Do resultado do Sporting-Belenenses SAD. Terminou empatado 2-2: foi o nosso terceiro empate nos últimos quatro jogos, indício evidente de quebra global da equipa. Mas pior foi a exibição: só por volta dos 70' os nossos jogadores parecem ter despertado da letargia que se apoderou deles em campo. Jogando sem ritmo, falhando passes, abusando dos atrasos ao guarda-redes, com lentíssima circulação de bola. Pareciam estar a cumprir uma tarefa burocrática na repartição. Como se não quisessem ser campeões.
De Adán. Tinha brilhado no jogo anterior. Desta vez borrou a pintura, com um erro inadmissível, daqueles que podem custar campeonatos: apertado por Cassierra, hesitou quanto ao pé a utilizar na saída de uma bola e acabou por chutar no ar, desequilibrando-se. Ofereceu assim ao Belenenses SAD o segundo golo. Iam decorridos 54', passávamos a perder 0-2. Nos minutos imediatos instalou-se o descontrolo emocional na equipa. A partir daí foi tremideira até ao fim.
De João Mário. Exibição apática do campeão europeu, que abusou de jogar a passo e das lateralizações sem rasgo, incapaz de queimar linhas ou de um passe de ruptura. Pior ainda: ao ser chamado para converter um penálti, aos 42', permitiu a defesa de Kritciuk. Foi substituído aos 67', tendo saído tarde de mais.
De Gonçalo Inácio. O pior jogo do jovem central desde que ascendeu à nossa equipa principal. Está de algum modo envolvido nos dois golos: no primeiro, logo aos 13', deixou-se fintar por Miguel Cardoso, que colocou a bola na área; no segundo, quando o Sporting precisava de construir um rápido lance ofensivo, optou por mais um burocrático atraso a Adán num passe de risco, que precipitou o erro do guarda-redes.
De Tiago Tomás. Outra exibição para esquecer. Aos 4' já estava a ser amarelado por uma entrada negligente, por trás, no meio-campo defensivo do Belenenses SAD, sem qualquer necessidade. Depois falhou três vezes a possibilidade de atirar com sucesso às redes azuis: aos 18' chutou para a bancada; aos 23', saiu-lhe um remate frouxo; aos 28', bem servido, desperdiçou a melhor oportunidade. Péssimo no capítulo da finalização. Foi bem substituído ao intervalo.
De Paulinho. Uma nulidade. Sucedem-se as jornadas com o nosso ponta-de-lança sem demonstrar em campo as qualidades que fizeram dele a contratação mais cara do Sporting. Atravessa uma evidente crise de confiança: nunca está no sítio certo quando é necessário. Foi preciso Coates, um central, ir lá à frente mostrar-lhe como se faz. O ex-artilheiro do Braga já parece ter esquecido. E nem serve para marcar penáltis. Como se implorasse ao treinador para o deixar fora do onze titular.
De Palhinha e Porro. Dois dos nossos melhores jogadores nesta época 2020/2021 vieram irreconhecíveis da mais recente pausa para desafios das selecções A em que ambos se estrearam. Em nítida quebra de forma, contribuíram ambos para a apagada exibição da equipa.
Dos ataques inconsequentes. Em remates, o desequilíbrio neste dérbi lisboeta dificilmente podia ter sido maior: 28 do nosso lado e apenas três do Belenenses SAD. Problema: os nossos foram quase todos muito ao lado ou resultaram em pontapés frouxos que o guarda-redes deles facilmente interceptou.
Das substituições tardias. Este desafio, contra uma equipa que defende com linhas muito baixas, pedia desequilibradores e criativos. Mas eles estavam quase todos no banco. E só foram lançados na segunda parte, por esta ordem: Nuno Santos (46'), Tabata (61'), Jovane (67'), Daniel Bragança (67') e Matheus Nunes (77'). Foi quanto bastou para o empate, alcançado no último lance do desafio. Mas já não chegou para a reviravolta que se impunha: ficaram mais dois pontos pelo caminho.
Das hesitações do treinador. Rúben Amorim, ausente do banco por castigo, demorou muito a desmanchar o sistema dos três centrais que já não fazia qualquer sentido com a nossa equipa a perder por 0-2 e o Belenenses SAD totalmente remetido ao seu reduto defensivo. Impunha-se reforçar as linhas dianteiras, o que só aconteceu aos 77', quando Coates - quase em desespero táctico - passou de central a ponta-de-lança improvisado. Lá atrás ficavam Gonçalo e Matheus Reis, que chegaram e sobraram. Não fazia falta mais nenhum.
Gostei
De Coates. Voltou a fazer a diferença, marcando o seu sétimo golo desta temporada. Este Sporting 2020/2021 - que já conquistou nove pontos no tempo extra - deve muito ao internacional uruguaio, não apenas no domínio defensivo, onde é um baluarte, mas também quando é preciso desatar os nós lá na frente. O nosso primeiro golo resultou de um forte cabeceamento do nosso capitão, elevando-se acima da muralha defensiva azul, aos 83'. Voto nele como melhor em campo.
De Jovane. Parece ser uma espécie de patinho feio no Sporting de Rúben Amorim. A verdade, porém, é que costuma corresponder quando é chamado. Voltou a acontecer: entrou aos 67', rendendo Palhinha, e funcionou como talismã leonino. Aos 90'+4 ganhou um penálti que ele próprio converteu num pontapé imparável. Valeu-nos um ponto e mostrou a João Mário como se faz.
De Nuno Santos. Faltava quem soubesse cruzar com critério e qualidade. E foi do pé esquerdo dele que saiu esse centro que tanta falta nos fazia. Com precisão cirúrgica, a partir da linha, para a cabeça de Coates. Outra assistência para golo de um jogador que tão útil nos foi na primeira volta mas deixou de ser titular com a chegada de Paulinho. Tem de voltar ao onze inicial. O Sporting precisa dele em campo, não no banco.
De Nuno Mendes. Foi o único que na primeira parte sobressaiu da mediocridade e da mediania. Se alguém merecia a vitória, era ele. Bom nos duelos individuais, sem ter medo de transportar a bola, aos 41' foi ele a sofrer a falta que deu origem ao primeiro penálti de que beneficiámos neste jogo - o tal que João Mário foi incapaz de converter.
De termos cumprido o 28.º jogo seguido sem perder. Outro máximo ultrapassado: continuamos a ser a única equipa invicta na Liga 2020/2021. A seis jornadas do fim.
Dos 70 pontos já atingidos. Estamos a três vitórias de conseguir o acesso directo à Liga dos Campeões.
De Nuno Almeida. Actuação impecável do árbitro algarvio, com critério largo e sem hesitar nos momentos potencialmente mais controversos, apontando duas vezes para a marca da grande penalidade.
Da atitude da equipa nos 20 minutos finais. A perder por 0-2, os nossos jogadores encheram-se de brios, carregaram no acelerador e fizeram enfim enorme pressão sobre o Belenenses SAD, que passou a aliviar de qualquer maneira. Só foi pena terem esperado tanto tempo para mostrarem como se deve fazer. Não podiam ter despertado mais cedo?
De termos contrariado Petit. O benfiquista que treina o falso Belenenses, com a boçalidade que o caracteriza, tinha expressado na véspera do jogo o desejo de «tirar a virgindade» ao Sporting. A ele é que ninguém consegue tirar a grunhice. Trata-se de um caso irrecuperável.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-Belenenses SAD pelos três diários desportivos:
Jovane: 16
Coates: 16
Nuno Santos: 15
Nuno Mendes: 15
Tabata: 14
Daniel Bragança: 13
Tiago Tomás: 12
Palhinha: 12
Paulinho: 12
Matheus Nunes: 11
Matheus Reis: 11
Pedro Gonçalves: 11
Porro: 10
João Mário: 10
Adán: 10
Gonçalo Inácio: 10
A Bola e o Record elegeram Nuno Mendes como melhor jogador em campo. O Jogo optou por Jovane.
Nem vale a pena pensar muito no assunto, de facto, a ignorância é uma benção. Mas depois de hoje talvez fosse de olhar para Jovane como o sucessor de alguém na equipa. Merece-o.
Fotos: perfil Instagram Sporting Clube de Portugal
Aqui está um dos fulcrais destes dois resultados menos positivos: deixamos de jogar pelas alas. Quando temos um ponta de lança, deixamos de "fazer" jogo para a área.
Ontem [anteontem] vi um defesa/ala esquerdo com 18 anos a jogar sozinho contra três adversários e mesmo assim sem comprometer. Vi igualmente um defesa/ala direito, sozinho, sem chama e descoordenado, que depois de ser chamado à seleção desaprendeu de jogar e que comprometeu. Foi a segunda vez em dois jogos seguidos que sofremos golos a partir do lado direito.
Vi também um João Mário a jogar naquele estilo muito peculiar de não se querer gastar muito nem sujar os calções.
Por último, vi uma defesa completamente perdida a sofrer um golo de forma indesculpável.
Já afirmei mais do que uma vez: neste momento o Sporting não tem ninguém além de Plata que faça a diferença no um-para-um e para desbloquear jogos precisam-se de artistas. Jovane, mais uma vez, não aproveitou para fazer a diferença e mostra que o caminho em Alvalade já não deve ser muito mais longo.
Continuo a não perceber o súbito desaparecimento de Matheus Nunes, um dos poucos que seguram e transportam a bola em condições.
Pedro Gonçalves, com uma das melhores exibições dos últimos tempos, jogando solto sem ficar amarrado a uma posição no terreno, fez-me lembrar um pouco o Adrien mas com mais golo.
Concluíndo. Amorim falhou pela segunda vez nas opções que fez e demonstrou algum nervosismo durante quase todo o jogo.
Se é verdade que ainda estamos à frente por seis pontos, também é verdade que vejo os principais adversários a jogar com mais atitude e contando ainda com mais soluções no banco.
Nota final. Pela primeira vez não gostei do discurso de Amorim. A ideia de que o Sporting já "ganhou" o campeonato com a valorização de alguns jogadores e, se o perder efectivamente, é o treinador que o perde, não me parece a política mais correcta. Na prática nada está ganho: o Sporting e seus jogadores só ganham se forem campeões e chegarem à liga milionária.
Texto do leitor Luís Barros, publicado originalmente aqui.
O "O Jogo" de hoje diz que a gente vai embrulhar o Jovane Cabral num laço bonito, puxá-lo com a tesoura como se faz nos presentes, ao laço, claro e que o vamos oferecer por 10 milhões de Euros ao primeiro que aparecer.
Porra, até eu que não gosto nada do Varandas e que às vezes ando distraído, percebo que isto é conversa pra boi dormir. Em português de Portugal, notícia para desestabilizar.
Pois podem vir com as bombinhas de carnaval ou o fogo de artifício da passagem de ano e até com os alho-porros e as cascatas sanjoaninas, que daqui não levam nada.
A gente tem cá umas divergências internas, mas isto é como os nossos filhos, a gente sabe que eles às vezes se portam menos bem, mas ai de quem diga mal deles...
Portanto, virem lá as baterias para outro lado, que daqui este ano não levam nada!
Um dos golos mais fabulosos que pude celebrar em estádio nos últimos anos é o de Jovane contra o Rio Ave há duas épocas. Um tiro de pé esquerdo, fora da área, seco e colocadíssimo. Daqueles momentos, raros, em que a Liga portuguesa parece a Premier League. Juntamente com outas obras de arte, esse golo pode ser visto ao segundo 19 deste vídeo:
Atenção neste vídeo também para os livres diretos de Jovane. No ano passado, foi juntamente com Mathieu quem mais se destacou neste capítulo.
Jovane não é um jogador vulgar. Pela audácia, pela alegria de jogar. Pelos golos, pelas assistências.
Estes números do Pedro Azevedo n´O Castigo Máximo demonstram também outra qualidade pouco reconhecida a Jovane: eficácia. Precisa de poucos minutos em campo para fazer a diferença, seja com um golo ou uma assistência.
Jovane é... jovem. Falha, e no passado decidia mal. Tem melhorado nesse aspeto, visivelmente. O jogo com o Porto desta semana mostrou um Jovane com a audácia de sempre, mas com muito melhor decisão e colocação de remate.
Não temos mais nenhum Jovane no plantel. E temos poucos jogadores no plantel capazes de partir para cima de uma defesa e colocar a bola no fundo das redes adversárias.
Pasmo, portanto, com a aparente abertura da direção em vender Jovane:
Admito que seja apenas especulação. Espero que seja apenas especulação.
Porque vender Jovane - ainda por cima baratinho, como agora vendemos jogadores (Matheus Pereira, Acuña, Vietto...) - seria talvez das decisões de mercado mais imbecis já tomadas por esta direção. E, como somos diariamente recordados pelo camião de contratações sem préstimo que se arrastam pelo Clube, não são poucas as compras e vendas estapafúrdias a que assistimos nos últimos anos.
Jovane Cabral chega ao Sporting e à Academia de Alcochete em 2015 vindo do Grémio Nhagar de Cabo Verde, com apenas 16 anos de idade, sendo integrado na equipa de Juvenis, estreando-se logo com 4 golos marcados, num jogo em que o Sporting ganhou por 15-0 ao GRAP.
Chega ao fim da época de 2016/2017 já integrado na equipa B com números relativamente modestos, 53 jogos, 16 golos marcados, muito por causa das lesões que foram surgindo.
No dia 28 de Março de 2017 estreou-se pela Seleção Nacional A de Cabo Verde, entrando no decorrer da 2ª parte de um jogo amigável onde a sua equipa ganhou por 2-0 no Luxemburgo.
No inicio da época de 2017/18 foi chamado por Jorge Jesus para integrar o estágio da equipa principal na Suíça, onde participou em dois jogos, sendo depois devolvido à Equipa B. Pouco depois, a 12 de Outubro estreou-se pela equipa principal ao entrar para o lugar de Mattheus Oliveira, no decorrer da 2ª parte de um jogo a contar para a Taça de Portugal, em que o Sporting derrotou o Oleiros por 4-2. Foi a primeira e a única oportunidade que Jorge Jesus lhe deu, deve ter-lhe posto o mesmo selo na testa de Palhinha, Matheus Pereira e Esgaio. Para além deste jogo, nesse ano conta apenas com 14 jogos pela B e 1 golo marcado.
Quando Sousa Cintra assumiu a SAD, para juntar os cacos causados pela irresponsabilidade de alguns e a cobardia de outros, deparou-se com um jovem a ganhar muito pouco para o que valia, renovou-lhe o contrato que terminava no final dessa época até 2023, deu-lhe um salário digno de primeira equipa e diz ele, "Ainda lhe dei 100 mil euros para ele ir comprar uma casa, para ele e para a mãe. Para ter condições dignas, de acordo com o pergaminhos do clube e com aquilo que o jogadores devem ter: paz, um ambiente tranquilo". Jovane Cabral retribuiu com um bom arranque de campeonato, sendo distinguido no final desse ano com o Prémio Stromp na categoria Revelação. Diz quem lá esteve que é um rapaz inteligente e de muito bom trato. Para além disso uma vontade sem limites de treinar e de aprender, como testemunham Bruno Fernandes e Tiago Fernandes.
Nestas últimas duas épocas e meia, Jovane continua a apresentar números modestos para o protencial que demonstra, cerca de 60 jogos e 15 golos, mas já conseguiu marcar alguns golos completamente fora-de-série como o primeiro de Leiria.
Olha-se para Jovane e vê-se um pequeno Hulk, um corpo super-trabalhado em ginásio, uma potência física tremenda. Mas tudo isso tem tido custos para um jovem que não chegou assim de Cabo Verde, e as lesões tem sido recorrentes. Quando regressa das lesões depara com uma equipa formatada e tem de se encaixar nas necessidades imediatas da equipa, às vezes bem diferentes daquelas que eram quando se lesionou. Se calhar por isso mesmo, rende bem mais quando vem do banco com liberdade para desequilibrar do que quando tem de entrar de início e cumprir um programa táctico exigente a defender e a atacar.
Como tem feito com outros jovens, Frederico Varandas tem tentado o prolongamento de contrato com reforço de cláusula de rescisão, mas o Jovane e os seus representantes tem resistido, pelo interesse que veem noutras latitudes. E assim, tem vindo a lume que o Sporting aceitaria a sua saída por um valor mínimo apreciável, mas longe do que ele pode vir a render no futuro. Não nos esqueçamos porém que hoje em dia muitos jogadores/empresários preferem esgotar os contratos e sair depois embolsando eles mesmo a compensação devida ao clube, como tem acontecido e está a acontecer com o Porto. Por isso mesmo, é melhor vender por menos antes do que por zero depois.
Com tudo isto, Jovane continua a ser uma incógnita, nem ele nem o Sporting sabem com o que podem contar. Se as lesões o deixarem em paz, se o trabalho dedicado da estrutura médica e de alto rendimento do clube conseguir ajudar a resolver o problema, vai ser sem dúvida o nosso melhor reforço da 2ª metade da época.
Mas para já foi e será para sempre o nosso herói de Leiria como Miguel Garcia o é de Alkmaar.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-FC Porto (meia-final da Taça da Liga) pelos três diários desportivos:
Jovane: 22
Pedro Gonçalves: 17
Coates: 16
Matheus Nunes: 15
Feddal: 15
Palhinha: 14
Nuno Santos: 14
Antunes: 12
João Mário: 11
Adán: 11
Gonçalo Inácio: 11
Porro: 11
Tiago Tomás: 10
Daniel Bragança: 6
Plata: 6
Os três jornais elegeram Jovane como melhor jogador em campo.
Eles marcaram um golo daqueles que nem nos distritais se sofre, que o Marega era logo ceifado a meio daquela corrida toda. E deram a coisa como arrumada e encostaram-se lá atrás.
O Amorim demorou meia parte para tirar o João Mário, que parece que tem cola nas pantufas ultimamente e desta vez meteu o Jovane Cabral, que rima com... festival, que foi aquele primeiro golo, a passar por um carreiro deixado limpo pela defesa e se virem, até parece ter sido desenhado a régua e compasso e foi executado com tal maestria que me fez lembrar o grande tomarense Fernando Lopes-Graça, a dirigir uma qualquer orquestra, ou os seus cantores da Academia dos Amadores de Música, numa das Canções Heróicas, como herói foi ontem o nosso menino Jovane, como que a cantar bem alto o "Acordai" para os colegas. Que bem lhe souberam, certamente, aquelas lágrimas no final do jogo. Houvesse público e a ovação teria sido de pé.
E depois, logo a seguir, ainda o Ceição estava a guardar o primeiro melão, o Jovane deu-lhe cabo do coração!
A gente não jogou grande coisa, é certo, mas o que conta são as que batem lá dentro e assim sendo, Ceição, toma Kompensan que isso ajuda. Ou ouve Lopes-Graça, que relaxa.
Chama-se Carlos Bruno Charrua, foi preparador físico do Sporting Clube de Portugal desde 1998 até ao mais recente despedimento colectivo.
Parabéns, caro Carlos Bruno. Muito obrigada pelo Esforço, Dedicação e Devoção ao longo dos últimos 23 anos e os meus sinceros votos de boa sorte nesta nova etapa.
Ficam as palavras de quem melhor o conhece e a certeza de que muita da Glória da última noite, é sua.
Dizem que Sérgio Conceição nasceu e cresceu Sportinguista, o clube da aldeia dele é o Ribeirense, uma filial do Sporting. Se calhar por isso mesmo, sempre com o cérebro meio baralhado por tantas emoções do passado ou a antecipar excursões futuras a Lisboa na reforma, tem sido um contribuinte fiel e dedicado de taças para o museu do Sporting. Foi a Taça de Portugal no tempo do Marco Silva, a Taça da Liga e a Taça de Portugal no tempo do Marcel Keizer, e agora com Rúben Amorim fez o que estava ao seu alcance para levar para lá mais uma, especialmente quando tirou o Marega do campo para pôr lá o Tony, o Jovane encarregou-se do resto. Depois lá disfarçou na flash-interview como pôde: falou dum jogo que só ele viu, à moda do tal papagaio vermelho, falou num clube regional sempre a lutar contra tudo e contra todos, enfim, lá disfarçou a coisa. Agora tem de ser o Sporting a concluir a tarefa, temos de ganhar a final ao Benfica A ou B (este distingue-se pelas mangas brancas), mas acredito que vamos conseguir, até para não deixar mal o nosso Serginho.
Foi interessante ver o jogo ouvindo o ex-treinador Vitor Pereira a preparar o terreno para o regresso, e a explicar porque é que o Porto joga tão pouco, diz ele que faltam muitas entrelinhas e momentos de superioridade a meio-campo. Realmente o Porto de ontem realmente quase se resumiu aos momentos de inspiração de Corona e de Marega, este último consegue até marcar um golo num raide de 1 contra 5. Mas isso também aconteceu porque o Sporting não deixou. Não é nada fácil ganhar a este Sporting sub-23 reforçado.
Se calhar alguns Sportinguistas ainda não se deram bem conta da qualidade do treinador que têm. O Sporting venceu ontem o Porto não com Maregas e Coronas, mas com Gonçalo Inácio (18), Tiago Tomás (18), Plata (20), Porro (21), Daniel Bragança (21), Pedro Gonçalves (22), Jovane Cabral (22) e Matheus Nunes (22). Todos eles, naturalmente falhando um lance ou outro, estiveram a um nível elevado, adultos e concentrados, interpretando muito bem o 3-4-3 de Amorim. Conjuntamente com os mais velhos, Adán, Coates, Feddal, Antunes, Palhinha, João Mário, Nuno Santos, conseguiram aguentar o Porto, e estando a perder a 15 minutos do fim, tiveram a confiança e a audácia para ir para cima deles e reverter o resultado. Como quase fizeram em Alvalade, recordam-se que o Vietto falhou aquele golo de cabeça mesmo a terminar a partida?
Bom, agora lá se vai a ideia de fazer descansar os mais utilizados, e por exemplo João Mário e Nuno Santos precisam mesmo duma pausa. Chegados aqui agora só pode ser mesmo para entrar com tudo e levar a Taça.
Acreditemos neste treinador, nesta equipa e nestes jogadores, mesmo quando as coisas não correm tão bem como ontem.
PS1: Brilhante Jovane. Mereces uma estátua algures em Alvalade. O que seria da tua carreira se não passasses metade dela na enfermaria? Isso tem de acabar, duma vez por todas.
PS2: Muito bem Frederico Varandas. Pode não se gostar da pessoa ou do seu estilo de comunicação, mas esteve ontem também ele brilhantemente na defesa da ética médica, da verdade desportiva e do Sporting Clube de Portugal, contra o sistema mafioso por demais enraizado no futebol português.
Gostei muito da vitória do Sporting esta noite, no estádio municipal de Leiria: eliminámos o FC Porto na meia-final da Taça da Liga e disputaremos a final no próximo domingo contra Benfica ou Braga. Foi um triunfo sofrido, esforçado, mas que revelou o melhor da dinâmica leonina e da entreajuda de uma equipa que sabe funcionar em bloco, fazendo das fraquezas força quando é necessário. Mesmo a perder por 0-1, após uma rosca bem sucedida de Marega que traiu Adán aos 80', soubemos ir para cima deles e acreditar até ao fim. Tornando ainda mais saborosa a vitória, conseguida com dois extraordinários golos de Jovane em oito minutos: o primeiro aos 86', com um remate colocadíssimo, em arco, que sobrevoou toda a defesa adversária; o segundo aos 90'+4, coroando um rápido contra-ataque lançado por Coates e prosseguido com assistência de Pedro Gonçalves, a escassos segundos do apito final, fixando o resultado. Desta vez não houve necessidade de apurar o finalista por grandes penalidades. E ultrapássamos um mini-ciclo de dois jogos sem ganhar (derrota contra o Marítimo, na Madeira, para a Taça de Portugal e empate em casa com o Rio Ave para o campeonato).
Gosteidas substituições feitas por Rúben Amorim, insatisfeito com o ritmo do nosso jogo - e sobretudo com a nossa incapacidade de ganhar bolas divididas a meio-campo. O treinador acertou nas alterações produzidas, confiando nos jogadores vindos do banco e no brilho da sua estrelinha da sorte, que voltou a funcionar. Matheus Nunes (que entrou aos 69', substituindo João Mário) trouxe adrenalina e velocidade à nossa zona intermédia, impondo-lhe dinâmica ofensiva. Jovane (que entrou aos 78', para o lugar de Tiago Tomás) trouxe golo, bisando contra o FCP neste clássico em que se estreia como goleador e se sagra como figura da partida. Daniel Bragança (que entrou aos 85', rendendo um fatigado Palhinha) veio reforçar a qualidade técnica no corredor central e Plata (que entrou aos 85', substituindo Antunes) causou desequilíbrios lá na frente, sacando um livre muito perigoso aos 90'+2. Também gostei da eficácia que revelámos: em três ocasiões de golo, aproveitámos duas. Quantas vezes podemos gabar-nos disto?
Gostei poucode algumas exibições da nossa equipa. Sobretudo de João Mário, que voltou a pecar por falta de intensidade. O campeão europeu perdeu quase todos os duelos individuais: muito passivo, foi incapaz de dar verticalidade ao jogo leonino. Também Antunes, que desta vez alinhou a titular, ficou muito aquém daquilo que o Sporting necessita no corredor esquerdo: parece muito mais um lateral à moda antiga, especializado em anular o jogo adversário, do que o ala dinâmico exigido pelo sistema táctico de Amorim. Incompreensível a incapacidade que revelou em dominar bolas que lhe iam chegando ou de fazer um cruzamento bem medido.
Não gosteidas ausências de quatro jogadores nossos por Covid-19: Neto, Nuno Mendes, Sporar e Tabata. E ainda gostei menos que dois deles - Nuno e o esloveno - tenham continuado sem ir a jogo mesmo após o laboratório de análises ter admitido um lapso nos testes efectuados e logo desmentidos por dois outros, que se revelaram negativos. Estranho lapso que merece ser investigado até à exaustão, até porque o director-geral da Unilabs é um fervoroso adepto portista. Incompreensível, a decisão tomada pela Direcção-Geral de Saúde de proibir quase à última hora aqueles dois jogadores de disputarem esta meia-final apesar de não haver qualquer indício de que estejam infectados. Cedendo aparentemente à chantagem do FC Porto, que fez birra ao ponto de ameaçar não entrar em campo. Como se fosse Dono Disto Tudo.
Não gostei nadada falta de fair play revelada por Sérgio Conceição, confirmando que continua sem saber perder. Em vez de dar os parabéns ao Sporting por ter vencido, o treinador campeão nacional foi à zona de entrevistas rápidas, logo após o fim da partida, dizer que «o adversário [Sporting] não fez nada para conseguir» este triunfo, que a seu ver terá «caído do céu». O técnico portista tinha motivos para sentir azia: esta derrota frente ao Sporting quebrou-lhe uma sucessão de 17 jogos sem perder. É um facto que jogou sem vários titulares: Marchesin, Otávio, Sérgio Oliveira, Luis Díaz e Taremi estiveram ausentes por castigo, por Covid ou por opção técnica. Mas também é verdade que três dos nossos ficaram igualmente de fora. E fica-lhe muito mal tamanha falta de desportivismo, imprópria de um verdadeiro líder.
«No jogo de ontem [anteontem] em Guimarães ficou mais uma vez provado que o Jovane deve entrar no campo no decorrer as partidas e conforme as necessidades e não no início. Voltou a marcar um belíssimo golo para nosso contentamento.»
Na conferência de imprensa de antevisão do jogo de ontem, quando lhe pediram para comentar a escolha de Jovane em detrimento de Sporar para o jogo inicial, Rúben Amorim disse o seguinte: «São jogadores de características diferentes. Estamos a apostar de início no Jovane que com a sua indisciplina tática cria espaço e depois temos dois jogadores, como o Pedro Gonçalves e o Nuno Santos, que estão a saber ler bem as movimentações do Jovane. Quando é o Sporar é porque escolhemos ter uma pessoa mais fixa no centro e que apareça mais vezes na área do que o Jovane. Depende muito do que o jogo está a pedir. Aliás, tem-se visto que nos últimos jogos tenho substituído sempre o Jovane pelo Sporar. Não porque um está a jogar mal, mas porque é o que o jogo está a pedir».
Quando as coisas não estão a funcionar, Amorim, mantendo o sistema táctico, mas trocando jogadores e alterando posições, ao mesmo tempo que coloca o tal ponta de lança que ocupa o espaço, parece de alguma forma também apostar na tal indisciplina táctica como forma de desmontar bloqueios e marcações, e fazer com que o talento dos jogadores resolva os problemas que o modelo de jogo definido não consegue resolver.
Nestes três últimos jogos, não há dúvida que a fórmula da tal indisciplina táctica funcionou. Foram um empate e duas vitórias conseguidas nos últimos minutos das partidas, sinal que os jogadores estão com ele e acreditam na mensagem que lhes é passada. Nunca é de mais lembrar que muitos desses jogadores são jovens nados e criados em Alcochete, não são Alans nem Bryans Ruizes (que me perdoe o Bryan pela companhia), vindos de longe e pagos a peso de ouro.
No entanto, cada vez mais se nota que os adversários estudam a forma de jogar do Sporting, sabem como anular as suas dinâmicas e falta a tal via alternativa ou a "táctica do martelo", ou seja, ter a capacidade de num remate de longe, na sequência dum canto, dum livre frontal ou lateral, num lançamento de bola lateral, pôr a bola lá dentro e assim, meio do nada, dar uma martelada forte na moral do adversário. Pelo contrário, as tais marteladas temos sofrido nós: logo com o Lask levámos uma e ainda ontem, num desvio de classe do gilista, que deixou Adán sem reacção, levámos outra que nos ia custando a derrota. Sem resolver esta questão nas duas áreas, marcar assim e não sofrer assim, não podemos ter grandes veleidades.
Para isso, além do treino específico que Palhinha, Coates, Feddal e Neto terão de fazer, bem como os especialistas do remate de meia distância, há uma coisa que me parece essencial: entrarmos em campo com um ponta de lança.
E como Acosta, Jardel, Liedson, Slimani ou Bas Dost não podem, já cá não estão, então temos de entrar em campo com... Sporar.
Jovane já tinha sido crucial na jornada anterior, com uma assistência para golo e ao sofrer uma falta que fez expulsar um adversário. Desta vez não teve rival em campo: foi mesmo ele o melhor, fazendo a diferença. Marcou um golão, de livre directo, aos 65': a bola embateu na barra, cheia de colocação e força, entrando de seguida.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre JOVANE:
- Edmundo Gonçalves: «Um regresso que se saúda e em grande. Oxalá seja aposta.» (27 de Janeiro)
- José Cruz: «A melhor maneira de calar os idiotas não é com palavras idiotas, é com trabalho e talento. E isso Jovane tem de sobra.» (19 de Junho)
- Luís Lisboa: «Jovane Cabral, Coates e Wendel, simplesmente irreconhecíveis para melhor.» (19 de Junho)
- Paulo Guilherme Figueiredo: «Um jogador raçudo, sempre à procura da bola e a melhorar no momento da decisão.» (27 de Junho)
- Eu: «O jovem caboverdiano fez a diferença não apenas neste lance decisivo mas ao longo de todo o desafio, em que foi sempre o mais criativo e o maior desequilibrador. Soma e segue.» (10 de Julho)
- Leonardo Ralha: «Conquistou os três pontos na raça, ganhando posição na grande área e esticando a perna para desviar a bola para as redes mesmo com a ponta da chuteira. Bastaria para ser o homem do jogo, mas também foi o mais rematador, o mais intenso e o mais capaz de ser ídolo de adeptos cada vez mais órfãos de referências.» (15 de Julho)
- António de Almeida: «Vai agitando as águas, mas é curto.» (26 de Julho)
- Eduardo Hilário: «Tem o ADN do Sporting e [deve] ficar por cá mais alguns anos.» (5 de Agosto)
O Santa Clara teve três ocasiões flagrantes de golo, chegando a levar a bola a entrar na baliza num golo invalidado por evidente posição irregular, mas os açorianos desterrados deixaram a eficácia na Cidade do Futebol. Sem grandes defesas para executar, Maximiano revelou-se bem melhor no jogo de pés, ao ponto de deixar de ser arriscado atrasar-lhe a bola. Terá certamente mais trabalho na recta final do campeonato, a começar na visita ao FC Porto, e espera-se que dê boa conta de si.
Eduardo Quaresma (3,0)
Retomou a titularidade que se tornou garantida, somando boas acções defensivas e qualidade aliada à precisão na hora de lançar jogo. Há um "golden boy" a nascer em Alvalade.
Coates (3,0)
Além dos cortes e da voz de comando ainda teve ensejo de cabecear com muito perigo num canto, levando a que Idrissa Doumbia encaminhasse a recarga para o fundo das redes já depois de o árbitro assinalar uma falta na área do Santa Clara bem difícil de discernir.
Acuña (3,0)
Interpretou muito bem o papel de terceiro central descaído para a esquerda, mostrando-se intratável no desarme e na posse de bola. Só se esqueceu daquilo que está nas tábuas da lei: qualquer jogador do Sporting que esteja “à calha” em véspera de jogo com o FC Porto ou Benfica verá um cartão amarelo.
Ristovski (3,0)
Sempre muito criticado por não ser um César Prates, um Abel, um Cédric Soares ou sequer um Piccini, muito se esforça quem não tem culpa de que contratações que custaram mais aos cofres leoninos lhe ofereçam a titularidade. Boa recuperação de bola e lançamento de Gonzalo Plata para uma das maiores oportunidades de golo da primeira parte, já agora.
Idrissa Doumbia (2,5)
Chutou para a baliza já depois de o árbitro apitar, impedindo o videoárbitro de esclarecer quem raio fez o quê antes do cabeceamento de Coates. Com o jogo a decorrer não fez melhor, permitindo apenas que o também nada resplandecente Matheus Nunes pudesse repousar.
Wendel (3,5)
Inventou uma nesga de relvado para assistir Jovane Cabral no lance do golo que alimenta as esperanças de manutenção do terceiro lugar. Foi o melhor momento de um jogo de esforço intenso, impondo clarividência no meio-campo e juntando-se sempre que possível ao esforço ofensivo dos extremos endiabrados que jogam à sua frente.
Nuno Mendes(3,0)
Incansável e inesgotável, voltou a combinar bem com Jovane Cabral, ainda que o ascendente que o novo patrão da equipa exerce sobre o lateral-esquerdo tenha impedido que este rematasse para golo depois de se apoderar da bola na grande área do Santa Clara. O caminho faz-se caminhando.
Jovane Cabral (3,5)
Conquistou os três pontos na raça, ganhando posição na grande área e esticando a perna para desviar a bola para as redes mesmo com a ponta da chuteira. Bastaria para ser o homem do jogo, mas também foi o mais rematador, o mais intenso e o mais capaz de ser ídolo de adeptos cada vez mais órfãos de referências.
Gonzalo Plata (3,0)
Num belo remate no primeiro tempo, bem servido por Ristovski, ficou perto de inaugurar o marcador. No resto do jogo foi mexido, como é de seu timbre, mas não tão desequilibrador como se lhe pede que seja.
Sporar (2.0)
Começou por falhar a emenda de cabeça a um excelente livre indirecto de Jovane Cabral, desviando-a com as costas por cima da barra. E há que reconhecer que o mais perto que esteve de marcar sucedeu quando o guarda-redes do Santa Clara chutou contra as suas pernas, levando a bola a sair caprichosamente ao lado. Muito escasso para quem é titular do Sporting e não saiu propriamente de brinde na compra de um pacote de corn flakes.
Tiago Tomás (2,0)
Tão insuficiente foi o avançado esloveno que Rúben Amorim o substituiu por mais um adolescente, tendo este procurado combinar com os colegas sem consequências particularmente palpáveis.
Matheus Nunes (2,5)
Entrou para retomar o lugar que deverá ser seu nos últimos desafios desta Liga de má memória. Muito do futuro imediato do jovem brasileiro recrutado na Ericeira jogar-se-á no Dragão e na Luz.
Borja (2,5)
Acuña já ficara de fora do jogo seguinte e uma lesão muscular retirou-o também deste. Coube ao internacional colombiano, agora e sempre apavorado como o coiote dos desenhos animados, reocupar o lugar que deixou de ser de Mathieu e deverá passar a pertencer a um marroquino trintão.
Rúben Amorim (3,0)
Mais três pontos para o Sporting, mais uma ou outra experiência, mais uma constatação de que tem graves problemas para resolver no centro do terreno e no centro do ataque. Toda a sua estratégia fica bloqueada pelo fraco desempenho de elementos-chave e as opções no banco são limitadas, por muito que Francisco Geraldes e Pedro Mendes pudessem merecer maior confiança. Certo é que chegou ao fim da fase tranquila do futebol pós-pandemia com vitórias em todos os jogos que não implicaram deslocações ao Minho e sem conhecer a experiência de perder. Caso consiga manter-se assim na visita ao Dragão adiará a festa do FC Porto por uns dias e aumentará as hipóteses de não perder o terceiro lugar que em muito facilitaria, pela entrada directa na fase de grupos da Liga Europa, a preparação da incerta temporada seguinte.
A/C de um certo e manhoso tipo de treinador de bancada
É fácil acertar no Totobola às segundas, não é?
Oh... não fiques nesse estado. Respira fundo. Conta até dez e enquanto isso esvazia essa indignação inflamada. Mas, sim, leva lá a bibicleta. Tens razão. Não é às segundas-feiras, pois não. Agora, é a qualquer dia da semana que se pode acertar no Totobola. Afinal, para a Covid-19 ainda não se arranjou treinador à altura, menos ainda de bancada.
Mas, tens razão, toda a razão. Enfim, não nos chateemos por causa disto. Adiante.
Posto isto, diz-me lá, confessa, sff, quantas vezes chamaste nomes ao Wendel? Não te pergunto se o renomeaste, se o rebaptizaste, não quero saber se no decorrer do jogo gritaste qualquer coisa do tipo: "Passa a bola, Wanderlei! Não mastigues o jogo, Wanilson! Não fintes mais, Wanderson!"
Nada disso. Nomes do tipo palavrão é sobre esses que indago. Peço-te que partilhes connosco do alto da cátedra que tiraste no lugar que tens no primeiro ou no segundo anel de Alvalade, no aconchego do teu sofá ou da lamuriosa mesa de um qualquer café com Sporttv que frequentas; diz-nos lá: Quantas vezes chamaste nomes ao Wendel e à mãe dele, já agora?
Muitas, calculo. Muitas mesmo. Tantas que parecerão ainda mais quando comparadas com as nulas vezes em que vislumbraste no brasileiro o maestro da orquestra que ele é hoje. Mas tu podias lá vislumbrar esse talento. Podias lá fazê-lo quando talento para o futebol só tens o de dizer mal. A mesma estafada maledicência que não reconhece que foi preciso chegar a Alvalade alguém que é mesmo treinador, e que é visto da bancada, para revelar um Wendel de batuta nas botas.
E ao Jovane? Ainda a ele não lhe passava pela cabeça descolorá-la e tu o que dizias que ele tinha nela? Nada, não era? Não gritavas tu que a cabeça do caboverdiano era incapaz de ordenar dribles imparáveis ou sprints de bola dominada no pé rumo à baliza adversária? Não sentenciavas tu que a cabeça do Jovane não tinha capacidade para executar rápido a jogada mais improvável ou o remate mais certeiro? Não declaravas tu que ele era mais um brinca-na-areia inconsequente?
Tenho a certeza que tudo isto que gritavas, às vezes urravas, do alto do teu douto desconhecimento do esférico, o repetias para o Plata.
Os três já estavam em Alvalade antes de cá chegar Rúben Amorim, não estavam? Mas ninguém os pôs a jogar bem, verdadeiramente bem, pois não?
No entanto, mesmo que esta tripla encante o verdadeiro adepto de futebol com o belíssimo futebol que nos oferece, tu continuas a dizer mal. Dos três jogadores e de tudo o resto.
Talvez o faças, afinal, roído de inveja. Inferior ao facto de que quem revela os fantásticos dotes futebolísticos dos três craques acima enunciados é um treinador que custou uma fortuna, que tem pouco currículo e ainda uma costela do grande rival. Todos estes rótulos para ti serão sempre mais fortes, relevantes e importantes do que a evidência da qualidade técnica-táctica e de liderança do treinador que chegou ao clube pela mão de um presidente que tu reprovas. E reprovarás sempre, mesmo que o Sporting venha a ser campeão durante o seu mandato. O mesmo presidente que parece estar a acertar o passo e a apostar definitivamente na formação. Essa mina de coisa preciosa achada em Alcochete e que põe ainda em campo craques como Eduardo Quaresma, Matheus Nunes ou Nuno Mendes.
Já sei, já sei...! Já os conhecias a todos. Pois, olha, humildemente te digo, que eu passei a conhecê-los pela batuta do Rúben Amorim, durante a presidência de Frederico Varandas.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-Santa Clara pelos três diários desportivos:
Jovane: 18
Wendel: 17
Eduardo Quaresma: 15
Acuña: 14
Coates: 14
Luís Maximiano: 14
Nuno Mendes: 14
Plata: 13
Ristovski: 13
Matheus Nunes: 12
Idrissa Doumbia: 12
Borja: 11
Tiago Tomás: 10
Sporar: 10
Os três jornais elegeram Jovane como melhor jogador em campo.
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.