A pressa é inimiga da perfeição
Uma das ideias que o Presidente do Sporting fez passar na entrevista de ontem foi a existência de uma certa dificuldade nos processos de renovação de alguns dos jogadores mais jovens do clube (suponho que estivesse a falar, muito em particular, de Bruma e Ilori), devido às exageradas exigências colocadas em cima da mesa. É verdade que esses dossiers deviam ter sido resolvidos noutro tempo, por outras pessoas - mas essas já não moram no clube e o tempo não volta atrás. Também é certo que muita da dificuldade é imposta pela vontade dos agentes dos jogadores em obter dividendos com eles - mas esses, cada vez mais, encaram os seus representados como uma mercadoria do qual pretendem extrair o maior lucro possível e não como um atleta que devem ajudar a construir a melhor carreira desportiva. A mensagem principal deverá ser, então, transmitida e ensinada aos jogadores, pedagogia essa que deve começar e criar raízes no período da sua formação. Ensinar-lhes que a pressa é inimiga da perfeição, como diz sabiamente o povo. E contar-lhes as histórias do Alhandra e do Paulo Costa (que fugiram para o Inter e depois mergulharam numa carreira medíocre, da qual apenas Caneira, o companheiro de fuga, escapou), do Fábio Paim (que, com tudo para ser uma lenda, se afundou nas consequências da própria irresponsabilidade), do Fábio Ferreira e do Ricardo Fernandes (que, ainda juvenis, rumaram ao Chelsea em busca dos milhões e hoje, aos 24 anos, estão perdidos para o futebol) e de outros jogadores com casos semelhantes. Porque ter as fotos de Cristiano Ronaldo, Figo ou Nani a forrar as paredes da Academia e as suas histórias na ponta da língua para motivar os miúdos é fácil. Mas mostrar-lhes que o reverso da medalha também acontece, especialmente para quem tem mais olhos que barriga, poderá ser bem mais útil.
(A este propósito, vale muito a pena ler o que se escreveu no Cacifo do Paulinho e que serviu de ponto de partida para este meu post)