume, e dos Duartes Gomes do comentário e putativos candidatos a qualquer coisita. Deveria ter sido o VAR a alertá-lo para a expulsão do Ventura naquela entrada sobre Morita.

3. Para a hora do jogo, 20h15m, demasiado cedo para um dia de semana em Lisboa. Demorei cerca de 1h25m a fazer 20kms, estacionar a quase 2kms, e andar o resto. E a prova é que já o Sporting tinha marcado e ainda havia quem andasse a subir as bancadas para se sentar. Mesmo assim, quase 34 mil em Alvalade numa segunda-feira à noite, vitória clara para o Sporting, cânticos para o Paulinho, cânticos para Amorim, uma noite em cheio.

SL

Rescaldo do jogo de ontem

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Edwards felicitado pelos colegas após ter marcado o segundo - seu golo de estreia na temporada

Foto: José Sena Goulão / Lusa

 

Gostei

 

De vencer mais um jogo, desta vez contra o Rio Ave. Derrotámos a simpática equipa de Vila do Conde (2-0), com resultado construído ao intervalo em Alvalade. Pela quinta vez consecutiva: desde Setembro de 2019 que dominamos sempre este adversário. Foi o nosso sexto triunfo em sete desafios da temporada em curso. Continuamos invencíveis.

 

Da vitória sem sofrer golos. Mantivemos a nossa baliza inviolada: há três jogos seguidos que não permitimos às equipas adversárias fazerem o gosto ao pé em nossa casa. Mérito absoluto do trio de centrais composto por Coates, Gonçalo Inácio e Diomande.

 

Da primeira parte. Nível muito elevado: talvez os melhores 45' iniciais do Sporting até ao momento nesta Liga 2023/2024. Muita dinâmica, muito jogo colectivo, muita bola trocada ao primeiro toque. Equipa confiante. Jogadores concentrados, solidários. Contínua mobilidade do trio da frente. O rolo compressor leonino funcionou quase na perfeição neste período da partida.

 

De Edwards. Grande partida do inglês, a sua melhor até agora na temporada em curso. Rúben Amorim apostou nele como titular - e fez bem. O ex-Tottenham, acutilante e desequilibrador, participa na construção do primeiro golo e foi ele próprio a marcar o segundo, aos 26' - um golaço, fuzilando o guarda-redes de ângulo muito apertado após fazer um túnel ao defesa que tentava segurá-lo. Estreia a marcar em 2023/2024. O melhor em campo. 

 

De Morita. Pêndulo da equipa. Fôlego impressionante, controlo total do meio-campo em parceria quase perfeita com Morten. Assegura equilíbrios defensivos sem nunca tirar os olhos da baliza adversária. Foi assim que iniciou a construção do primeiro golo, em contra-ataque rápido, sendo ele também a fazer a assistência para Paulinho a meter lá dentro, logo aos 10'. Decisivo.

 

De Paulinho. Abriu o marcador, aos 10', encostando a bola após cruzamento perfeito de Morita. Já leva cinco marcados à sexta jornada - tantos como os que assinou em todo o campeonato anterior. Que diferença.

 

De Nuno Santos. Outra grande partida do nosso ala esquerdo, cada vez mais criativo e acutilante. Quase marcou aos 14' e aos 56' - de trivela, neste último lance. Nunca vira a cara à luta. Incorpora como poucos o espírito leonino. Anda a fazer tudo para ser chamado à selecção.

 

De rever Ugarte em Alvalade. Desta vez só na tribuna, assistindo ao jogo - entre os 34.355 que compareceram no estádio. Mas é um sinal inequívoco da excelente atmosfera no balneário do Sporting sob o comando técnico de Amorim. Sente saudades, deixou saudades.

 

De termos conquistado 16 pontos em 18 possíveis. Mais seis do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos. Estamos no topo da Liga, à sexta jornada.

 

De termos cumprido outro jogo sem perder. Se somarmos o de ontem às 14 rondas finais da Liga 2022/2023 e aos desafios das cinco jornadas iniciais deste campeonato, mais o da Liga Europa na Áustria, já levamos 21 sem conhecer o mau sabor da derrota em partidas oficiais. 

 

De ver o Sporting no comando da Liga. Seguimos com os mesmos pontos do que o FC Porto, mas com melhor relação entre os golos marcados e sofridos (12-4 nós, 10-5 eles). A fazer lembrar a nossa dinâmica vitoriosa que nos levou à conquista do título em 2021.

 

 

Não gostei

 

Da ausência de Gyökeres. Após seis jogos a titular, o internacional sueco desta vez ficou de fora. Ainda com queixas musculares originadas no lance do golo que marcou na Liga Europa. O treinador, por precaução, manteve-o no banco de suplentes. Fez bem. De caminho, demonstrou que a equipa não treme sem aquele que tem sido o mais influente dos nossos jogadores.

 

Da lesão de Diomande. O jovem internacional marfinense viu-se forçado a abandonar o relvado com problemas de mobilidade, felizmente mesmo à beira do fim do jogo (90'+2, substituído por Neto). Oxalá não seja nada de grave.

 

Dos desperdícios de Pedro Gonçalves. Foi batalhador, abriu espaços, trabalhou para a equipa, pôs em prática o chamado "jogo invisível". Só pecou na finalização, ao contrário daquilo a que habituou os adeptos. Aos 30', atirou à barra. Isolado por Edwards, falhou por pouco aos 33'. Aos 45'+4 voltou a ser perdulário, rematando por cima (novamente servido pelo inglês). Rasou a trave aos 60'. Queria muito marcar, não conseguiu. Esforço inglório.

 

De Trincão. Outra exibição falhada: ainda não acertou uma na época actual. Substituiu Edwards aos 67', mostrando os defeitos do costume: perde-se em fintas inconsequentes, sem a noção do jogo colectivo, dá sempre um toque a mais na bola, é desarmado com excessiva facilidade, torna-se inofensivo. Até chegou a ouvir assobios num desses lances, aos 86': não havia necessidade.

 

Do golo anulado a Costinha, do Rio Ave. Por 6 centímetros, aos 49' - assim decidiu o vídeo-árbitro Nuno Almeida. Sejamos prejudicados ou beneficiados, direi sempre isto: é ridículo inutilizarem golos por uma distância equivalente ao do tamanho médio de um caracol. São decisões que lesam esta modalidade desportiva que tanto nos apaixona.

Amanhã à noite em Alvalade

Se calhar muitos ainda não perceberam a importância da vitória na Áustria, e não falo daquela seita letal ao Sporting que enxovalha o treinador e os jogadores nas redes sociais até ao momento do golo da vitória e depois desaparece como que por encanto.

O Sporting conseguiu ganhar fora na Liga Europa rodando jogadores, "alargando" o plantel, e possibilitando que amanhã tenhamos Morita, Esgaio, Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Edwards nas melhores condições físicas frente a um.sempre difícil Rio Ave.

Huljmand, Gyökeres e Diomande são mesmo excelentes contratações, e nesta equipa de Amorim muito irão evoluir. Arrisco-me a dizer que não me recordo de nenhum defesa do Sporting nos últimos 50 anos com a potência física de Diomande nem nenhum atacante com a de Gyökeres. Essa característica estava a faltar no Sporting nos últimos anos.

Nem tudo está bem. O talentoso Trincão parece atravessar uma crise de confiança alarmante. Para a ultrapassar precisará do apoio de todos. E os jovens de Alcochete do plantel não estão a constituir uma real mais-valia do mesmo. De Catamo ja falei, realmente estranho que Essugo esteja a passar ao lado da época, e se não conta precisávamos de mais um médio-centro. O trio que veio do Porto, agora integrado na B, ainda não demonstra o potencial que se previa.

Sendo assim, prevejo que amanhã o Sporting consiga controlar o jogo do primeiro ao último minuto, que Adán tenha muito pouco que fazer, e que não seja necessário entrar nos minutos de compensação para conquistarmos os 3 pontos.

SL

Quase tudo está bem quando acaba bem

Rio Ave, 0 - Sporting, 1

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A alegria de Chermiti depois de se estrear a marcar pela equipa principal do Sporting

Foto: Lusa

 

Tudo está bem quando acaba bem. Ou quase. É assim que podemos definir o nosso desafio de anteontem em Vila do Conde - no mesmo estádio onde em Agosto o FC Porto foi derrotado (1-3) pela equipa local. O Rio Ave, mesmo tendo subido recentemente ao primeiro escalão do futebol português, é tradicionalmente um onze difícil de enfrentar.

Voltou a acontecer.

 

Um jogo que muitos adeptos pensaram ser de desfecho fácil por seguir-se à goleada leonina frente ao Braga, na jornada anterior. O problema é que existem dois Sportings nesta Liga 2022/2023: o que joga em casa, onde tem obtido triunfos folgados, e o que actua fora de portas, onde já tropeçou várias vezes. Não apenas contra o FCP: também contra o Boavista, o Arouca e o Marítimo. Demasiados desaires para uma época só.

Desta vez a vitória andou tremida. E só aconteceu ao minuto 84, devido ao pontapé bem-sucedido do jovem Chermiti, que neste seu segundo jogo a titular - colmatando a ausência de Paulinho, castigado - se estreou a marcar. Um disparo (facilitado por um erro defensivo clamoroso de Patrick William e pelo guarda-redes Jhonatan, mal batido) que projectou para as manchetes da imprensa o avançado de 18 anos em quem o nosso treinador confia.

Houve estrelinha neste lance que redimiu um jogo medíocre de parte a parte, em que se chegou ao intervalo sem um só remate enquadrado em qualquer das balizas. Gonçalo Inácio - que falhou numerosos passes - desta vez fez chegar a bola ao alvo sem ser interceptada e Chermiti rematou sem muita força mas com instinto de goleador, metendo-a lá dentro. É disto que vivem os pontas-de-lança: avançado sem golos é como jardim sem flores.

Bastou este (0-1) para nos garantir três pontos.

 

Quase tudo o resto esteve mal durante os 96 minutos desta partida, disputada num "ervado" impróprio para a prática desportiva. O nosso corredor direito, de luto pela partida de Porro, não existiu. Esgaio e Edwards apareciam lá, mas mostraram-se inoperantes, incapazes de articular um só lance com princípio e fim. Na ala oposta, Nuno Santos andava aos solavancos, muito receoso: era óbvio que temia ser amarelado e falhar assim o clássico de domingo, em Alvalade, frente ao FCP. Rúben Amorim podia tê-lo substituído mais cedo.

O nosso meio-campo surgiu quase sempre em desvantagem numérica. O treinador do Rio Ave, Luís Freire, povoou-o com quatro elementos liderados pelo ex-benfiquista Samaris que fizeram a cabeça em água ao duo Ugarte-Morita. Passámos assim uma hora atolados num dilema: ou "saíamos em construção" desde trás, com a bola controlada, sem transpor a linha divisória, ou ensaiávamos passes longos que quase sempre resultavam em entrega ao adversário.

Difícil dizer qual dos nossos andou pior neste capítulo, incluindo Adán.

 

Felizmente o colete de forças foi afrouxando a partir do minuto 60, quando os do Rio Ave começaram a acusar fadiga. Alguns atiravam-se para o chão, simulando lesões, mas o árbitro Manuel Mota - talvez o melhor em campo - não foi na cantiga, deixando o jogo fluir. O tal "critério largo" que devia ser regra mas é excepção no futebol português.

Em noite de estreias, destaque - além do Chermiti goleador - para os primeiros minutos de dois reforços com a camisola do Sporting: o espanhol Bellerín e o marfinense Diomande. Prometem. Resta ver se cumprem.

Jogámos mal? Sim. Pouco importa: a verdade é que conquistámos os três pontos. Tantas vezes tem sucedido ao contrário: boas exibições, até show de bola com nota artística, mas sem o triunfo em campo.

Haverá quem pense o contrário. Eu prefiro assim.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Capitão, em vez de Coates - ausente por castigo. Só uma grande defesa, aos 53', mas conseguiu evitar um golo de Boateng que se isolara à sua frente. De resto, pouco trabalho. 

St. Juste - O mais veloz e voluntarioso dos nossos centrais. Funcionou várias vezes como lateral e até como ala, para compensar os frequentes eclipses de Esgaio. 

Gonçalo Inácio - Abusou dos passes na direcção errada: quase nenhum a mais de 10m lhe saiu bem. Excepto o que serviu de assistência para o golo da vitória. Redimiu-se ali.

Matheus Reis - Assobiadíssimo pela claque do Rio Ave, seu antigo clube, cada vez que tocava na bola. Tentou o golo de meia distância, como contra o Braga, mas não lhe saiu.

Esgaio - Voltou à apagada rotina de outros tempos. Lateral subido, muito colado à linha, mas incapaz de progredir em posse, de arriscar um desequilíbrio ou de centrar com critério.

Ugarte - Poço de energia, trabalhador incansável. Muito útil a anular o jogo alheio, desta vez em posição mais recuada. Menos eficaz na ligação ao ataque. Amarelado aos 77'.

Morita - Desta vez não chegou para as encomendas: os adversários tinham a missão de anular as suas incursões ofensivas. Foi o mais marcado dos nossos, a par de Pedro Gonçalves.

Nuno Santos - Demasiado contido. Percebeu-se que receava ver o quinto cartão que o afastaria do clássico. Esgotou a sua prestação útil num par de bons centros (23' e 24').

Edwards - Não combinou com Esgaio na ala direita. Foi-se alheando do jogo, revelando-se apático. Ou recebe a bola no pé, pronta para o drible, ou fica impávido, sem reacção.

Pedro Gonçalves - Condicionado pelas marcações, foi um dos que mais se ressentiram com o péssimo estado do terreno. Inventou um lance de golo aos 65': a bola rasou a barra.

Chermiti - Movimentou-se bem na área, procurando abrir linhas de passe. Amarelado cedo (18'), não se atemorizou. Noite memorável, em que se estreou a marcar na equipa principal.

Arthur - Substituiu Edwards (55'). Actuando como extremo esquerdo, procurou levar acutilância ao nosso ataque, mas também teve muita dificuldade em soltar amarras.

Trincão - Entrou aos 55', substituindo Nuno Santos. De novo incapaz de ser mais-valia. Complica os lances e demora a soltar a bola, parecendo não saber o que fazer com ela.

Jovane - Entrou aos 75', rendendo Esgaio. Fez mais passes errados do que certos. Única nota positiva: o amarelo que recebeu (90'+4) por falta táctica, impedindo ataque perigoso.

Bellerín - Substituiu Pedro Gonçalves aos 88'. Tempo insuficiente para se perceber o que realmente vale. Mas pareceu movimentar-se com desenvoltura no corredor direito.

Diomande - Saltou do banco aos 88' para render Matheus Reis. É central mas mostrou-se sobretudo junto da ala esquerda, com boa estampa física. Oxalá singre no Sporting.

O dia seguinte

Estava frio no Núcleo do Sporting onde vi o jogo, bem menos gente do que no pavilhão João Rocha num jogo da equipa feminina de hóquei em patins, a bifana muito a perder na comparação com a da roulole de Alvalade. Frio estava também em Vila do Conde, onde num batatal impróprio para consumo um Rio Ave que parecia ter estagiado com Sérgio Conceição tentou por todos os meios complicar a vida ao Sporting.

E o Sporting mais uma vez entrou em campo a tentar gerir o jogo através da circulação de bola a toda a largura do terreno, tudo muito lento e denunciado a dar tempo ao adversário para anular as iniciativas atacantes, sem condições físicas no meio-campo para ganhar nas divididas, no fundo a põe-se a jeito para qualquer coisa de má que pudesse acontecer.

Como no 3-4-3 de Ruben Amorim passa muito pelo defesa do meio a responsabilidade de distribuir jogo, caberia a Inácio ter outra dinâmica e capacidade de colocar a bola longa nos atacantes. Por outro lado, nas poucas vezes que conseguimos chegar à linha de fundo, entregámos a bola de bandeja ao guarda-redes adversário. E assim chegámos ao intervalo sem um remate enquadrado, apenas num pontapé de ressaca Morita criou perigo.

 

Veio a segunda parte, o cansaço de ambos os lados começou a pesar. Amorim tentou dinamizar o ataque com substituições, mas Trincão, Arthur e Jovane foram verdadeiras nulidades em campo. No entretanto Pote lembrou-se do que fazia há dois anos e rematou à trave. Teria sido um golaço, e duma bola perdida no ar se calhar em falta por St.Juste, nasceu uma iniciativa do Rio Ave que Adán conseguiu defender e que ia dando também o golo para o adversário.

Quando a vitória parecia uma miragem, quando já se antecipava o tudo ou nada de Amorim sempre de desconfiar, Inácio finalmente descobriu uma linha de passe para Pedro Gonçalves que fez que ia e deixou passar para Chermiti fazer o que um ponta de lança deve fazer: chutar de primeira apanhando o guarda-redes contrário na viagem e forçando o erro. 

 

Foi assim que o Sporting ganhou o jogo. Ainda houve tempo para Amorim testar a sorte colocando em jogo as novas aquisições e retirando um Matheus Reis que estava a ser um baluarte na defesa. 

Uma palavra para o árbitro Manuel Mota. Pode não ser o melhor árbitro português, mas pode dar lições sobre lidar com palhaços. 

Melhor em campo? Ugarte, o carregador de piano que tem de lidar com pianistas e que tem dias, uns melhores que outros.

E agora? Ganhar o próximo jogo em Alvalade. Logo se vê o resto.

SL

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

Dos três pontos conquistados em Vila do Conde. Foram arrancados a ferros, é um facto. E aconteceram já no final do encontro perante um adversário que vinha de cinco partidas sem vencer mas soube organizar-se no terreno de modo a condicionar o nosso jogo. Mas não valeram menos por isso. De saudar também o facto de termos voltado a vencer fora, o que não acontecia desde Novembro, em Famalicão. Num campeonato em que já perdemos 16 pontos longe de Alvalade.

 

De Chermiti. Foi o herói da noite frente ao Rio Ave. Ao segundo jogo como titular, marcou o primeiro golo na nossa equipa A. E meteu-a lá dentro na primeira - e única - oportunidade de que dispôs, aos 84'. Aproveitamento total, beneficiando de um erro primário do defesa vilacondense Patrick William num lance em que o guarda-redes Jhonatan foi mal batido. Mas a verdade é que estava lá, no sítio certo, aproveitou e passa a integrar a lista dos goleadores leoninos. Nunca esquecerá esta partida, que terminou 0-1.

 

De Pedro Gonçalves. Outra boa exibição. Coube-lhe boa parte do chamado trabalho "invisível", sem bola, abrindo linhas de passe, desgastando a defesa adversária, procurando inventar lances capazes de desbloquear o jogo. Assim aconteceu aos 65', num remate muito bem colocado, com o pé esquerdo, em que fez a bola tocar na barra: esteve a centímetros de a mandar para o fundo das redes. Crucial também a sua intervenção no lance do golo, arrastando Nóbrega numa movimentação na área que abriu caminho a Chermiti.

 

Da estreia dos dois reforços. Mesmo ao cair do pano, Rúben Amorim fez entrar o espanhol Bellerín, lateral direito (substituiu Pedro Gonçalves aos 88'), e o central marfinense Diomande (substituiu Matheus Reis também aos 88', alinhando no corredor esquerdo). Tempo insuficiente para tirar conclusões sobre o desempenho de ambos, mas é importante saber que já podemos contar com eles.

 

De ver Neto de regresso ao banco. O veterano defesa leonino, que se lesionou com gravidade, não era convocado desde 10 de Setembro. Ainda não jogou, mas sabê-lo entre os suplentes já é boa notícia.

 

De ver Nuno Santos poupado ao quinto amarelo. Tapado com cartões pelo sexto jogo, o ala esquerdo pareceu sempre algo condicionado por este facto. O treinador não arriscou em excesso: deu-lhe ordem de saída aos 55', trocando-o por Trincão. Assim poderá contar com ele no importante desafio do próximo domingo, em Alvalade, frente ao FC Porto.

 

De termos concluído outro jogo com as redes intactas. É sempre um indicador relevante. Adán, aliás, teve pouco trabalho: apenas uma grande defesa, aos 53'. Perante um adversário que neste campeonato já venceu o FC Porto. Não por acaso, já somos neste momento a terceira equipa com menos golos sofridos.

 

De Manuel Mota. Nota muito positiva para o árbitro bracarense: deixou jogar, sem interromper o tempo todo nem exibir-se como vedeta em campo. Ao contrário de vários outros, que transformam cada partida num penoso festival de apito. 

 

Da estrelinha. Acompanhou-nos em 2020/2021, quando fomos campeões após um penoso jejum de quase duas décadas. Parece ter regressado, após ausência em parte incerta, numa partida em que só fizemos um remate enquadrado - o do golo. Sem ela, será sempre mais difícil vencer jogos e ultrapassar obstáculos.

 

De ver o Casa Pia perseguir-nos a maior distância. O quinto classificado está agora oito pontos abaixo do Sporting.

 

 

Não gostei

 

Do jogo. Medíocre, quase sem balizas, num relvado impróprio para a prática de bom futebol, com ambas as equipas deixando passar largos períodos sem sequer tentarem a aproximação ao golo. O zero-a-zero ao intervalo castigava tanto o Sporting como o Rio Ave: nem um remate enquadrado, para qualquer dos lados, nesses 45 minutos iniciais. 

 

Do horário. Novamente em noite de Inverno, durante a semana, com início às 21.15, pela terceira jornada consecutiva. O Sporting continua a ser fortemente prejudicado com estes horários, que se reflectem no número de espectadores nos estádios e na receita de bilheteira. Motivos mais que suficientes para protestar. A menos que se pretenda mesmo jogar com os estádios vazios, como se ainda estivéssemos no tempo da pandemia.

 

Da ausência de Coates. Afastado por acumulação de cartões, para poder estar presente no clássico de domingo, o nosso capitão fez falta neste jogo. Sem ele, a defesa não demonstra a mesma personalidade, embora no essencial St. Juste (à direita), Gonçalo Inácio (ao centro) e Matheus Reis (à esquerda) tenham dado conta do recado. E foi até Gonçalo a assistir no golo, embora só depois de ter desperdiçado uma mão-cheia de passes longos.

 

Do nosso corredor direito. Pura e simplesmente não funcionou. Esgaio e Edwards não combinaram, um foi-se alheando do jogo e o outro fazia passes inconsequentes, mais para trás do que para diante. Não admira que tivessem sido ambos substituídos - o inglês aos 55', por Arthur; o português aos 75', pelo regressado Jovane. 

 

De Trincão. Continua sem se reencontrar. Umas vezes parece perdido, outras parece não saber o que fazer com a bola a não ser rodopiar com ela. Em campo desde o minuto 55, nada fez de relevante: limitou-se a ser mais um a empastelar o jogo.

 

De ver ainda três equipas à nossa frente. Continuamos abaixo do Benfica (15 pontos com mais um jogo para os encarnados), do FC Porto (sete pontos) e do Braga (cinco pontos). Prioridade absoluta, agora, é encurtarmos distância face ao FCP, nosso próximo adversário.

Exigência máxima

Deixemo-nos de calimerices.

Deixemo-nos daquela ladainha lamurienta do «somos sempre roubados».

Deixemo-nos da obsessiva denúncia da Vasta Conspiração Universal Contra o Sporting.

Deixemo-nos daquela conversa fofinha de que «é preciso tirar pressão dos jogadores». Como se eles não fossem futebolistas profissionais, portanto habituados a lidar com a pressão.

É o momento, mais que nunca, de exigência máxima a esta equipa que já se despediu do título, saiu da Taça de Portugal mal entrou e perdeu a final da Taça da Liga contra um rival histórico. Não é hora para desculpas: logo temos de entrar em campo para ganhar. Não sou capaz de conceber outro desfecho do Rio Ave-Sporting.

Já basta seguirmos - com o mesmo número de jogos - 15 pontos atrás do Benfica, sete atrás do FC Porto e cinco atrás do Braga.

Quente & frio

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Gonçalo Inácio e Matheus Reis festejam o golo do primeiro em Vila do Conde

 

Gostei muito da vitória do Sporting em Vila do Conde. Triunfo tranquilo, por 2-0, contra uma equipa que já tínhamos vencido por 3-0 no início do campeonato 2022/2023. Desta vez foi para a Taça da Liga, competição que conquistámos nas duas épocas anteriores. Sem brilhantismo mas com eficácia mínima, construímos o resultado aos 62' (com Gonçalo Inácio a marcar de cabeça, em estreia absoluta como artilheiro nesta temporada) e aos 73' (autogolo de Boateng), ambos na sequência de lances de bola parada. Dois jogos, duas vitórias: oito golos marcados, nenhum sofrido. Temos assegurada a passagem aos quartos-de-final desta competição, onde iremos defrontar o Braga. E já vamos no quarto jogo consecutivo a vencer.

 

Gostei de Porro, ontem o melhor em campo. Incansável. Foi quem mais incutiu dinamismo e acutilância à nossa equipa. Com grandes centros aos 36' (Paulinho), 41' (Nuno Santos) e 59' (Paulinho). Tentou o golo aos 67': merecia melhor. Esteve na origem do segundo, ao marcar de forma exemplar o canto que daria o autogolo de Boateng. Este desempenho do nosso ala direito fez-me pensar que, dos jogadores convocados para Vila do Conde, ninguém merecia tanto ter ido ao Mundial como Pedro Porro. Luis Enrique, o seleccionador espanhol, deve andar a precisar de lentes novas.

 

Gostei pouco do resultado ao intervalo: mantinha-se o nulo inicial. Registou-se supremacia óbvia do Sporting, neutralizando a equipa da casa, mas este domínio não conseguia traduzir-se em oportunidades de golo. O nosso primeiro canto ocorreu só aos 30', a nossa primeira oportunidade surgiu apenas aos 41' (por Nuno Santos). Pareceu quase sempre faltar um suplemento de ânimo aos nossos jogadores.

 

Não gostei do relvado em péssimo estado, que ia ficando cada vez mais impraticável à medida que a chuva caía, copiosa, naquele estádio onde alguns dos nossos jogadores - como Matheus Reis e Nuno Santos - actuaram em tempos idos como profissionais do Rio Ave. O terreno empapado prejudicou os profissionais mais tecnicistas, como Edwards e Trincão, incentivando um jogo duro por parte da equipa da casa. Assim piorou a qualidade do espectáculo nesta noite fria.

 

Não gostei nada do excesso de golos falhados. Paulinho desperdiçou quatro - ou por rematar frouxo ou por pegar mal na bola, aos 33', 36', 59' e 68'. Trincão tem uma perdida clamorosa à boca da baliza, aos 59'. Sotiris (um dos mais fracos dos nossos) deixou fugir um golo cantado aos 90' que lhe foi oferecido por Arthur em passe de bandeja. O grego continua a suscitar muitas dúvidas: entrou aos 84' e dois minutos depois já estava amarelado. Pior talvez só Pedro Gonçalves, novamente remetido ao meio-campo, onde mal se deu por ele. Deixou escapar um ataque promissor ao desentender-se com Nuno Santos (31') e transformou um canto num inócuo passe ao guarda-redes (41'). Pode e deve render muito mais.

O dia seguinte

O Sporting alcançou hoje em Vila do Conde uma vitória muito bem conseguida num campo sempre difícil, onde o Porto para a Liga sofreu uma derrota expressiva, mas hoje ainda mais pelas condições do tempo e do relvado.

Com Marsà e Essugo no onze inicial, o Sporting tomou conta do jogo mas com dificuldade em atacar a baliza, com Trincão e Edwards a ter muita dificuldade em lidar com aquele estado do terreno e o último passe a não sair em boas condições. Por vezes, como Pedro Gonçalves não tinha nem pernas nem físico para ajudar eficazmente Essugo na luta do meio-campo, o Rio Ave incomodou no contra-ataque.

Percebia-se facilmente que quem marcasse primeiro ganhava. Leonardo Ruiz falhou duas (meias) oportunidades, Trincão falhou uma escandalosa mas finalmente Inácio marcou. E o resultado do jogo ficou decidido: o Rio Ave, já cansado, teve de se abrir mais e o Sporting foi aproveitando, entrou o segundo golo e podiam ter entrado mais dois ou três.

Em grande forma está Porro, muito concentrado no jogo e a centrar excelentemente, pena apenas aquele remate à figura. O melhor em campo. Logo a seguir, Essugo pese mais um amarelo para o "cadastro". Todos os outros que entraram de início muito bem, também com uma capacidade física que não existia há uns tempos por razões óbvias.

Com o regresso de Ugarte e Morita, e com este Dário Essugo poderoso fisicamente e que raramente falha um passe a ser chamado mais vezes, espero que Pedro Gonçalves seja devolvido ao seu lugar, porque é mesmo um desperdício contar com ele a meio-campo. Sotiris está a fazer o seu percurso neste (para ele) novo clube e novo país também como fez Marsà para chegar ao nível que já apresenta. 

Com mais esta vitória, a quarta consecutiva, o Sporting assegura a presença na fase final da Taça da Liga, e segue o seu percurso para uma segunda metade da temporada com muito ainda para ganhar.

SL

É dia de jogo

E eu vou lá estar, doido da cabeça... desta vez no sofá em frente à TV.

Neste jogo com o Rio Ave decide-se o acesso à fase final da Taça da Liga. As duas equipas que vão defrontar-se ganharam na primeira ronda, o Sporting por goleada. Nesse jogo a grande novidade, pelo menos para mim, foi Trincão a jogar do lado esquerdo, onde se torna um jogador muito mais vertical e incisivo do que a jogar de "pé trocado", e articula muito bem com Nuno Santos.

Já regressaram os nossos mundialistas. Mas só Ugarte está em condições de ir a jogo. Os restantes terão um merecido descanso antes de enfrentar o resto da época.

Amorim já veio dizer que Adán irá alinhar, pelo que deve ser essa a única alteração relativamente ao onze que entrou contra o Farense:

Adán; Inácio, Marsà e Matheus Reis; Porro, Essugo, Pedro Gonçalves e Nuno Santos; Edwards, Paulinho e Trincão.

No banco deverão estar Sotiris, Esgaio, Ugarte, Arthur Gomes, Sotiris, Rochinha e Jovane.

Muito ainda para conquistar esta época. Confiança total em Rúben Amorim, confiança total nesta equipa!

SL

Futebol é a tristeza que balança

E a tristeza tem sempre uma esperança

Ontem, a esta hora, era a pessoa mais infeliz do mundo.

Hoje olho para a televisão, oiço as palavras do grande Vinícius: "é melhor ser alegre que ser triste", oiço o grande mestre responder: "porque bebo whisky? bebo porque é líquido se fosse sólido eu o comia".

Sorrio, sinto-me a sambar em Vila do Conde, cidade geminada com Olinda, com Rio de Janeiro e, também, com Lobata em São Tomé e Príncipe, com Mansoa, na Guiné-Bissau, com Mindelo em Cabo Verde e com Baucau em Timor-Leste.

Hoje é dia de sambar na portugalidade.

Hoje foi o dia em que a verdade goleou a mentira.

Os melhores prognósticos

O Sporting venceu o Rio Ave na estreia em casa, neste campeonato, por 3-0. Não faltou quem tivesse acertado no resultado, entre as largas dezenas de palpites aqui chegados

Fica o registo, por ordem alfabética, do quinteto triunfador: Leão do XangaiLeão 79Madalena Dine, Manuel Parreira e Maximilien Robespierre. Porque acertaram nos marcadores de dois dos três golos (bis de Pedro Gonçalves, no caso da Madalena; um do Pedro e outro de Matheus Nunes, nos restantes).

O leitor João Grácio acertou no resultado, mas apenas mencionou Matheus entre os marcadores. Enquanto os leitores Fernando, João Gil e Paulo Batista, antecipando igualmente o desfecho, só atribuíram a Pedro Gonçalves a autoria de um dos golos.

Menção honrosa também para o leitor Vasco Sousa. Anteviu o 3-0 final, faltando-lhe no entanto acertar em quem marcou.

Assim é que é: marcar três sem sofrer nenhum

Sporting, 3 - Rio Ave, 0

 

Jogo de sentido único, o de anteontem, contra o campeão nacional da segunda divisão, recém-promovido ao escalão principal. O Rio Ave - onde já jogou o nosso Matheus Reis e que deverá integrar em breve o ainda nosso Pedro Mendes - visitou Alvalade bem arrumado defensivamente, mas sem arriscar incursões ofensivas. Aferrolhou o mais possível as vias de acesso à sua baliza que só começaram a ser abertas a tiro, com disparos fortes dos nossos, ensaiando aquilo que nem sempre praticam: o remate de meia-distância.

Ugarte foi o primeiro, atirando bem colocado embora à figura do guarda-redes. Outros lhe seguiram o exemplo. Trincão - uma das figuras da partida - levou a pontaria ao extremo de acertar em cheio na barra, em remate sem defesa possível com o seu pé-canhão, o esquerdo. 

 

Desta vez não havia Paulinho. O avançado-centro ficou fora, por lesão no treino da véspera. Edwards entrou como titular, tornando a nossa frente ofensiva mais forte, mais dinâmica e mais criativa. Sem necessidade de um elemento vocacionado para «arrastar os defesas» e abrir clareiras: elas foram-se rasgando por acção do trio da frente. Pouco antes do intervalo, em jogada com toque de génio, o inglês que há meses jogava no Guimarães demoliu a muralha defensiva e serviu para Pedro Gonçalves encostar.

Foi aos 36' - assim se chegou ao intervalo.

 

No segundo tempo, já com os de Vila do Conde bastante desgastados na corrida atrás da bola que mal tocavam. o futebol leonino ganhou mais acutilância e um toque suplementar de classe. Os dois golos desse período são a prova disso.

Aos 67', a uns 30 metros da baliza, Matheus Nunes encheu o pé e atirou-a para o ninho da águia, sem que o guarda-redes lhe tocasse: quase todos os 31.760 espectadores se levantaram dos seus lugares em espontânea manifestação de alegria. Era caso para isso: acabavam de assistir a um dos melhores golos deste campeonato ainda mal iniciado.

A alegria redobrou aos 75', quando Pedro Gonçalves bisou, marcando o terceiro. A culminar, à ponta-de-lança, rápida tabelinha com soberba assistência de Trincão. E o transmontano ainda viria a fazê-la tocar no poste, quatro minutos depois. Excelente notícia: temos de volta o melhor artilheiro da Liga 2020/2021.

Confirmando que mesmo sem "avançado de referência" conseguimos ir somando golos. Já vão seis, em apenas dois jogos. Com a vantagem óbvia, na comparação com o de Braga, de neste não termos sofrido nenhum.

 

Houve ainda tempo para cuidar de pormenores, como a troca de Neto por St. Juste para o holandês ganhar ritmo, talvez a pensar no próximo embate com o FC Porto. Também para os minutos concedidos a Fatawu, que tem boa técnica mas ainda revela insuficiências no plano táctico. E sobretudo para a entrada de Esgaio, aos 80', para merecido aplauso após as imerecidas injúrias de que foi alvo pela escumalha do costume nas redes ditas sociais.

O estado anímico de uma equipa também se avalia nestes detalhes, a cargo de um treinador muito perspicaz. 

«Onde vai um, vão todos» continua a ser lema deste Sporting orientado por Rúben Amorim.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Noite tranquila: não chegou a fazer uma defesa digna desse nome. Melhor momento: saiu muito bem da baliza aos 32', anulando um contra-ataque.

Neto - Estreia neste campeonato após cumprir jogo de castigo. Transmitiu segurança e maturidade à equipa. Substituído aos 72'.

Coates - Impôs a sua cadência no plano defensivo, ganhou todos os lances aéreos, foi tranquilo sem ser passivo. Como de costume.

Gonçalo Inácio - Devolvido à ala esquerda dos centrais, sua posição natural, atreveu-se a sair com a bola mais de uma vez. O jogo permitia-lhe tal ousadia. 

Porro - Imparável no domínio do corredor direito. Quis fazer tudo muito rápido, embora nem sempre os cruzamentos lhe saíssem bem. Cedeu lugar a Esgaio, perto do fim.

Ugarte - Estreia a titular no campeonato. Aposta ganha: funcionou como sucessor de Palhinha a recuperar bolas. Primeiro a tentar a meia distância. Saiu amarelado (65').

Matheus Nunes - Assumiu-se pelo segundo jogo consecutivo como patrão do nosso meio-campo. E marcou um golo em forma de tiro imparável que vale a pena rever.

Matheus Reis - Amorim preferiu apostar nele como ala esquerdo, deixando Nuno Santos no banco. O brasileiro parece mais retraído do que na época passada.

Trincão - Ao segundo jogo, prova que é reforço - e pode vir a ser uma das figuras do campeonato. Tiro à trave (26') e assistência para golo (75').

Pedro Gonçalves - Melhor em campo: marcou dois golos, enviou uma bola à barra e ainda teve ocasião soberana de marcar outro (46'). 

Edwards - Com Paulinho ausente, foi ele o titular. E cumpriu com distinção. Não marcou, mas deu a marcar o segundo e o terceiro. Criativo e desequilibrador.

Morita - Desta vez ficou no banco de início. Entrou aos 65', rendendo Ugarte, sem revelar a mesma intensidade do uruguaio como médio defensivo.

Rochinha - Voltou a ser suplente utilizado, substituindo Edwards aos 72'. Cumpriu, mesmo sem brilhar como na partida anterior.

St. Juste - Entrou aos 72' para o lugar de Neto. Amorim procura proporcionar-lhe minutos para que possa ascender a titular. Missão bem-sucedida.

Fatawu. Em campo desde o minuto 80 (rendeu Trincão). Procura com muita insistência o golo abusando da jogada individual. Bons dotes técnicos.

Esgaio - Substituiu Porro aos 80', entrando sobretudo para os aplausos que a massa adepta não lhe regateou. Mostrando-lhe que ele é um dos nossos.

3 notas

Três notas sobre o jogo de ontem.

1) Diz a estatística que o Sporting cometeu 15 faltas e o Rio Ave 6. De facto os números dizem que o árbitro apitou 15 vezes contra o Sporting e 6 contra o RA. Convido-vos a reverem o jogo na box e é possível que concordem que o miserável Mota soprava no apito cada vez que um avícola se espojava no chão a espernear de dores excruciantes depois de perder a bola, ao passo que, por exemplo, uma falta evidente sobre Trincão à entrada ou já dentro da área passou em claro, além de outras trancadas desferidas com impunidade. O cartão amarelo a Ugarte foi outra indignidade que ele já trazia preparada, além dos olhares coruscantes lançadas a Pote e a Matheus Nunes, danadinho para os admoestar. Este Mota é um finório e perpetrou uma arbitragem subtil, mas não menos acintosa. Não se deixem enganar. 

2) Os primeiros 20' do jogo do Sporting foram penosos. Circulação de bola exaustiva no meio-campo e nenhum remate à baliza. Na verdade, aqueles minutos puseram o autocarro do RV e o atrelado estacionados à frente dele, a abanarem para cá e para lá, feitos parvos a correrem atrás da bola, até se desengoçarem. As contas fazem-se no fim e aquilo que parece um problema afinal pode ser uma solução. O futebol vê-se com paciência.

3) É sina dos sportinguistas viverem rodeados de lampiões e tripeiros no dia-a-dia. Ir a Alvalade deveria ser, por isso, entrar numa zona livre dessa peste. Mas os cretinos da JuveLeo lá estão para trazer à baila cânticos sobre a vida matrimonial dos lampiões e sobre as práticas sexuais do tripeiros. Porra, que até em Alvalade o nome dessa gente acaba por aparecer. E o pior é que apesar das vaias incomodadas da maioria do estádio, eles insistem, insistem... Quando é que a máfia das claques é erradicada?

Rescaldo do jogo de ontem

Gostei

 

Das alterações promovidas pelo treinador. Uma forçada, duas por opção técnica. Paulinho, lesionado, cedeu lugar a Edwards no onze titular. Neto foi central à direita, com St. Juste no banco, permitindo a Gonçalo Inácio alinhar à esquerda, sua posição natural. Ugarte foi o médio defensivo inicial, ficando Morita no banco. Três mudanças face ao onze titular que começou na jornada anterior, contra o Braga. Todas resultaram.

 

Da vitória clara contra o Rio Ave. Dir-se-ia que era o adversário ideal para esta nossa estreia nos jogos em casa da Liga 2022/2023. Não teria de ser assim: nos três jogos anteriores, para duas competições, a equipa de Vila do Conde agora regressada à principal divisão do futebol português tinha-nos imposto empates em Alvalade. Desta vez o enguiço quebrou-se. Com triunfo leonino por 3-0.

 

De Pedro Gonçalves. Errante na nossa frente de ataque, começando por integrar o tridente ofensivo pela esquerda, como mais gosta, voltou a ser crucial para nos render os três pontos. Com dois golos: o primeiro à ponta-de-lança clássico, encostando em posição frontal para desfazer o nulo que se mantinha aos 36'; o segundo após tabelinha de luxo com Trincão fixando o resultado aos 75' num toque de classe à mercê de poucos. E ainda mandou uma bola à barra, quatro minutos depois. O homem do jogo.

 

Do golão de Matheus Nunes. A partir dos 20 minutos, dada a dificuldade do Sporting em romper linhas perante a compacta muralha defensiva vilacondense, terá havido instruções expressas do treinador para recorrer aos remates de meia-distância. E assim aconteceu, pondo à prova a resistência adversária e a pontaria dos nossos jogadores. Nenhum tão brilhante como Matheus Nunes, que marcou o segundo - primeiro da sua conta pessoal nesta Liga - num espectacular tiro, absolutamente indefensável, que fez levantar o estádio aos 67'. Candidato desde já a um dos melhores golos do ano.

 

De Edwards. Começou na frente do ataque, como falso ponta-de-lança, mas cedo descaiu para as alas, em movimentos de ruptura, criando desequilíbrios. Em duas dessas situações assistiu para golo. Foi ele a desenhar o primeiro, em brilhante manobra da direita para o centro perto da linha final, limitando-se Pedro Gonçalves a encostar para as redes; foi ele a assistir Matheus, no flanco oposto, para o segundo. Só lhe faltou marcar também para ser o melhor em campo. Sério candidato a manter-se no onze titular.

 

De Trincão. Começa a ver-se aquele que foi o reforço mais sonante deste Sporting da nova temporada. De início algo inconsistente, preso às marcações. Mas foi-se soltando, evidenciando boa técnica individual, neste seu segundo jogo oficial de verde e branco. Aos 26', num pontapé cheio de colocação, desferiu um tiro à trave. E assistiu Pedro Gonçalves no terceiro, em combinação perfeita com o colega. Como se jogassem juntos há vários anos. Mereceu os aplausos escutados aos 80', quando foi substituído.

 

De Ugarte. Regressado de lesão que o impediu de integrar o lote inicial de jogadores na partida contra o Braga, recuperou o lugar no onze. E cumpriu a missão de que Rúben Amorim o investiu: fazer de Palhinha, como primeiro dos nossos defensores, embora uns metros mais à frente pois o Rio Ave fechou-se muito no seu reduto. Foi ele o primeiro a tentar romper a muralha adversária num pontapé de meia-distância, aos 21'. Aos 40', noutro remate, fez a bola rasar a trave. Campeão das recuperações: destacou-se neste domínio. Já amarelado, deu lugar a Morita aos 65'. Missão cumprida.

 

Do nosso domínio absoluto. Desta vez não nos limitámos a exibir "posse de bola": soubemos mesmo o que fazer com ela. Criando oportunidades em série que podiam até ter duplicado o número de golos. Enquanto o Rio Ave não dispôs sequer de uma situação concreta para marcar.

 

De termos mantido as redes imaculadas. Nem uma ameaça séria à nossa baliza: folha limpa após os três sofridos em Braga. Assim é que é.

 

Dos seis golos em dois jogos. Começamos bem neste domínio, revelando capacidade ofensiva superior à da época passada. Há que manter este registo, mesmo sem ponta-de-lança titular. Numa equipa que adoptou como lema «onde vai um, vão todos» a palavra de ordem passa a ser «se um marca, os outros marcam também». 

 

Da arbitragem de Manuel Mota. Com critério largo, sem interromper a partida por tudo e por nada no excelente relvado de Alvalade nem procurar ser ele o protagonista com recurso ao apito, permiitiu que os lances fluíssem. Foi ajudado pelos jogadores, há que reconhecer. O espectáculo saiu valorizado: poucas paragens, 62' de tempo útil de jogo - média muito superior ao habitual. Só assim nos aproximaremos dos melhores parâmetros do futebol europeu.

 

Da sentida homenagem inicial a Chalana. Exemplar desportivismo num estádio com 31.760 espectadores quando se honrou a memória do craque do Benfica - e da selecção nacional - há dias falecido.

 

Do aplauso do estádio a Esgaio. O lateral nazareno entrou aos 80', rendendo Porro. Ocasião apropriada para uma das notas desta noite amena em Alvalade: ovação vibrante ao jogador, que teve um deslize em Braga e foi injuriado pela matilha do costume nas redes ditas sociais. Estas palmas a um brioso jogador da nossa formação funcionaram também como expressiva vaia à tal matilha, letal ao Sporting.

 

 

Não gostei

 

Do resultado ao intervalo. Aquele 1-0 sabia a pouco. E não dava garantias suficientes de que a vitória tangencial pudesse ser mantida num lance fortuito do Rio Ave capaz de encaminhar a bola para a nossa baliza. Merecíamos mais face às oportunidades criadas. 

 

Dos 20 minutos iniciais. Demasiada troca inconsequente da bola, para o lado e para trás, enquanto os de Vila do Conde cortavam com eficácia as nossas linhas de passe. Era preciso romper aquele cerco. O primeiro a lançar o aviso foi Ugarte, de meia distância. Edwards seguiu-lhe o exemplo três minutos depois, aos 24'. Estava dado o mote para o que viria a ser uma vitória que até pareceu demasiado fácil. 

 

De St. Juste. Segundo jogo oficial, novamente relegado para o banco sem integrar o onze inicial. Desta vez, com Gonçalo bem encaixado como central à esquerda, Neto teve prioridade à direita. O holandês entrou só aos 72', claramente para ganhar minutos que possam compensar o facto de quase não ter feito pré-temporada por lesão. Está ainda longe da melhor forma, indiciando que também não será titular na próxima ronda, no Dragão.

O dia seguinte

Quem tivesse dúvidas sobre a capacidade de Rúben Amorim não apenas como treinador mas como manager do futebol do Sporting, ontem deveria tê-las tirado.

Porque não se tratou apenas de resolver o problema da lesão de Paulinho e substitui-lo por um Edwards qualquer.

Tratou-se de pôr em prática um plano de ataque alternativo, o tal plano B, pensado e trabalhado a um ano de distância, ensaiado primeiro com Sarabia à imagem da selecção espanhola, depois indo à procura de jogadores como Edwards, Rochinha e Trincão para se juntarem a Pedro Gonçalves nessa ideia de ataque móvel, com permanentes recuos no terreno e trocas de posição na frente de ataque. O jogo com a Roma no Algarve foi um teste muito importante desse plano, no qual Edwards se sente como peixe na água.

Antes do mais convém alertar que o plano tem limitações evidentes: incapacidade no jogo aéreo na área adversária, incapacidade de criação de espaços por arrasto de defesas pelo ponta de lança, apelo à imprevisibilidade dos atacantes que tanto perturba a equipa adversária como exponencia as próprias falhas, e convite à defesa contrária a fechar espaços no centro e a aguardar o inevitavel drible ou passe perdido numa floresta de pernas.

 

O jogo de ontem foi assim. Contra um Rio Ave fechado num 5-3-2 o Sporting tentou por um lado e por outro, com os jogadores muito presos às posições, mas teve muitas dificuldades em criar perigo, e apenas aos 20 minutos rematou à baliza por Ugarte. Mas esse lance animou a equipa, os jogadores libertaram-se, o domínio tornou-se avassalador e as oportunidades sucederam-se por Edwards (remate enquadrado), Porro (idem), Trincão (tiraço na barra) e Pedro Gonçalves (completamente isolado passa ao guarda-redes), até que numa dessas trocas de posição dos atacantes, com Edwards à direita e Trincão no centro, Edwards solicitado por Porro faz tudo bem feito e oferece o golo a Pedro Gonçalves. E, ainda com um bom remate de Ugarte à figura, chegámos ao intervalo, com um resultado que sabia a muito pouco para uma tão boa segunda metade da 1.ª parte.

Depois do intervalo, o Rio Ave manteve o autocarro bem estacionado lá atrás. O Sporting entrou mal no jogo outra vez, a perder passes, para logo voltar ao domínio avassalador a explorar o progressivo cansaço do adversário até Matheus Nunes alçar da perna e pôr ponto final na discussão dos pontos. Um golaço do nosso MVP, é impossível não perceber a qualidade do jovem que fomos buscar ao Estoril e acabámos de formar nos sub23.

Depois disso foi tempo de descansar em cima do resultado e rodar jogadores, sempre numa toada de ataque que ainda deu mais um golo de Pedro Gonçalves.

 

Melhor em campo? O colectivo. Ou então Matheus Nunes pelo golaço. Pedro Gonçalves marcou dois e falhou outros tantos. Edwards é um espectáculo dentro do espectáculo.

E se, jogando muitas vezes para trás e para os lados, marcámos três golos e falhámos bem mais, enquanto o adversário ficou a zero sem sequer ter tido qualquer oportunidade de marcar, de quem é o mérito máximo afinal?  De Rúben Amorim e do modelo de jogo que escolheu.

Impossível não mencionar também o grande ambiente em Alvalade, com muitos emigrantes com os filhos pela mão, e o grande aplauso ao Ricardo Esgaio quando entrou. O nazareno merece mesmo, aposto que um dia destes ainda vamos ver o melhor Esgaio para alguns engolirem de vez o que têm vindo a dizer.

SL

{ Blogue fundado em 2012. }

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