Porque o destino das águias nem sempre é tão glorioso como aquele que lhe destinou Eurípides e os amigos do Carnide, convém lembrar esta fábula de Esopo:
Estaba un águila en el pico de un peñasco esperando por las liebres. Mas un cazador le lanzó una flecha que atravezó sus carnes. Viendo el águila entonces que la flecha estaba construída con sus propias plumas exclamó: - Qué tristeza tener que morir por causa de mis propias plumas! Más profundo es nuestro dolor cuando nos vencen con nuestras propias armas.
Moral da história: o destino transforma, com frequência, a águia de “animal predador” em “animal perdedor”!
Era uma vez um coelho que tinha domesticado um leão. O coelho varria o capim e o leão protegia o coelho, do assalto, dos depredadores. Caçava ali e acolá, na expectativa de comer, os despojos da vítima. Foi engordando à custa das presas, levantadas pelo coelho, conforme este ia comendo o capim. É óbvio que o coelho andava gordo e anafado e mal conseguia correr. Até que passou a andar escondido debaixo do capim. O leão, ao ver o coelho tão gordo e anafado, pensou que podia também engordar. E disse para ele: “tenho de conseguir ficar tão gordo que não precise mais de caçar na vida”. E começou a querer caçar sozinho. Na primeira tentativa, teve azar. Houve uma águia de olhar aguçado, que se adiantou ao leão e deu-lhe uma derrota de arrasar. Ainda por cima, o adversário distraiu o leão, ao colocar no campo, uma fêmea com prestígio, inteligente e simpática que atraiu a multidão, que se ofereceu de livre vontade, pois sabia que não estavam a ser enganados. Derrota que o leão nunca conseguiu “digerir”, pois estava habituado a caçar na sombra do coelho e nunca pensou que tivesse tão pouca habilidade, para caçar sozinho.
Caçar como “independente”. Passou a ser um leão rezingão, mal-humorado, pois teve sempre mau perder. Dos beijinhos e abraços, passou a rosnar, como se todos tivessem medo de um leão esfomeado e zangado. Ele de facto não estava magro, pois à custa do coelho, também tinha engordado. Mas faltava-lhe, o título e o prestígio de rei da selva, para ter a fama que a gordura não lhe dava. E assim, o leão, organizou um grupo de pontapé na bola, contratando “Maradonas”, não se sabe bem como, e anda, o tempo todo, a olhar o seu reflexo na água, como aconteceu ao “Narciso”. Esperemos, é que não morra afogado.