O que realmente interessa
Uma boa maioria dos sócios elegeu no passado dia 23 de Março um presidente que apresentou, na campanha eleitoral e respectivo programa, uma ideia clara para a gestão do futebol do clube. Se a mesma terá sucesso não se sabe, mas que tem legitimidade para avançar sabe-se perfeitamente. E tem a melhor legitimidade possível: a democrática.
Dizem as notícias que uma eventual não continuidade de Jesualde dever-se-á ao facto de o mesmo não aceitar trabalhar com as funções e competências que Bruno de Carvalho lhe propôs, dentro da estrutura que foi apresentada aos sócios e que mereceu a aprovação da maioria. Jesualdo tem legitimidade para ter a convicção que quiser sobre o assunto. Já o Presidente do Sporting tem obrigação de aplicar convictamente o seu projecto. Estranhamente, há adeptos que entendem que devia ser ao contrário. Que a vontade de um treinador com meio ano de casa vale mais do que a vontade de quem foi eleito por mais de metade dos sócios.
Em clubes bem geridos, um bom projecto, um bom designío estratégico, uma certeza de onde se queria chegar e de que forma o fazer, é muito mais importante do que os treinadores que por lá passam. Basta olhar, por exemplo, e para mal dos nossos pecados, para o fcporto, onde qualquer treinador medíocre se arrisca a ser um treinador campeão, num processo em que é apenas uma peça numa engrenagem que já funcionava bem sem ele.
Por isso, após anos de deriva estratégica de Bettencourt e Godinho Lopes, após meses de campanha em que a maioria dos adeptos exigia responsavelmente um 'projecto' e uma 'estratégia' em vez de reforços e nomes sonantes, é de estranhar ver tanta carpideira a chorar a eventual saída de um treinador se a mesma acontecer, como se prevê, porque o mesmo não concorda com a estratégia de quem a tem de ter no clube: o presidente.